sábado, 29 de janeiro de 2011

Sinfonia Dos Elementos - Água "Inverno"

Começas no solstício de Dezembro,
Apesar de te revelares em Novembro.
Dominando pelo momento inteiro,
Continuando em Janeiro, até Fevereiro.

És tu que fazes a Luna chorar,
Pela sua magna e bela Estrela.
E assim os dias começam a encurtar
E uma brisa amena. Nem vê-la...

Chove a maior parte destes dias,
Os céus ganham tons cinzentos
E a neve enfeita os pavimentos
Tornando as noites, super frias.

Esta obra-prima da pura água,
É a causadora de alguma mágoa.
E tudo aquilo, que antes era tão belo
Gradualmente tornou-se em gelo.

Os animais assim hibernam
As flores tristes murcham.
E os ventos agrestes governam
E contra o frio todos lutam...

Reforçando os seus quentes agasalhos
Enquanto as mulheres vestem-se a condizer,
Com esta estação que está a decorrer
Responsável por despir os tais galhos.

De uma árvore que saiu de moda,
E que agora espera, pela ansiada hora
Em que a primavera logo chegue
E que um novo vestido, lhe entregue...

Mas o Inverno não é tão ruim,
Como o tempo nos faz pensar.
É só uma estação assim-assim,
Um pouco dura de se ultrapassar.

Com temperaturas quase abismais,
Que nos faz desejar por mais calores.
Confinados nos grandes amores,
Das nossas Rainhas Invernais...

Os meus frágeis olhos lacrimejam,
Enquanto os meus lábios assim secam.
Fazendo as bochechas envermelhecer,
Com as gripes que decidem aparecer.

E se tiveres um nó na garganta,
Bebidas quentes puderam ajudar.
E aconchega-te com uma manta
Para do frio gélido te resguardar.

Ó Inverno, inspira-me com os teus suspiros!
Pela minha pele, até ao tutano...
Pela minha pele, até ao tutano...
Para eu te retribuir, com ainda mais espirros...

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Senhores Vampiros

Vítima sete mil quinhentos e um,
Apresente-se aqui, se faz favor.
Mais um simples cidadão comum,
António, o humilde trabalhador.

Começamos então com as persuasões,
Porque o meu "cálice", está meio cheio
E depois avancemos para as transfusões
Sugando o sumo do seu seio.

Nos faremos melhor uso de si,
Das suas qualidade e dos seus potenciais.
Como as virtudes que possuis dentro de ti,
Pagando por todas as horas laborais.

Tenha então o privilégio de se sentar,
Pois isto não vai durar, quase nada.
Feche os olhos para não desmaiar,
Que nós o avisaremos de madrugada.

E mais um tonto assinou o pacto,
Vendendo a sua alma ao capitalismo.
Para de manhã cumprir o contracto,
Em nome dos condes do decadentismo.

O António diz-se um funcionário,
Uma "hemo-marioneta" do meu ego...
E apenas lhe pago o que acho necessário
Para ele ser, o meu "pequeno morcego"...

E a sua prole vai viver nestes dias,
Para me servir como os outros restantes.
E as suas filhas terei as maiores cortesias,
De as tornar, em "damas deslumbrantes".

Nós somos um "recipiente universal",
O maior engodo desta pobre nação.
E assim iremos roubar Portugal,
Através do silêncio da vil corrupção.

Esvaziamos os seus reservatórios,
Minamos os seus grandes recursos.
Condenando os bodes expiatórios,
Na recolha dos nossos "lucros".

Somos a anunciada propaganda,
A verdadeira escolha certa...
E como a grande tradição manda,
Contribuí com a tua "oferta"...

Por isso junta-te a este causa
E constrói a tua carreira no P.S.
Onde os teus rendimentos nunca terão pausa
E o resto, logo vê-se.

Executando o "protocolo sanguinário",
No cessar destes preciosos dias.
Caçando o primeiro otário,
Que ousar sair das nossas linhas.

Metam-no na cela mais escura
E liguem a televisão infernal.
Começando com a "sádica tortura"
E com a dominação mental.

E a criminalidade alastra-se na cidade,
A razão do barulho e de todos os tiros.
Depois sorrimos na terrível obscuridade,
Como autênticos, "Senhores Vampiros".

Blackiezato Ravenspawn

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Mulheres

Aproximadamente cinquenta quilos de carne e osso,
Mais duzentas gramas de pura e deslumbrante seda.
Olhos letais que formam um infinito poço,
Onde nós caímos e sofremos da maior pena.

