terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Árvore

És um ser especial
Minha cara árvore
E para ser franco...
Acho que és a única
Que me percebe.

Pois partilhamos o mesmo ciclo...
Na primavera da tua vida
Tu enches-te de folhas e flores
Tal como eu me encho de amizades e amores.

Depois surge o verão...
Os dias ficam mais longos,
Tu brotas os mais saborosos frutos
Tal como eu, que após um longo desenvolvimento
Lanço as minhas criações na terra.

Mas ninguém as pega, não é verdade?
Quem quer hoje em dia os frutos de uma árvore esquecida
Pelo o agricultor que tanto lhe amou?
Quem quer pedaços de emoções, de sentimentos, de criatividade,
De uma vida em constante mutação...
Quem quer?
Ninguém quer...

Então apodrecemos...
Só de olhar para os nossos filhos
Perdidos no chão de um descampado
Tal como num piso de madeira...

Fwuuuuuuuush... Soam os ventos
Os dias começam a ficar cinzentos
E assim dá-se oficialmente a época outonal.

Acabamos por sermos seduzidos pelo charme dos vendavais
E deixamos cair nossas roupas no chão.
Mas o amor pode ser terrível algumas vezes
E o pior deles todos, provém do elemento mais imaturo
Como é de suspeitar de uma relação...

Ainda com as nossas roupas rasgadas,
De um episódio que remota algum arrependimento
Nós as vestimos, mas não são a mesma coisa.
Até parece que perdemos todo, até a cor da vida...
As cores quentes desaparecem do meu rosto
E a ti, as tuas tornam-se misturas de emoções e desejos não saciados
Com um sabor agridoce... Castanho, laranja, Amarelo e Verde...
Não sei se tu conforta, mas gosto muito desse teu estado...
Não leves a mal, é um elogio...

As nossas folhas, perdem-se no mundo... Não é verdade?
Mas a mãe e o pai lembram-se delas a qualquer altura
Como é normal, o tal aperto no coração.
É pois... Árvore.
E sabemos onde elas estão e zelamos tanto pelos nossos filhotes...
Mas nem todos eles se lembram de nós.
E tudo o que cultivamos na Primavera, começa a cair lentamente.

Dá-se o presságio do fim.

Inverno, Inverno... Inverno...
Chove quase o dia todo, as noites são frias
E a água faz desta paisagem, o seu trono.
Rainha Invernal tu que és a responsável
Pela limpeza anual dos despojos.
E é nesta passagem das nossas vidas
Que se vai tudo o que alguma vez tivemos.
Amizades... Folhas.
Amores... Flores.
Felicidades... Frutos.
Tudo!
O que antes possuía
Agarrado a mim...
Neste caso, a nós.

E ficamos sozinhos nesta altura das nossas vidas.
Por um lado, até acabamos por nos habituar.
Mas o maior medo, não é perder tudo, nem é morrer...
Logo tu, minha bela valente e corajosa
Que enfrenta os lenhadores sem recuar um passo.
Tu que me proteges do calor e da chuva
Tu que és um lar para milhares de seres
E tu que tanto me ouves
Quando não existe mais ninguém para tal.
O meu maior medo...

É ter de repetir de novo o ciclo...

Mas quando olho para ti,
Tu que já tens mais anos que eu...

Eu encontro de novo a força para recomeçar
Do início, as vezes que forem precisas.
Por isso minha querida.

Obrigado pelo oxigénio
Obrigado pelas folhas de papel
Obrigado por susteres as minhas costas
Obrigado pelos alimentos que me dás
Obrigado pela guarida que me ofereces
Obrigado pela inspiração que em mim nutres
Obrigado pelas canções que me cantas ao relento
E obrigado pelos abraços...

E se algum dia reencarnar em algo...
Pedirei raízes,
Um tronco,
Vários ramos
E uma coroa de folhas...

Mas pedirei antes de mais...
Um lugar junto a ti.

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 26 de dezembro de 2010

Baile De Máscaras

Pessoas se mascaram
De truques e armadilhas.
E pela noite assim dançam
Ao sabor dessas trilhas.
Girão a roda da fortuna
No Auge da especulação.
Sobre a luz da bela Luna
Em busca de alguma emoção.
Todos jogam o mesmo jogo
E todos vêm para apostar.
E a mim, eu me interrogo
O que existirá para eu ganhar?
Será o prazer que terei
Em dançar com outro alguém?
Ou será, no tempo que perderei
Sozinho e sem ninguém?

Bailam cegos sem saber
Que na verdade, nada persiste...
E vivem presos a esconder
Uma realidade que não existe.

E assim se perdem pelos tempos...
Ausentes de todos os pensamentos...
Emprestando os seus corpos por uns momentos...
A quem lhes mostrar mais sentimentos...

Neste baile... De Máscaras...
Neste cemitério... De Palavras...

Mas pensas mesmo que vou confiar,
Os meus segredos a mascarados
Que hesitam tanto em revelar
Os seus desejos mais ofuscados.
A esses mesmos que me clamam,
Com enganosas palavras de amor.
De lábios tentadores que sangram,
Os deleitos de um trágico horror.
Cavando em mim mentiras,
Semeando amargas ilusões.
Para mais tarde serem colhidas
No sincronizar das nossas pulsações.
Nesses momentos tão únicos,
Prolongados por várias antíteses
Em alinhamentos quase lúdicos,
Estimulados por eclipses...

E assim bailas cega sem saber
Que na verdade, eu não sou teu...
Mas mesmo assim desejas obter
Um coração, que nem é meu.

E assim te perdes em diversos rodeios...
À volta dos mesmos inúteis paleios...
Utilizando os mais tristes e ridículos meios...
Para que o meu peito encontre os teus seios...

Blackiezato Ravenspawn

Génio / Lunático

Ele hoje não tem descanso,
Ele está sozinho e passa incógnito.
Pois a frustração deixou-lhe manso,
Num transe completamente hipnótico.

Agora o seu sangue, é veneno,
Que flui livre nas suas veias.
Queimando o seu terreno,
Destruindo as suas fronteiras.

Ele hoje já não possui meios,
Ele é sádico e um pouco insano.
Pois a sua indecisão gera-lhe receios
Incompreensíveis pelo ser humano.

Os seus olhos foram infectados,
E a sua percepção foi-lhe alterada
Através de pensamentos errados,
De mais uma tentativa falhada.

Ele hoje não escreveu uma linha,
Ele sente se perdido e derrotado.
Pois o poder que ele antes tinha
Desapareceu, deixando-o de lado.

O seu corpo foi tragicamente coberto,
Pela sombra do seu grande ódio,
De um destino inútil e quase incerto,
De nunca alcançar um merecido pódio.

Ele hoje não sabe da sua vida,
Ele está escondido e continua ausente.
Numa multidão que não valida
As grandes obras da sua mente.

E armazenando tudo no seu coração
Encriptado em sonhos profundos.
Toda essa incondicionável confusão
Que gerou os mais diversos mundos.

Ele no amanhã próximo desaparecerá...
Ele foi apagado e ele já morreu...
E assim nunca mais voltará
Pois no seu vazio, se perdeu...

Ele era um tonto sonhador
E estava convencido que era um génio.
Mas só encontrou o verdadeiro amor
Nas suas misturas com arsénio.

Existe um vírus neste ar
Invisível aos "normais",
Nesse célebre bendito lugar
Onde coabitam os demais.

Essa máscara de sanidade
Aonde todos podem ser alguém.
Mas no fundo na realidade...
Não existe mesmo ninguém.

E assim a ciência estuda o espaço,
Em busca de novas planetas.
Mas ele já conquistou esse passo
Enquanto viajava pelos cometas.

Génio ou simples Lunático?
Algo que ele nunca saberá...
E mais um projecto enigmático
No vosso "mundo" existirá.

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 18 de dezembro de 2010

Depressivo Urbano

Fui catapultado da minha insanidade
Para o meio destas tristes ruas.
Onde se encontra a dura realidade
Encrostada nas valetas sujas.

Abri as portas da percepção
Deixando o meu sonho, algures de parte.
Esquecido nos confins do meu coração
Enterrado numa cratera em Marte.

E agora caminho por aqui perdido,
À procura de algum proveito.
Que antes fora aqui escondido
Na sombra de um famoso deleito.

Ouço fantasmas de almas urbanas
Presas em paredes que tanto chamam.
Com formas bizarras e sobre-humanas
Com vozes etéreas que tanto clamam.

Cresce dentro de nós
Um tal agreste ódio...
Uma dor mais intragável
Que as nossas lágrimas
De cloreto de sódio!
Vem a nós...
E Marca o teu sangue nesta parede.
Deixa-nos sentir a tua pele
E junta-te a nossa rede.

E para alguém que sempre escuta,
Estes lamentos pelo decorrer dos dias.
Acaba por ser uma grande luta,
Para não permanecer com emoções frias.

Para não falar que estamos no Inverno,
E este frio não parece querer dar tréguas.
A este coração sensível e tão terno,
Castigando-o a andar mais cem mil léguas.

E assim mais uma pétala caiu
E assim mais um passo se deu
E daí mais um problema surgiu
E daí mais um pedaço se perdeu...

E é assim a minha canção de amor,
Aquela que mais gosto de cantar.
Para dar mais um pouco de cor,
A estas vozes que me querem matar.

Dizem que eu escrevo um pouco de mais
E dizem que não faço nada de especial.
Devido aos meus desarranjos mentais
Que me fazem perder no surreal.

Neste mundo cheio de coisas boas e más,
Oscilando entre um célebre inicio e um ténue fim.
Como é que ainda ninguém foi capaz
De criar um espaço só para mim?

Os vossos olhos deixam-me doente!
Desflorando a minha inocência...
Tornando-me num demente...

Os vossos olhos causam-me penitência!
Humilhando a nossa gente...
Atirando-me para as decadências...

Cheiro várias linhas de baixo...
Acompanhadas com copos de vinho.
Danço melancólico de cabisbaixo...
Sem emoção e sempre sozinho.

