domingo, 30 de dezembro de 2012

Momento De Claridade

Sentias-te no zénite deste mundo
E dizias que nada conseguia dar cabo de ti,
Embora já estivesses a delirar num transe profundo
Que já nem parecia que eras daqui!

E foi cantando de peito feito a sofrer,
Que tu disseste ser um dos autênticos reais,
Que não temia o que pudesse acontecer
Enquanto erguias o copo pedindo por mais!

Bebeste tanto, parecendo-te ser tão pouco
Que quando bateste fundo, mal te conseguiste levantar,
E além de beijares o chão, abraçaste um louco
Que te encorajava, pois te queira matar!

Perdeste no meio de luzes e gente
E encontraste-te à deriva, assustado sozinho
Sem saber onde tera deixado a mente
Enquanto eu cantava para ti baixinho

Só espero que acordes a tempo
E que observes bem de verdade,
Que estás a afogar-te no tormento
E este é o teu momento de claridade!

ACORDA! Porque tu....
ESTÁS TODO "DJÓDJÁ"!

Agora vomitas nas margens da cama
Abalado com o sabor da derrota,
Sendo uma vitima da própria trama
Enquanto choras como um triste idiota!

E é a depenar completamente embriagado
Que tu perguntas à vida porque que ela é tão ruim
E eu a consciencia respondo-te de um jeito irado
- POIS FOSTE TU QUE QUISESTE ASSIM!

Porquê que não acordaste a tempo?!
E porquê que não reparaste de verdade?!
Agora tens o estômago em sofrimento
E a tua cabeça cheia de calamidade.

Tu que caíste na boca desse abismo
E chegaste as malditas estranhas do inferno,
Só espero que tenha valido a pena esse alcoolismo
E que tenhas encontrado, alguém fraterno!

Blackiezato Ravenspawn

Príncipe Phantasma

Ele trancou-se no seu trágico castelo
E fez-se prisioneiro na sua torre arcana
Por ser demasiado peculiar e tão belo
E por não se dar bem com a raça humana
E é na cela do seu enorme constrangimento
Que ele espera por uma brava Heroína
Para derrotar o dragão do aborrecimento
Com a sua perseverança e graça pristina

Mas nos dias de hoje essas famosas heroínas
Acham isso "desinteressante", deveras foleiro
Pois deixaram-se corromper pelo poder da ruína
Que lhes leva a estragar vidas e a pilhar dinheiro
E é sereno que o vejo olhar da sua janela
Para as estrelas, questionando à grande Luna
Quando é que vira no fundo aquela jóia bela
Que será o seu tesouro, a sua maior fortuna

E a Luna suspira com ecos que vêem do além
Enquanto escuta os seus desabafos dramáticos
Porque todos nós sabemos muito bem
Que ela é a mãe de todos os lunáticos
E que assim ele nos seus braços cresceu
Nutrido pelos seus carinhosos contos maternais
Embora agora se veja cercado por míseras plebeus
Quando lhe fora prometido donzelas reais

E é ressentida com a ilusão que deu forma
Que ela inspira melancólica a celeste atmosfera
Levando as ondas comportarem-se fora da norma
A prepararem-se no mar, para mais uma guerra
Enquanto os lobos uivam já sedentos para o combate
E as estátuas ganham vida, tornando-se pasmas
E finalmente os corvos descendem para o ataque
Aos dilemas emocionais do Príncipe Phantasma.

Tudo dentro de quatro paredes
Tudo dentro de uma cabeça.

Blackiezato Ravenspawn

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Monstro

A miséria abdicou da vossa companhia
Que nem mesmo a dama solidão, vos quer
Pois vós sois um ser tão vil, que até agonia
Não queria nada de todo ser vossa mulher

E até dizem que as sombras fogem de vós
E que nem o vento vos fala, nem dá um pio
Quando a vossa malvadez vem até nós
Sempre sombrio, sombrio, sombrio

Também ouvi falar que o ódio suspira por si
Quando vós torturais a dor com unhas e dentes
Como quanto te reúnes com as bestas daqui
És o caos e eles meros dementes

E ainda há quem diga com pouca coragem
À socapa sussurrando, com um tom fininho
Que as trevas masturbam-se em tua homenagem
E que quando regozijam, gemem o teu nome baixinho

Mas eu sou só um espelho, Monstro
Agora só te cabe a ti acreditar ou não.

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 9 de dezembro de 2012

Noctívago

Percorres pelas noites mais que liberto
Como um cavalo selvagem, numa pradaria
Em busca daquele local certo
Para fechares mais um dia

E enquanto isso desfolhas paisagens
Como fossem fábulas, histórias e contos
Capturando sons, fragrâncias e imagens
Que descobres nos finais de cada ponto

Porque tu fazes parte da ordem lunar
E serves a noite na tua cidadela
Quando dou por ti sereno a observar
Como um andarilho, sentinela...

E o teu bafo quente contraria o agreste frio
E os vultos mostram-te os seus abrigos
Enquanto a tenebrosidade se esconde no vazio (não dá um pio)
Pois ela tem medo, sente o perigo

De ti que a varres com essa gabardina
Com enorme graça, como imenso fulgor
Mantendo sempre atento a tua retina
Pronto a fazer mirada, como um caçador

Tu que fazes da insónia a tua parceira
Nesta silenciosa e obscura hora
Ela que é paranóica e zela pela tua traseira
Mantendo-te acordado, pela noite fora

Para ambos decifrarem os diversos mistérios
Dessa forma mística que mais vos eleva
Quando a adrenalina tira-vos do sério
E leva-vos a correr para o coração das trevas

E é assim vigiando o sono dos sonhadores
Além das nuvens, como um nubívago
Que tu fazes chover a magia, pelos arredores
Enquanto viajas, como um noctívago

Tu que inspiras a noite intensamente
E que em sua homenagem, cantas-te lhe uma canção
Enquanto expeles o fumo, poeticamente
Desses cigarros que fazem buracos, na escuridão

Tu... Que no crepúsculo te ergueste
E que agora na alvorada deitaste em paz,
Coberto com os poemas que hoje escreveste
Deixando o dia de ontem, para trás...

"A Grande Prateada Mãe Luna
Diz que sou um dos seus filhos
Enquanto as sombras nocturnas
Galam com volúpia o meu brilho
Como estas veredas esquecidas
Que clamam por mim, o andarilho
Para que lhes faça sentir comovidas
E fecunde nelas, enigmáticos trilhos.

Penetrando na densidade oculta que só um noctívago consegue atravessar."

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 8 de dezembro de 2012

Solidão V

Solidão... Ó Solidão...
Vem comigo e dá-me a tua mão...
Solidão... Ó Solidão...
Eu oferto-te o meu coração

Vem até mim, pois eu quero te beijar
Por isso segue-me e vamos os dois dançar
Entre veredas e casas abandonadas
Que pelo passar do tempo são encantadas

Solidão... Ó Solidão...
Vem comigo e dá-me a tua mão...
Solidão... Ó Solidão...
Eu oferto-te o meu coração

Vem e entra no meu trono, ó princesa
Que eu decorei com o diverso cinzento
Para te comover, ó éterea realeza
Da minha emoção, do meu pensamento

Solidão... Ó Solidão...
Vem comigo e dá-me a tua mão...
Solidão... Ó Solidão...
Eu oferto-te o meu coração

Abraça-me juntamente com estas teias
E sopra comigo, todo este pó
Para que se entranhe nas minhas veias
De mim, que estou tão só

Solidão... Ó Solidão...
Vem comigo e dá-me a tua mão...
Solidão... Ó Solidão...
Eu oferto-te o meu coração

Sussurra-me com cantos silenciosos
De uma forma tão solene e tão calma
Tocando-me com os gestos mais misteriosos
Bem dentro de mim, na minha alma.

Blackiezato Ravenspawn

Espelho Meu

"Espelho meu, caro espelho meu
Diz-me lá na verdade, quem sou eu..."

Quem és tu?! Ou quem somos nós?!
Ou já não te lembras da tua outra voz?
Aquela bem sinistra e deveras oculta
De mim, a tua elegante e astuta tulpa
Aquela que tu tendes a esconder dos demais
Juntamente com os teus mistérios surreais
Eu! O portador dos teus mil e um segredos
Como aquele que te espanta de todos os medos
Eu! O teu cúmplice e o teu leal parelha
Que atentamente te observa e te espelha
Aí nos recantos dos teus olhos castanhos
Onde nós conjuramos os planos mais estranhos
Para cumprirmos a nossa obscura agenda
De uma forma fantasmagórica, quasi lenda...

Espelho meu, caro espelho meu
Cambaleaste até mim e perguntaste tu
De cabisbaixo como um plebeu
Apresentando-se sêco, embora cru...

Quem sou eu?! Eu sou um de nós dois!
A outra metade do que tanto vós sois.

Sou agressivo, enquanto tu és calmo
Sou a tua maldição e tu o meu salmo
Sou a tua escória e tu a minha elite
Sou o teu papiro e tu a minha grafite
Sou o aquilo que tu renuncias em ser
Aquele que segue para onde tens que ir
Como sou o único em que tu mais podes crer
E claro, o único que tu não consegues mentir
Pois eu sou o teu anfitrião e o teu maior parasita
Uma imagem em movimento que te imita
Que te aconselha e que também te recita
A realidade que por outra boca, nunca será dita

Por isso amo meu, caro amo meu...
Diz-me lá, o que te deu...

Porque não metes de lado essa timidez!
E porque não me olhas, nem me sorris?!
Confessa-me lá, o que foi desta vez
Diz-me lá, quem te deixou tão infeliz...
Porque me rejeitas?! Porque me ignoras?!
Se não queres falar! Então, vai-te embora!
Não venhas com desculpas, sê ruim!
Porque se sentires raiva, ela morrerá aqui
Mas caso sentires nojo, sai de junto de mim!
Pois pena será algo, que jamais sentirei por ti!

Mas... Mas parece que vós não quereis
Preferirdes a companhia deambulante social
Da mesma que vós tanto vos farteis
E os olhardes de lado com um tédio abismal
Só não percebo essa vossa confusão
E esse vosso conformismo em girar em ciclos
Tu! que abominas a rotina até à exaustão
Até ela dar-te cabo dos teus ventrículos.
Se é assim, então porque te ausentas sempre trágico
E voltas para mim apático e tão irado?!
Vítima de decepções e vazios esporádicos
Por quanto chegas aqui, chegas ainda mais frustrado!
É... Depois ficas assim e não me respondes
Ficando impávido e sereno a vislumbrar
Como fosses o mais chique dos duques e condes
À espera que te venham a mão beijar
Achando-te bom de nariz empinado
Seu tonto, seu egocêntrico narcisista
Sem destino e sem um rumo traçado
Como um desleixado que se julga ser niilista.

