domingo, 4 de julho de 2010

A Estrela Que Cessou De Brilhar

Olha para ela...
Continua este tempo todo, lá no além...
Sozinha no seu canto
Como uma rosa murcha à espera de ser colhida.
Escondida para além das galáxias
E perdida entre um buraco negro qualquer
A que ela chama de sua humilde casa.

Se eu pudesse permanecer em qualquer lugar deste universo...
Seria a casa dela, que eu iria visitar.
Embora não seja possível, não deixa de ser mau de todo.

És daquelas coisas, que se tornam únicas e misteriosas
Não por serem especiais ou raras, mas por simplesmente estarem fora do alcance...

E esta ligação que nos une, faz com que te tornes importante para mim.
É como o amor, é criado e sentido sem razão...

Quem ama de verdade, não sabe explicar o amor...
No máximo, só o simplifica, como uma fracção matemática.
Mas nunca vai conseguir obter o valor preciso e absoluto.
E tu, és esse amor para mim.

Cada vez que aqui venho, debruço-me neste infinito oceano de estrelas
.
Olhando para ti...
Para o astro azul, a tal estrela que cessou de brilhar.

E vejo em ti a minha reflexão...
Aquela camada azul brilhante de gelo envolta do meu coração...
Uma pessoa tão invernal, mais fria que o zero absoluto...
Mas tão bonita e especial.

E mais uma vez a entropia espacial me volta a chocar...
Como é que algo tão gélido, envolta na escuridão
Pode gerar um calor dentro de mim e ser tão majestosa?
Diariamente me surpreendes... E eu nem sei porquê.

Mas ninguém colhe rosas murchas...
Apenas as vemos morrer lentamente.
Ofertando-lhes um pedaço de vida e de carinho,
Enquanto as observamos desaparecer no espaço, sublimes.

És uma artista que sai orgulhosa e honrada pelo seu espectáculo

Com o pano que cai, anunciando o seu final.
Tu bem queres ir embora, mas os meus aplausos prendem-te cá.
E sorrindo, com o meu ramo de rosas na mão.
Deslocas-te ao exterior...

No outro lado do cosmos, eu levanto-me.
Passando com a minha mão gentilmente nas águas estrelares.
Sacando uma pequena porção daquele líquido ciano e violeta
Enquanto este escorre através dos meus dedos.
Congelando a minha mão...
Mas o meu coração, fundiu o gelo, feliz...

Por fim virei as costas...
E saltei de rochedo em rochedo
Por cima dos oceanos
Até ao portal para a realidade.
Deixando o centro do universo
Mais uma vez para trás...
Deslocando-me à terra
Através da velocidade do pensamento.

Quando as chamas da minha alma cessarem de brilhar,
Eu gostaria de morrer como uma estrela...

E como uma estrela irei morrer...
Enquanto o meu corpo se dissolve na terra
Projectando energia para o espaço,
Originando vida a novas estrelas...
Que não brilharam, mas que terão como a sua cor
O verde.

Blackiezato Ravenspawn

1 comentário:

  1. Não quero ser estrela... quero ser a lua.
    Mas contigo voarei pelo espaço e pelo tempo surpreendendo-me a mim e a elas.
    ;P

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