E é sobre o sabor da nicotina,
Que eu escrevo insultos no meu corpo.
Neste vício que se tornou em rotina,
Até cair e deixar-me morto.

Tenho muitos companheiros, como muitos adversários.
Mas nenhum deles infelizmente, combate a minha solidão....

Tenho muitos problemas, e desses possuo vários.
Mas nenhum deles infelizmente, me poupa na insatisfação.

Onde andas minha bela concubina,
Como prometeram os contos de fadas?
Vem me buscar minha sacra heroína,
Com as tuas magnificas asas aladas!

Mas ela não vem, e a alma pede para dormir.
O corpo Refugia-se em cobertores
E assim a mente exige em partir.

(Enquanto o coração... Ressaca de amores...)

Dá-se o desequilibro...
(A entropia é quebrada!)
E nada mais eu desejo...
(E nada mais eu quero!)
E assim minha sombra colorida...
(Desaparece no nada!)
Decaindo silenciosamente...
(Atingindo o absoluto zero!)

E é pela rota das estrelas, que eu ainda subsisto.
Viajando dentro de um sonho, confinado em mim.
Nesse feitiço cósmico, protegido, aonde eu resisto
Dentro de um casulo mágico, enrolado em cetim...

E é nos limites destas jaulas de concreto,
Que eu exploro e que ainda sobrevivo...
Que eu deixo o meu rasto preto,
Sobre uma folha de papiro.

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 5 de dezembro de 2010

Rainha Do Gelo

Cada vez que fito os teus olhos brilhantes
Imagino-me a voar nos céus mais distantes...
Em direcção às terras nórdicas e frias do Árctico
Onde o elemento da água, vive num estado mágico.
E após chegar e recolher as minhas asas congeladas,
Encontro subterfúgio nos teus portões, enquanto subo as escadas,
Para o interior dos teus salões de cristal
Que me acolhem carinhosamente, deste temporal.
E assim, aguardo no interior do teu palácio belo
Esperando por vossa realeza, a Rainha do Gelo,
Para receber as tuas frias, mas amáveis cortesias
Para me fortalecer e poder enfrentar os próximos dias.
E quando a filha do Inverno, a Branca de neve se preparava,
Para beijar os lábios do corvo cor de carmesim.
Alguém na sua câmara o chamará
Dando ao sonho, um diferente fim...

- Mestre, mestre... Acorde, está a nevar!
Disse ela, a minha aprendiz
Eufórica sem se controlar,
A falar rápido, sem saber o que diz...
Então levantei-me da cadeira e dirigi-me à janela
E a afinal, a nevar estava, tal como afirmava ela.
E sorrindo ainda com frio, para este clima a agreste invernal
Eu percebi que a Rainha de gelo...
Não passava de um pedaço de cristal.

- Mestre... Já é o quinto copo que você parte esta semana.

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Euforia

Já alguém te disse
Que tens um nome engraçado
E por qualquer lugar
Onde tu passas
Tornas tudo mais belo
Numa forma surreal?

Já?
(não?)
Então aproveito para te dizer
Que possuis algo
Que me cativa
Que me desperta
E que me encanta...
Algo que só sei definir

Quando sinto a tua falta...

(Infinidade de palavras)

Mas não é o suficiente.
Por favor, volta para mim.

Blackiezato Ravenspawn

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Atlanta

Brisa Atlântica que suspiras pelo mar...
Ó ventos d'Oeste que fazem as ondas dançar...
E as caravelas assim se movem ao sabor do teu vendaval...
Em busca de um novo destino para Portugal...

És a bela ninfa do vento
Que misteriosamente canta
Através do passar do tempo
Oh maravilhosa Atlanta

És o combustível da vida
Que nutre a minha alma
Com uma serenidade querida
Que me liberta e me acalma...

Brisa Atlântica que suspiras pelo mar...
És os ventos do oeste que fazem as ondas dançar...
E as caravelas assim se movem ao sabor do teu vendaval...
Em busca de um novo destino para Portugal...

Espalhas as nossas sementes
Encantando as nobres flores
Inspirando as nossa mentes
Com novos sonhos e amores

E presentes na beira litoral
A ti declaramos-te hinos
Através da arte musical
Dos nossos flautins e violinos...

Brisa Atlântica que suspiras pelo mar...
És os ventos do oeste que fazem as ondas dançar...
E as caravelas assim se movem ao sabor do teu vendaval...
Em busca de um novo destino para Portugal...

Atlanta.

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O Meu Coração Numa Bandeja De Prata

Faltam-me as palavras
Para descrever
O vazio que sinto
E mesmo assim
Hesito em escrever
O que nada sou
Mentindo
Vezes sem conta
Sem saber a verdadeira razão
De algo que infelizmente
Não sou, nem nunca o serei.

Mas vai haver um dia
Que talvez poderá ter
O poder
Para moldar um futuro

E caso não for capaz...


Eu te servirei
O meu coração
Numa bandeja de prata
Para que possas saborear
A única coisa que soube cozinhar
Com todo o meu meu carinho
Embora seja insosso
Mal temperado
E de má qualidade.

Mas...
Antes de mais...
Perdoa-me.

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 13 de novembro de 2010

Arte De Escrever Intemporal

Mais um dia cheio de frustração...
Deixa-me em paz... Ó aborrecimento!
Porque persegues o meu coração
Através das correntes do vento
E porque te escondes na imaginação,
Num sonho perdido no esquecimento.
Não vez que ninguém quer saber de tal,
Aqui no meu córtex cerebral!?

Vai-te embora e deixa-me sozinho!
Abandona de vez a minha mente!
A minha casa, o meu cantinho
E porque ousas vir de repente?
Abraçar-me com deveras carinho
Como um demónio astuto que mente
E assim me prende nas teias do ócio,
Tornando estas emoções num negócio.

Manipulando as emoções, como um vício
Que agora consumo e peço por mais
Sempre volátil, num momento propício
De momentos de observação surreais
Aonde o arrependimento e o desperdício,
Desesperadamente berram os seus ideais
Com vozes que insistem em me incomodar!
Mas hoje... Não me apetece te aturar...

Eu acho que não me devias subestimar
O facto de eu ser um simples homem...
Mas tu pensas que eu entendo brincar
Como se trata-se de um pequeno jovem...
Cujo tu pensas conseguir conquistar
Com tais palavras que o coração comovem.
Embora eu as esqueça no dia a seguir
Com o decurso do tempo que está a fluir

E assim eu selo-te num simples papel,
Utilizando a arte sacra do escrever.
Como um artista que usa o seu pincel
Desejando uma bela tela preencher.
E no final eu saboreio o melhor mel
Como só a rainha abelha deve merecer
Para que depois possa descansar um momento
E continuar a existir para além do tempo.

Tique-taque... Tique-taque...
O que é a realidade comparada a mim?
Tique-taque... Tique-taque...
E pelas eras eu viajo assim...
Tique-taque... Tique-taque
Para um lugar onde não existe fim
Seguindo por este célebre canal,
A arte de escrever intemporal.

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 30 de outubro de 2010

Estrela Cadente

Rasgas os céus diante dos meus olhos
E por ti eu choro sangue, meu amor...

Viajaria contigo até ao fim do universo
À velocidade da luz
Onde o presente se prostra perante ti
Tentando seguir o teu rasto
Enquanto segura o teu mágico véu
E abraça as tuas chamas fervorosas.
Por ti, eu cuidaria dos desejos
De todos os sonhadores
Como fossem meus filhos
Levando-os para um lugar
Onde ninguém os pudesse fazer mal
Existindo assim para sempre
Além do tempo...

Mas tu prosseguiste sem parar...

E assim pelo infinito te perdes, como uma estrela cadente.
Como eu na solidão, me perco entre a multidão...

Caminhas na auto-estrada do tempo
Até o teu manto astral se tornar em gelo cristalino
Num lugar, onde só existirá pó
Conhecido para sempre, como Nébula.

Posso não ser uma estrela,
Posso não estar no topo da cadeia alimentar,
Mas considero-me parte de tudo.

Porque sou alimentado directamente...
Dos seios da Mãe Natureza.

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Confissão II - Desgosto

Eu sei bem como te sentes.
Dentro do teu coração...

As pupilas estão quentes.
E até parece uma maldição...

Esgana-te sem temor!
E o flagelo assim perdura!
És escravo de um amor!
Que te arrasta para a sepultura!

Liberta-te agora!
Deixa todos saber!
Da amargura que em ti mora
E só te dá vontade pr'a esquecer...
Do fantasma que te suspira...
Segredando aos teus ouvidos
Com a malícia da mentira
Alimentando-se dos teus gemidos.

Grita agora, alto para o céu!
E pede de volta, tudo o que se perdeu!

Partilha esse fardo, tal pesado véu...
Pois não vale a pena... Infelizmente morreu!

E mesmo assim, empurra-te até cá!
Duma forma que tanto estorva...
Oferecendo de livre vontade, a sua pá!
Para cavares a tua própria cova...

Terás de ser o mais forte!
Ajoelha-te no chão...
Ignorando essa falsa morte
E esta cruel lamentação...
Nunca foi tão duro, tanto amar...
Mas assim terás que resistir...
E não existe mal algum em chorar...
Se é isso que estás a sentir...

A voz está presa.
Custa um pouco a respirar...

Devido à tristeza.
Que te está a magoar...

E num solo de minas...
Até parece que foste posto...
E cada vez que voltas as ruínas,
Sofres mais um episódio de desgosto.

Com os olhos fechados,
Tenta sentir o que eu senti...
Os seus sonhos dedicados
Que ela deixou para ti...
Mesmo estando ausente
Além dos quatro cantos da visão,
Ela estará sempre presente
No teu coração...

Como no coração de todos aqueles...
Que ela amou.

Blackiezato Ravenspawn

Boneca De Trapos

Nos confins do esquecimento
Num baú antigo, encarcerada.
Selada por imenso tempo,
À espera de ser libertada..