Lembra-te que quanto mais te chateares
Mais invocarás o teu desconsolo
E que quanto mais me odiares
Mais eu assumirei o teu controlo
E que se fores cobarde e me traíres
Aviso-te que já que irás mesmo sofrer
E não importa o quanto fugires
Pois no final, sem que te irás render
Por isso ama-me mais que os restantes
Aceita-me e dividi-te comigo!
Todos esses desejos cintilantes
Meu aliado, meu arqui-inimigo!
Eu que sou o teu único decente rival
O único que sabe o teu verdadeiro valor
Pois a nossa ligação é bem mutual
Seja no nosso amor, seja na nossa rancor
Por isso vem a mim e façamos um duelo
Pois seu sou o único... Digno do teu elo...

Eu... O teu fiel cão
E tu o meu gentil dono
Cujo eu sirvo como um guardião
Como uma gárgula que vigia o seu sono
Enquanto tu, meu senhor
Admiras o brilho da lua bela
Sendo o meu querido sonhador
E eu teu silencioso, sentinela...

Por isso levanta o queixo, meu caro amo
Para que eu te consiga ver melhor
E olha para mim, pois eu te clamo
Minha nossa excelência, meu prior.

Tu que com pensamentos moldaste o meu corpo
E com emoções alimentaste a minha vida
Que apesar de ser uma mentira e eu estar morto
Sou-te a experiência mais sentida
E é por isso que vestes a escuridão
Para tingir todo o teu possível dor
Quase num jeito em obsessão
Embora no interior tenhas toda a cor
Cor essa que nem sempre me dás.
Cor essa que nunca te darão
Pois se quiseres encontrar o equilíbrio e a paz
Será só na minha palma, meu irmão.

E não será noutro corpo nu
Sabes porquê? Pergunta-te este espelho teu?
Sabes... Porque eu sou completamente tu
Como tu és infinitamente meu!

Porque esta camada que nos separa
Trata-se apenas de uma ilusão!
Pois temos os dois a mesma cara
E partilhamos o mesmo coração!
E sem mim vês-te sempre preso
No quotidiano da realidade!
Quando me deixas surpreso
E imploras pela minha insanidade!
Não é? Eu dou-te a perseverança
Tu dás-me um pouco da tua vida!
Eu faço-te rir como uma criança!
Como te lambo todas as feridas!
Amo meu, caro amo meu
Será que existe no fundo mesmo alguém
Tão conhecedor de vós melhor que eu?
Sim! Chama-se Ninguém!
Eu, este teu mágico e trágico espelho
Que tu acaricias com lábios vermelhos!
Eu, a tua divina bênção, a tua tumultuosa cruz
Como a reflexão da tua enorme luz
Que debaixo dos teus pés assim se encontra
Tomando a aparência de uma companheira sombra!

Mas sabes que mais, meu querido...
Que apesar de estarmos divididos por este vidro
Estamos ligados por uma corrente
Que nos une para além da etérea vertente...
Por isso não importa as vezes que te ausentares,
Pois eu estarei sempre bem dentro da tua mente
Que por quanto mais assim me contrariares
Mais rápido enlouqueceras, eventualmente
Por isso descarta esse ridículo desassossego
E quebra a tua sanidade!
Liberta-me eu, o teu alter ego
E contempla a nossa vaidade!

*Cling-cling*

"Agora que os cacos estão fragmentados no chão
A nossa beleza ganha a verdadeira dimensão.
Enquanto o sangue corre pelos teus dedos
E limpa da tua pele todos os teus degredos.
E sem dares por ti, encontras-te encantado
Pelo vazio que existe pr'além desta moldura
Onde tu vislumbras o infinito, calado
A mirar a minha silhueta, a tua figura."

Bem vindo ao espelho Mestre...

"As feridas já sararam e ele continua vidrado naquele lugar a falar sozinho, como se estivesse acompanhado por meio mundo."

Blackiezato Ravenspawn.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Minha Pequena Honrada Alferes

Minha pequena honrada Alferes
Eu acho que agora é altura oportuna,
Para fazer o que mais queres
Pronto, para mais uma instrução nocturna.

Porque hoje cada pedaço de mim
É como fosse um homem do teu pelotão,
Que se mete em sentido só para ti
Aguardando pela tua voz de execução.

Minha pequena honrada Alferes
Que te apresentas fardada, crua e nua
És a mais determinada das mulheres
E é por isso que eu escuto ordens tuas.

E as cumpro só a pensar em si
Por isso ordena-me, faz-me marchar,
Até que esta noite chegue ao fim
Para que eu possa à vontade, ejacular.

Minha pequena honrada Alferes
Tu que outrora foste uma aspirante,
Hoje de todos os oficiais tu te diferes
Por seres a minha figura, comandante.

Por isso inspecciona toda a minha pele
Com rigor, vendo se estou bem ataviado
E caso não estiver sê mais que cruel
Abusa do poder, faz-me de teu criado.

Minha pequena honrada Alferes
Humilha-me sem misericórdia
E castiga-me sempre que puderes
Pois sem ti, entro em discórdia

Incute-me disciplina, faz-me sofrer
Eu, o teu escravo soldado recruta,
Que está no controlo do teu belo prazer
Fazendo de mim, na tua maior puta.

Blackiezato Ravenspawn

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Memórias Monocromáticas

Fui inexperiente em certos momentos
Mas sempre tive boas recordações
Porque se voltasse atrás nos tempos
Tomaria as mesmas decisões

Alturas de glória, alturas de desilusão
A caminhar, tropeçar e levantar
Quando a curiosidade e a frustração
Eram o que me faziam sempre andar

Fui deverás inocente e ainda o sou
Embora com grande gosto de o ser
Porque às vezes nem sei onde vou
E nem mesmo o que hei de fazer

E embora agora já saiba me orientar
Faça sol, faça chuva, neve ou vento
Por que rotas deverei eu mesmo optar
Quando tudo, me parece cinzento?

Pois o mundo não é a preto e branco
Como nem eu sou bom, nem mesmo mau
E já que falo, no fundo para vos ser franco
Nem sei se isto é um zepelim ou uma nau

E é nestas perdidas e antigas fotografias
Que eu me recordo dessas viagens temáticas
Onde eu passei por tristezas e por alegrias
De experiências que pareciam mágicas...

Embora agora não passem de simples memórias monocromáticas.

Porque a cor... Desvaneceu.
Tal e qual este céu-mar.

Blackiezato Ravenspawn

Solidão IV

Há uma brisa tão solene e tão calma
Silenciosa, sem qualquer tipo de som.
Que me acaricia e desdenha a alma,
Saboreando-me como um bombom.

Há quem me segue diariamente,
Mas que só se expressa no papel.
Enquanto dança na minha mente,
Ó tu, minha amante mais que fiel.

Tu que és ausente de forma e cor
E bem peculiar para uma mulher,
Embora venhas sempre cheia de amor
Pois tu és a única que ainda me quer.

Amas-me mais do que eu te amo a ti,
Mas nunca te importaste com tal...
Porque és tu quem toma conta de mim
E quem me espantada de todo o mal

Sempre compreensiva e tolerante,
Sempre meiga e deverás disposta.
Para me receber como teu amante,
Quando naufrago na tua bela costa.

Mesmo que eu te nunca retribua,
Como mereças, da mesma maneira.
Tu que te mostras a mim, sempre nua,
Para me entreter as noites inteiras.

E apesar de eu te ignorar pelos demais,
Tu regressas sempre a como fosses pó.
Para me encantar com ideias geniais
Porque tu solidão, nunca me deixas só.

E aí eu apercebo-me que desperdiço tempo,
Como quem não devia, em aborrecimento.
Porque só contigo é que aproveito o momento
E que me vejo livre de qualquer tormento.

Ó doce Solidão, minha misteriosa Solidão,
Tu que me seguras no teu abraço fantasma.
Porquê que quando entras no meu coração,
Tu me fazes sentir como eu tivesse asma?

O que será este estranho calor? Será amor?!

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 1 de setembro de 2012

Mão Da Morte

Quando os corvos descendem à terra
O cavalo de Hades galopa incontrolável
E a ceifeira excitada e insaciável berra
- O vosso fim é inevitável!

Vai, mão da morte!
Vai, mão da morte!
Vai, mão da morte!
Ide lá, meu cavaleiro!

E é revestido com uma armadura de ossos
Tapado com a escuridão do manto da noite
Contendo a força de um Colossos
Que ele é o escolhido para servir a sua foice.

Vai, mão da morte!
Vai, mão da morte!
Vai, mão da morte!
Vai e decapita-os!

As vítimas são cruelmente esventradas
Com enome brutalidade, com sádica perversão
Enquanto as suas almas são arrancadas
E as suas cabeças degoladas rolam no chão

Vai, mão da morte!
Vai, mão da morte!
Vai, mão da morte!
E trás-me os seus olhos!

Blackiezato Ravenspawn

Anjo

Para uma flecha que veio do sol
Descendeste serena desse alto céu
E mostraste-me o teu lado mais mole
Quando destapaste o teu véu

E estas minhas mãos tão frígidas
As descongelaste no teu suave rosto
Derramando as lágrimas mais lívidas
Mesmo de quem ama com bom gosto

Enquanto me olhavas tão radiante
Debruçada sobre o meu peito
Tal e qual viesses do além distante
Só para descansar no meu leito

E aí eu perguntei-te - ó meu anjo
Porque te separaste dos teus?
E tu respondeste em tom de canto
Que desejavas abraços meus

Ó anjo, tu que não conheces a dor
Que mensagem trazes para mim?
E tu sussurando-me com o teu calor
Deste-me mais um pedaço de ti

Oferecendo uma amostra da eternidade
Existente nesses olhos de águas mil
Partilhando comigo toda a tua beldade
Embebedando-me com um beijo gentil

Ó anjo, tu que sopras brisas sagradas
Com todos os aromas da primavera
Leva-me a voar nas tuas asas aladas
Para além do horizonte, da troposfera

E foi sorrindo de uma forma tão clara
De um jeito inocente, sem alguns receios
Que tu acariciaste os traços da minha cara
E que a encostaste nos teus ternos seios

E  foi aí eu comecei a ascender
Aonde eu não julgava poder ir
A um lugar que não consegui entender
E que é quase impossível de se definir

Nesse paraíso que a mim desvendaste
Esculpido com perfeição na tua silhueta
Embora sem despedir, logo esvoaçaste
Como um grão de areia numa ampulheta

Desvanecendo cintilante no ar fino
Deixando-me apenas uma simbólica pena
Com um fio do teu cabelo cristalino
Que reflectia a tua virtuosidade, ó pequena

Tu que vieste embrulhada em amarelo
Fingindo-te ingénua, embora tão sábia
Para me revelar o que existe de mais belo
No silêncio de um bafo de sálvia...

