sexta-feira, 16 de julho de 2010

Gárgula

Ia com os olhos presos no chão
E até parecia,
Que a estrada caminhava
Através dos meus pés...

Passeava eu neste lugar
Com a outra minha parte
Que desejava tanto
Voltar ao centro do mundo,
Que uma vez lhe prometera.
Mas que embora, eu desconhecesse.

Navegava por esta noite
Como um moliceiro
Nestes rios de estrelas
Que corriam entre os vales de concreto.
E ao dobrar da esquina,
Um carro debruçava-se entre um passeio
Enquanto as árvores beijavam a minha cabeça
Deixando as marcas dos seus lábios
No meu cabelo, que tanto cobiçavam.

No telhado de uma casa qualquer
Permanecia Vénus em pêlo
Dormindo curvada
Na sua inocência pura e nocturna.

Metros à frente...
O cansaço emboscou-me...

E a solidão que carregava às costas
Abraçava-se ao meu pescoço,
Disfarçada de negro
Com trocos de sonhos,
Planos fracassados,
E histórias mal contadas...
Suspirava-me para o ouvido.

Acendi e segurei uma tocha nas minhas presas
Que simplesmente invejava,
A luz dos astros metálicos.
Que irradiavam
As sombras desta paisagem mal amada,
Pintando o piso negro
Com pequenos círculos
Alaranjados e amarelos.

O vento estava constipado...
E espirrava
gotas de água
Que me dançavam pela cara
Ao som da música melancólica,
Existente daquele lugar.

E mais uma vez...
Apolo atirou mais uma pedra ao sol
E o imenso lago de lava...
Fez as chamas vibrar

Trazendo o dia ao outro lado da margem
Por mais uma horas.

Enquanto lentamente me petrifico

Com a minha mão
Sobre o rosto.


Olhando para ti.

Blackiezato Ravenspawn

1 comentário:

  1. Aposto se tivesse high também via a estrada a fugr-me dos pés... mas hoje em dia basta verter-me em lágrimas para mal a ver.
    Eu, simplesmente, necessito de muita coisa para me ocupar o tempo....

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