Na escuridão de um velho sótão,
Onde guardas os seus segredos.
Nesse teu frágil pequeno coração,
Cheio de inseguranças e de medos.

Lamentando ainda aquele dia,
Em que ela fez de ti uma princesa.
Nessa tonta e inocente mentira,
Que agora te causa tanta tristeza.

E assim tu choras nas teias da dor
Com a tua alma partida em cacos.
Iludida por contos infantis de amor
Ó minha triste boneca de trapos.

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Sinfonia Dos Elementos - Ar "Outono"

Através deste céu cinzento
As correntes, assim se lançam.
Para dentro do meu pensamento
Como nas árvores, que por aí dançam.
Despidas ao sabor do vento
Como nas flores que agora descansam
À espera da próxima era...
Em forma de pequenas sementes...
Enterradas nesta esfera
E silenciosamente ausentes,
Para renascerem na primavera,
Seduzindo as nossas mentes.

Vi as borboletas e as aves partir
E agora só vejo árvores vazias
Também vejo os dias mais cedo denegrir
Tal como as minhas mãos frias.
São os ventos de mudança
Que sopram novas poesias
Que nos revigoram a perseverança
E que nos trazem as nostalgias.

E o ar por mim suspira,
Com o som de mil flautas de pã.
Que se transformam numa melodia gira
Para as árvores de folhagem castanha.
E pousado num poleiro ao vendaval,
Vestido com um casaco e um cachecol.
Eu desfruto deste céu outonal,
Saboreando rebuçados de mentol.

E um cigarro nos lábios,
Nunca soube tão bem...
Nestes episódios frios
Onde vagueio sozinho...
À procura de alguém
Para partilhar um ninho.
...
Ou um simples copo de vinho.

Blackiezato Ravenspawn

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Falta De Inspiração

Disse que não era capaz,
Que tinha perdido o jeito.
E aqui a minha mente jaz,
Debruçada sobre este leito.

As palavras não querem sair,
As linhas continuam vazias.
Há várias horas, há vários dias
E já estou quase, a desistir.

Estou cansado de pensar,
De reescrever e de as apagar.
Palavras essas, sem vida...
Cuja a emoção, não é sentida.

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 9 de outubro de 2010

Água De Hermes

Põe completamente de avessas,
Os grandes perfeccionistas.
E são as tais falsas promessas,
Dos nossos sábios alquimistas.

É a água da antiga Atlântida,
Escondida nas suas cidades.
Que desafia a ciência quântica,
As suas leis e as suas verdades.

É a poção da eterna juventude
A cura para toda a morte,
E diz-se, que quem encontra, esta virtude.
É alguém cheio de sorte...

Mas quem tanto a procura,
Enfrenta várias tempestades.
Numa viagem comprida e dura
Pelos domínios de Hades.

Mas há quem a tenha encontrado,
Nessa esquecida foragida terra.
E há também, quem tenha socializado
Com um povo que desconhece a guerra.

Há quem diga que têm olhos claros,
De diversos azuis cristalinos.
Com majestosos e quase raros,
Deslumbrantes cabelos finos.

Mas é um povo, vítima do cansaço.
Que deixou de avançar no tempo...
E cujo o seu maior fracasso,
É o constante aborrecimento.

No som das suas virtuosas Harpas.
Que soam, como místicas gotas de água,
Formando os rios que sustêm as carpas,
Que fluem na sua própria mágoa.

Musica essa, tão bela e perfeita
Mas ao mesmo tempo, tão triste...
Como uma partícula que é desfeita
E que afirmamos que não existe.

E houve alguém que tenha fugido,
Desse paraíso subaquático.
Infelizmente com o ego ferido
E com um desfecho apático.

E o mais doloroso, no final...
É que toda a água, que se trazia
Desse continente surreal,
Se transformava por magia

Num produto indesejado,
No nosso maior perjúrio.
Num líquido branco e prateado,
A que nós chamamos, de mercúrio.

E assim os Alquimistas,
Abandonaram essa filosofia.
Para iniciar novas conquistas,
Em nome da poesia.

A nossa água de Hermes...

Blackiezato Ravenspawn

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Desintegra-me

Espero ansiosamente pelo dia
Em que alguém, me pegue pela mão...
Sem estar a contar, de repente...
E que me atire para o chão.

Que me desfaça em bocados
Loucamente sem pensar
Puxando pelos meus cabelos
Como quem força, uma flor a germinar.

Que me esgane
Furiosamente...
Incinerando-me nas suas mãos
Enquanto armazena
As minhas cinzas
Nos confins dos seus pulmões.

Que me expulse
Do seu corpo!
Da sua boca!
E da sua vida...
Por um fio de fumo
Que escapa por uma janela
E que se perde, à deriva...
Pelo horizonte desconhecido
Na corrente que vier
Ou talvez num cenário cinzento
De uma cidade qualquer

Viajando com os ventos

Que arrastam consigo
Todos os meus pensamentos
Para lugares longínquos
Espalhados pelo mundo fora
Misturando-me com
Gases,
Poeiras
E diversos aromas
.
Que enriquecem a minha mente
Pelos anos fora...
Desde o norte a sul
Como do oriente ao ocidente...

E que no final da viagem
Após condensar tudo o que sinto
Acima das nuvens...

Cairei de novo
Nos seus braços
Em forma de gotas
Cristalinas...
Que deslizam pela sua silhueta
Em forma de jóias
Que adornarão o seu corpo....

E assim espero por alguém
Que se engasgue em mim...
Nessa riqueza que verá
Diante do seu desejado peito
E que me desintegrará
Com todo o merecido direito.

Mas espero que não me digas.
Que me amas... Por favor...
Porque eu necessito muito mais do que isso
A que eles chamam de "amor".

Apenas desintegra-me...

Uma vez mais...

Blackiezato Ravenspawn

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A Esperança Do Quinto Império

Sou um espécimen revolucionário
Em constante mutação
Que coexiste num horrível cenário
De pus e podridão
Sou essa larva feia que cresceu
No conforto da sua crisálida
E que lentamente amadureceu
Numa borboleta linda e nada pálida
Com um ADN bem refinado
Com todas as cores da cultura angolana
Carinhosamente misturado
Por uma madama açoriana.

E dizem que sou o mais obscuro
O acólito dos poderes ocultos
Mas na verdade, eu sou o mais puro
E ainda mais fiel que os vultos
Tramado e instigado
No seio de algumas cidades
Invejado e castigado
Por falsas mentalidades
Controladas e conseguidas
No centro destas necrópoles
Onde planeio reconquistas
Seladas em envelopes.

Escondidos abaixo da terra
Onde se refugiam todos os fiéis
Sobrevivendo à mais crua guerra
Longe dos falsos templos e dos bordéis
Somos os últimos templários
Desta nobre esquecida nação
Que se afoga em maus presságios
Da filosofia da corrupção
Doença essa que nos contamina
Com a hipocrisia no seu apogeu
Onde a ignorância assim domina
E mais um património se perdeu...

- Sacerdotisa Helena, Sacerdotisa Helena!
Clamo aos céus, com tal fervor...
Pedindo a ti por uma brisa mais amena...
Onde possa estar ausente de toda dor.
E mesmo assim com o meu corpo escanzelado
Sem desistir, com a cruz ao peito
E embora o coração esteja ensanguentado
O corpo andará sempre hirto e direito
E nos momentos de maior necessidade
Ela me virá encaminhar
E mais uma vez a palavra da verdade
Acabará por me inspirar...

E percorrendo as bibliotecas espectrais
À procura de odisseias, sagas e novelas
Que tornaram grandes poetas em imortais
Mestres da prosa e das poesias mais belas
Fabricas de rimas compostas
Na arte da expressão emocional
Que arrepiam as nossas costas
No acto lírico e musical
E assim executamos devidas experiências
Com base de alquimia rosacruciana
Curando as mais terríveis vivências
Rescrevendo a literatura arcana

Invocando as forças da natureza
Com a mais sublime percepção
Originada pela nossa destreza
E com o poder da imaginação
No rio Tejo as ninfas já dançam
Para receber os nossos barões do mar
E pelo horizonte as naus regressam
Perto aos portos para atracar
Trazendo o Almirante Vasco da Gama
Mais a sua tripulação e Pedro Álvares Cabral
Liderados pelo o poeta de toda a fama
Camões e Adamastor, o nosso trunfo naval.

E finalmente chega o verdadeiro dia
Aonde a neblina é originada pela condensação
Tornando o mais velho mito em profecia
Do nosso esquecido Rei D. Sebastião
Para se juntar de novo as linhas da frente
Com o Mestre de Avis e o Infante Henrique
Para recriar um novo futuro diferente
Mais a cavalaria da nossa Elite
E vamos acabar com esta brincadeira
De uma forma estratégica e de vez...
Liderados pelo Conde Nuno Álvares Pereira
O Comandante do nosso Xadrez.

E trazei de novo aquele dotado pensador
Pois o povo tem passado muita fome...
Porque esse ópio falso e enganador
Só causou uma dependência enorme...
Vinde a nós oh grande iluminado...
Vinde a nós ao coração de Lisboa...
Para que possamos desfrutar mais um bocado
Das suas palavras, meu caro Fernando Pessoa.
Vinde e educai,
As bocas desta pobre geração
E por favor nos livrai
Desta demente maldição...

E enquanto existir os poetas, os músicas, os grandes pensadores e todos os diversos artistas...
Existirá esperança, num V Império...

