quarta-feira, 15 de junho de 2011

Nébula

Parte I - Valquíria
À beira o meu decadentismo
Caí no poço, num abismo
E uma valquíria assim desceu
Dos céus para me vir buscar
E é através do seu gracioso canto
Que um novo poder em mim nasceu
Tão poderoso! - Não consegui controlar!
Tal magia, tal encanto.
E é acariciando o meu cabelo
Com os seus olhos deveras brilhantes
Tão claros como o próprio gelo
Como tão ricos como os diamantes
Ela que me pegou-me gentilmente ao colo
Tirando-me daquele cruel solo
Livrando-me de toda a perdição
Mas eu neguei! Gritando - Não!

Eu ordeno-te! Vem até mim!
Pois eu vou-te mostrar o teu fim!
- Este homem está insano...
Não! Calai-vos seu profano!

Parte II - Sopro da Morte
Deixai-me, ó branca valquíria
Pois ainda não estou morto
E quem é que ainda diria?
Que possuía forças no corpo?
Eu poderei ter morrido nove vidas
Mas levantar-me-ei para viver dez
Subjugando as mortes mais temidas
Com os meus punhos, com os meus pés.
Por isso vinde, ó cruel ceifeira
Vinde aqui enfrentar este alguém
Porque eu não vivi a minha vida inteira
Para acabar como outro ninguém
Então vinde-me abraçar
Vinde dos confins do além
Pois os teus ossos desejo quebrar
Por isso vem, morte! Vem!

Parte III - Pássaro de Hermes (Canto da Valquíria)
Libertai então essas vossas assas
Deveras pristinas e deveras aladas
E voai com honra o mais alto possível
Até aonde nenhum pássaro o foi capaz
Quebrando as barreiras do impossível
Para alcançar a vossa merecida paz.
Vai lá meu pássaro de Hermes!
Ide lá devorador de vermes!
Vai e fura o tecto dos humanos
Alcançando o chão das divindades
Para gritares através dos anos
Todas essas vossas verdades...

Parte IV - Dimensões
E assim penetro galáxias distantes
Sublime como os raios de luz
A velocidades alucinantes
Que só esta arte assim produz
Levando o carácter altíssimo
De toda a minha humanidade
Com um grande expoente grandíssimo
Multiplicado pela insanidade
Queimando essa energia sonhadora
A partir destas minhas emoções
Desta alma nobre e conquistadora
Que atravessa as dimensões
Sempre fulminante sem parar
Mais rápido que o Deus do vento
- Vai lá pássaro estrelar!
- Só falta o teste do tempo!

Parte V - Mestres do Tempo
- Vibrantes luzes no mar de estrelas
- Tão céleres que torna-se difícil vê-las
- Pássaro de Hermes, quem é ele?
- De onde vens? Quem vos sois?
Sou um poeta! E sou aquele!
Que vai dividir! O cosmos em dois!
Rasgando... Rodopiando...
Em espiral... Numa dança espacial...
Mestres do tempo! Saiam da frente!
Capa de chamas! O corpo está quente!
Pois carrego fogo! Neste meu sangue!
E no meu coração! O segundo Bigbang!
Perfurando... E depois quebrando...
As paredes. De todo o surreal...
Navegando... Mais tarde tomando.
O título... De mais um imortal...
- Loucura! Não vais aguentar!
- Os limites! Não são para se partir!
- Irás-te desintegrar! Irás congelar!
- Não irás as destruir, não iras conseguir!
- Só alcançaras um trágico sofrimento
- Se continuares nesse pavimento
- Não vás pássaro cósmico estrelar!
- Pois assim não vais aguentar!
Agora é inútil e tarde de mais
Pois já selei o meu pensamento
Vou ser o primeiro dos mortais
A partir as algemas do tempo!

Parte VI - Fénix
- Vai então e liberta-te dessas correntes
- Com as vossas chamas ardentes
- E entrai nos confins dos desconhecidos
- Pelos mais buracos negros dos infinitos
- Nesses vazios mais que temidos
- Que por nós outrora ditos
- Aqueles que foram pelas eras negados
- Mas agora por ti desvendados
- Por isso. vai Fénix poderosa!
- Vai lá criatura auspiciosa!
- Incinera estrela fervorosa!
- Irradiando a tua vontade luminosa!

Parte VII - Desintegração Cósmica
Que dor imperdoável
Desintegrador de matérias
Que destino inegável
Que feridas tão sérias
A essência desvanece
A minha força se esgota
E o meu fim acontece
No decorrer desta rota
Perco a minha visão
Derrotado, resignado
E assim caio em ilusão
Eviscerado, ceifado
Exausto e à deriva
Ausente dos meus
Dá-me mais uma tentativa
Por favor, ó Deus!

Parte VIII - Escadaria Estrelar
- Ele lutou por tais sonhos esses
- Acabando num altar de bronze
- Morreu oito, nove e dez vezes
- Mas infelizmente, não se ergue onze.
- Agora carrego o corpo do meu amado
- Através da escadaria estrelar
- Criada pelo rasto do seu enorme fado
- Que não foi capaz de aguentar
- Imortal julgou-se ele
- E olha o que aconteceu
- E agora ninguém o apele
- A não ser somente eu
- E olhando para dentro de si
- Apenas vejo tristeza e frustração
- Nada mais que resta de ti
- A não ser uma lamentação
- Fecha os olhos meu querido
- Deste o melhor que podias dar
- E embora que não seja merecido
- Eu mesmo assim irei-te levar.
- E então subiremos juntos
- Por entre esses mundos
- Por uma escadaria estrelar.

Parte IX - A Sinfonia de Fogo e Gelo (Condensação)
Aceitas-me nesses teus braços
E dás-me todo esse conforto maior
Aquele que não encontrei nos outros abraços
Enquanto buscava por algo melhor
Agora sinto-me tonto, a delirar
Assistindo a visões frígidas de ardor
E os meus olhos tendem a fechar
Contendo nada mais que ódio e amor
Ó Valquíria levai-me daqui
Envolto nesse tenro conforto
Porque na dor eu vivi
Com as leis que não concordo
Leva-me para aquele lugar
Onde todas as estrelas vão morrer
Para toda a eternidade dormitar
E mais tarde me perder
Leva para essa doca estrelar
Para esse cósmico porto
Onde os todos barcos vão atracar
E onde eu naufragarei morto
E assim a minha vida finda
E o meu espírito já nem vê-lo
Morrendo numa morte tão linda
Aonde o fogo torna-se em gelo

Parte X - Nébula
- Chorando lágrimas de ferro e aço
- Criando nuvens de névoa e pó
- Algures num distante espaço
- Onde ele padece distante tão só
- A Valquíria deixa-o no seu trono
- Aquele que se julgava imortal
- Agora no seu desejado sono
- Numa dimensão de cristal
- Com tons de azuis e violetas
- Verdes e outros fluorescentes
- Rochas gélidas e outros cometas
- Sobre efeitos convalescentes
- Numa bela galáctica monção
- Cujo ele agora tanto se prende
- Aquele que morreu no verão
- Tornando-se Inverno para sempre
- Carregando absoluta harmonia
- Pela infinidade deste universo
- Deixando a sua ultima poesia
- Na imensidão do grande vazio
- Aonde acaba disperso
- Eternamente no frio.

A sua tumba torna-se num jardim eterno de milhares de flores cósmicas.
Os astronautas passam e contemplam tal cenário magnífico de enorme beleza.
Enquanto filósofos questionam-se como é que a morte foi capaz de trazer algo assim...
Uma estrela magna... Transformou-se em nébula.

Blackiezato Ravenspawn

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