Acordo confuso
Enquanto as minhas
Memórias
São apagadas
Progressivamente
À medida que me entranho
Noutra vida...
Agora já me lembro...
Lá está ela
Aí que preguiçosa...
Espreguiçando-se
Tão inocente
Está a ficar cada vez mais
Carinhosa e gordinha.
Toco na sua barriga
Macia e redondinha,
As Mulheres já são um mimo
E há vezes que ainda ficam mais
Aproximadamente
Nove meses.
Ela diz,
Que o filho é meu...
Nosso!
Sim, nosso, diz ela
Enquanto sorri.
Quero passear
No mundo
Que construímos juntos
Selados
Pelas nossas
Mãos
Percorrendo a vila
Encarcerada
Pela natureza.
Quero que o mundo
Te olhe com respeito
Para ti, minha Rainha
Matriarca da minha
Prole...
Quero ser o teu protector
O guardião dos teus
Segredos
Quero ser a tua almofada
Dos teus sonhos
E a tua outra parte
Do teu coração.
E enquanto gemia
Com os meus beijos
No seu pescoço
Com as minhas carícias
No seu rosto
Ela disse...
Mas tu és tudo isso!
Mas isto não faz sentido...
E acordo ainda mais cansado
Do que antes estava...
Antes, de dormir.
Outro sonho lúcido
Todos começam
Da mesma maneira
A mente para por momentos
E alma toma total controlo
De mim.
E acabam todos exactamente
Iguais! Com a tal deixa,
Mas isto não faz sentido.
Perdido na realidade
Com o corpo todo fudido
Como tivesse andado
Dentro da minha
Própria infinidade
E a única coisa
Que consegue quebrar
Este feitiço de preguiça
É escrever
O que se passou.
E só quando
Tiver guardado
Todas essas vivências
Numa folha
De papel.
É que me lembro
Quem eu sou
Na verdade.
Parece que afinal
Ainda preciso
De um café
E de um cigarro...
A minha cabeça doí
E sinto-me
Como merda...
Blackiezato Ravenspawn
Também acordo assim de manhã, mas tou a tentar mudar muita coisa aqui por casa.
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