Blackiezato Ravenspawn

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Duelos Verbais - Guerras Desnecessárias

Dirigistes a mim
Como a neblina da madrugada
Que me surpreende assim
No meio desta estrada
E os teus olhos miram os meus
E à priori eu miro os teus
Transformando tudo à nossa volta
Numa dimensão que não existe

Onde dois gatos estão à solta
Num dia frio e triste
Insistindo em demonstrar
Numa forma para magoar
Lutando numa batalha
Decorrida em terreno urbano
Descarregando a sua tralha
Num duelo insano

Onde nenhum de nós vai vencer
E onde ninguém irá perder
Descarregando litros de saliva
Até à mente perceber
Que palavras não matam
E que ideais não alimentam barrigas
Quando os restos da razão escapam
No desenrolar destas intrigas

Falando sem reflectir
Movidos pelas emoções
Que estão destinadas a explodir
Dentro dos nossos corações
E quando estes não reconhecem
O outro semelhante
Rapidamente apodrecem
Num ápice de um instante

E invés de um gesto nobre
Para o próximo humano
É gerado um gesto pobre
E ao mesmo tempo tão profano
Invocado pelas nossas bocas
Após vários tempos depois
Emocionadas e deveras loucas
Repetidas por ambos os dois

Mas não vale a pena
A vontade é pequena
Porque nós fomos cegos
Pela loucura e os nossos egos
E só nos iremos entender
Quando estivermos na mesma mangue
Ou quando a mesma dor nos percorrer
Pela alma e pelo sangue

Mas tu insistes e disparas sem pudor
Tentando atingir-me na cabeça
Com o ódio no seu esplendor
Derivado pela tua maior tristeza
Mas a cada bala desse teu feitio rude
Que eu recebi e deflecti
Eu percebi o motivo dessa atitude
E um pouco aprendi

E após ver tudo isso
No reflexo da tua visão
Num momento veloz e preciso
Eu lá fiz a minha decisão
Ignorei tudo o que me vinhas dizer
E esqueci tudo o que vi
Mas mesmo assim vieste me ofender
Mas eu fingi que não ouvi...

Não vale a pena enfrentar
O desafio que está eminente
Quando este não nos obriga a pensar
E a agir de uma forma diferente
Porque a humildade não está no pensamento
De ideais e personalidades precárias
Mas está sim no momento
Em que evitas guerras desnecessárias...

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sorriso

A vida nos corre mal
A mágoa é sempre demais,
E nada anda normal
Neste mundo dos mortais.

Mas porque razão...
Tem de ser assim?
Essa dor no teu coração
Que te tortura, sem fim?

E apesar de não ter voz,
Mesmo assim, eu irei cantar...
Declarando-o, só para nós
Na expectativa de te alegrar...

Se algum dia a tua felicidade
Decidir que deva morrer...
E não restar, mais nada de verdade
Que tu possas fazer...

Ou quando essa sede, ou fome

Te atingirem, meu amigo...
Chama pelo o meu nome
Porque lá estarei contigo.

Em qualquer instante
Sempre que for preciso,
Porque nada é mais importante...
Que esse teu sorriso.

E se algum dia a tua vida
Te abandonar, e desejar fugir.
Pela brecha de uma ferida...
E não restar mais nada, porque rir.

Agradece por estares vivo
Perante aqui, junto a mim
E encontra o motivo
Para sorrir... Dentro de ti.

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 29 de agosto de 2010

Almas Caladas Da Lusitânia

Outrora fui alguém...
Um cavaleiro como qualquer um
Vestido em prata reluzente
E no peito uma rosa-cruz.
Nunca conquistei a dita glória...
Pela voz da crua espada
Não cheguei a ficar na história
Nem a casar com a minha amada.

Morri cedo, na Primavera da vida...
Num dia chuvoso de Inverno

Inundado nos meus orgulhos
Enquanto o sangue escorria
Sobre a terra e os pedregulhos.
Mas continuo vivo
Algures no além
No além e no além.

Lembro-me de ser um marinheiro...
Filho das costas de Belém.
Do meu coração pertencer aos sete mares
Aos oceanos e a mais ninguém.
De navegar em tempestades
Que ameaçavam a minha embarcação
Enquanto segurava o leme
No auge da minha perdição...
Não cheguei a carregar ouro
Nem especiarias do oriente
Só possuí um coração humilde
Repleto de um espírito valente.
Mas continuo vivo
Por aí
Por aí e por aí...

Nos confins da realidade...
Pr'além da mais pura verdade
Vista e dita por um profeta.
E sentida e cantada
Por um poeta.


Blackiezato Ravenspawn

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Inocência

Menina, tu que olhas pela janela
As estrelas que brilham na rua.
Nesta noite tão calma e bela
Enquanto navegas sobre a lua.

Tu que brincas com bonecas
E fazes delas tuas amigas
Construindo vastas bibliotecas
Cheias de contos e cantigas.

E és tu que tanto imagina
Essa magia da curiosidade
Que só tu minha menina
O consegue de verdade.

Através desses teus olhos azuis
Cheios de vários sonhos e regalias
Além dos tesouros que possuis
Em forma de encantos e fantasias.

E tranquila, ela assim dorme
No conforto da sua transcendência
A menina, dona de um sorriso enorme
A quem nós chamamos de Inocência.

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Noite De Sexta-Feira Treze

Noite, tu que hoje cais, tão desmaiada...
Originando a mais crua das decadências
Intragável e conhecida, pelas tuas incontroláveis demências.
Trazendo os pesadelos à luz da lua, silenciosamente pela calada...
Envolta nesse teu manto purpura e nessa tua encenada fachada.

De rompante... De uma forma talvez duvidosa...
E que embora seja negra, não deixa de ser formosa.

Sussurrando calmamente
Encantada, tu entoas o som de um
Xilofone de ossos.
Tocando nota a nota
A maldição desses olhos, vossos...
- (Mas esta alma não conhece o rancor...) -
Feito e desfeito à sombra do teu terror.
E esta se deixa enfeitiçar, no teu transe, enquanto tu
Irrequieta, traças belas linhas
Radicais, criativas e deslumbrantes,
Alternadas, fortunosas e todas elas exuberantes...

Transformando a sua aparência,
Redesenhando a sua estrutura...
Enquanto lhe pintas com essa tinta escura.
Zelando no final, pela sua transcendente existência
Enaltecida na sua, tão clamada inocência.

Dedicado ao Patrick, a pessoa que tem como ritual, fazer uma tatuagem em cada sexta-feira treze.

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 7 de agosto de 2010

Preconceito

És descarnado!
Sem qualquer dignidade
No centro de uma arena
Cujo o preço da tua liberdade
Não é uma quantia pequena
Conseguida em algum mercado...
Vives na sombra das suas duvidas.
Envolto numa capa
Nos segredos da calçada
Caminhando neste piso de napa
Com a cara tapada
Mas com as pálpebras lúcidas...
Perseguido!
Pelos furtivos caçadores
Que percorrem esta atmosfera densa
Conhecidos como os anti-traidores
Para quem não respeita a crença
E é um foragido!
Escondido...
Nas paredes das artérias e veias
Destas cidades ultra vigiadas
No meio de aranhas e centopeias
De todos os feitios e qualidades
Onde tu és o mais temido...
Com os corpos e rostos
Nus... Vulneráveis e desflorados
À mostra nos diversos museus
Como tristes crucificados
Em nome da mentira e dos teus
Gostos!
Sem direito...
A uma merecida defesa
De sensibilidade ou moral
Onde não existe de certeza
Para quem é ofendido por mal
E sem jeito...
Forçados!
A aceitar a vossa estupidez
E olhados como inquilinos.
Todos nós, o somos mais uma vez
Ao som dos vossos hinos
Escusados...
E dentro desta orbe...
Onde ninguém é perfeito
E onde nem todos, são sinónimo de elegância.
Nós somos vítimas de preconceito
Mas vocês o são... De uma extrema ignorância.
Tão... Enorme...

Blackiezation Ravenspawn

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Vícios Do Amor

O meu corpo assim se rende
A ti, minha bela Valentina.
E a você a minha alma se vende
Ao sabor da Nicotina.
A tal amiga da Dama Escarlate
Tão alegre e tão devota
A irmã do Whisky de Malte
Tão oferecida e tão marota.
Ela que trás a alegre festa
Onde quer que eu esteja,
Segurando a minha testa
Enquanto me seduzem com cerveja.
São as gueixas do meu bar
Onde eu vou às vezes beber
E onde me podes encontrar
E onde eu me vou esconder.
Entrançado na boca sagrada
Da mais pura e majestosa erva
Beija-me minha amada!
Porque a minha mente, já não enxerga.
O colapso de um mundo
Virado do avesso
Por um ordinário vagabundo
Cujo já não tem preço.
Porque nos braços do Absinto
E da Senhora Nobre Cachaça
Eu não vacilo, nem minto
E todas as piadas têm graça.
E abraçado às prostitutas, que orgulhosamente, eu paguei
Mais o meu amigo Licor...
Eu na cadeira repousei.
Escravo... Nos vícios do amor.

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 1 de agosto de 2010

Sinfonia Dos Elementos - Fogo "Verão"

Assente na torre de vigia...
De um bar qualquer...
Enquanto preparava magia
Mexendo a colher...
No meu chá de limão
Que a minha humilde carteira, me pode ofertar
Ouvindo as mulheres atrás de mim...
A cochichar...
Falando alto, ainda mais alto, que as suas próprias almas
Discutindo temas tão banais
Como a sina das suas palmas...
E observo as pessoas
Que desfilam pela cidade
Mulher feias, outras boas
Enfeitas na novidade.
Da graça do sol dourado, que brilha nesta estação
Tão brilhante e tão quente, que arde até mais não...
Estava acompanhado por um candeeiro
Que irradiava em tons de vermelho
E sentado como um corvo, no seu escolhido poleiro
Via o reflexo dos outros burgueses, através daquele espelho
Preso numa parede, que revela todas as verdades
Aos vaidosos apanhados na sua rede
Em busca de realidades.
Repleta de Divas, Ninfas e belas Sereias
Partilhando bebidas gélidas, que serão pagas a meias.
Enquanto eu... Bebia chá...
Feito tonto, como a branca de neve...
Estivesse aqui, ou eu, talvez lá...
Adornada com a sua brisa nada leve...
Nada a ver com esta que eu sinto agora
E sinto-me estúpido, por estar aqui a escrever em vão
Invés de estar lá fora...
A aproveitar o Verão.