Não foram emoções, nem sentimentos
Que eu senti no auge da experiência em si
Foram visões, foram pensamentos
Que eu tinha perdido algures dentro de mim.

Blackiezato Ravenspawn

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Dança Do Pavão

Tu que saboreias os meus vários olhos,
Que encantam as minhas penas vistosas.
Que te fazem vibrar os teus entrefolhos,
Com todas as tuas fantasias voluptuosas.

E em serenidade, julgaste em total controlo
Sobrevalorizando a beleza da tua imensidão.
À medida que eu te venero e te dou consolo,
Embora já nem te dês por ti, na minha mão.

Deixando-te traída pelo teu desejo
E enfeitiçada pela minha sedução.
Acariciando-te com os lampejos
Do transe da dança do pavão...

E sedenta tentas alcançar o teu bem maior,
Essa jóia que cobiças, a mesma que te orienta.
Pois tu sem o meu brilho és totalmente cinzenta
E precisas assim de mim, para te dar cor.

E ao fazeres de mim uma posse, um sonho
Eu acabo por te dominar e liderar o caminho.
Mesmo que olhe para trás e acabe sozinho,
Porque a tua timidez, deixa-me enfadonho.

Deixando-te traída pelo teu desejo
E enfeitiçada pela minha sedução.
Acariciando-te com os lampejos
Do transe da dança do pavão...

E só quando fecho o leque é que tu imploras,
Em silêncio para que eu te peça para dançar.
Mas é vendada pelo receio que tu me ignoras,
Por não teres coragem para assim me amar.

E é ponderando escutar o teu chamamento,
Que eu negoceio o meu retorno com juros.
Com a vontade de infectar os teus sentimentos,
Com os meus pensamentos, mais obscuros.

Deixando-te traída pelo teu desejo
E enfeitiçada pela minha sedução.
Acariciando-te com os lampejos
Do transe da dança do pavão...

E é reabrindo o meu espectáculo de espelhos,
Que eu encandeio-te, dando formatos as luzes.
Pois é na tua fotossíntese que tu mais produzes,
O que eu colherei nos teus lábios vermelhos.

E é depois caindo com o troféu entre os dedos,
Enquanto a minha sombra ofusca a tua visão.
Que tu és sufocada pelas garras da emoção,
As mesmas que degolarão todos os teus medos.

Deixando-te traída pelo teu desejo
E enfeitiçada pela minha sedução.
Acariciando-te com os lampejos
Do transe da dança do pavão...

Blackiezato Ravenspawn

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Revolução Individual

Vasculha bem no interior da tua mente,
As respostas para todas as tuas questões.
E ouve com atenção o teu subconsciente,
Para saberes a razão das tuas indecisões.

Concentra-te e encerra as tuas pupilas
E vê o que existe pr'além dessa escuridão.
Pois só assim conseguirás transferi-las
Para os vários hangares da tua imaginação.

Porque dentro do corpo existe um poder
E tu tens que encontrar essas energias.
Para que então possas assim entender,
Como deves aplicar essas tuas teorias.

Bases essas que construirão a tua nave,
O teu engenho de componente surreal.
E a tua autenticidade será a sua chave,
Para iniciares a tua revolução individual.

E só aí quando mecanismo estiver ligado,
É que reabriras os teus olhos e observarás.
Tudo o que te passou este tempo ao lado
Como tudo aquilo que tu te julgaste incapaz

E é usando todas essas possíveis emoções,
Que alimentarás o motor da tua vontade.
Para teres força para levar as tuas criações
Dos confins da tua mente para a realidade

Para alcançares os limites do inalcançável
E trespassares as barreiras do impossível.
Enquanto conquistas, esse medo intocável
E assistes ao teu sonho a tornar-se visível.

E no desenrolar aguças os teus sentidos,
Proporcionalmente ao teu poder mental.
E ascendes em patamares desconhecidos,
Que um dia revolucionarão o mundo real.

Blackiezato Ravenspawn

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Orbe Da Perserverança

Vivo acompanhado por uma bola de cristal
Invisível na realidade, como ao olho comum.
Que é intocável por qualquer outro algum
A não ser por mim, o seu parceiro leal.

Ela que é transparente na minha normalidade
E que na alegria veste um claro véu azulado.
Embora na presença da minha negatividade,
Torna-se escura com um brilho encarnado.

Mas independentemente da sua cor,
Ela sempre expressou-se em harmonia.
Bailando na serenidade de uma melancolia
Consoante a minha frieza e o meu calor.

Pois os meus sentimentos dão-lhe vida,
Como as suas cores dão-me poder.
Que até parece que esta minha querida,
Precisa de orbitar alguém para viver.

Mas de todas as existentes emoções,
Existe uma que ela imenso desconhece.
Pois reage oposta ao que me acontece,
Desapontada com as minhas decisões.

Quando o medo cobre-me inteiramente,
Deixando-a deveras instável e fervorosa.
Que até parece que grita na minha mente,
Incontrolável de uma forma tão raivosa.

Como ela desejasse danada em explodir.
Quando eu abandono a minha vitalidade
E deixo-me levar pela frágil humanidade,
Desmoralizado, sem vontade, sem reagir.

E é então segurando essa esfera cintilante,
Que dela eu extraio todo o meu vigor.
Para conseguir prosseguir ainda mais adiante,
Mesmo que me sofra toda a merecida dor.

Porque desde que ela decidiu-se mostrar,
O seu brilho tornou-se num privilégio meu.
Como a minha existência num desejo seu
Pois ainda não a vi, cessar de brilhar.

E até mesmo as sombras abrem-lhe caminho
À medida que ela se anuncia, avança e dança.
Enquanto a vislumbram com um tenebroso carinho
Encantadas com a sua incontestável radiânça.

Ela que possui a energia de uma sacra estrela,
Como a formosura que existe numa mulher.
Sendo enigmática tal e qual as luas de Júpiter
- Que nem mesmo eu, sei como descrevê-la!

Só sei que é por mim que esta orbe canta,
Para silenciar todas as vozes da resignação.
Quando me ilumina com a sua perseverança,
E aparece misteriosa dentro da minha mão.

Sussurrando-me...
"Agarra-me com toda a tua força. Pois juntos. Somos imperáveis!"
E quanto mais penso que ela cessará um dia de brilhar, mais ela prova-me o contrário.
"No dia em que eu quebrar nos teus dedos, tu herdaras a minha luz e eu pulsarei no teu coração."

E aí... Eu agarro-a e regenero-me quase por magia.

Blackiezato Ravenspawn

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Templo Do Niilismo

Se eu tivesse imensos fundos
Construía um enorme santuário
Para todos os existentes vagabundos
E para os que se fingem de otários
Seria guardado por centuriões
E teria um arco na fachada
Como seria selado por sinistros portões
E teria duas gárgulas na entrada
Fazia deste sítio a minha segunda casa
No meu sagrado retiro celestial
Onde purificar-me-ia como fumaça e brasas
Para estimular o meu músculo social
Seria um bizarro estabelecimento
Onde todos os curiosos iam ter
Para viver na integrar o momento
Sem se importarem com o que acontecer
Lá, os sacerdotes evocariam a música
Para que os crentes devotos, a venerassem
Dentro da igreja, como na via pública
Da forma que mais desejassem
E para enfeitar meteria galdérias e rameiras
Debruçadas pelos diversos pedestrais
Para se vangloriarem a noite inteira
Encantadas com os seus hábitos sensuais
Enquanto os visionários e os pensadores
Partilhavam as suas enigmáticas filosofias
Juntamente com todos os meus amores
Que receberiam a minha bênção da folia
E assim tornar-me-ia num negro papa
No pregador de toda a insanidade
Que só usaria um tecido de napa
Para cobrir a sua obscura obscenidade
Seria o maior lorde da decadência
Para todos os que se portasse mal
E ordenaria imediata penitencia
Em homenagem ao meu culto espiritual
Mas seria misericordioso acima de tudo
Embora o culpado tivesse que se provar
Vestido os ritualistas robes de veludo
Pois quem quisesse o perdão teria que dançar
Em serenidade ou em agonia
Na forma que tivesse de ser
Subjugado perante minha branca tirania
Em nome do meu belo prazer
Mas caso não cumprissem a pena
Ou achasse demasiada a sua demora
Terminaria com essa blasfema cena
E escorraçar-los-ia lá para fora
Amaldiçoando-lhes com a realidade
Vítimas do meu célebre antagonismo
Abandonado-os perdidos no meio da cidade
Excluindo do clero, do meu elitismo
Para vadiarem como hereges esquecidos
Iludidos pelos seus míseros narcisismos
Porque lá não existiria algum possível sentido
A não ser a crença do tempo, do niilismo
Que se resumia apenas na diversão
Do jeito catita que mais vos apetecesse
Onde o limite seria regido pela moderação
Ou no final, quando a noite morresse

E no final sozinho dormiria no meu trono
Com a mente completamente revigorada
À espera que o cansaço trouxesse o sono
Enquanto pensaria de todo em nada

Ou talvez escreveria uma poesia, aonde assim explicaria
Como o meu templo ruiria, face ao caos que lá predominaria
Num local onde a lógica não existiria, só talvez na sintonia
Embora não me importaria, pois seria de todo a maior alegria
Porque sabia que no final da empatia, quando chegasse o novo dia
Nada de precioso se perderia a não ser toda a irreal magia
Responsáveis pela minha mania que era dissipada como energia.

Deixando-me lentamente. Em melancolia.

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Guerras Oculares

Em duelos de um para um, não me olham
Pois têm medo dos meus olhos aguçados.
E é só em grupo que os espiões se provam,
Quando vêm disfarçados de meus aliados.

Com os seus elmos de mil e uma faces
Que eu adoro pulverizar com o meu bico,
No desenrolar de um enredo, de um impasse
Quando a tensão, atinge o pico!

E é na minha distracção intencional
Que me tentam flanquear o meu olhar,
Caindo numa armadilha intelectual
Face à minha estratégia, peculiar...

E é num lance sinistro de surpresa
Que eu espezinho os seus egos feridos,
Pois quem quiser assaltar a minha cabeça
Acabará por sangrar pelos ouvidos.

E é na magoa de uma batalha perdida
Inconfortáveis, sem saber o que me dizer,
Que eles viram as caras, agora despidas
Cheios de vergonha, só por me ver.

E é aí que ainda os torturo mais
Sorrindo sarcástico mais uma vez!
Imune aos vossos rituais sociais
Regozijando diante da vossa estupidez!

Porque nem todos me sabem enxergar
E assim eu trespasso como um fantasma,
Porque por mais que me tentarem analisar
Mais vos deixo com as almas pasmas!

