sábado, 27 de agosto de 2011

Donzela De Cristal

Os meus corvos trazem-lhe prendas,
Tão engraçadas e tão reluzentes.
Que ela aceita todas as suas oferendas,
Algumas iguais, outras diferentes.

Pedras bicudas, pedras redondinhas,
De varias cores e de vários feitios,
Outras grandes, outras pequeninhas.
Mas a maior parte, são-lhe fastios.

E tu que me sorris do seu pedestal,
Mesmo de quem implora por um peito.
Como te achasses alguém de especial,
E como fosses de todo, algum eleito.

Mas não passas de diamante falsificado,
Que se diz puro, embora deveras banal.
Um pedaço de vidro que vai acabar quebrado,
Pela mão da Donzela de Cristal...

Porque ela odeia réplicas.

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Arlequina

Não te escondas, querida menina,
Porque eu consigo, bem te ver.
Por isso sai daí, ágil Arlequina...
Não tenhas medo de aparecer.

E assim vens tímida, vagorosa,
Mesmo de quem procura um amigo.
Então vinde a mim, ó habilidosa
Pois eu quero brincar contigo.

Eu prometo-te que não te deixo,
Como eu te juro, que não te minto.
Se me deixares tocar no teu queixo,
E ouvires tudo, o que eu sinto.

Aqui no seio da minha imaginação,
Aonde tu danças, somente para mim.
Enquanto me ofereces, a tua suave mão
Para que eu seja, o teu Arlequim.

E assim observamos este belo céu,
Enquanto me questionas, se eu gosto de ti
E retirando o teu engraçado chapéu,
Eu meto na minha cabeça, e digo que sim.

Ai Arquina, inocente Arlequina,
Mesmo a chorar, és tão bonita
Seduzindo-me, apesar de pequenina,
Com esse sorriso, deveras catita.

Blackiezato Ravenspawn

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Algo Em Comum?

Estamos ambos isolados com tralha em cima da mesa,
E por coincidência... Fumamos o mesmo tabaco de enrolar.
Como nenhum de nós, tem a absoluta certeza.
Como é que o dia de hoje, poderá terminar...

Como também estamos ambos de perna cruzada,
A rabiscar os nossos queridos e amados papéis.
Enquanto fingimos que não existe mais nada,
A não ser o nosso mundo, aonde somos réis...

Como também, temos ambos sandálias calçadas,
E também reparo, que temos maquinas iguais!
Como as nossas calças de ganga velhas e rasgadas
E os nossos olhos castanhos escuros, abismais!

E no final questiono-me - o que poderá acontecer agora?
Se eu meter conversa contigo, como faz qualquer um?
Mas quando estava prestes a falar. Tu foste-te embora,
Antes de ouvires as coisas. Que tínhamos, em comum...

E talvez existissem, ainda mais...

Blackiezato Ravenspawn

Não Me Interrompas (Por Favor)

Tinha os neurónios, já tão cansados
Que já não havia luz, na minha mente.
E os olhos exibiam-se meio-fechados
Que quase nada, já avistava à frente...

Pois estava a planar na irrealidade,
Dormindo com os olhos, entre-abertos.
Enquanto buscava aquela serenidade,
Com novos sentidos, agora despertos.

E quando estava prestes a lá chegar,
Ao arquipélago de toda a imaginação.
Já a fazer sinal para poder atracar,
A minha celeste e mágica embarcação.

Veio uma a empregada me interromper,
Com - Deseja algo mais, meu caro senhor?
E o que me apeteceu, mesmo lhe responder,
Foi - Não me interrompas, por favor...

Mas fui um insensível quando lhe neguei,
Talvez irritado com um pouco de mágoa.
E para me redimir, sorri e lhe perguntei,
- Pode me trazer, outro copo de água?

E ela trouxe... E eu voltei-lhe a agradecer.

Blackiezato Ravenspawn

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Dominique

Não pares, Dominque...
Não me causes tal fado
Pois está escuro por estas bandas
Como sempre tem andado.
E logo agora que apareceste
Com a tua pequena luminosidade,
Quem tem crescido no outro lado do espaço
E que será conhecida na eternidade.
Não cessas de brilhar pequeno astro
Expande-te devagar com paciência,
Como tivesses todo tempo do cosmos
Para moldar a tua sapiência...