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Uma Flor Chamada Helena

Reunidos todos aqui estamos
Neste triste dia, quase em Agosto.
Onde para si, homenagem prestamos
Enfeitados pelo o desgosto.

Devido a perda que sentimos
Da sua devida ausência.
Do obséquio que em ti vimos
E da tua benevolência.

A tristeza chove dentro de mim
Fazendo-me cair no seu leito,
Enquanto neste belo jardim
Sinto uma grande dor no peito.

Não existe cura para esta mágoa
Nem espinhos que me protejam de tal.
Onde eu, a rosa amargurada, sente a água
De uma maneira tão mortal.

As pétalas da Rainha flor
Caem lentamente pelo chão.
E por um dia este amor
Torna-se numa grande lamentação.

Hoje não danço ao vento.
E o orvalho por mim escorre...
E neste preciso momento
Uma parte de mim, talvez morre.

Mas a saudade virá me visitar
Trazendo todas essas recordações.
Onde existia uma avó para amar
Com todos os sentimentos e emoções.

E ainda triste me levanto
Coberto com este frígido véu.
Mas admirado com o seu encanto
Eu, levanto as minhas pétalas ao céu...

Este jardim ficou deverás mais pobre
Mas brisa tornou-se mais amena
Enquanto o vento suspira pela nobre...
Minha querida, Avó Helena.

E as lágrimas se perderão no orvalho nos dias que virão.
Enquanto a terra comovida, acolhe esta bela falecida...

Preparando o solo... Para as sementes, que estarão para germinar.
E embora a sua presença não esteja connosco, aquele seu aroma único...
Estará presente nos nossos corações.
As suas raízes lentamente desaparecem
E eu deixo de fazer força e solto aquela conexão...
É tempo de a deixar ir.
Adeus.

Uma homenagem para a filha, a mãe, a companheira e a avó Helena.

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 18 de julho de 2010

Hospital Dos Carentes

Farto de esperar
E farto de estar em pé.
Enfraquecido a desesperar
Bebendo mais um café.
Encostado naquela máquina
Que segurava o meu corpo
Numa forma tão apática
Eu caído e todo torto...
Passava já uma hora
Desde que entrara nas urgências
Com as tripas quase de fora
Desgastado, sem resistências.
E olhava ao meu redor
Os outros, que por sua vez esperavam.
Partilhando a sua dor
Enquanto as mágoas se amontoavam.

As luzes sintéticas,
Os longos corredores,
As enfermeiras energéticas,
E os preocupados doutores...
Os murmúrios constantes,
Os suspiros iminentes,
E os seus choros latejantes
Daqueles tristes pacientes.

Então dirigi-me ao exterior
Para matar aquela pressão.
Como faz um bom fumador
Com um cigarro na mão.
E marcava o chão com sangue
Que escorria da minha barriga.
A minha boca range!
Enquanto apertava mais a liga.

A ferida parecia estancar
Envolta na minha camisa
E só me restava aguardar
Pela altura precisa...

E após um bom tempo, fui chamado
Pela recepcionista do hospital...
Marchando com o abdómen rasgado
Lá entrava eu, mesmo mal...

A enfermeira analisava,
Os danos que tinha sofrido
E gentilmente se apresentava
Como lhe fosse um ente querido...

Não me efectuou algum tratamento
Nem concluiu nenhum diagnóstico.
Nem me receitou algum medicamento
Nem nenhum narcótico
Nem me cozeu os pontos
Apenas me deu uns abraços
Contando surreais contos
Por uns momentos escassos.

Saí porta fora, completamente desiludido
Pintando o piso... Ainda a sangrar...
E estava tão fudido...
Que mal conseguia falar...

Por fim, ela despediu-se de mim,
Com um certo gozo e satisfação
Abandonando-me assim
À deriva como um cão.

E com a mão no umbigo
Como uma mulher envergonhada.
Que outrora dormiu comigo
E lhe chamava de amada...
Voltei a casa desanimado
Com uma garrafa de vinho
E com o corpo lacerado
Sobre uma ligadura de linho.

Porque da maneira com isto vai
E como estará para vir...
Onde muita gente caí
E só pensa em desistir...
Preparem então essas macas!
Para esses recipientes,
De mentes flageladas e fracas!
Alvos de ataques dementes...

Porque a mim sempre mo disseram
Faz-te homem, cresce e esquece!
E por mais mal que te fizeram...
Cada um tem o que merece.

E lá se juntam os dependentes
Neste lugar de amargurados
O Hospital dos carentes
O cemitério dos corações...
Quebrados.

E alguém pergunta.
"Quando é que eu sei, que amo alguém?"
Quando infelizmente... Esse sentimento acaba.

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Gárgula

Ia com os olhos presos no chão
E até parecia,
Que a estrada caminhava
Através dos meus pés...

Passeava eu neste lugar
Com a outra minha parte
Que desejava tanto
Voltar ao centro do mundo,
Que uma vez lhe prometera.
Mas que embora, eu desconhecesse.

Navegava por esta noite
Como um moliceiro
Nestes rios de estrelas
Que corriam entre os vales de concreto.
E ao dobrar da esquina,
Um carro debruçava-se entre um passeio
Enquanto as árvores beijavam a minha cabeça
Deixando as marcas dos seus lábios
No meu cabelo, que tanto cobiçavam.

No telhado de uma casa qualquer
Permanecia Vénus em pêlo
Dormindo curvada
Na sua inocência pura e nocturna.

Metros à frente...
O cansaço emboscou-me...

E a solidão que carregava às costas
Abraçava-se ao meu pescoço,
Disfarçada de negro
Com trocos de sonhos,
Planos fracassados,
E histórias mal contadas...
Suspirava-me para o ouvido.

Acendi e segurei uma tocha nas minhas presas
Que simplesmente invejava,
A luz dos astros metálicos.
Que irradiavam
As sombras desta paisagem mal amada,
Pintando o piso negro
Com pequenos círculos
Alaranjados e amarelos.

O vento estava constipado...
E espirrava
gotas de água
Que me dançavam pela cara
Ao som da música melancólica,
Existente daquele lugar.

E mais uma vez...
Apolo atirou mais uma pedra ao sol
E o imenso lago de lava...
Fez as chamas vibrar

Trazendo o dia ao outro lado da margem
Por mais uma horas.

Enquanto lentamente me petrifico

Com a minha mão
Sobre o rosto.


Olhando para ti.

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 9 de julho de 2010

A Fúria De Marte

Levanta-te soldado
Que o Inverno já passou,
A primavera já lá foi
E a neve já cessou...

Saí desse teu embrião,
Incrustado no núcleo da terra.
Pela a fúria do magma
Pronto para a grande guerra.

Renascendo mais uma vez das cinzas
Como a lendária fénix, o faz...
Envolta nas labaredas
Com tal graça audaz!

E olhando para o sol eterno,
Repleto de toda a fama
Declamando para este e digo...
Eu sou a invicta chama!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Confissão

"Senta-te... Respira fundo...
E liberta tudo, o que te mais tormenta."

Quero que me apunhales pelas costas com as tuas unhas...
Quero que tatues o meu corpo, com a tua morbidez...
Quero que me mordas os mamilos, de maneira a que me faça chorar...
Quero que me sufoques com a tua boca
Que laceres os meus lábios, com os teus dentes.
Que devores a minha língua, com toda a tua gula.
Quero que trates mal, que me cuspas e que me chames nomes,
Quero ser a tua bola anti-stress, quero ser as páginas da tua vida
Que tu tantos escreves e rasgas de seguida em tentativas falhas.
Quero ser a inveja que tu incestuosamente estrangulas
E quero ser o teu bode expiatório, para ser a fonte de toda a tua culpa.

Quero que uses o meu corpo, como um frasco vazio, para conter todo o teu suplemento vital.
Quero ser dependente de ti e ser flagelado pelo o teu ego, humilhado pela tua existência.
Quero olhar só em frente, como um cavalo o faz com palas nos olhos
E que por mais que corra perigo, quero-te obedecer sem falhar e sem questionar a tua autoridade.
Acabando sendo humilhado, vezes sem conta.
Por tudo o que faço por ti e ainda agradecer pedindo por mais.
Mas no final de tudo... Quero que te sintas feliz e gloriosa a torturar-me.

E no final disto tudo, satisfeita... Tu deixas-me no canto, espalhado pela casa.
Retomando a meter aquela tua máscara e aquela capa, que ninguém suspeita.
Nessa tua maquilhagem simples mais essa tua indumentária casual e inocente, que não tem nada a haver contigo.
Fechando os olhos com um sorriso tão falso, tão idêntico a de uma boneca de porcelana...
Mas de todas que conheci, tu és a mais original...
Tu não me dizes que me amas, tu não usas romances fora do prazo, tu não usas a banalidade do afecto meigo e transcendente.
Tu espezinhas-me, tu abusas de mim, tu massacras-me...
Tu tratas-me mediocremente, como um cão que é atropelado e não merece o ar que respira...
E depois de saíres de casa...
Justamente quando aquela porta fecha...
Quanto tu me abandonas!
Piscando o olho, provocando-me a cair nessa armadilha, chamada imploração.
Eu encolho-me no chão frio de tijoleira...

E então aí...
O corpo arrefece, as feridas começam a cicatrizar, as queimaduras a arder e os hematomas a fazer comichão. Enquanto a tua saliva, os fluídos e o suores frios inundam a maior parte do meu corpo.

E chego a mesma conclusão de sempre
Quando ela me dá liberdade, e solta-me das suas correntes...
É quando mais necessito dela e quando mais sofro...
E como o miserável que sou, arranho a porta, enquanto me depeno ainda mais
Fazendo figura de triste, inútil, buçal e fraco....
Segurando a trela na minha boca, à espera que tu, minha dona me leve a passear...
Por favor... Se faz favor...
E depois de joelhos como um religioso zeloso.
Para que me possas desprezar ainda mais
E me levares a caminhar...
Nos nossos obscuros passeios sexuais.

