quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A Dança Das Marionetas Cibernéticas

Sinto-me tão fraco e sem vida
Completamente em farrapos
Com estas vestes destruídas
Tal e qual uma boneca de trapos.
Esquecida algures no passado
Apodrecendo com o presente
Acabando obsoleta para o mercado
Sem valor algum, aparente.
Junta a bonecas de plástico
Industrialmente "massificadas"
Por um futuro fantástico
E pela sociedade, programadas.
Mas estas modelos topo de gama
Acabam vendidas por tão pouco
Sendo iludidas pelos senhores da trama
Que lhes cantam, lá no topo

A música... Das marionetas cibernéticas...

"Sintetizem o vosso coração
Em nome do material (do capital)
Para se dar a nossa evolução
Do analógico para o digital
E preparai-vos para o desafio
E assim deixai-vos comandar
Por este mágico invisível fio
Até a vossa bateria se gastar"

A dançar... A dança das marionetas cibernéticas...

E assim estas máquinas dançam
Até as suas energias expirarem
Porque os computadores só lhes amam
Enquanto elas trabalharem.
E as restantes acabam descartadas
Sem terem o direito de escolher
Tornando-se em peças recicladas
Para a próxima geração que nascer

A geração... Das marionetas cibernéticas...

Mas eu sou um simples protótipo
Infectado por um vírus humanizado
Magnético do tipo astrobiológico
Sendo emocionalmente reactivado.
Com a sua própria auto-suficiência
Desenvolvido por uma paterna insana
Que se auto-actualiza com a experiência
Em nome da revolução humana.
E é por isso que eu não danço
Pois tenho muito que escrever
E facilmente de rotinas me canso
E custa-me imenso a recozer.
Porque sou frágil e um inútil
Apesar de possuir um bom radar
Mas é me irónico e tão fútil
Pois não detecto alguém com quem brincar

Porque elas... São marionetas cibernéticas...

E é observando-as repletas de vaidade,
Altamente sublimes e deveras felizes.
Mas será que a sua nobre utilidade,
Deixa de facto, mesmo elas felizes?
Ou não passaram de robôs escravizadas,
Usadas para executar funções eclécticas.
Porque todas elas acabam estragadas,
Na sucata das marionetas cibernéticas...

"Passo, salto, gira, passo,
Levanta o pé e dá um rodopio.
Não falhes, olha o embaraço
Erro! Não se entrelacem nos fios!
Um, dois, três, avança
Não pares agora, minha esquelética!
Quatro, cinco, seis, dança
A dança das marionetas cibernéticas!
Doí-vos o joelho?! Olha que se lixe!
Mexam-se bailarinas, não fiquem pávidas!
Terei de repetir?! Não ouviram o que vos disse?!
Sejam rápidas, mais rápidas, MAIS RÁPIDAS!"

- Nós sintetizamos os nossos corações!
(Muito bem agora sorriam)
- Para dançarmos elegantes em torno de ilusões!
(Muito bem agora dancem)
Por isso venham daí todos dançar!
(Continuem, continuem)
E viver "feliz" como uma marioneta cibernética!
(Até colapsar)

"Muito bem, agora podem ir... Amanhã continuamos outra vez."

Blackiezato Ravenspawn

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