sábado, 30 de outubro de 2010

Estrela Cadente

Rasgas os céus diante dos meus olhos
E por ti eu choro sangue, meu amor...

Viajaria contigo até ao fim do universo
À velocidade da luz
Onde o presente se prostra perante ti
Tentando seguir o teu rasto
Enquanto segura o teu mágico véu
E abraça as tuas chamas fervorosas.
Por ti, eu cuidaria dos desejos
De todos os sonhadores
Como fossem meus filhos
Levando-os para um lugar
Onde ninguém os pudesse fazer mal
Existindo assim para sempre
Além do tempo...

Mas tu prosseguiste sem parar...

E assim pelo infinito te perdes, como uma estrela cadente.
Como eu na solidão, me perco entre a multidão...

Caminhas na auto-estrada do tempo
Até o teu manto astral se tornar em gelo cristalino
Num lugar, onde só existirá pó
Conhecido para sempre, como Nébula.

Posso não ser uma estrela,
Posso não estar no topo da cadeia alimentar,
Mas considero-me parte de tudo.

Porque sou alimentado directamente...
Dos seios da Mãe Natureza.

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Confissão II - Desgosto

Eu sei bem como te sentes.
Dentro do teu coração...

As pupilas estão quentes.
E até parece uma maldição...

Esgana-te sem temor!
E o flagelo assim perdura!
És escravo de um amor!
Que te arrasta para a sepultura!

Liberta-te agora!
Deixa todos saber!
Da amargura que em ti mora
E só te dá vontade pr'a esquecer...
Do fantasma que te suspira...
Segredando aos teus ouvidos
Com a malícia da mentira
Alimentando-se dos teus gemidos.

Grita agora, alto para o céu!
E pede de volta, tudo o que se perdeu!

Partilha esse fardo, tal pesado véu...
Pois não vale a pena... Infelizmente morreu!

E mesmo assim, empurra-te até cá!
Duma forma que tanto estorva...
Oferecendo de livre vontade, a sua pá!
Para cavares a tua própria cova...

Terás de ser o mais forte!
Ajoelha-te no chão...
Ignorando essa falsa morte
E esta cruel lamentação...
Nunca foi tão duro, tanto amar...
Mas assim terás que resistir...
E não existe mal algum em chorar...
Se é isso que estás a sentir...

A voz está presa.
Custa um pouco a respirar...

Devido à tristeza.
Que te está a magoar...

E num solo de minas...
Até parece que foste posto...
E cada vez que voltas as ruínas,
Sofres mais um episódio de desgosto.

Com os olhos fechados,
Tenta sentir o que eu senti...
Os seus sonhos dedicados
Que ela deixou para ti...
Mesmo estando ausente
Além dos quatro cantos da visão,
Ela estará sempre presente
No teu coração...

Como no coração de todos aqueles...
Que ela amou.

Blackiezato Ravenspawn

Boneca De Trapos

Nos confins do esquecimento
Num baú antigo, encarcerada.
Selada por imenso tempo,
À espera de ser libertada..

Na escuridão de um velho sótão,
Onde guardas os seus segredos.
Nesse teu frágil pequeno coração,
Cheio de inseguranças e de medos.

Lamentando ainda aquele dia,
Em que ela fez de ti uma princesa.
Nessa tonta e inocente mentira,
Que agora te causa tanta tristeza.

E assim tu choras nas teias da dor
Com a tua alma partida em cacos.
Iludida por contos infantis de amor
Ó minha triste boneca de trapos.

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Sinfonia Dos Elementos - Ar "Outono"

Através deste céu cinzento
As correntes, assim se lançam.
Para dentro do meu pensamento
Como nas árvores, que por aí dançam.
Despidas ao sabor do vento
Como nas flores que agora descansam
À espera da próxima era...
Em forma de pequenas sementes...
Enterradas nesta esfera
E silenciosamente ausentes,
Para renascerem na primavera,
Seduzindo as nossas mentes.

Vi as borboletas e as aves partir
E agora só vejo árvores vazias
Também vejo os dias mais cedo denegrir
Tal como as minhas mãos frias.
São os ventos de mudança
Que sopram novas poesias
Que nos revigoram a perseverança
E que nos trazem as nostalgias.

E o ar por mim suspira,
Com o som de mil flautas de pã.
Que se transformam numa melodia gira
Para as árvores de folhagem castanha.
E pousado num poleiro ao vendaval,
Vestido com um casaco e um cachecol.
Eu desfruto deste céu outonal,
Saboreando rebuçados de mentol.