É ridículo, eu nem sou masoquista nem nada...
Mas é normal... As nossas emoções, funcionam como um receptor de rádio...
Há medida que nós nos tornamos mais débeis e danificados...
Mais intensidade e frequência é preciso...
Mais fundo é necessário para que as raízes se estendem, para sentir a água...
E é mais que inevitável que eu queira ser ainda martirizado pelos teus actos...
Minha cara solidão...

Aprendi e reconheci à medida do tempo... Que é naqueles momentos, que quando não se tem ninguém para falar... Nem ninguém para nos fazer rir, ou para nos revelar algo, ou um ilimitado numero de situações possíveis...
Que é nessas alturas...
Que aprendemos a dar mais valor as coisas... A pensar mais um pouco de nós.

Dizem que a solidão não é coisa boa...
E mesmo assim somos ingratos, vivendo a vida com todos os extras
E ainda nos lamentamos por mais...

Já te deitaste alguma vez no chão encolhida...
Nua... Com os teus braços
Envoltos em ti?
Se fechares os olhos por um momento...
Torna-se embaraçoso, íntimo e num estado repleto de inocência.
Não tenhas vergonha do que és, ou do que sentes...
Confessa-te.
Ninguém precisa de saber...
Mas as palavras terão que sair.
Ámen.

E agora, já me posso ir embora?
Ou terei de repetir tudo de novo?

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 4 de julho de 2010

A Estrela Que Cessou De Brilhar

Olha para ela...
Continua este tempo todo, lá no além...
Sozinha no seu canto
Como uma rosa murcha à espera de ser colhida.
Escondida para além das galáxias
E perdida entre um buraco negro qualquer
A que ela chama de sua humilde casa.

Se eu pudesse permanecer em qualquer lugar deste universo...
Seria a casa dela, que eu iria visitar.
Embora não seja possível, não deixa de ser mau de todo.

És daquelas coisas, que se tornam únicas e misteriosas
Não por serem especiais ou raras, mas por simplesmente estarem fora do alcance...

E esta ligação que nos une, faz com que te tornes importante para mim.
É como o amor, é criado e sentido sem razão...

Quem ama de verdade, não sabe explicar o amor...
No máximo, só o simplifica, como uma fracção matemática.
Mas nunca vai conseguir obter o valor preciso e absoluto.
E tu, és esse amor para mim.

Cada vez que aqui venho, debruço-me neste infinito oceano de estrelas
.
Olhando para ti...
Para o astro azul, a tal estrela que cessou de brilhar.

E vejo em ti a minha reflexão...
Aquela camada azul brilhante de gelo envolta do meu coração...
Uma pessoa tão invernal, mais fria que o zero absoluto...
Mas tão bonita e especial.

E mais uma vez a entropia espacial me volta a chocar...
Como é que algo tão gélido, envolta na escuridão
Pode gerar um calor dentro de mim e ser tão majestosa?
Diariamente me surpreendes... E eu nem sei porquê.

Mas ninguém colhe rosas murchas...
Apenas as vemos morrer lentamente.
Ofertando-lhes um pedaço de vida e de carinho,
Enquanto as observamos desaparecer no espaço, sublimes.

És uma artista que sai orgulhosa e honrada pelo seu espectáculo

Com o pano que cai, anunciando o seu final.
Tu bem queres ir embora, mas os meus aplausos prendem-te cá.
E sorrindo, com o meu ramo de rosas na mão.
Deslocas-te ao exterior...

No outro lado do cosmos, eu levanto-me.
Passando com a minha mão gentilmente nas águas estrelares.
Sacando uma pequena porção daquele líquido ciano e violeta
Enquanto este escorre através dos meus dedos.
Congelando a minha mão...
Mas o meu coração, fundiu o gelo, feliz...

Por fim virei as costas...
E saltei de rochedo em rochedo
Por cima dos oceanos
Até ao portal para a realidade.
Deixando o centro do universo
Mais uma vez para trás...
Deslocando-me à terra
Através da velocidade do pensamento.

Quando as chamas da minha alma cessarem de brilhar,
Eu gostaria de morrer como uma estrela...

E como uma estrela irei morrer...
Enquanto o meu corpo se dissolve na terra
Projectando energia para o espaço,
Originando vida a novas estrelas...
Que não brilharam, mas que terão como a sua cor
O verde.

Blackiezato Ravenspawn

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Ectoplasma Tóxico

A preparação do ritual começa
Comigo emerso na piscina da purificação.

Após lavar o meu corpo de toda a escória

Eu visto o meu robe de sacerdote
E movimento-me em direcção
À câmara dos segredos.

Os virgens são sacrificados no altar
Incinerados pelas chamas ardentes
E as suas almas são devoradas
Pelo meu avatar
Que as absorve para dentro de si.

No fim do ritual
Os poderes ocultos são invocados
E pela a minha boca
Sai a profecia dos tomos arcanos
Em forma de feitiços mágicos.

O fumo ganha forma
E a rainha do flagelo tóxico
É mais uma vez, ressuscitada.

Ela rapidamente reconhece
Quem a trouxe a este mundo
E ela sabe de tudo sobre
Quem se encontra
Diante da presença dela.

A sua aparência em forma de ectoplasma
Agradece-me pelo meu esforço
E pela minha fidedignidade
Enquanto percorre o meu corpo
Tranquilizando-o de toda a pressão
Revigorando o meu espírito
Dando um poder temporário
Para os meus caprichos.

No fim
Quando não existe mais energia
Para a suster nesta dimensão
Ela deixa-me ordens explícitas
E apontando todas elas
Eu as gravo
Nas mortalhas do além.

E quando necessitar
Da sua presença.

Mais uma vez...


Sacrificarei mais virgens
Para que os meus objectivos
Sejam realizados...

Venerando a Nicotina
E a filosofia do tabaco...

Blackiezato Ravenspawn

terça-feira, 29 de junho de 2010

Sonho Lúcido II

Não me lembro de como vim aqui parar...
Mas recordo-me de tudo o que vejo agora.
Vejo caras que não conheço,
Embora reconheça todos eles
Como se já nos tivéssemos encontrado no passado.

A mãe diz...
O meu filho, um Sir... Um bem dito Senhor...
E eu respondo.
Mãe, eu posso ser um senhor na ordem real de cavaleiros...
Mas para mim, tu sempre serás a minha Rainha, a minha Ama...
Ela acaricia-me a face...

O pai diz...
O meu filho, um responsável e honorável Senhor...
E eu respondo.
Pai, posso ser o mais elegante dos cavaleiros...
Mas para ti, sempre serei aquela criança rebelde...
Ele abraça-me...

O irmão diz...
Meu irmão, um grande homem...
E eu respondo.
Posso ser o mais bravo dos heróis...
Mas para mim, tu serás sempre, o meu protector...
Ele aperta-me a mão...

O amigo diz...
Parabéns meu caro amigo...
E eu respondo.
Poderei ser o mais merecedor de toda a fama...
Mas para mim, serás sempre aquele, que me acusou de tentar roubar a sua namorada...
Ele sorri...

O rival diz...
Ah! Aqui está ele, o meu companheiro...
E eu respondo.
Poderei ser a pessoa mais dura contigo...
Mas para mim, serás sempre o meu melhor amigo...
Ele abraça-me...

A dama escarlate diz...
O meu cavaleiro favorito, o meu adorável...
E eu respondo.
Poderei ser o maior protagonista de todos os tempos
Mas para mim, tu sempre serás a minha heroína, a minha irmã...
Ela beija-me a mão...

A professora diz...
Olha o meu discípulo, o talentoso cavaleiro...
E eu respondo.
Poderei ser o maior artista
Mas você, será sempre para mim, a minha Vénus de Milo....
Ela faz-me uma vénia.

As mulheres falam...
Olha o belo conquistar, o príncipe mais belo...
E eu murmuro baixo...
Poderei ser o mais galã de todos os outros
Mas eu para vocês, serei sempre o rapaz estranho, que nunca é escolhido para dançar.
Elas acenam... E eu continuo.

Por fim a Cintía vem até mim e diz...
Meu amor, meu Lancelot, voltaste...
E eu ajoelho-me perante ela e declaro...
Poderás ser a mais preciosa e a mais única das flores
Mas eu sempre serei para ti, alguém que se atreveu a sonhar, mais do que podia...
Ela beija-me e suspira angustiada...

O sonho lúcido...
Termina.

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Nocturna

Uma alma isolada
Embora não esteja sozinha
Vagueia com a sua sombra
Atirada no chão

Caminhando em direcção
Ao ponto mais alto
O lobo senta-se
Uivando para o céu
Sentindo falta da sua dona
A mãe Lua

Soltando lágrimas
Que escorrem
Pelo seu focinho
Até ao seu colar lunar
Que recebeu na noite
Do seu nascimento

Chove mais uma vez
No seu coração
Enquanto a terra
Endurece...

Mas mãe que é mãe
Conforta os seus pequenos
Enviando
As suas filhas estrelares
Visitar os seus adoráveis

E quando este se prostra
Cansado e triste
Envolto nas suas patas.

Os príncipes astrais
Rompem o céu
E a neblina é quebrada
Com a aparição
Da sua mãe
E dos seus irmãos
Em forma de imagens
Que são reflectidas
No lago criado
Pelas suas
Lágrimas de desgosto...

A Nocturna toca
Na sua flauta
Uma melodia tocante
Fazendo as flores
Dançar brilhantemente
Enquanto os seus irmãos
Preenchem o silêncio
Com o som
Das suas vozes.

A sua mãe Lua
Acaricia o seu querido
Através da música
Criada pelo vento
Enquanto este dorme
Agora tranquilo
Enquanto a sua sombra
Voa pelo espaço
Em direcção aos pólos
Transformando
O desgosto
De todos os lobos solitários
Em lindos espectáculos
Que atravessam o horizonte
Em forma de auroras

E a magia da via láctea
Volta a desaparecer
Juntamente com a presença
Da sua mãe
O lobo ergue-se
Puxado pelo seu vulto
E uiva
Mais uma vez...