Audazes caçadoras de ferozes homens,
Mestres das antigas artes de sedução.
E não importa se são velhas, adultas ou jovens...
Todas elas sabem amolecer um coração.

São compostas por ter inúmeros feitios,
Etnias diferentes, com os mesmos objectivos.
De derramar amor puro, sobre estes rios
Fazendo-nos sentir, ainda mais vivos.

São as descendentes de Vénus, a Graciosa.
E são as portadoras de todas as novas vidas.
Dotadas também de uma beleza preciosa,
Que nos surpreende em todas as expectativas.

Todas elas são mais que especiais...
As filhas, as irmãs, as mães, como as avós
Sendo extremamente fundamentais,
Feitas à medida, para cada um de nós...

Homens... Haverá algo melhor neste mundo que uma Mulher?

Blackiezato Ravenspawn

Almas

As almas não têm sexo...
Elas não são escravas de ninguém...
Elas viajam e elas voltam
Nas alturas que lhes mais convém.

Elas brilham como fossem estrelas
Vestidas pelo cosmos universal,
Como um homem que usa um sobretudo
Numa tarde gélida Invernal.

E se elas tivessem um aroma
Provavelmente seria o de toda a flora,
Misturada com as restantes essências
Desconhecidas por aí fora.

Elas também não possuem forma física
Logo podemos dizer que não existem,
A não ser no inalcançável vazio
Onde secretamente estas subsistem.

São como presentes embrulhados
Que nos são ofertados de surpresa,
E só passado um certo tempo
É que as conhecemos de certeza.

Que algumas estão alojadas em sonhos
Outras perdidas num pesadelo...
Umas ardem vigorosas como o fogo
Enquanto outras são frias como o gelo.

Elas não estão vivas, nem mortas.
Elas não seguem as leis normais,
Porque as Almas têm vontade própria
E se auto-titulam de imortais.

Elas apenas seguem as suas crenças,
E as suas rotas em direcção ao além.
Então porque raio as pessoas insistem
Para que eu venere a de outro alguém?

Elas não querem saber de tal,
A não ser da atenção do seu dono.
Eu até te contava os seus segredos
Mas não vou, porque tenho sono.

As Almas não existem para nós
Nós é que existimos para elas.

Blackiezato Ravenspawn

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Misantropos I - Eremitas Urbanos

Perguntam ao solitário
Porque se isola das cidades?
Será para desfrutares da sua solidão?
A resposta é simples; "Claro que Não"
Talvez é porque este mundo
O Continua a desiludir
E ele não é mártir, ele não quer sofrer
E desde quando é que isso se tornou um prazer?

Ele que ouve as pessoas a praguejar
Entoando palavras que agora são banais
Involuntariamente quase sem pensar
No acto dos seus discursos normais

Criando-se monstros, invés de crianças
Com a mesma fórmula de uma reles educação.
Igual a Responsabilidade, vezes as experiências
Sobre a raiz do sonho, menos a emoção

E a ignorância com o passar do tempo
Sempre Gerou a velhice invés da sabedoria
E se pensares por um breve momento
Os velhos continuam senis; "Quem diria..."

"Sarcasmo!" Adultos que se tornam autómatos
Perdem o seu nome e ganham uma referencia.
Com um novo rótulo, com um novo sabor
Mas na realidade com a mesma essência.

Tu que cospes na calçada,
Porque urinas nos becos das cidades
Será para mostrar a tua desilusão?
A resposta é simples; "Acho que não"
Talvez é porque viverá petrificado
Com uma gárgula assente numa fachada
E isso torna-o num maníaco depressivo
Ou talvez num piromaníaco compulsivo

Não à nada que ele mais gosta
Que um cigarro na sua boca
Aquela que diz sempre as verdades
Embora seja considerada louca

E mais um aborrecimento constante
DO sabor de uma habitual derrota
Que é dissipado com doses de chocolate
De todos os tipos e ás vezes com bolota.

