segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sorriso

A vida nos corre mal
A mágoa é sempre demais,
E nada anda normal
Neste mundo dos mortais.

Mas porque razão...
Tem de ser assim?
Essa dor no teu coração
Que te tortura, sem fim?

E apesar de não ter voz,
Mesmo assim, eu irei cantar...
Declarando-o, só para nós
Na expectativa de te alegrar...

Se algum dia a tua felicidade
Decidir que deva morrer...
E não restar, mais nada de verdade
Que tu possas fazer...

Ou quando essa sede, ou fome

Te atingirem, meu amigo...
Chama pelo o meu nome
Porque lá estarei contigo.

Em qualquer instante
Sempre que for preciso,
Porque nada é mais importante...
Que esse teu sorriso.

E se algum dia a tua vida
Te abandonar, e desejar fugir.
Pela brecha de uma ferida...
E não restar mais nada, porque rir.

Agradece por estares vivo
Perante aqui, junto a mim
E encontra o motivo
Para sorrir... Dentro de ti.

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 29 de agosto de 2010

Almas Caladas Da Lusitânia

Outrora fui alguém...
Um cavaleiro como qualquer um
Vestido em prata reluzente
E no peito uma rosa-cruz.
Nunca conquistei a dita glória...
Pela voz da crua espada
Não cheguei a ficar na história
Nem a casar com a minha amada.

Morri cedo, na Primavera da vida...
Num dia chuvoso de Inverno

Inundado nos meus orgulhos
Enquanto o sangue escorria
Sobre a terra e os pedregulhos.
Mas continuo vivo
Algures no além
No além e no além.

Lembro-me de ser um marinheiro...
Filho das costas de Belém.
Do meu coração pertencer aos sete mares
Aos oceanos e a mais ninguém.
De navegar em tempestades
Que ameaçavam a minha embarcação
Enquanto segurava o leme
No auge da minha perdição...
Não cheguei a carregar ouro
Nem especiarias do oriente
Só possuí um coração humilde
Repleto de um espírito valente.
Mas continuo vivo
Por aí
Por aí e por aí...

Nos confins da realidade...
Pr'além da mais pura verdade
Vista e dita por um profeta.
E sentida e cantada
Por um poeta.


Blackiezato Ravenspawn

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Inocência

Menina, tu que olhas pela janela
As estrelas que brilham na rua.
Nesta noite tão calma e bela
Enquanto navegas sobre a lua.

Tu que brincas com bonecas
E fazes delas tuas amigas
Construindo vastas bibliotecas
Cheias de contos e cantigas.

E és tu que tanto imagina
Essa magia da curiosidade
Que só tu minha menina
O consegue de verdade.

Através desses teus olhos azuis
Cheios de vários sonhos e regalias
Além dos tesouros que possuis
Em forma de encantos e fantasias.

E tranquila, ela assim dorme
No conforto da sua transcendência
A menina, dona de um sorriso enorme
A quem nós chamamos de Inocência.

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Noite De Sexta-Feira Treze

Noite, tu que hoje cais, tão desmaiada...
Originando a mais crua das decadências
Intragável e conhecida, pelas tuas incontroláveis demências.
Trazendo os pesadelos à luz da lua, silenciosamente pela calada...
Envolta nesse teu manto purpura e nessa tua encenada fachada.

De rompante... De uma forma talvez duvidosa...
E que embora seja negra, não deixa de ser formosa.

Sussurrando calmamente
Encantada, tu entoas o som de um
Xilofone de ossos.
Tocando nota a nota
A maldição desses olhos, vossos...
- (Mas esta alma não conhece o rancor...) -
Feito e desfeito à sombra do teu terror.
E esta se deixa enfeitiçar, no teu transe, enquanto tu
Irrequieta, traças belas linhas
Radicais, criativas e deslumbrantes,
Alternadas, fortunosas e todas elas exuberantes...

Transformando a sua aparência,
Redesenhando a sua estrutura...
Enquanto lhe pintas com essa tinta escura.
Zelando no final, pela sua transcendente existência
Enaltecida na sua, tão clamada inocência.

Dedicado ao Patrick, a pessoa que tem como ritual, fazer uma tatuagem em cada sexta-feira treze.