Ele sabe
Que não está sozinho
Por isso continua
A sua caminhada
Pela noite
À procura
De outro lugar...

Onde possa sonhar...

Blackiezato Ravenspawn

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Sonho Lúcido

Acordo confuso
Enquanto as minhas
Memórias
São apagadas
Progressivamente
À medida que me entranho
Noutra vida...

Agora já me lembro...
Lá está ela
Aí que preguiçosa...
Espreguiçando-se
Tão inocente
Está a ficar cada vez mais
Carinhosa e gordinha.

Toco na sua barriga
Macia e redondinha,
As Mulheres já são um mimo
E há vezes que ainda ficam mais
Aproximadamente
Nove meses.

Ela diz,
Que o filho é meu...
Nosso!
Sim, nosso, diz ela
Enquanto sorri.

Quero passear
No mundo
Que construímos juntos
Selados
Pelas nossas
Mãos

Percorrendo a vila
Encarcerada
Pela natureza.

Quero que o mundo
Te olhe com respeito
Para ti, minha Rainha
Matriarca da minha
Prole...

Quero ser o teu protector
O guardião dos teus
Segredos
Quero ser a tua almofada
Dos teus sonhos
E a tua outra parte
Do teu coração.

E enquanto gemia
Com os meus beijos
No seu pescoço
Com as minhas carícias
No seu rosto
Ela disse...
Mas tu és tudo isso!

Mas isto não faz sentido...

E acordo ainda mais cansado
Do que antes estava...
Antes, de dormir.

Outro sonho lúcido
Todos começam
Da mesma maneira
A mente para por momentos
E alma toma total controlo
De mim.

E acabam todos exactamente
Iguais! Com a tal deixa,
Mas isto não faz sentido.
Perdido na realidade
Com o corpo todo fudido
Como tivesse andado
Dentro da minha
Própria infinidade
E a única coisa
Que consegue quebrar
Este feitiço de preguiça
É escrever
O que se passou.

E só quando
Tiver guardado
Todas essas vivências
Numa folha

De papel.
É que me lembro
Quem eu sou
Na verdade.

Parece que afinal
Ainda preciso
De um café
E de um cigarro...
A minha cabeça doí
E sinto-me
Como merda...

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Brisa Prateada

Sinto os primeiros raios de sol
Que trespassam a minha casca
E me chamam solenemente
Com as suas mãos calorosas
Puxando suavemente
Para o exterior
Como fosse uma mãe delicada
Que dá à luz ao seu filho

Saio daquele lugar quente
Que costumava chamar casa
Para um lugar mais fresco
Mais amplo e mais vivo
Onde a melodia do vento
Leva os nossos zumbidos
Pulando de planta em planta
Aos nossos mais queridos

Espreguiço-me elegantemente
Soltando as minhas asas
Gigantes e cintilantes
E voo pela corrente
Para me deitar
Num mar de flores
Deixando o aroma das minhas asas
Cair sobre as minhas primas
E durmo no coração delas

Acordo com o soar
Da sua bela canção
E com as suas antenas
Que roçam nas minhas
E movida pelo rasto
Que deixei na atmosfera
Em forma de esporos
Chega ela
Virtuosa
Querida e bela

Levanto-me
Como tivesse
Todo o tempo do mundo
E depois de esticar
As minhas asas ao céu
Com um simples abanar
Sou projectado
Para o exterior
Do meu sonho de jade
De mãos dadas
Junto com ela

Deixando um rasto
Pela cidade
Através de um fio de fumo
Que é expelido pela minha boca
Em tons de cinzento
E as minhas asas
Só são vistas
Dentro do meu pensamento
Enquanto as borboletas
Voam magníficas
Ao meu redor

Blackiezato Ravenspawn

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Açucena Lunar

Através do denso espaço
Viajando pelas nébulas
Em forma de sementes
Libertadas por estrelas
Caindo no nosso céu nocturno
Em forma de pó cósmico
Entranhando-se no solo
Crescendo sobre a luz lunar
Violetas e cor de índigo
Que se alimentam do orvalho
Crescendo misteriosas e mágicas
Debaixo do manto da noite
Possuindo uma fragrância
Infinita de cheiros
Misturados com o gelo
Dos cometas que lhe nutrem
Durante as suas longas viagens
Até ao seio da nossa terra
Onde crescem belas
Inocentes e puras
Nas noites de lua cheia
Brilhando todas alegres
Estendendo as suas pétalas
A este belo céu
Como um girassol o faz
Na presença do sol dourado
Faz uma açucena lunar
Aos suspiros do vento
Sobre a vontade
Prateada da lua

Contendo em si
Todos os segredos nocturnos

Sendo pequenas amostras
Do cosmos


Blackiezato Ravenspawn

domingo, 2 de maio de 2010

Poetas...

Caminhas pela cidade
E testemunhas os demais,
Que passam como nuvens
Todas diferentes, todas iguais.
Essas milhares de vozes
Que tendem a chocar
entre si
E é na multidão em que te perdeste
Que tu te questionas - O que farei aqui?

Sentes-te deveras estranho
Como fosses um agente infiltrado
,
Que foge assim das pessoas
Sem saber de quê, assustado
!
Desintegrando-se aos bocados
Com a solidão que sente,
Dessa emoção que não sabes
Se é fria, ou mesmo quente...

E assim morres um pouco
Devido ao ar que tu expiras,
Vendo as crianças que lá brincam
Que geram a nostalgia que tu inspiras.

E assim és de novo coberto
E sorris para ti sem saber a razão,
Por esse manto de magia
Que te faz cócegas no coração...

Então voltas assim a casa
E escreves tudo o que vistes lá,
Tudo o que ninguém não sabe
Nem que nunca o saberá
...
Revelando o que mais sentes
Através de um acto de criação,
Escondido nos teus suspiros
Perdidos em alguma emoção.

Como tivesses parado o tempo!
Enquanto te fechas só para ti,
Gritando descontrolando bem alto
- Como eu vim parar aqui!?
E aí o vento torna-se denso
E tu te perguntas algo assim.
- Porque razão eu me preocupo e sofro
- Com algo que não faz parte de mim?

E o sépia paralisado do tempo
É substituído pela cor do presente,
E todos continuam a andar de novo
Cada um com as suas vidas pendentes.
E é por isso que hoje cantamos juntos
E talvez amanhã desaparecemos...
Pois só quando passamos a defuntos
É que notam o que nós fizemos.

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 1 de maio de 2010

Larva

Todas as Primaveras eu sou assim...
Uma larva castanha muito preguiçosa...
Há dias que só me apetece rastejar pelo chão e dormir o dia todo.
Sou tão parecido com este insecto, nestas alturas do ano.
Até comer torna-se preguiça, eu já nem como...
Petisco como fazem estes insectos, com as folhas verdes que encontram.
Até os caracóis e as lesmas, são mais determinadas que nós, embora sejam mais lentos.
Mas mesmo assim não se cansam de andar...
Tanta preguiça, que ainda não consegui construir a minha crisálida e já nem como diariamente, como costumava fazer. Só me queixo o dia todo e o que quero mais é sol.
Há dias em que meto a minha cabeça de fora da minha incompleta crisálida e olho para o tempo.
Se estiver sol bastante, até saio de casa e deito-me na primeira oportunidade que me for dada.
Mas se estiver um tempo ruim, eu volto para dentro da minha casca e como um bocado desta, para me acompanhar no descanso. Tanta preguiça, que até faz-me comer a minha própria casa. Onde eu vi isto? Hm... Hansel e Gretel penso eu...
Continuando, nem que durma mais de oito horas, continuo sempre cansado.
Tudo porque o meu corpo ainda não está habituado a estas mudanças de temperatura...
Hoje é o primeiro dia de Maio e está um bocado de frio...
Sim passei a maior parte do dia na minha crisálida quentinha, e continuo à espera que o Verão venha mesmo a sério... Quero sentir as minhas assas, mas este vento, continua a danifica-las, ainda estão muito sensíveis...
Aí... Cansado continuo e não me apetece fazer nada! Atenção que o grito de revolta, mal se ouviu... Foi um grito com voz mole de aborrecimento e fadiga que não existe na verdade...
Como serão as minhas assas este verão? Qual será a cor, o tamanho, o padrão? Pergunto-me a mim mesmo, mas dá-me sono...

Ainda à espera do Sol forte continuo eu. Para que me possa deitar no ar quente de Junho e que possa flutuar à deriva dessas brisas amenas que estarão para vir...
E respectivamente ao facto de procurar por uma parceira, não estou com grande vontade como é de calcular. Nem sei ainda como estou a conseguir escrever isto... Porque cansado e preguiçoso, eu estou. Como uma larva é, enquanto mordisca as suas folhas que tanto gosta. E eu mordisco pequenos chocolates e fumo cigarros.
Enfim, e o que estará para ser feito, fica para a minha próxima vida larval.

Bocejando eu digo...
"Vai-te embora preguiça!"

Mas com voz baixinha...

Blackiezato Ravenspawn

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Caleidoscópio

Caleidoscópio, caleidoscópio...
Tu que reflectes, todas as cores reais.
Caleidoscópio, caleidoscópio...
Através dos teus triângulos orbitais.
Caleidoscópio, caleidoscópio...
Feito de espelhos, vidros ou cristais.
Caleidoscópio, caleidoscópio...
Mostrando imagens lindas, que nunca vi jamais.
Caleidoscópio, caleidoscópio...
Vejo em ti as cores da minha alma e de outras mais...
Caleidoscópio, caleidoscópio...
E pela tua lente, vejo todos os seus futuros existenciais.
Caleidoscópio...
Caleidoscópio.