Por isso não pares, Dominique
Pois tu tens de continuar.
Porque és a única tocha acesa,
Que eu consigo aqui enxergar...
Não cesses agora por favor,
Pois o teu fogo deixou um caminho.
E eu não sei o que faria
Se desaparecesses e me deixasses sozinho.
E mesmo estando ambos isolados
Separados por cinco anos de luz,
O teu núcleo já arde intensamente
E um imenso brilho, já produz.

Por isso não pares, ó pequeno sol,
Não pares de construir o teu legado.
Porque nem imaginas o quanto essa faísca,
O quanto esta escuridão, tem iluminado.

Pois poderá continuar escuro por estas bandas
Mas agora, tem um ponto luminoso
Que pouco a pouco vai-se tornando maior.

Por isso não pares, Dominique...
Não pares por favor.
Mas se perderes a vontade...
Lembra-te que existe sempre uma estrela
Que te estende um laço de força
Através de um feixe de luz.
Nesta interminável escuridão.
E que apesar de estar distante
Ela tem te sempre, acompanhado...

Um dia vamos ser tão grandes
Que a nosso calor, vai nutrir universos
Através dos rastos de luz
Que nós deixamos, nos nossos versos.

Consegues me ver?
Eu penso que sim...

Blackiezato ravenspawn

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Poeta Patético

Eu considero-me um poeta pateta,
Que escreve apenas por escrever.
Sem objectivos e sem alguma meta,
Apenas com o intuito de me entreter.
Porque é como a minha poesia singela,
Se trata-se do corpo de uma mulher.
E eu representasse a mente dela,
Que escreve o que der e o que vier.
E assim juntos encenamos este papel,
Tão ridículo, e por vezes vergonhoso.
Enquanto escalamos a torre de babel,
Fazendo de conta, só no gozo...

Porque somos ambos muito miseráveis,
E a alma flagelada desta triste mulher.
Que cria tantos planos inimagináveis,
Por não saber no fundo, o que ela quer.
Esta mesma que se veste de vermelho,
Para iluminar a noite como uma brasa.
Mas que acaba petrificada, a olhar para o espelho
Por ter ter medo de sair de casa.
E também esta que tem de estar embriagada
Para conseguir falar de si,
Porque é tímida e sente-se rebaixada
E provavelmente, é uma aspie.

Porque quando dá por si sóbria,
Sucumbe ao seu habitual problema.
E assim treme de uma forma imprópria,
Quando deseja declamar um poema.
E apesar de acha-los deveras perfeitos,
Ela tende a ocultar as suas virtudes.
Mas ninguém sucede, só com defeitos
A não ser em péssimas atitudes...
Talvez ela precise de uma pequena ajuda,
Por possuir uma baixa auto-estima.
Ela quer falar, mas sente-se tão muda,
E é por isso que se expressa-se rimas.
Que quer ser alcançada e reconhecida,
Pelo seu grande talento e pelo seu amor.
Mas quando tenta, foge como uma foragida
Pois tem um grande medo, de se expor.
E é só depois da sua cobarde corrida,
Quando ela percebe, que voltou atrás.
Magoada, apesar de não estar ferida,
É que se questiona, porque não foi capaz.
Quando na verdade ela sabe que é boa
Após comparar-se com a maioria.
Mas mesmo assim, ainda não se acha uma pessoa,
Digna de mostrar a sua poesia.

E é devido a isso que passa os seus dias,
A olhar para imensidão do seu vazio.
Onde vive as suas restantes alegrias,
Calada e apática, sem dar um pio.
E ainda não anoiteceu e ela já quer dormir,
Tudo por sonhar na altura errada.
Porque a realidade ela não quer vir,
Por ter a sua mente tão ocupada.
Com fábulas e mil e uma histórias,
Que se desenrolam abaixo da sua pele preta.
Aonde ela guarda as suas várias memórias,
Com um papel e uma caneta.