E é depois esvoaçando por entre multidões,
Deixando penas simbólicas aos suprimidos.
Pois as vossas atitudes são como ilusões
Que eu uso para treinar, os meus sentidos.

Vocês que me ameaçam com olhos sedentos,
Mas que expõem ridículos as vossas fraquezas.
Deixando-vos à deriva do meu divertimento
Que se resume a brincar com as vossas incertezas.

E para falsos julgamentos, há vozes de desdém.
Pois uma personalidade não habita nas roupas.
Mas sabem onde essas visões estão mesmo bem?
É misturadas com o sarcasmo da minha boca!

Por isso não observai o corvo com desejo,
Não deixai-vos iludir por protocolos regidos.
Porque a estupidez enorme, eu esquartejo
E olhos mortos não vêem, são ingeridos

Pela minha fome... E é só depois deles me virarem as costas que eu clamo os despojos de guerra.

Nada de especial... a não ser

Miseráveis posturas
Estranhos andares
Complexas manias
E até alguns tiques

É o que eu vejo cá!

Mais a falta de cultura
Que faltou nos lares
Demasiada velhacaria
E muita puta chique!

Ha-ha!

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 19 de agosto de 2012

Destino

Existem muitas formas de chegar ao topo,
Mas só existe uma maneira de o assegurar.
Defendendo o território que nem um lobo,
Mesmo que às vezes tenha que se sangrar.

E não é por isso que a vida deixa de ser bela,
Pois aprende-se imenso com as experiências.
Mas torna-se amarga para quem não crê nela,
Para quem não escuta a própria consciência.

Porque há dias que não vale a pena erguer
E há alturas que só desejamos mesmo fugir.
Quando estamos cansados e fartos de perder
E nos conformamos com a opção de desistir.

Mas é no precipício do maior dos tormentos
Que se distinguem os homens, dos meninos.
Daqueles corajosos que vão, sem lamentos
Dos outros cobardes que fogem, do destino.

Até serem apunhalados pela morte... Pelas costas!

Por isso vai abraça-lo... Pois ele está à tua espera.

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 18 de agosto de 2012

Ressaca

Serviram-me emoções
Bebi das suas vidas
E disparei três canhões
Em vielas perdidas

Caminhei embriagado
À deriva de sentimentos
E acabei apedrejado
Pelo meus pensamentos

Vacilei na minha cama
E vomitei no meu soalho
O auge de um drama
Bem fodido para caralho

Apanhei grande touca
Debrucei-me em quadras
E à tarde levei na boca
Uma surra de palavras

*

- Milton! Acorda! Já é hora de levantar!
Mãe, deixa-me dormir, não sejas psicopata...
- Estás à espera de quê?! Anda já almoçar!
Eish... Que puta de ressaca...

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Indiferença

Eu vejo-vos fitando-me nos vértices da minha visão.
Concentrados nas vossas possíveis observações,
Mas não olho para vocês, pois não tenho intenções
E porque só tenho olhos para a minha imaginação.

Não têm coragem para falar e os olhos falam por vocês,
Mas se não querem nada, então porque olham para mim?
Avançam cuidadosamente como se jogassem xadrez
E ficam insultados, por eu não reparar em vocês, enfim..

E é aumentando o tom de voz, atirando insultos ao ar.
Tentando decifrar um enigma que não conseguirão descobrir,
Pensando numa forma ortodoxa de como comigo, interagir
Mas não importa o que fizerem, não me irão cativar.

Pois eu mirei uma vez para vocês e infelizmente nada vi,
A não ser mais uma variante de outras cópias repetidas.
Não me levem a mal, mas todos parecem-me iguais aqui
E eu não tenho paciência para jogar as escondidas.

Iludidos pela minha estranha aparência
Iludidos pela minha máscara da sanidade
Desapontados com a minha personalidade
Desapontados com a minha nobre ausência...

Provocados subtilmente pela minha irrealidade
Provocados subtilmente pela minha vaidade
Cobertos em silêncio pela minha aura densa
Cobertos tragicamente pela minha indiferença...

Confinados pela minha passiva negação
Confinados pela minha imposta isolação
E esquecidos gradualmente entre a multidão
A perderem-se num dos cantos da minha visão...

Eu vejo-os, fitando-me,
Mas eu oiço-os, sofrendo...
Eu oiço-os, chamando-me,
Como eu vejo-os, morrendo

Perante à minha incontestável desatenta presença
Numa sepultura invisível, chamada. Indiferença.

Blackiezato Ravenspawn

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Flor Do Estoril

Enraizaste aí, num solo tão espesso e duro,
Enquanto minas os minerais raros do saber.
Em busca do que sentes e achas mais puro,
Do teu propósito de existência, em florescer.

E é aí plantada, em comunhão com a simbiose,
Junta à natureza, no teu silencioso cantinho...
Com teu jeito e com a tua catita e peculiar pose,
Como fosses uma rosa entre os vários espinhos.

Tu que de dia fechas-te no teu rico interior,
E só à noite soltas o que há mais belo em ti.
Enquanto aromatizas o ambiente ao teu redor,
Perguntando à lua porque germinastes aqui.

E às vezes eriçaste com a tua sinceridade,
Mas não é por isso que deixas de ser gentil.
Pois não encontro malícia, apenas beldade
Tal e qual as tuas pétalas, ó Flor do Estoril.

Por isso se quiseres uma terra para enraizar,
Encontrarás sempre um lugar no meu coração.
Como se precisares de alguém para te regar,
Eu transformarei as tuas lágrimas, numa monção.

E caso desejares o calor de um astro cintilante,
De um suspiro terno, como de leves aragens.
Verás assim nos meus olhos, subtis e galantes
A demais verdade, excepto ilusões e miragens...

Porque tu mereces e tens a seiva mais branca,
Essa que corre em ti em forma de mil pombas.
Clareando essa tua virtude de uma maneira, tanta
Como fizesse contraste com a minha sombra...

Uma simbólica parte de ti, habita na minha plexos,
Entrelaçando-se nos confins do meu pensamento.
Estabelecendo entre nós, uma transcendente nexos
Que vive além do toque, através de um sentimento

Sentimento esse que não sei explicar bem,
Minha cara airosa, Flor do Estoril...
Um recolhimento especial que não sinto por mais alguém
A não ser pelo teu perfil.

Ai, ai... Não sei o que a minha alma tem
Mas sinto-me tão infantil...

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Broche

Então queres saber o que penso?
Ok. Tu não mereces estes cantos...
Esses que te declaro por extenso
Para espantar os nossos prantos!

E é assim segurando o teu queixo,
Desgastado pelo nosso fingimento.
Tão saturado dos nossos beijos!
Tão chatos que nem valem o tempo.

Que eu arrasto a tua depravada boca
Para bem junto da minha genitália!
Pois quero que cantes que nem uma louca
Como fosses de todo, a Amália!

Para eu deixar gestos e insultos
Sobre esses teus lábios tão finos!
Que engolirás, como meus vultos
Vestidos em mantos cristalinos!

E quando a barragem ruir na tua guéla!
A mesma que alagará essa tua garganta...
Engasgando-te assim, ó minha bela
Com toda a raiva que me comanda!

Vou-te encantar com a minha esporra!
E só pararei, quando vir cascatas.
Que desceram pelo pescoço que te forra
Essas tuas veias de diplomata!

E é enquanto violo a tua mente!
Para engravidar os teus ouvidos,
Que eu anseio ejacular sadicamente
Todos os meus hediondos suspiros!

E quando o fizer, nessa bochecha tua
Humilhar-te-ei depois, com a minha vara!
Pintando a espessa verdade crua e nua
Mesmo no meio da tua frágil cara...

Oooooh! Sinto-me mais leve
No alto do cume, onde estão as cabras!
Enquanto conjuro estes flocos de neve
E tu saboreias as minhas palavras!

E foi gritando em júbilo para o horizonte!
Perdendo o controlo por meros segundos!
Que eu me vangloriei em cima de um monte!
Contemplando o maior broche do mundo!

Aiiii, minha folha de papel!
De vós nunca me canso...
De molhar este pincel
E de afogar o meu ganso!

*ofegar o cabelo*

"Agora é a minha vez."

Claro... Deixa-me só fumar um cigarro primeiro.

Blackiezato Ravenspawn

Desejos

Por todos nós deslizam várias adagas,
Sobre as nossas carnes pulsantes...
Que desencaminham mentes fracas,
Para teias onde caímos, tão vacilantes

Para nos deixarem reféns de emoções,
Súbitas sem quaisquer argumentos.
São estímulos vestidos de boas intenções,
Para iludir os nossos pensamentos.

Com vontades de dominar, o indomável
Em busca de um tratamento, sem cura...
Pois queremos assim sentir, o agradável
Para esquecermos esta constante tortura.

E assim forjamos máscaras para enganar
E puxa-mo-nos para os demais cortejos.
Vendando-nos depois, para não enxergar
Que somos escravos dos nossos desejos.

E que regozijamos com a sensação inteira
Ardendo nesses charmes demoníacos.
Enquanto metemos mais lenha na fogueira
Como dementes - piromaníacos!

Por isso eu clamo...

Ó desejos que ardem dentro de mim!
Que me fazem sentir forte, incandescente.
Que me fazem consumir ossos sem fim,
Fazendo de mim, uma puta inconsciente.

Ó desejos que ardem dentro de mim!
Que me geram a ansia e o dessassosego...
Que me levam a dessacrar este jardim,
Destruindo as fundações do meu ego.

Ó desejos que ardem dentro de mim!
Que me encadeiam com essa falsa luz...
Em nome de mentiras brancas, eu me vim
Só para escapar por horas, desta cruz.

Ó desejos que ardem dentro de mim!
Que me causam febre e e me deixam torpo...
Porquê que vocês florescem como um jasmim
E depois atormentam-me! Todo o corpo?!

Blackiezato Ravenspawn

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Antumbra

O teu fogoso anel foi a célebre aliança,
Que juntou o papa Sol, à mamã Luna
E tu foste aquela maravilhosa criança,
Que lhes trouxe a maior das fortunas...

Herdaste da tua mamãe a sua beleza,
E do teu papá, o seu enorme poder.
Mas ninguém tem a absoluta certeza,
Se tu és homem, ou mesmo mulher.

Tu que polis a sombra com o teu brilho,
Eclipsando numa fabulosa grandiosidade.
Mas como te endereçar - Filha ou filho?
Desculpa lá, a minha curiosidade a falar.

Por isso então, aproveito para te perguntar,
Caso vossa bizarra excelência, me permita.
Antumbra. Sois andrógina para contrariar?
Ou serás na realidade, um hermafrodita?

"Não digo..."