Blackiezato Ravenspawn

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Dupla Perfeita

Duas almas vagueiam por este mundo. Caminhando pela linha férrea em direcção à cidade. Felizes enquanto cantarolavam, observando o crepúsculo a ser absolvido pela noite.

"E mais uma vez, aqui vamos nós"
Seguindo os teus caminhos e ouvindo a tua voz.
Caminhando na linha férrea em direcção à cidade...
"Acompanhando pela tua querida, a tua cara-metade."
"Ouvindo o som dos carros e das velozes motas"
Enquanto tu flutuas e eu carrego estas botas...
"Ninguém te manda ser um vaidoso, é o teu castigo!"
Também não era preciso, seres tão dura comigo...
"Eu sei meu amor, só me excedi um bocado"
"Mas não deixas de ser, o meu querido amado"
Vivo esta vida contigo, infelizmente presa a mim.
"Não te queixes meu querido, pois irás morrer assim..."
Que maldição temida que me veio atormentar.
Que nem sei como ainda sou capaz de te amar...

"Eu sou a poesia a querida noiva deste traste..."
Que tanto tu adoras e que tanto galaste...
"Mas agora és todo meu, meu adorável poeta!"
E tu és quase toda minha, quase dada de oferta...
"Oh... Não sejas assim, pensei que não tivesses ciúmes"
"Sabes muito bem, que este amor é como uma faca de dois gumes..."
Eu sempre soube disso, mas mesmo assim, nunca hesitei
Porque no momento em que te conheci, eu próprio me matei...
"Oh... Homem, tu e os teus dramas, sempre tão negativo!"
É o que dá viver uma vida, bastante pensativo...
"Vá Homem! Perseverança e um pouco de alegria!
"Até pareces uma velha que se lamenta todo o dia..."
Agarrado a uma Mulher, que ninguém consegue ver...
"Eu fui feita assim amor, para se ouvir ou poder ler."
Que não tem cor, que não tem cheiro e que nem se pode tocar...
"Mas cheia de boa disposição e muito amor para dar!"
"Embora gravada em mentes e em simples folhas de papel..."
Tu ainda continuas a ser mais rodada, que a galdéria da Jezebel...
"Mas tu não te queixas, até admites gostar de tal..."
Mas isso é culpa tua e do teu domínio mental!
E andas à deriva pelas bocas deste triste mundo!
"E tu que vagueias pelas ruas, seu pobre vagabundo!"
"Mas só te cabe a ti decidir, se é mesmo isso que queres..."
E eu aceito a pega, que dorme com Homens e Mulheres...
"Por mais que sofras comigo que justiça seja feita..."
E que o amor seja a ligação, desta dupla mais que perfeita...

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Acalma O Meu Coração

Digo que suspiro, para não encher esta folha com os meus "aís". Escrevo para dar trabalho aos meus neurónios para os distrair desta sobrecarga emocional em que me encontro. Para que os meus gemidos se tornem em algo para além das correntes de ar que são expulsas pelo meu corpo revelando uma eficiência máxima da energia que produzo dentro de mim.

Acalma o meu coração... Enquanto passas a tua ligeira mão no meu cabelo, seguindo uma série de movimentos que mexem comigo. Como uma agricultora que prepara esta terra para depois semear as suas culturas. Semeia-me bem estar, semeiam-me euforia... Semeia-me as flores mais bonitas que possas plantar. Depois desce com essa mesma mão pela testa parando nos meus olhos. Cega-me! Dá-me essa escuridão coberta por ti e volta a cegar-me de novo com esse amor...

Desorienta-me, faz-me perder os sentidos. Toma conta de mim! Bloqueia o sol com as tuas puras mãos... Mostra-me essa noite mágica para que eu possa dormir nos teus braços para sempre. E quando eu estiver em trance, sobre o efeito do teu feitiço, educa esta amaldiçoada boca com os teus lábios. Sente os meus dentes, abana com essas paredes, chocalha os seus interiores, sente as minhas gengivas com o sabor de tabaco e café. Depois disso tudo, castiga-me. Afogando-me na tua saliva, tirando-me todo o ar que não mereço dentro de mim!
E se disser algo inapropriado, silencia a minha boca com a tua... Escraviza a minha língua com todo o trabalho do mundo.

Desliza com essas puras mãos, pelo o meu pescoço até ao meu peito. E por favor suplico-te! Desactiva-me esta bomba relógio que está prestes a explodir. Crava as tuas unhas e arranca-a se for preciso! Segura o meu coração nas tuas mãos e tranquiliza-o... Mergulhando-o no rio que passa entre o vale dos teus seios, cura todas essas feridas e queimaduras com a água tão divina. Que tu produzes, cheia de bênçãos e rica em minerais.

Pega no meu todo e aceita-o perto de ti. Acolhe-me no teu corpo como um refugiado das guerras mais terríveis. Pega na minha cabeça e junta-a aos teus seios ultra-maternais... Continua o trabalho que a minha mãe deixou para outro alguém especial continuar. Acalma o meu coração... E eu produzirei o melhor sumo dos meus olhos que alguma vez poderás provar. Lambe as minhas lágrimas de conforto e segurança e dá-me de novo luz às minhas íris tornando todos os meus sonhos verdadeiros. Depois delicadamente retira as tuas mãos prosperas da minha face, como o vento graciosamente passa pelas cearas de trigo e suspira esse sentimento carinhoso aos meus ouvidos... Que os teus sopros criem vida em mim, assim com o Divino fez com o universo.

E por fim, agarra-te a mim. Prende-me, e encarcera este dragão ardente no núcleo da tua terra prometida por correntes chamadas amor!

Acalma o meu coração...
Acalma o meu coração...

And wipe my illusory pain apart,
While you gently sooth my heart.

O amor é fudido para aquele que ama, mas não é correspondido. Mas ainda é pior para aquele que o sente dentro de si, mas não tem ninguém para amar...

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 18 de abril de 2010

Aborrecimento

Mais uma vez estou acordado,
Sem sono e um pouco cansado.
Sentado à volta do mesmo aborrecimento,
Com as mãos na testa enquanto penso
E os pés assentes neste chão de cimento,
A meditar neste nevoeiro denso...
Estou sem vontade de estar aqui
Já li varias vezes, como já escrevi...
E ainda continuo aborrecido sem fazer nada,
Como a mente confusa e sempre errada.
Mas vamos mudar a noite, vamos lhe dar cor
Estou com fome e desejo comer a dor!

Levantei-me desta cadeira e gritei frases!
Com a tanta raiva misturada em tons graves.
Convoco a Assembleia dos Corvos
Para vir dançar a Valsa Espectral!
Vinde a mim lacaios e seus estorvos
Acompanhar-me neste soneto irreal!
Que esta sala se encha de grande existência
Quebrando este silêncio com violência!

Glonurer Amur Zin Dalanor
!
Eu invoco do meu coração, os espíritos do Amor!
Balanar Ganesh Vindal Ró'pium!
Saiam das vossas criptas, oh espíritos do ódio!
Que os corvos gritem com as suas vozes estridentes
E que as espectros condenadas cantem canções dementes.
Enquanto a orquestra soa preenchendo estas salas vazias,
Invocando as mais desejosas e tentadoras orgias!
Vamos todos dançar, como não existisse amanha
Segue-me com cuidado, minha querida irmã...
Vou-te mostrar, o caminho enigmático das estrelas
Como as alcançar, para que tu, possas vê-las!
Subamos de mãos dadas, pela escadaria lunar
Correndo sempre a topo, ao som do misterioso mar.
Provocado por estas ondas, que embatem no meu castelo
Embora em ruínas, para mim será sempre belo...
Chegamos ao topo e o que vês irmã querida?
"Vejo a lua vestida de prata e uma Mulher convencida..."
E o que sentes mais, além deste sonho realizado?
"Sinto alguém perante mim, com o coração machucado!"
Perante ti, desculpa perguntar mas referes-te a quem?
"A esta flor depenada e magoada, à espera de alguém."
Fica sabendo que não espero, pessoa nenhuma para me visitar
E tudo o que dizes é mentira, não sei como pude acreditar.
Não passas do meu aborrecimento disfarçado,
Em mil e uma máscaras que me tentam prender,
Ousando enganar o meu coração e tentando-o foder!
Posso ser mal amado, mas nunca serei um derrotado!
E por mais que tentes, eu tenho sede de viver.
Agora adeus mentirosa, é tempo de morrer!

"Vais abandonar a única que se preocupa contigo?"
Não vejo em ti confiança, nem um verdadeiro amigo!
"Vais deixar-me sozinha a beira do sofrimento?"
Essas lágrimas não são puras e não passam de fingimento!
"Assassino, insensível, tu não mereces nenhuns amores!
Agora calaste a minha dúvida e mostraste as tuas verdadeiras cores...

Empurrei o aborrecimento da minha mente, precipício fora...
"Não... Mas porquê! Odeio-te! Maldição!
Desci as escadas de novo, porque já passava da uma hora...
"Deixando a tua irmã condenada no poço da perdição?"
Voltei a minha poltrona e sentei-me de perna cruzada
"E lá irás ouvir a tua querida irmã a ser torturada?"
E pensas que eu me importo com isso e com a tua possível dor?
"Tu és uma besta horrível que não merece o amor!"
Sabes que eu me rio sempre quando gozas de mim...
"Eu odeio-te cabrão e isto não vai ficar assim!"
E agora digamos todos juntos, em voz uniforme...
"Adeus aborrecimento, não passaste de um momento..."
Para a minha querida irmã, que sozinha agora dorme...
"Deixaste de viver e morreste no meu pensamento..."

Vinde a mim espectros, suspirar aos meus ouvidos,
Eu quero ouvir o seu sofrimento e o seus tristes gemidos.
E agora todos nós, dizendo num tom baixinho...
"Adeus aborrecimento, hoje ficas sozinho..."

Agora quero que toquem a Canon em Ré Maior
Do nosso querido irmão, Johann Pachelbel...
Para poder saborear a sua bela musica
Doce, como o mel...

Blackiezato Ravenspawn