Ele que cresce para seguir o modelo
De uma criatura urbana da sua nação
Lutando nas labaredas de um ardente gelo
Como uma espécie em vias de extinção

E assim ele mendiga o seu pão
A uma sociedade que nos faz acreditar
Num conto de fadas para todos
Que tanto nos insistem em contar

«Oiço vozes do meu pensamento»

Cada vez que vejo as suas propagandas...
Mãe! Eu não vou mudar!
Dá-me vontade de os estrangular
Não é uma fase! Eu sempre fui assim!
Nunca gostei tanto de madrugar
Acho que me vou matar
É tão bela a cidade vazia
Ninguém se irá importar
Deviam todos morrer
Amor? Tu não tens o suficiente
Queimados num grande incêndio
Clichés? Não és tu, sou eu?
Nunca senti tanto ódio
Mas porquê, eu?
Meus olhos queimam
Nem quero saber
Medo... Paranóia... Histeria
Há mais peixes no mar!
Não consigo parar de tremer
A agua está envenenada.

«E abro os meus olhos para algures
E vejo:»

Pessoas à volta da fogueira...

Que se alimenta da misantropia...

E assim eles cantam a noite inteira...

Até ao começo de um novo dia...

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Carrossel

Não sei se te recordas de mim
Mas eu sei bem quem tu és
Naquele tão vasto passado
Onde talvez, valias um dez

Para os tais rapazes atrevidos
Que te veneravam na antiga escola
Enquanto sonhavam e componham planos
Para te meter na grande sacola

Mas eles eram servos da tua astucia
E assim pelos corredores tu o mostravas
Com esses teus magníficos peitos
Mais a sedução que dominavas

E assim crescente com o tempo
O teu corpo foi o primeiro a mudar
A cabeça, depois veio o coração
E nem deste pelo o tempo passar

Foste uma mulher muito cedo
E ainda foste mais, mãe de surpresa
Mas tu nem quiseste acreditar
Até te darem a grande certeza

O teu ventre foi expandindo
A tua responsabilidade aumentou
E tu nem tiveste de facto a noção
Aonde tudo começou e onde tudo acabou...

Mas não aprendeste a lição da vida
Apenas encaraste como um desafio
E talvez pensarias ainda melhor
Se estivesses entre a chuva e o frio

Mas a coitadinha da bela princesa
Indefesa com o seu cabelo prístino
Foi mais uma vez resgatada
Por outro príncipe clandestino

E assim seguiste mais um romance
Os tais clichés que pareciam verdade
Mas o povo já sabia do seu final
Quando a embriaguez se mostrou na totalidade.

Oh rapariga! será que tu não vês
Que ninguém quer saber desses sonhos teus?
A não ser a escapatória das suas rotinas
Composto por um coito e um Adeus.

Essas mentiras mais a inocência
Nunca fizeram um grande par
Num oceano repleto de vida
Com muitíssimos peixes no mar

És considerado um plano falhado
Tal como a sagrada torre de babel
Mas para mim tu ficaras, sempre conhecida
Como o mais desejado carrossel

A grande fachada repleta de bonitas luzes
As tais memoráveis musicas a tocar
E um fila de rapazes imaturos
Que esperam pela sua vez, para andar.

Agora percebo a verdadeira razão
Porque tu não me dizias nada
E Saio de casa para a minha vida
E tu entras depois de uma escapada

Tens medo de me encarar nos olhos
Enquanto pensas em mim e fazes um preço
Mas eu não te quero, vai-te embora
Pois eu não te quero, nem te mereço.

E eu que nunca andei contigo
Porque razão sofro e crio espigas?
Talvez por ter considerado a maior puta
Como a maior das minhas amigas...

Fui comprar cigarros
E aquela musica não me sai na cabeça...
Mas eu nunca gostei de carroséis.

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 15 de janeiro de 2011

Drag Queen

Se eu fosse uma Drag Queen
Andaria nas bocas do submundo
A distribuir a maior pestilência
Por todo este povo imundo

Seria a meretriz de toda a pureza
A Madama de toda a fama
O deleito de todos os rapazes
E a melhor ninfa na cama

Seria aclamada como a bendita
Nossa Senhora das Doenças
A terrível sádica condensa
E a mensageira das tuas crenças

Seria a maior discípula das ruas
Uma serva do Deus do Hedonismo
Vendendo o meu corpo aos barões
Em nome de todo o capitalismo

Seria a tua eterna e bela Julieta
A mais santíssima das poesias
Concretizando os teus fétiches
Pelo decorrer dos meus dias

Seria a tua Sacerdotisa da noite
A esotérica e brilhante fada
O lado oculto escuro da lua
E a atenção mais requisitada

Seria a tua caixa pandora
O maior prazer na tua vida
A Rainha das viúvas negras
E a Rapariga mais convencida

Tomava os vossos pútridos corpos
Sem rancor e sem grandes manhas
E guardava o vosso nojento sémen
No santuário das minhas entranhas

Seria o Sol num dia chuvoso
A guardiã de todos os mitos
E perdia bocados de mim
Nas paredes de todos os fritos

Mas nenhum de vocês me pode comprar
Por mais penosa que a minha alma seja
Pois ela não se encontra para venda
Nem é servida em nenhuma bandeja.