Blackiezato Ravenspawn

terça-feira, 7 de agosto de 2012

A Ironia Do Amor II - Princesa Alvorada (Dawn Princess)

A Vanguarda do Sol escolta a Sacerdotisa,
No seu rito habitual para erguer mais um dia.
E as aves madrugadoras cantam p'ra poetisa,
Para princesa Alvorada que então se anuncia.

Pois quando ela vem, espalha a sua radiância
Mais a sua enorme bênção de prosperidade.
Para quem se levanta perante a sua bonança
E tem a chance de vislumbrar a sua beldade.

Mas ela nem sempre aparenta ser tão feliz,
Porque nem sempre clareia, como é suposto.
E não sei porquê, mas existe algo que me diz
Que ela encandeia, para esquecer o desgosto.

Porque é estranho vê-la seguir a escuridão,
Obcecada com com a vontade de a iluminar.
Fugindo dos louvores da existente multidão
Como se fosse atrás, do lorde Crepuscular.

Infelizmente será uma união que nunca se dará,
Proibida pelas leis estritas da rotação planetária.
Mas também será um amor que nunca se extinguirá
Para dar continuidade a uma rotina temporal

Necessária.

Blackiezato Ravenspawn

A Ironia Do Amor I - Príncipe Crepuscular (Zwielicht Prinz)

Para cada príncipe, existe uma princesa,
Porque só se é rei, que uma rainha, tem.
E é por isso que ele busca pela realeza,
Para partilhar o seu reino, com alguém...

Ele que traz o anoitecer no seu manto real
E o violeta pintado na sua brilhante armadura.
Com uns olhos que brilham de forma surreal,
Que escondem no fundo, uma dor obscura.

Ele que passa por mim, sem nunca me ver,
Andando sempre em frente pelo ocidente.
Deixa-me curioso com a vontade em saber,
Porque razão ele repete isto, diariamente?!

E então hoje perguntei ao lorde crepuscular,
Qual o porquê da sua demanda desalmada.
E ele respondeu-me caminhado, sem me olhar,
Que ia em busca da sua princesa Alvorada...

E quando ouvi tal resposta, confesso que sorri,
Mas logo a seguir, o meu coração entristeceu.
Talvez seja pena, mas pelo que me apercebi.
Que todas as vezes que ele passou, o céu

Escureceu...

Blackiezato Ravenspawn

Armadura de Espinhos

Estranho... Estranho... Ó estranho!
Tu que me dizes querer tocar
Com o intuito de me amar...
Porque então, não tiras esse manto
Para ambos irmos brincar?

Estranho... Estranho... Ó estranho!
Tu que me desejas mesmo agradar
Com a única razão de me encantar...
Porque agora foges? qual é o pranto?
Porque tens medo de me abraçar?

Estranho... Estranho... Ó estranho!
Tu que julgavas poder-me hipnotizar
Ó mascarado(a), quem desejavas enganar?
É por isso que agora choras tanto?
Por não me conseguires, domar?

Estranho... Estranho... Ó estranho!
Tu que me querias tomar como as outras flores
Magoaste-te? Temos pena! Agora, não agoures...
Nem percas tempo comigo, por favor nem te zangues
Sshh... Deixa-me ouvir, o escorrer do teu sangue.

Porque as vossas mentiras, excitaram os meus espinhos
E assim a vida, teve a oportunidade de vos mostrar...
E agora pelos vossos dedos, correm lívidos rios de vinho
Haha! Eles queriam uma rosa, mas não se queriam picar!

O teatro tornou-se numa piada, e esta numa anedota,
Quando vieram a mim e quedaram-se junto à minha presença.
Lançaram-se sem rumo e seguiram duvidosas rotas
E acabaram à derivada nos oceanos gigantes da indiferença

Perdidos... Afundados... E esquecidos...
Por isso quem escutou esta história,
E para quem quiser o meu coração e o meu ouro.
Aviso-vos. Não se armem em bandidos...
Ou lucraram apenas, agouro.

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Ode Para A Mãe Lua

Ó mãe... ó nossa querida mãe!
Tu que cantas p'ros lunáticos e p'ra mais ninguém!
Ó mãe... ó nossa querida mãe!
Tu que brilhas no céu, sempre tão bela e tão bem!

Eu oiço os meus irmãos, a uivar na minha mente
E as ondas a gritar, bravas cheias de violência.
E se existir algo que desejo, de certo realmente
Faz com que a tua prata, purifique a decadência.

Ó mãe... ó nossa querida mãe!
Tu que cantas p'ros lunáticos e p'ra mais ninguém!
Ó mãe... ó nossa querida mãe!
Tu que brilhas no céu, sempre tão bela e tão bem!

Conforta-me no manto doce, da tua fina neblina
E pega-me no teu colo e tirai-me para fora daqui.
Cobre-me com a tua penumbra, os males da vida
E beija-me na testa e carrega-me junto a ti.

Ó mãe... ó nossa querida mãe!
Tu que cantas p'ros lunáticos e p'ra mais ninguém!
Ó mãe... ó nossa querida mãe!
Tu que brilhas no céu, sempre tão bela e tão bem!

Pois a solidão, veste-me com a maior das elegâncias
E os espectros declamam-se, com imensa vaidade.
Vivo longe de ti, separado por uma enorme distância
Hipnotizado pelo magnetismo, preso pela gravidade.

Ó mãe... ó nossa querida mãe!
Tu que cantas p'ros lunáticos e p'ra mais ninguém!
Ó mãe... ó nossa querida mãe!
Tu que brilhas no céu, sempre tão bela e tão bem!

Eu sinto o ódio, a apoderar-se deste pequeno mundo,
Doi-me a alma, e frígido se encontra o meu coração.
Por isso embala-me, no teu abraço mais que profundo
E acaba com este tormento, com toda esta frustração.

Ó mãe... ó nossa querida mãe!
Tu que cantas p'ros lunáticos e p'ra mais ninguém!
Ó mãe... ó nossa querida mãe!
Tu que brilhas no céu, sempre tão bela e tão bem!

Descasca-me desta penosa, e cruel espiral mortal
E Libertai-me desta prisão, desta miserável urna.
Colhe-me nas tuas mãos e soprai-me ao vendaval,
As cinzas da perdição, ó minha querida, mãe Luna.

Ó mãe!... Ó minha carinhosa mãe!
Ouve os meus clamores e eleva-os além...

Ó mãe!... Ó minha carinhosa mãe!
Carrega a minha fragílidade e a mim também...

Ó mãe!... Ó minha carinhosa mãe!
Para ti eu sou tudo, para o resto, ninguém...

Ó mãe!... Ó minha carinhosa mãe!
Faz-me brilhar como tu, tão belo e tão bem...

Ó mãe!... Ó minha carinhosa mãe!
Aceita estas lágrimas, e por favor, vem...

Ó mãe!... Ó minha carinhosa mãe!
Tu que possuis um encanto que mais ninguém tem.

Blackiezato Ravenspawn

O Meu Grandioso Cavaleiro

És um Lorde de palavra, és um cavaleiro,
Com a tua vontade repleta em bravo fervor...
Sois mais humilde que um simples escudeiro,
E demasiado nobre para um grande senhor.

És o símbolo da honra e da autêntica disciplina,
A manifestação gloriosa da magnífica excelência.
Digna de homenagem, no topo de uma colina,
Pois tens um coração, mais puro que a inocência

Vós sois a minha inspiração, o meu emblema,
E eu vosso poeta que relata as suas aventuras.
Por isso aceitai, e equipai, este meu poema
Como se tratasse da tua invisível armadura.

Pois a minha espada estará sempre ao seu dispor,
Como em nome de alguém que seja honesto e gentil.
Mas para vós que me inspiras, com o teu sublime fulgor
Eu digo - Parabéns, meu amigo! Tu vales por mil...

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 28 de julho de 2012

Cancro Na Alma

Vangloriaste que vives no topo
Nessa pilha de luxuosos carros
Achaste excêntrico, mas és um louco
Que infesta o mundo, com os seus escarros.
No lugar do teu coração, tens uma pedra
És hipócrita, não tens valores
És mais um que aguardo pela sua quebra
Sua casa infame, de tumores!

Iludes-te que tens o mundo aos teus pés
Lá por comprares a liberdade
Julgaste grande, mas pequeno és
Sem porção alguma, de dignidade.
Pois a ganância fez de ti, mais uma presa
E embalsou a tua cara no seu cobre
Podes fazer parte da sua enorme riqueza
Mas no fundo continuas, ainda pobre.

És um tirano que obtém o que mais quer
Sem ganhar mesmo as suas lutas
Gabaste que dormes com qualquer mulher
Mas acordas sempre, envolto em putas.
Porque o egoísmo fez de ti o seu escudeiro
Para o seguires na sua demanda obscura
Em busca do negócio, do "precioso" dinheiro
Minando as grutas, cavando a tua sepultura!

Enquanto a gula faz-te perder a moderação
E o consumo torna-se na tua crença
Esbanjaste ridículo sem ter noção
Enquanto padeces lentamente, nessa doença.
E eu pergunto - queres dar-me a entender o quê?
Que estás acima de mim, ou que és profano?
És um miserável, que nem mesmo vê
Que é uma amostra patética de ser humano.

E é com essas mãos ímpias no teu peito
Intoxicado por esse teu orgulho
Que dizes que te queres soltar, do mal feito
Embora sejas tu, a razão do barulho
E assim clamas pelo diagnóstico
Tremendo cobarde, transpirando das palmas
Que pergunta tonta! - Não te é lógico?!
Que tens cancro na alma?!

És uma lamentável pútrida abominação
Um miserável verme, um cão enfermo
Pestilência que só conhecerá a purgação
Nos malditos fogos do inferno!

Ninguém-te mandou deixar florescer
A corrompida flor da tirania
Agora assim vais apodrecer
Engasgado nas tuas mentiras, em agonia
E quando derramares essa tua seiva
E o teu odor, a morte convidar
Ela dará uso à sua bizarra ceifa
Sem misericórdia alguma, sem hesitar

Em todos os que se lavam na malevolência
Com atrocidade, com pujança desmedida
Fazendo ela masturbar-se na vossa decadência
Enquanto espera o dia, de foder-vos a vida!
Para depois sem afinco e sem calma
E assim para quem tiver de ser
Para quem tem cancro da alma
E para quem não merece viver!

"Aaaaah! Como eu desejo ver-vos ajoelhados
Perante a mim, diante do meu cóccix!
Para que me estimulem com os vossos pecados,
O que me resta deste meu, cruel clítoris!"

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Narcisismo Floral

Ai rosa negra! Que criatura mitológica
E uma espécie em vias de extinção!
É o que ela te diz, a menina ecológica
Lá no fundo do seu coração...

Pegasus é como ela te denomina
Pela tua genuína raridade surreal.
Mas digo-lhe já que ela também tem um bom estigma
Com uma boa componente bem original.

