quarta-feira, 22 de junho de 2011

Escritores De Segunda Classe

Somos aqueles terríveis espiões
Que se mascaram de escritores
Nada mais que velhacos cabrões
Que sequestram grandes amores
Trancamo-las em diversas celas
Deveras secretas e esquemáticas
Todas essas damas mais belas
Com várias rimas problemáticas
Criamos, modificamos e destruímos
As bases de todo o pensamento
Depois fugimos, desvanecemos
Com a mentira, com fingimento
Somos os plagiadores de ideias
Audazes farsantes bem treinados
Com um arsenal de palavras letais
Que matam os mais sensibilizados
Somos os maiores dos criminosos
Que estão à solta nas vossas cidades
Com planos maldosos, perigosos
Repletos das mais vis atrocidades
Não somos nenhuns ricos artistas
Apenas legiões de tristes falhados
Poetas miseráveis decadentistas
Com os seus egos deveras quebrados
Que não passam de um sinistro vulto
De alguém que diz-se ser, um escritor
E de quem se martiriza num culto
Venerando um falso redentor
Representamos o frágil que se parte
A copia que não vale grandes tostões
E é por isso que a nossa infame arte
Tende-se a suicidar nas vossas visões
Gememos como cães aleijados
Como amargurados e sensíveis
Com os corações amaldiçoados
Obliterados por pragas invisíveis
E assim brincamos com as palavras
Para semear e colher um impasse
Tal e qual as galdérias e as cabras
Como escritores de segunda classe...

Blackiezato Ravenspawn

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