E um cigarro nos lábios,
Nunca soube tão bem...
Nestes episódios frios
Onde vagueio sozinho...
À procura de alguém
Para partilhar um ninho.
...
Ou um simples copo de vinho.

Blackiezato Ravenspawn

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Falta De Inspiração

Disse que não era capaz,
Que tinha perdido o jeito.
E aqui a minha mente jaz,
Debruçada sobre este leito.

As palavras não querem sair,
As linhas continuam vazias.
Há várias horas, há vários dias
E já estou quase, a desistir.

Estou cansado de pensar,
De reescrever e de as apagar.
Palavras essas, sem vida...
Cuja a emoção, não é sentida.

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 9 de outubro de 2010

Água De Hermes

Põe completamente de avessas,
Os grandes perfeccionistas.
E são as tais falsas promessas,
Dos nossos sábios alquimistas.

É a água da antiga Atlântida,
Escondida nas suas cidades.
Que desafia a ciência quântica,
As suas leis e as suas verdades.

É a poção da eterna juventude
A cura para toda a morte,
E diz-se, que quem encontra, esta virtude.
É alguém cheio de sorte...

Mas quem tanto a procura,
Enfrenta várias tempestades.
Numa viagem comprida e dura
Pelos domínios de Hades.

Mas há quem a tenha encontrado,
Nessa esquecida foragida terra.
E há também, quem tenha socializado
Com um povo que desconhece a guerra.

Há quem diga que têm olhos claros,
De diversos azuis cristalinos.
Com majestosos e quase raros,
Deslumbrantes cabelos finos.

Mas é um povo, vítima do cansaço.
Que deixou de avançar no tempo...
E cujo o seu maior fracasso,
É o constante aborrecimento.

No som das suas virtuosas Harpas.
Que soam, como místicas gotas de água,
Formando os rios que sustêm as carpas,
Que fluem na sua própria mágoa.

Musica essa, tão bela e perfeita
Mas ao mesmo tempo, tão triste...
Como uma partícula que é desfeita
E que afirmamos que não existe.

E houve alguém que tenha fugido,
Desse paraíso subaquático.
Infelizmente com o ego ferido
E com um desfecho apático.

E o mais doloroso, no final...
É que toda a água, que se trazia
Desse continente surreal,
Se transformava por magia

Num produto indesejado,
No nosso maior perjúrio.
Num líquido branco e prateado,
A que nós chamamos, de mercúrio.

E assim os Alquimistas,
Abandonaram essa filosofia.
Para iniciar novas conquistas,
Em nome da poesia.

A nossa água de Hermes...

Blackiezato Ravenspawn

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Desintegra-me

Espero ansiosamente pelo dia
Em que alguém, me pegue pela mão...
Sem estar a contar, de repente...
E que me atire para o chão.

Que me desfaça em bocados
Loucamente sem pensar
Puxando pelos meus cabelos
Como quem força, uma flor a germinar.

Que me esgane
Furiosamente...
Incinerando-me nas suas mãos
Enquanto armazena
As minhas cinzas
Nos confins dos seus pulmões.

Que me expulse
Do seu corpo!
Da sua boca!
E da sua vida...
Por um fio de fumo
Que escapa por uma janela
E que se perde, à deriva...
Pelo horizonte desconhecido
Na corrente que vier
Ou talvez num cenário cinzento
De uma cidade qualquer

Viajando com os ventos

Que arrastam consigo
Todos os meus pensamentos
Para lugares longínquos
Espalhados pelo mundo fora
Misturando-me com
Gases,
Poeiras
E diversos aromas
.
Que enriquecem a minha mente
Pelos anos fora...
Desde o norte a sul
Como do oriente ao ocidente...

E que no final da viagem
Após condensar tudo o que sinto
Acima das nuvens...

Cairei de novo
Nos seus braços
Em forma de gotas
Cristalinas...
Que deslizam pela sua silhueta
Em forma de jóias
Que adornarão o seu corpo....

E assim espero por alguém
Que se engasgue em mim...
Nessa riqueza que verá
Diante do seu desejado peito
E que me desintegrará
Com todo o merecido direito.

Mas espero que não me digas.
Que me amas... Por favor...
Porque eu necessito muito mais do que isso
A que eles chamam de "amor".

Apenas desintegra-me...

Uma vez mais...

Blackiezato Ravenspawn