quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Duelos Verbais - Guerras Desnecessárias

Dirigistes a mim
Como a neblina da madrugada
Que me surpreende assim
No meio desta estrada
E os teus olhos miram os meus
E à priori eu miro os teus
Transformando tudo à nossa volta
Numa dimensão que não existe

Onde dois gatos estão à solta
Num dia frio e triste
Insistindo em demonstrar
Numa forma para magoar
Lutando numa batalha
Decorrida em terreno urbano
Descarregando a sua tralha
Num duelo insano

Onde nenhum de nós vai vencer
E onde ninguém irá perder
Descarregando litros de saliva
Até à mente perceber
Que palavras não matam
E que ideais não alimentam barrigas
Quando os restos da razão escapam
No desenrolar destas intrigas

Falando sem reflectir
Movidos pelas emoções
Que estão destinadas a explodir
Dentro dos nossos corações
E quando estes não reconhecem
O outro semelhante
Rapidamente apodrecem
Num ápice de um instante

E invés de um gesto nobre
Para o próximo humano
É gerado um gesto pobre
E ao mesmo tempo tão profano
Invocado pelas nossas bocas
Após vários tempos depois
Emocionadas e deveras loucas
Repetidas por ambos os dois

Mas não vale a pena
A vontade é pequena
Porque nós fomos cegos
Pela loucura e os nossos egos
E só nos iremos entender
Quando estivermos na mesma mangue
Ou quando a mesma dor nos percorrer
Pela alma e pelo sangue

Mas tu insistes e disparas sem pudor
Tentando atingir-me na cabeça
Com o ódio no seu esplendor
Derivado pela tua maior tristeza
Mas a cada bala desse teu feitio rude
Que eu recebi e deflecti
Eu percebi o motivo dessa atitude
E um pouco aprendi

E após ver tudo isso
No reflexo da tua visão
Num momento veloz e preciso
Eu lá fiz a minha decisão
Ignorei tudo o que me vinhas dizer
E esqueci tudo o que vi
Mas mesmo assim vieste me ofender
Mas eu fingi que não ouvi...

Não vale a pena enfrentar
O desafio que está eminente
Quando este não nos obriga a pensar
E a agir de uma forma diferente
Porque a humildade não está no pensamento
De ideais e personalidades precárias
Mas está sim no momento
Em que evitas guerras desnecessárias...

Blackiezato Ravenspawn

2 comentários:

  1. De muitas guerras que se vivem por esse mundo fora, esta poesia tem presente a realidade eximia. Nem sempre é preciso a vontade de um só, quando a guerra é de dois, devido à arrogância de um e a ceguês de outro.

    Ainda dizem que o amor não cega e muda as pessoas, ou serão elas que não querem mudar porque encontram um certo conforto no conflito e entram em desespero quando se transforma em desconforto.

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