Mas agora deixando as "metáforas" à parte,
Para te enraizares profundo nesta matéria.
Pois o teu alimento natural, é a arte
No meio deste tóxico, desta miséria

Sim! Porque tu não consegues enfrentar o mundo
Sem a tua ilustre capa das sombras
Aquela que cobre as tuas pétalas de vagabundo
Cuja delas a maior parte, zomba

Sendo por uns, mais um mal interpretado
E por outros, até um ser bem complexo
Mas para os que se aparentam simples gado
Aviso-lhes já, que não têm grande nexo

E já agora se dizem que existe uma cara-metade
Para todo o miserável que habita nesta região
Eu pergunto-te - Onde andará a tua de verdade?
E porque ela te deixa murchar em solidão?

Porque estou-te a ver perderes a tua sanidade
A espalhar o teu grande pólen em vão!
Porque estou-te a ver fechar-te na tua vaidade
Sozinho dentro dessas pétalas de carvão!

Por isso em nome desta criatura que ainda respira,
Para quem tiver ainda um coração natural!
Que por favor, o liberte desde antro de mentira
E que lhe destape o véu do seu narcisismo floral!

Estou cansado...

De viver com actores e ser considerado um personagem!
Quando no fundo... Quando no fundo, sou o mais franco de todos
E não sigo guião algum... A não ser o do meu improviso e naturalidade.
Aquela... Aquela, que fez-me falar de mim na terceira pessoa.

Em forma de uma flor, que nem um pedaço de tal aparento ser.

Como ela, o é.

E assim que termino este meu devaneio teatral
Arrumando de vez, este forçado narcisismo floral.

Ai, rosa negra, rosa negra...
Só escreves disparates.

Blackiezato Ravenspawn

Anda Ser Miserável Comigo

Ambos sabemos as regras deste jogo,
Dos dramas, como das complicações.
Das metáforas amorosas sobre o fogo,
Como dessas lamechas tontas canções.

Que falam dos votos e das nobres juras,
De fidelidade em forma de promessas.
Com vontades transcendentes e tão puras
Cheias de ânsias, cheias de pressas.

Por isso...

Deixe-mo-nos lá de coisas românticas,
Quando podemos criar algo bem melhor.
Através das nossas fórmulas quânticas,
Como génios loucos, sem temer o pior.

Focar-nos-emos apenas na indiferença,
Faz como eu, esquece lá o teu umbigo.
Ignora a tua vida, ignora a tua sentença
E anda daí ser miserável comigo!

Mas antes disso...

Mata tudo o que sentires por mim,
Para assim alcançar-mos a simbiose juntos.
Sem um propósito de inicio, nem de mesmo um fim,
Sem ser regido por momentos, nem mesmo segundos
Bem longe da radiância em degradação
Exilados no solo deste ridículo jardim
Processando ambos a nossa decomposição
Criando assim, o nosso húmus.

Húmus...

Húmus que alimentará os nossos vermes.

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Scat!

Não sou grande aficionado por pornografia
Prefiro o meu erotismo e a minha poesia,
Com os meus fetiches e as minhas fantasias
Compostas por júbilos e até mesmo agonias.

Mas de tudo o que mais me enoja
E o que faz-me mesmo assim vomitar,
É a maioria do que a televisão me mostra
Na sagrada hora em que estou a jantar!

Scat-scat-scat!
Políticos inúteis a falar
E criminosos de merda a sair!..

Scat-scat-scat!
A mesma bola sempre a rolar
E as mesmas tradições a persistir!..

Scat-scat-scat!
A constante intoxicação de valores
Que gera entretenimento para lerdas!..

Scat-scat-scat!
Onde os ímpios fazem-se de senhores
Criando ridículos espectáculos de merda!..

Scat! Scat! Scat! SCAAAAAAAAAAAAAAAAAAT!

Ah!!! Olha como eles sorriem com as bocas cheias de merda
Como um bandos de suínos badalhocos!
Sim! Vocês mais vossa alta definição de porcaria
Onde trocam a dignidade por uma pocilga, seus sujos sem vida!

Porque até ver duas gajas a passar fezes pelo corpo é menos nojento do que existe nestas trampas generalistas. Pelo menos, ainda dá para me rir do absurdo...

Pois de mim, não existe misericórdia para a estupidez!

Blackiezato Ravenspawn

Cinzento

É através destas castanhas irises,
Neste caldeirão que junta cores
E que mistura as vis ervas daninhas,
Com as restantes vaidosas flores.

Recolhidas nestas lentes panorâmicas,
Nestas minhas retinas da percepção.
Que guardam os meus instrumentos de análise
Onde separo a realidade da ficção...

E é aí que eu vejo uns, que desejam ser bons
Quando outros optam por ser maus.
Como uns que se dizem ases de ouros
Enquanto outros conforam-se em ases de paus

E agora eu pergunto a este mundo de extremos
E a ambos aos pólos do meu pensamento.
Porque razão eles se julgam pretos e brancos?
E não como eu, um simples cinzento!

Porque nunca existira uma luz sem sombra,
Nem mesmo o prazer sem a dor.
Enquanto a melancolia brincar com a serenidade
Num mundo dividido por ódio e amor...

Variando entre pesadelos caprichosos
E como sonhos de vertente dramática.
Ausentes das vossas condenações puritanas
Longe de celas duplas, monocromáticas.

Porque o mundo não composto por pretos e brancos
Mas sim por diferentes tons de cinzentos, comuns ou raros
Uns demasiado puros para serem considerados escuros
Outros pecadores o suficiente, para não serem claros...

Ou será mesmo preciso a morte dissolver as vossas vidas?
E tirar a cor dos vossos sentidos, revelando uma alma transparente...
Que se libertará de uma crisálida multicolor
Tornando-se cinza com o tempo, progressivamente...

Defecação Lírica

Só de pensar nas caras de alguns de vocês
E nessas palavras que tanto me serviram.
Nesse banquete que daria bem para um mês,
Que nem mesmo os meus ouvidos, resistiram!

E só de imaginar como tudo isso desceu
Pelo meu esófago delgado, quase em mania!
Embatendo nas paredes deste estômago, meu
Causando-me a mais terrível de todas as azias!

Como também daquela forma como me levantei,
Célere, com as mãos sobre a minha barriga!
Que nem sei mesmo, como vos explicarei
O que na realidade, mesmo eu sentira!

Pois tinham fecundando em mim um ser,
Lá nos confins das minhas escuras entranhas!
Que julguei por momentos que iria falecer
No decorrer do parto, daquelas fezes castanhas!

Ai! Como o meu esfíncter gritou em dor,
Abafando o som dos pensamentos da mente!
Fazendo-me sofrer na paixão desse clamor
Naquela sanita tão confortável, totalmente!

Que quando finalmente expulsei cá para fora!
Parindo tão violentamente num jeito profundo..
Fez-me sorrir no final como uma mãe orgulhosa
Quando entrega mais um presente, ao mundo...

Merda essa, que alimentará este pobre solo
E que dará vida à próxima vegetação!
Ao libertar este constrangimento, do meu colo
Pelo simples acto biológico, de defecação!

E é agora com o meu ventre mais vazio
Sentindo-me radiante, mais uma vez!
Que recito cercado por um cheiro a bafio
- CAGUEI PARA TODOS VOCÊS!

De uma forma tão exímia e tão empírica,
Resultando nesta bela defecação lírica.
Esquecendo o que outrora, me disse alguém
Sentindo-me aliviado... Sentindo-me bem!

Pois foi quando olhei para o papel que usará para limpar o meu ânus...
Que encontrei esta poesia.

Blackiezato Ravenspawn

terça-feira, 17 de julho de 2012

O Niilista

Porque é que tem de existir um sentido,
Quem vos acheis para julgar-vos especiais?
Pensando que são épicos profetas escolhidos,
Quando no fundo nascemos todos iguais?!

E porque perdereis imenso esforço e tempo,
A construir esses ilusórios castelos na areia?
Para depois melindrai-vos em desassossego,
Na ignorância habitual sem ter alguma ideia?!

E como assim desejam que creia em algo
Quando vejo a minha vida sempre a mudar?
E já agora porque razão tenho de ser salvo
Quando na realidade, nada me está atormentar?!

E o que fará os filósofos buscar pelas eras,
Pelo propósito desta insignificante existência?
Seremos mesmo nós únicos distintos das feras.
Com impulsos de crueldade e de clemência?!

E o quê que eles viram para me achar um infeliz,
Quando eu não me ralo com as coisas conseguidas?
Ignorando o que esta confusa multidão me diz,
Porque nem eles sabem o que fazer com a vida!

Como fossem na maioria traças em volta de chamas,
Vivendo atraídos a um doentio continuo cortejo!
Que os entretém com truques, esquemas e dramas
Para acabarem queimados, nos fogos do desejo!

Tal e qual a tecnologia que vejo sendo desperdiçada,
Pelas mãos ímpias do egoísmo e da ganancia humana!
Quando as más intenções geram as maiores emboscadas
Corrompendo tudo, por uma febre insana...

Quando os homens tornam-se os maiores antagonistas,
Ditando as massas o que elas haverão de fazer...
Enquanto eu, aquele ridículo e miserável niilista,
Obtém o que mais deseja, sem ser necessário me mexer!

Sim, eu repito!.. - Eu não passo de mais um niilista
Imune às necroses da alma que crescem com o tempo em mim!
Como um fantasma que vadia pelos escombros de práticas idealistas
Sem se lamentar e ralar-se com um fim!

Enquanto observo a entropia tomando-me lentamente
E sorrio em melancolia, quando escrevo como, um demente!
Porque o único sentido da vida... É aquele!
Cujo não se possui na integra algum...

Porque nada...
É o único absoluto!
Que alguma vez....
Poderás alcançar!

...


Mas talvez um dia lembrar-se-ão do niilista,
Daquele que viveu o melhor sem nada fazer.
Sendo um controverso preguiçoso duelista,
Que esgrimiu contra o tempo, sem nada temer.

...

Esperando pelo seu último acto que é morrer.

As cortinas fecham-se e os aplausos ouvem-se...
Mas infelizmente agora é tarde de mais
Para serem retribuídos com vénias.

Até que a entropia nos junte outra vez...

Caros Niilistas... No vazio.

Onde tudo é nada e nada é tudo!

Blackiezato Ravenspawn

Dormindo Em Segurança

Eu adormeci angustiado na minha cama,
Mas tu acordaste-me no meu subconsciente.
Eu perguntei-vos - O que fazeis aqui dama?
E tu respondeste-me sorrindo, alegremente.

Que tinhas um tremendo desejo de me ver,
E que assim usaste essa desculpa para entrar.
Pois estavas aborrecida, sem nada que fazer
E precisavas de alguém com quem conversar...