Sozinha, algures em agonia.
Na sua prisão, em intimidade...
À espera que algum dia
Alguém lhe encontre de verdade.

Mas isso... É muito patético.

Blackiezato Ravenspawn

Príncipe Dos Insectos

Mosquitos nas minhas pernas
Moscas nos meus braços
Aranhas nos meus tectos
E traças nos restantes espaços

Caracóis no meu jardim
Abelhas nas minhas flores
Com larvas monocromáticas
E borboletas de várias cores

Uma lesma no meu muro
Uma joaninha na minha mão
Uma milípede encaracolada
E uma centopeia no chão

E já tentei-me livrar deles
Mas eles ainda persistem
Chamam-me príncipe dos insectos
E assim comigo, coexistem.

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Hienas

São a encarnação da hipocrisia
E de toda a sua personificação
Quando passam os seus dias
A olhar para o que não são

Sendo cobardes cadastrados
Como patifes orgulhosos
Que esperam os fragilizados
Como mirones, desejosos

Em grupos, nas suas matilhas
À espera de entrar em cena
Cheios de truques e armadilhas
Para capturar presas pequenas

Mas quando passa um leão
Mostram respeito e fingem
E só quando ele sai da acção
É que nas suas costas se riem.

Cautela, pois eles andam aí com os seus sorrisos amarelos.
Em várias cores, géneros e feitios.

Pecados Mortais: Inveja

Maldita gueixa, que grande megera!
Deveras terrível, pior que uma vilã
Que sabota todos, até a tua irmã
Devido a esse mal que em ti impera!

Secretamente, sempre calculista,
Em nome do ciúme e da tua cobiça.
Com essa cara laroca e tão castiça,
Que esconde uma bruxa terrorista.

Mais essas unhas de egoísmo,
Que deslizam por mim como uma serpente.
Prontas para envenenar a minha mente,
Com tal habilidade e tal cinismo.

És traidora, cobarde e mesquinha!
E assim planeavas de uma forma obscura.
Enquanto nos expias pelo buraco da fechadura
E a vias radiante, comigo sozinha.

Pois invejas o seu grande sucesso,
Apesar de seres o seu maior tesouro.
Mas mesmo assim desejas-lhe agouro,
Por esse coração por ódio possesso.

E então aproveitando a vossa semelhança,
Fizeste-te passar pela senhora avareza.
Embora tão mal disfarçada, que tristeza
Mas eu fí-lo por gosto, pois não cansa.

Tudo porque eu sou um sinistro cabrão,
E graças a tua astúcia, comi-vos ambas.
Ignorando as cabeças tal e qual gambas,
Como o "Mocho Cruel", faz com o camarão...

- Inveja o que vem a ser isto!
- Avareza?! Não é o que parece, deixa-me explicar!
Inveja?! *dissimulação*
- É isto que eu recebo depois de te sustentar sua cabra?!
- Não sejas assim irmã. Estas a magoar os meus sentimentos... *chorando*
- Cala-te sua CABRA!.. E tu seu porco vagabundo de merda! Como justificas isto?!
Eu? Eu não sei de nada! A culpa é dela!
- Seus grandessíssimos filhos da puta! Saiam daqui! Já!

Blackiezato Ravenspawn

Pecados Mortais: Ira

Tu não és mulher, és uma sobrenatural
Sedenta por sexo, deveras irritada.
Que divaga pela noite, tão desvairada
Controlada pelo seu instinto animal.

E assim acabaste por me caçar na rua,
Com esses olhos de jade, sanguinários.
Tal como fizeste com outros vários,
Debaixo do manto prateado da lua.

Pois quem é curioso, cai em armadilhas
E estúpido fui eu, em te provocar.
Porque julgava que te conseguia domar,
Com a minha mão, nas tuas virilhas.

Mas tu capturaste-me na tua hábil boca,
E arrastas-me para o teu negro covil.
Sempre bruta, como uma bárbara hostil,
Com a tenacidade de uma jovem loba.

Devorando-me sem tino, a sangue frio
Comendo o meu corpo quente, ainda vivo
Sem te importares com o preservativo
Até ficar com os depósitos vazios.