Blackiezato Ravenspawn

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A Dor Faz-Nos Tão Bem, Como Um Pouco De Solidão Também

Eu sou uma pessoa que consegue fazer
Com que os manuscritos falem comigo
Ansiando que estes me declamem
Todos os sinónimos que desejo ouvir
Ou talvez mesmo, as coisas que me atrevi
A esquecer... Sei lá...

E há vezes que o tempo custa a passar
Que eu faço de tudo ao meu alcance

Para manter a mente ocupada
E assim me esquivar
Das teias do aborrecimento...


E fitando um espelho, eu vejo que:

A solidão faz-me perseguir vultos na escuridão
Distraindo-me dos pensamentos atribulados
Que não me deixam dormir, desvendado novos mistérios.

A dor faz-me ver que nenhuma tentativa é inútil
Moldando assim a minha perspectiva que tinha sobre as coisas
Para que futuramente possa assimilar algo, que antes considerava tóxico.

A solidão faz-me entender a razão das coisas
Demonstrando-me a beleza escondida numa fêmea desleixada
Que infelizmente ninguém quer, insegura num turbilhão de duvidas.

A dor faz com que o medo saia do meu corpo
Através de severas descargas eléctricas que estimulam
A minha coragem, a disciplina e o resto da minha perseverança.

A solidão faz-me desfrutar do trilho de uma aranha
Que caminha graciosamente pelo meu braço
Em busca de um novo mundo para ser descoberto.

A dor faz-me usar palavras que antes não me diziam nada,
Mas que agora são um todo para mim e assim não inflicto mágoa desnecessária sem razão...
Não me defendo com golpes, mas também não me batem mais.

A solidão faz-me perceber o quanto é importante
As ligações humanas e o quanto devemos zelar por elas
Invés de optamos pelo materialismo... Porque nem tudo o que reluz é ouro.

A dor faz com que as lágrimas mão sejam em vão
Não de fraqueza, mas sim de uma inocência que outrora foi nos ceifada.
E assim chove mais uma vez e a terra endurece, uma vez mais.

A solidão faz-me penetrar mais fundo no meu ser
À procura das respostas para as tais perguntas
Que nunca me atrevi a questionar, nem a pensar sequer.

E a dor faz-me quebrar as barreiras, ultrapassando os obstáculos
De uma frustração permanente que se abate na maior parte dos meus dias
Tentando renunciar a todo o custo, o resultado de nove meses de extremo carinho.

E agora compreendo notavelmente que tudo o que passei
Sempre serviu para me ensinar o quanto a vida é bela
Naqueles momentos em que encarava tudo isto como uma rotina
Agora, encaro-a como uma paixão.

E quando olho para esse tal espelho todas as manhãs
O meu reflexo sorri para mim piscando o olho
E não me resta mais nada a fazer
Senão retribuir o gesto, à pessoa que mais amo

Respondendo:
A dor faz-nos tão bem,
Como um pouco de solidão também.

Blackiezato Ravenspawn

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Folha Dos Sonhos

Plantada em homenagem ao sol
Encantada pela luz da lua
Tu que desvendas as emoções ocultas
Como as portas da percepção
Para os iluminados, como para lunáticos
Juntando assim ricos com pobres
Destruindo as fronteiras do ódio
Enquanto unes os vários povos
Homens e Mulheres
Fazendo-nos sonhar mais alto
Conscientes de uma realidade
Que só faz sentido
Quando te enrolamos num pedaço de papel
Ou em outros diferentes métodos
Com técnicas distintas e exóticas
Incinerando-te de amor nos nossos lábios
Para tu aqueceres os nossos corações...

Possuis vários nomes
Mas nenhum deles
Te elogia devidamente
O quanto tu és bela
Como o verdadeiro adjectivo
Que eu te atribuo a ti
Minha Folha

Dos Sonhos...

Blackiezato Ravenspawn