E foi lá no meu sono, que eu te acompanhei,
Fazendo de um vulto que eclipsou a tua lua.
Quando suavemente te beijei e te acaricei,
Deixando na tua pele, toda a minha penumbra

Enquanto rebolávamos lá na minha imaginação,
Nas planícies de cristal como duas crianças.
Até eu despertar de manhã e tomar atenção
Que tinha dormido contigo... Em segurança.

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Amor Puro

O amor puro é como uma estranha semente,
Que brotará algures quando achar o seu  tempo.
E não é algo comum que acontece de repente,
Como se tratasse de mais outro volátil momento.
É mais como se fosse, uma injecção de heroína
Que deixar-te-à para sempre, severamente agarrado.
Algo que só notarás, quando te vires em ruína,
Quando desejares a droga e não a vires ao teu lado.
E não importa a vossa distância e as quantas curas,
Pois viverás eternamente na sombra desse tal laço.
Que te fará partir em busca da última loucura,
Inalcançável aqui. Só possível noutro espaço.
Onde existe um magnetismo que atrai almas,
Residindo em segredo, nestes egos controversos.
Que faz d'um trocar de olhos, um juntar de palmas,
A singularidade que une, os demais universos...

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 8 de julho de 2012

Planeta Vazio

"A vegetação densa" recobriu de novo o seu "solo" (o pelo/a sua pele)
E a "terra" ganhou de novo força, para "renascer" (mente/se recompor)
Quando o "magnetismo" foi-lhe devolvido aos "pólos" (equilíbrio/extremos)
Dando-lhe mais uma vez a habilidade de "crescer" (evoluir)

Enquanto isso, as "fissuras" enchem-se de graça (magoas)
Pois o seu "magma" furioso, tornou-se calmo (tensão)
Gerando uma nova "era" que lentamente o "trespassa" (fase/transforma)
Dando forma progressivamente, "palmo a palmo" (à sua personalidade)

E agora os "geiseres" tendem a fluir esporadicamente (sorrisos)
Sem os "estímulos" das extracções de "matéria" (gestos/interesse)
Que dantes eram "cobiçadas" inconscientemente (requisitadas)
Por "parasitas" vis que "lucravam" com a sua miséria (falsos/regozijavam)

E é nos confins deste "mundo" rico em "minérios" (coração/humanidade)
Que existe uma fossilizada antiga "civilização" (sociedade)
Vítima das "catástrofes" de um destino sério (mentiras)
Causada pelas consequências da sua "destruição" (apatia)

Mas agora o "elemento ar" fá-lo "respirar" em liberdade (pensamento/expressar-se)
Como "o elemento água" devolve-lhe a sua pureza (a sua autenticidade)
Quando "o tempo" traz-lhe dias de criatividade (a dedicação)
E "as estrelas" encantam-lhe as noites com a sua "beleza" (os sonhos/magia)

E é esta a história daquele "antro" que fora "sombrio" (humano/corrompido)
Que vejo agora tornar-se num distante "planeta vazio" (solitário)
À espera de receber "em simbiose" "outra raça" (o respeito/de outra pessoa)
Ou acabar "parasitado", condenado "à desgraça" (explorado/ao desgosto)

Tal e qual como eu...
Se trocares as palavras

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Metamorfose

Minúscula criatura que nasceste no rés-do-chão
E que vives rastejando numa tremenda imensidão.
Perseverança é o nome e a tua única inspiração,
Que preenche o silêncio em forma de uma canção.

E mesmo cercada por vermes e por predadores,
Moves-te lentamente com breves baixos clamores.
Nessa tua natureza tão fragilizada e tão vulnerável,
Condenada a um destino, tão ruim, tão inaceitável...

Feia e tonta, são-te impostas como referencias,
Quando te alimentas humilde, na tua pura inocência.
E eles aproveitam-se de ti e da tua inexperiência
Rebaixando-te e fazendo pouco, da tua existência.

E é cobrindo-te em dor num espesso ressentimento,
Fechando-te solitária, numa câmara de pensamento.
Que ignoras os possíveis males deste triste mundo,
Para poderes viver em paz, no teu sonho profundo...

E nessa dúvida exilas-te, de toda a existente confusão,
Enquanto buscas dentro de ti, por alguma ciente razão.
Liderada por uma apatia que dirige esse teu coração,
Nesse teu escudo que te protege, segura na escuridão.

Apenas acompanhada, pelo subconsciente de ti mesma,
Porque ninguém te quer, nem mesmo uma nojenta lesma.
Que tu aprendes a dar valor ao pouco que assim tens,
Valorizando o interior do resto que tu tanto te absténs.

Fazendo uma introspecção, exímia sobre a tua vida,
Que te faz feliz, livrando-te magoas, sarando-te feridas.
Embora continues no fundo, a mesma incompreendida,
Mas é essa atitude, que faz de ti, uma das mais queridas.

E foi na busca de uma desejada plenitude,
Que tu alcançaste finalmente a tua virtude.
Quando o sol penetrou pela tua carapaça,
E revelou-te um mundo, repleto de graça.

E é no mistério da tua grande modéstia,
Que te questionas se isto foi mesmo real.
Quando saíste tímida da tua moléstia,
Com uma reacção deveras descomunal.

Quando ergueste as tuas leves e suaves asas,
Que te elevaram livre, no sublime e volátil ar
Refutando todas as mentiras a ti lançadas,
Vindas daqueles que não te souberam amar.

Porque a chave fenoménica da metamorfose
Reside apenas naqueles que acreditam,
Na junção entre o ego e a alma, em simbiose
Onde os limites do sonho, não habitam.

E essa pequena larva, que antes rastejava
Caminhando como uma miserável, junta à sarjeta.
Agora vê-se desprender, da ilusão que lhe agarrava,
Tornando-se numa bela e ilustre borboleta.

Por isso, lembre-se, minha maravilhosa Criatura,
Que nenhuma barreira, se estenderá alguma vez acima
Do seu esplendor, que faz de si uma obra-prima
Pois a sua vontade, alcança mais de mil metros de altura.

E vê como todos os que te oprimiram, agora olham para si
Ridicularizados pelas suas palavras, tão néscias e sombrias
Que os prendem às suas inseguranças, à inveja e à hipocrisia
Quando inspiras os outros, quando passas voando, por aqui.

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 17 de junho de 2012

Solidão III

Ó homem estranho, ó descendente da lua
Tu que andas perdido algures nessa rua
E que prossegues em frente, sem intenções de parar
Mesmo que não haja motivos, para continuar

Anda cá então...
Anda cá então...Anda cá então
Ter com a tua amada solidão

Tu que foste com a esperança d'algo encontrar
Embora não chegaste mesmo assim a alcançar
Mas será no vazio, dessa tua cama solitária
Que encontrarás o conforto de uma dama precária

Por isso deita-te então...
Deita-te então... Deita-te lá então
Nos braços da querida solidão

Para que possas sonhar tanto
No silêncio da minha canção
Passando uma noite em branco
Depois de um dia de frustração

Mas lembra-te meu pequenino
Não te esqueças meu coração
Que eu nunca te deixarei sozinho
Pois eu a tua amiga solidão

Por isso respira fundo...
Respira fundo... Respira lá fundo
E esquece lá esse mundo

E é assimilando essa magoa tua
No nosso secretismo, na escuridão
Que tu me dás a tua pele cinzenta nua
Ás mãos remediantes da solidão

Duas décadas de solidão
E mais duas décadas, assim virão
Não por falta de atenção
Mas sim por falta de compreensão.

Por isso brilha lá então...
Brilha lá então... Brilha lá então
Jóia prateada... Para a tua amada Solidão.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

As Quatro Cavaleiras Do Apocalipse

Quebram-se os grandes portões
Perante a última negra revelação
Em nome de todas as predições
Surgem as vozes da destruição!
E assim dá-se o despertar dos selos
Das profetas, as mãos do Apocalipse
Que vos arrastaram pelos cabelos
Para dentro do entrópico eclipse!

Primeiro Selo - A Conquista

Os céus rugem, a terra estremece - vem a conquista,
Nascente do relâmpago, montada em cavalo branco.
Com arco em punho - eis a primeira decadentista
Que veio subjugar o que a humanidade desejava tanto.

As linhas são invadidas, as suas hordas avançam
Os homens choram e os seus sonhos ardem.
A dama de ferro é coroada e os ventos cantam,
Quando as fronteiras e as suas cidades caem!

Segundo Selo - A Guerra

Água torna-se em sangue e a chuva em chamas
E lá vem ela cavalgando, pintada de encarnado.
Eis a Guerra - a senhora das espadas, o drama
Que faz da paz e esperança, coisa do passado.

E possessos em frenesim, os povos lutam entre si,
A malícia cresce e a segunda decadência emerge.
Transformando todas as sociedades numa barbárie,
Aniquilando tudo que a pouco e pouco se perde.

Terceiro Selo - A Fome

As trevas caiem e dá-se o cavalgar da grande terceira,
Que traz as balanças para cobrar todas as dívidas.
E montar o seu maior negócio de toda a sua carreira,
Discursando em preto para todas as criaturas lívidas.

"Exijo um quarto de trigo por um dia do vosso salário
E mais três quartos de cevada para vosso desconforto.
Não danifiquem o azeite, nem o vinho, seus ordinários
E quem não pagar o que deve, pagará com o corpo!"

Quarto Selo - A Morte

E é no final que vem a rainha das donzelas espectrais,
Cavalgando para colher o restante quarto da humanidade.
Usando a sua ceifa, a pestilência e as criaturas abismais,
Mais o suporte do seu pálido cordel e do seu servo Hades.

E o câncer e a lepra espalham-se como as más notícias
E as pessoas vão caindo uma a uma, em dominó!
Até que a resignação tome as últimas resistentes milícias
E transforme tudo o que outrora foi vida, em pó!

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 9 de junho de 2012

Espiral Descendente - Spirit Fly Catcher

Como se atrevem a entrar nos meus salões,
Para vir destronar, eu, o príncipe do pináculo?!
Vieram alimentar-se das minhas lamentações,
Ou vieram antes para assistir o meu espectáculo?

Aviso já a todos aqueles que me querem capturar,
Que terão de dar as vossas essências ao manifesto.
Pois não existe outra maneira de assim conquistar
O homem que pela sua irrealidade foi infesto.

Eu, que sou o isco plantado no pilar da obscuridade,
Uma armadilha sinistra cuidadosamente plantada.
Que atrai os espectros pregadores da mortalidade,
Para terminar de vez, as suas existências flageladas.

E olha para os teus vassalos, querida depressão,
Como eu os arrasto para o meu subconsciente.
Fazendo dos teus planos, a tua maior decepção,
Enquanto os desintegro numa espiral descendente.