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 7 de agosto de 2010

Preconceito

És descarnado!
Sem qualquer dignidade
No centro de uma arena
Cujo o preço da tua liberdade
Não é uma quantia pequena
Conseguida em algum mercado...
Vives na sombra das suas duvidas.
Envolto numa capa
Nos segredos da calçada
Caminhando neste piso de napa
Com a cara tapada
Mas com as pálpebras lúcidas...
Perseguido!
Pelos furtivos caçadores
Que percorrem esta atmosfera densa
Conhecidos como os anti-traidores
Para quem não respeita a crença
E é um foragido!
Escondido...
Nas paredes das artérias e veias
Destas cidades ultra vigiadas
No meio de aranhas e centopeias
De todos os feitios e qualidades
Onde tu és o mais temido...
Com os corpos e rostos
Nus... Vulneráveis e desflorados
À mostra nos diversos museus
Como tristes crucificados
Em nome da mentira e dos teus
Gostos!
Sem direito...
A uma merecida defesa
De sensibilidade ou moral
Onde não existe de certeza
Para quem é ofendido por mal
E sem jeito...
Forçados!
A aceitar a vossa estupidez
E olhados como inquilinos.
Todos nós, o somos mais uma vez
Ao som dos vossos hinos
Escusados...
E dentro desta orbe...
Onde ninguém é perfeito
E onde nem todos, são sinónimo de elegância.
Nós somos vítimas de preconceito
Mas vocês o são... De uma extrema ignorância.
Tão... Enorme...

Blackiezation Ravenspawn

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Vícios Do Amor

O meu corpo assim se rende
A ti, minha bela Valentina.
E a você a minha alma se vende
Ao sabor da Nicotina.
A tal amiga da Dama Escarlate
Tão alegre e tão devota
A irmã do Whisky de Malte
Tão oferecida e tão marota.
Ela que trás a alegre festa
Onde quer que eu esteja,
Segurando a minha testa
Enquanto me seduzem com cerveja.
São as gueixas do meu bar
Onde eu vou às vezes beber
E onde me podes encontrar
E onde eu me vou esconder.
Entrançado na boca sagrada
Da mais pura e majestosa erva
Beija-me minha amada!
Porque a minha mente, já não enxerga.
O colapso de um mundo
Virado do avesso
Por um ordinário vagabundo
Cujo já não tem preço.
Porque nos braços do Absinto
E da Senhora Nobre Cachaça
Eu não vacilo, nem minto
E todas as piadas têm graça.
E abraçado às prostitutas, que orgulhosamente, eu paguei
Mais o meu amigo Licor...
Eu na cadeira repousei.
Escravo... Nos vícios do amor.

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 1 de agosto de 2010

Sinfonia Dos Elementos - Fogo "Verão"

Assente na torre de vigia...
De um bar qualquer...
Enquanto preparava magia
Mexendo a colher...
No meu chá de limão
Que a minha humilde carteira, me pode ofertar
Ouvindo as mulheres atrás de mim...
A cochichar...
Falando alto, ainda mais alto, que as suas próprias almas
Discutindo temas tão banais
Como a sina das suas palmas...
E observo as pessoas
Que desfilam pela cidade
Mulher feias, outras boas
Enfeitas na novidade.
Da graça do sol dourado, que brilha nesta estação
Tão brilhante e tão quente, que arde até mais não...
Estava acompanhado por um candeeiro
Que irradiava em tons de vermelho
E sentado como um corvo, no seu escolhido poleiro
Via o reflexo dos outros burgueses, através daquele espelho
Preso numa parede, que revela todas as verdades
Aos vaidosos apanhados na sua rede
Em busca de realidades.
Repleta de Divas, Ninfas e belas Sereias
Partilhando bebidas gélidas, que serão pagas a meias.
Enquanto eu... Bebia chá...
Feito tonto, como a branca de neve...
Estivesse aqui, ou eu, talvez lá...
Adornada com a sua brisa nada leve...
Nada a ver com esta que eu sinto agora
E sinto-me estúpido, por estar aqui a escrever em vão
Invés de estar lá fora...
A aproveitar o Verão.

Blackiezato Ravenspawn