quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A Esperança Do Quinto Império

Sou um espécimen revolucionário
Em constante mutação
Que coexiste num horrível cenário
De pus e podridão
Sou essa larva feia que cresceu
No conforto da sua crisálida
E que lentamente amadureceu
Numa borboleta linda e nada pálida
Com um ADN bem refinado
Com todas as cores da cultura angolana
Carinhosamente misturado
Por uma madama açoriana.

E dizem que sou o mais obscuro
O acólito dos poderes ocultos
Mas na verdade, eu sou o mais puro
E ainda mais fiel que os vultos
Tramado e instigado
No seio de algumas cidades
Invejado e castigado
Por falsas mentalidades
Controladas e conseguidas
No centro destas necrópoles
Onde planeio reconquistas
Seladas em envelopes.

Escondidos abaixo da terra
Onde se refugiam todos os fiéis
Sobrevivendo à mais crua guerra
Longe dos falsos templos e dos bordéis
Somos os últimos templários
Desta nobre esquecida nação
Que se afoga em maus presságios
Da filosofia da corrupção
Doença essa que nos contamina
Com a hipocrisia no seu apogeu
Onde a ignorância assim domina
E mais um património se perdeu...

- Sacerdotisa Helena, Sacerdotisa Helena!
Clamo aos céus, com tal fervor...
Pedindo a ti por uma brisa mais amena...
Onde possa estar ausente de toda dor.
E mesmo assim com o meu corpo escanzelado
Sem desistir, com a cruz ao peito
E embora o coração esteja ensanguentado
O corpo andará sempre hirto e direito
E nos momentos de maior necessidade
Ela me virá encaminhar
E mais uma vez a palavra da verdade
Acabará por me inspirar...

E percorrendo as bibliotecas espectrais
À procura de odisseias, sagas e novelas
Que tornaram grandes poetas em imortais
Mestres da prosa e das poesias mais belas
Fabricas de rimas compostas
Na arte da expressão emocional
Que arrepiam as nossas costas
No acto lírico e musical
E assim executamos devidas experiências
Com base de alquimia rosacruciana
Curando as mais terríveis vivências
Rescrevendo a literatura arcana

Invocando as forças da natureza
Com a mais sublime percepção
Originada pela nossa destreza
E com o poder da imaginação
No rio Tejo as ninfas já dançam
Para receber os nossos barões do mar
E pelo horizonte as naus regressam
Perto aos portos para atracar
Trazendo o Almirante Vasco da Gama
Mais a sua tripulação e Pedro Álvares Cabral
Liderados pelo o poeta de toda a fama
Camões e Adamastor, o nosso trunfo naval.

E finalmente chega o verdadeiro dia
Aonde a neblina é originada pela condensação
Tornando o mais velho mito em profecia
Do nosso esquecido Rei D. Sebastião
Para se juntar de novo as linhas da frente
Com o Mestre de Avis e o Infante Henrique
Para recriar um novo futuro diferente
Mais a cavalaria da nossa Elite
E vamos acabar com esta brincadeira
De uma forma estratégica e de vez...
Liderados pelo Conde Nuno Álvares Pereira
O Comandante do nosso Xadrez.

E trazei de novo aquele dotado pensador
Pois o povo tem passado muita fome...
Porque esse ópio falso e enganador
Só causou uma dependência enorme...
Vinde a nós oh grande iluminado...
Vinde a nós ao coração de Lisboa...
Para que possamos desfrutar mais um bocado
Das suas palavras, meu caro Fernando Pessoa.
Vinde e educai,
As bocas desta pobre geração
E por favor nos livrai
Desta demente maldição...

E enquanto existir os poetas, os músicas, os grandes pensadores e todos os diversos artistas...
Existirá esperança, num V Império...

Blackiezato Ravenspawn

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Duelos Verbais - Guerras Desnecessárias

Dirigistes a mim
Como a neblina da madrugada
Que me surpreende assim
No meio desta estrada
E os teus olhos miram os meus
E à priori eu miro os teus
Transformando tudo à nossa volta
Numa dimensão que não existe

Onde dois gatos estão à solta
Num dia frio e triste
Insistindo em demonstrar
Numa forma para magoar
Lutando numa batalha
Decorrida em terreno urbano
Descarregando a sua tralha
Num duelo insano

Onde nenhum de nós vai vencer
E onde ninguém irá perder
Descarregando litros de saliva
Até à mente perceber
Que palavras não matam
E que ideais não alimentam barrigas
Quando os restos da razão escapam
No desenrolar destas intrigas

Falando sem reflectir
Movidos pelas emoções
Que estão destinadas a explodir
Dentro dos nossos corações
E quando estes não reconhecem
O outro semelhante
Rapidamente apodrecem
Num ápice de um instante

E invés de um gesto nobre
Para o próximo humano
É gerado um gesto pobre
E ao mesmo tempo tão profano
Invocado pelas nossas bocas
Após vários tempos depois
Emocionadas e deveras loucas
Repetidas por ambos os dois

Mas não vale a pena
A vontade é pequena
Porque nós fomos cegos
Pela loucura e os nossos egos
E só nos iremos entender
Quando estivermos na mesma mangue
Ou quando a mesma dor nos percorrer
Pela alma e pelo sangue

Mas tu insistes e disparas sem pudor
Tentando atingir-me na cabeça
Com o ódio no seu esplendor
Derivado pela tua maior tristeza
Mas a cada bala desse teu feitio rude
Que eu recebi e deflecti
Eu percebi o motivo dessa atitude
E um pouco aprendi

E após ver tudo isso
No reflexo da tua visão
Num momento veloz e preciso
Eu lá fiz a minha decisão
Ignorei tudo o que me vinhas dizer
E esqueci tudo o que vi
Mas mesmo assim vieste me ofender
Mas eu fingi que não ouvi...

Não vale a pena enfrentar
O desafio que está eminente
Quando este não nos obriga a pensar
E a agir de uma forma diferente
Porque a humildade não está no pensamento
De ideais e personalidades precárias
Mas está sim no momento
Em que evitas guerras desnecessárias...

Blackiezato Ravenspawn