E apesar de ter lutado e resistido,
Enquanto rebolávamos pelo rijo chão
Queimando energias, até a exaustão.
Eu fui o primeiro a dar-me por vencido...

Mas só a ti é que dou todo o meu carinho,
Por isso continuo, com a maior veemência.
Porque se não saciar essa tua demência,
Aí tu fodes-me... O focinho...

...Apesar de ser o teu docinho.

-Eu vou fazer o teu pénis chorar de dor!

Ó Mulher! Olha as minhas GÓNADAS!!!

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 6 de agosto de 2011

Pecados Mortais: Orgulho

És uma rapariga magnífica que farta,
Com uma extrema fervorosa formosura.
Que enalteces essa tua grande postura,
Com um ego igual ao de toda a Esparta.

E as tuas mamas até podiam ser descaídas,
Que isso não afectava o teu nariz empinado.
Pois mulher como tu, vai a qualquer lado
Pela supremacia dessas mãos temidas.

E assim confundem-te com uma arrogante,
Só por lutares pelo o que achas teu.
Pois foi assim que a senhora aprendeu
A seguir o seu caminho, triunfante.

Enquanto me miras com um ar superior,
Como só precisasses de ti e de mais ninguém.
Pois quem possui o poder, tudo este tem
E assim manobra o prazer, como a dor

E é com o teu pé em cima do meu joelho,
Que eu engraxo as tuas gloriosas botas.
Com lambidelas servas e tão bem devotas,
Até ver o brilho delas, como um espelho.

Para subir na tua estimada consideração,
Sobre o domínio rígido do teu chicote.
Sempre obediente para não pregar calote,
Pois isso levaria a tua resignação.

Mas no final trato-te mal como entulho,
Quando cais sobre o meu corpo, conquistado.
E é exposta a mim, que eu inverto o resultado
Porque eu também, possuo um orgulho...

Mas eu faço de conta que não.
Porque ela não gosta de perder...

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Ode À Raiva I - Eu Quero Sentir (A Ária da Dissonância)

Quando o ódio flui nas veias, sem um fim...
Quando a dor torna-se demais, para mim...
Quando não resta lágrima alguma, para derramar...
E quando se torna difícil, alguém, amar.

Quando cais e recusaste a te erguer...
Quando a única coisa que mais desejas, é morrer...
Quando a vida perde, total sentido...
E quando dás por ti, no vazio perdido.

E quando fechas os olhos ranges os dentes e apertas os dedos nas palmas da mão e gritas! Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah! Ode à raiva

Eu quero sentir!
Até o meu corpo partir!
Toca em mim!
Sem cessar e sem fim!

Mostra-me toda a tua arrogância!
Faz-me rebentar, faz-me gritar!
Pois eu quero escutar!
A Ária! Da dissonância!

Dissonância...
Ode à raiva!
Dissonância...
Ode à raiva!
Dissonância... Dissonância
Ode à raiva, ode à raiva!
Ode à raiva, Aaaaaaaaaaah!

Diiiii.... Soooo..... Nâaaaan
Cia... Cia... Cia... Cia...

Diiiii.... Soooo..... Nâaaaan
Dissonancia... Dissonancia...

Di...
So...
Nân...
Cia...

Diso... Nância...

Di... Di... Di...
Sonân...
Ci... A...


Di... Di... Di...
Sonância...
Di-so-nân-ci-a
Di-so-nân-ci-a

Di-so-nân-ci-di-so-nân-di-so-nân
Di-so-nân-di-so-nân-si-di-so-nân
Ci... A...

Ah... Ah... Ah... Ah... Ah... Ah...
Ah...

- Sim! Mais! Continua! Eu quero mais!

Mas a raiva já se foi...

Blackiezato Ravenspawn

Querida Poesia Minha

Ó querida poesia minha
Tu que susténs as minhas lágrimas,
Com a tua imensa compaixão
Minha amante tão devota.
Sempre pronta a acarinhar-me
Quando mais necessito,
Desse te conforto tão precioso
Com o teu toque tão maravilhoso.

Quando me seguras estas magoada mão,
Suavemente com tal firmeza
Que sem ti não teria a certeza
Do que seria este meu coração...

Como dos vários abraços tão sentidos
E dessa tua eterna disponibilidade
Que silencia todos os meus suspiros
Fazendo-me esquecer, a calamidade...

Porque estás sempre disposta a me ouvir
Quando estou cheio e tenho de me abrir
E é por isso que honro a tua companhia
Ó querida... Poesia minha.

Blackiezato Ravenspawn

Vingança Temporal

O tempo é doloroso, mas sapiente,
Então desfruta e bebe mais um trago.
Respira com calma, sê paciente
E vive o momento, como um chrono-mago.

Impérios dantes magnos e auspiciosos,
Dignos da mais suprema elevação.
Tornaram-se nos demais cemitérios tumultuosos,
De homens controversos que caíram ao chão.

Mas foi também nas ruínas do desespero,
Aonde toda a esperança, assim se perdeu.
Que além da morte e do seu enterro,
Que ouve sempre um, que se ergueu.

E foram homens que nasceram no fundo,
Chicoteados pelos desafios mais cruéis.
Que venceram e mudaram todo o mundo,
Morrendo como campeões e réis.

E é irónico ver como as pessoas mudam,
Como as tantas voltas que a vida dá.
Com as coisas que assim se transmutam,
Modificando tudo, o que existe cá.

E agora rio-me daquelas gajas bonitas,
Que dantes se gabavam de princesas.
Por terem crescido frustradas, nada catitas,
Agora desesperadas, cheias de incertezas.

Como daquelas várias coitadinhas,
Que todos antes, mandavam para a alheta.
Por terem florescido tão bonitinhas,
Tal e qual a metamorfose de uma borboleta.

E fico admirado por ver ex-cobardolas,
Agora novos triunfantes, a lutar na arena.
Como daqueles tristes, outrora artolas
Que agora representam em grande cena.

Pois nada se perde, tudo se transforma,
E assim esperamos pelos nossos destinos.
Mas a minha não quer, nem se conforma,
Porque eu sou poeta de versos pristinos.

E assim vejo o ciclo da vida
A girar em torno das quatro estações...
Assistindo ao abrir e ao sarar da ferida
provocada por sonhos e desilusões...

Até ao dia que Chronos come os seus filhos,
Para executar mais uma vingança temporal..
Mas aí eu sorrirei, onde se encontram todos os trilhos,
Pois eu não mudo, eu sou imortal...

E um dia, todos voltam à fonte do esquecimento,
Para serem futuramente reciclados...
Mas só os grandes é que passam a ponto do tempo,
E verão os seus actos, para sempre relembrados.

Porque o tempo é vida e a morte,
O passado, o presente e o futuro.
Por isso crê no momento e não na sorte,
Ou serás para sempre, um imaturo.

Blackiezato Ravenspawn

Olhos De Tédio

E é assim de tanto esperar por nada,
Que a barba cresce e a vontade decai.
A alma amolece, mas não está cansada,
Junto com o corpo que também cai.
Numa cadeira em grande aborrecimento,
Aonde não resta quase nada para eu fazer.
Neste café aonde passo o meu tempo,
Sem saber mesmo o que escrever.

E é no plano desta enfadonha visão,
Que veja passar uma jovem ucraniana.
Que me sorriu, embora não tenha feito questão
De a elogiar de uma forma quotidiana.
Passando com os seus cabelos dourados,
Mais os seus belos olhos azulados.
Mas não tenho emenda, que triste remédio,
Perdia-a por causa destes olhos de tédio.

Que não foram capazes de mostrar postura,
Por se acharem tímidos, embora perversos.
Não hesitando em guardar a sua figura,
Em simples tontos e ridículos versos...
E é passando deslumbrante, só de passagem
Que aqueces o meu clima, ó lorinha.
Neste deserto onde és uma miragem,
De um oásis cuja a água nunca será minha.

E assim enfrento este calor de verão,
Enquanto a caneta em vão peleja.
Para preencher este vazio no meu coração,
Com um fraco poema e uma cerveja.

Blackiezato Ravenspawn