E onde estás tu dona?! Eu exijo mais e mais comida!
E porque foges de mim, quando me prometeste agonia?
Vais abandonar os teus peões dentro de mim à deriva,
Do meu ego, até serem consumidos pela entropia?

Devias saber bem que eu sou viciado em grande dor,
E devias ter mais cautela aqui no meu local de lazer.
Porque quanto mais me fizeres sofrer e causares rancor,
Mais fome me dás e mais aumentarás o meu poder.

So come forth, spectral flies of doom
Bite me up, like nothing mattered
Because all of you will be consumed
In the gorge of the spirit fly catcher.


Blackiezato Ravenspawn

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Dessagrando A Bandeira

Uma leprosa incurável decadência
Assola esta velha paraplégica nação
Que se alimenta de fracas experiências
Sentidas nas touradas e na religião
E é assim que o povo busca conforto
Nas tumbas das glórias do passado
Há espera que regresse o príncipe morto
Que resgatará este país flagelado
Agora preso em teias de fracassos
Responsáveis por usurpadores e tiranos
A neblina cai, o futuro está baço
Aqui neste império fantasma, uma vez soberano

E a ignorância espalha-se como uma doença
Nos centros das praças como nas televisões
Pelos necromantes que reforçam a mesma crença
Com as suas mentiras e as suas ilusões
Num teatro de contínua miseribilidade
Que converte néofitos para um culto
Chamam-lhe património da humanidade
Eu chamo-lhe patético e lamentável vulto
Todos falsos profetas, todos ídolos inúteis
Vendem-se amassando o pão do diabo
Para nos servir nos vossos dias úteis
Em troca dos vossos cobardes rabos

E é por isso que não sinto mais empatia
Pelo que simboliza esta rasgada bandeira
Porque só nos momentos de feitiçaria
É que se vê um povo a sair à maneira
E é enrolado em sarcasmo e em eufemismo
Que eu vislumbro e pergunto ao sol
- O que é feito deste grande patriotismo
Quando acaba o futebol?

E é por isso que eu dessagro esta bandeira
Com o meu sémen e com as minhas fezes
E é por isso que eu dessagro esta bandeira
Com o meu sémen e com as minhas fezes!

...

Ó lustro mar lusitano nosso!
Tu que nos desvendaste outrora a glória
Só tu consegues reencher este poço
Da seca dos constrangimentos da nossa história
E é tributando-te ao sabor do vendo
Que eu ofereço a minha alma repleta em sal
Tirai-nos desde constante sofrimento
E rejuvenesce este idoso portugal
Com as tuas ondas, com as suas mortes
Extingue estas negras chamas que ofuscam mentes
Porque este sangue já deixou de ser forte
Por isso cria um novo, para os inocentes.

...

Com as que queimo aqueço o meu coração
Com as restantes, uso-as para a costura
Rasgando-as e depois recozendo em frustração
Eu faço cuecas para mim, em pura loucura.

Porque invés de me intoxicar com a voz do Cavaco
Prefiro servir Baco e envenenar-me com tabaco barato.

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 3 de junho de 2012

Mestre Artesão De Rimas

Tu és o magnífico mestre artesão de rimas
Um perfeccionista repleto de sublime graça
Aquele espadachim que é um guru da esgrima
Que baila no papel, enquanto o tempo passa
Tu que dominas o momento além da realidade
Como o faz uma borboleta monarca, elegante
Quando te soltas das teias da gravidade
A partir da magia dessa tua caneta cintilante
Tu que produzes noites e dias sem cessar
Todos os dias da semana, ao teu belo prazer
Trazendo do vazio algo para se contemplar
Com essa tua exímia arte de tão bem escrever
Fazendo de ti um criador de multi-universos
Quando fazes das tuas palavras, marionetas
Sendo aquele poeta que brinca com versos
Tal e qual uma menina, brinca com bonecas

Blackiezato Ravenspawn

"Só Mais Um Chuto"

Ele é tão viciado! Completamente
Que ninguém o consegue parar
Pois ele só tem um desejo na mente
Que se resume apenas, em chutar

E ainda pequeno, já chuta na escola
Preparando o caldo, sem uma colher
Mas é agarrado e nunca passa bola
Pois é tudo dele, venha quem quiser.

E é a chutar sempre em demasia
Para fugir da rotina do quotidiano
Que ele encontra a sua maior alegria
Chutando todos os dia como um insano.

Até à auxiliar confrontar a sua negação
Quando me vê e chama pelo meu puto
Dizendo - anda lá, Pedro, olha o teu irmão
Que ele nos responde - Só mais um chuto!

E apesar de novo,  já é considerado rei dos "recos"
Porque finta os outros, como se fossem bonecos.

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 2 de junho de 2012

Impulsos Genéticos

Pe ta-ta-ta ta, Pe ta-ta-ta ta,
Pe ta-ta-ta ta, Pe ta-ta-ta ta,
Pe ta-ta-ta ta, Pe ta-ta-ta ta,
Pe ta-ta-ta ta, Pe ta-ta-ta ta.

Quando oiço esta batida
Fico completamente louco
Pois é como a minha vida
Vale-se no fundo, tão pouco!

Eu tenho que me desenvolver
Pois a minha existência chora
Sinto que devo me assim mexer
Acho que chegou a minha hora!

Pois eu sinto os meus genes
Eles estão sedentos para marchar
Quando tocam estas sirenes
Anunciando a altura de procriar!

É o meu instinto animal
É um desejo que branda
É um cio bélico tão letal
Que ruge e me comanda!

Pe ta-ta-ta ta, Pe ta-ta-ta ta,
Pe ta-ta-ta ta, Pe ta-ta-ta ta,
Pe ta-ta-ta ta, Pe ta-ta-ta ta,
Pe ta-ta-ta ta, Pe ta-ta-ta ta.

Eu quero conquistar ventres
Eu quero encher meninas
Eu quero viver para sempre
Eu tenho de subjugar vaginas!

Eu tenho o Tesla nas minhas gónadas
Pois eu sinto-me repleto de electricidade
Que fortalece estas tribos nómadas
Eu sou o Ghenghis Khan da modernidade!

O meu corpo é engenheira Alemã
Calibrada, funcionando perfeitamente
Por isso fujam, minhas ricas irmãs
Pois estão na mira da minha mente!

Achtung! Meus espermatozóides!
Infiltrai-vos nos óvulos que persistem
Sieg Heil! Meus caros bio-andróides!
Nadai, dividem-vos e conquistem!

Pe ta-ta-ta ta, Pe ta-ta-ta ta,
Pe ta-ta-ta ta, Pe ta-ta-ta ta,
Pe ta-ta-ta ta, Pe ta-ta-ta ta,
Pe ta-ta-ta ta, Pe ta-ta-ta ta.

Pois eu sinto a necessidade de lutar
Eu sinto a necessidade de produzir
Eu sinto a necessidade de copular
Eu sinto a necessidade de expandir!

Eins, zwei, drei, vier!
Avante em frente, é altura de partir!
fünf, sechs, sieben, acht!
Blitzkrieg! É altura de combate!

De um corpo que deseja montar o cerco
Ao som dos seus tambores aritméticos
Pois o instinto triunfa, a razão eu perco
Perante os meus impulsos genéticos!

E o meu pénis levanta-se em glória
Em nome da fisionomia do género macho
Que passará o meu legado pela história
Porque se eu não o passar, eu racho!


Pe ta-ta-ta ta, Pe ta-ta-ta ta,
Pe ta-ta-ta ta, Pe ta-ta-ta ta,
Pe ta-ta-ta ta, Pe ta-ta-ta ta,
Pe ta-ta-ta ta, Pe ta-ta-ta ta.

E sou apagado da piscina genética.
Para sempre...

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Morte Bonita

Outrora foste uma estrela vistosa
E a mais sublime das redondezas
Pois eras tão poderosa e grandiosa
Que nem davas espaço para incertezas

Eras o célebre motor de toda a vida
Uma Semi-Deusa de luminosidade
O coração de uma galáxia comovida
Que nutria um corpo de majestosidade

Tu que encandeavas a luz das tuas irmãs
Com a tua vaidade, com esse teu brilho
Para seres venerada todas as manhãs
Como uma doce mãe, é pelos seus filhos

Sendo uma chama virtuosa nesta escuridão
E um ponto de referencia neste mar cósmico
Pois toda a graça era criada pela tua mão
Devido ao teu poder ardente astronómico

Até ao dia da tua negra metamorfose
Quando mostraste as tuas intenções
Deslumbrando-te no preto com tal pose
Impondo assim o fim, das equações

Porque a tua existência custava energia
E tu sabias bem desse teu contracto
E agora só te restava servir a entropia
Para teres a chance de representar mais acto

Agora com uma rosa que se tornou insana
E que tinha um tremendo medo de murchar
Pois queria ser para sempre a mais soberana
E que fez tudo o que tivesse para continuar

E julgando isso ser para todos o melhor
Tu juntaste para sempre, fracos e fortes
Para a última valsa espacial ao teu redor
Em homenagem a ti, à estrela da morte

E foi tornando-te nesse buraco negro
Que tu tiveste protagonismo nesta fita
Destruindo a radiança e o desassossego
Eternamente, numa morte bonita

Equilibrando a balança do bem e do mal
Misturando todas as cores do caleidoscópio
Despertando a curiosidade, um enigma final
No olho que se encontrava atrás do telescópio.

"Será a morte o começo de algo?"

Blackiezato Ravenspawn

"Ai Os Meus Sentimentos"

Vivem existências mais que razoáveis
Que a maioria nem tem um propósito real
Tornando-se em pessoas nada prestáveis
Sendo cópias inúteis nesta era pré-digital

Tendendo a ter mais do que necessitam
E mesmo assim desejam o que não há
Acabando dominados pelo que pesquisam
Sem saber no fundo o que lhes traz cá

São pseudo-filósofos, são falsos poetas
Que se orientam por contos orquestrados
São almas dúbias que se acham correctas
Apesar de sonharem de olhos vendados

Criaturas que armazenam materiais em cofres
Ignorando o que não lhes gera rendimentos
Vocês são egoístas! O mundo também sofre
Por isso que se fodam os vossos sentimentos

E que se fodam também as vossas vidas
Pois não me comovem, fazem-me vomitar!
Vocês personagens, tão mal desenvolvidas
Que tanto insistem e teimam em representar!

Blackiezato Ravenspawn

terça-feira, 29 de maio de 2012

Toureiro

Então caro moço, ouvi dizer
Que tu adoras imenso brilhar
E que até te vestes a condizer
Quando vais para a arena bailar.

Então aproxima-te dele, menino
Para que te possamos ver melhor,
Mas porque fintas esse bovino
Como esperasses dele o pior?

E porque fazes disso uma cultura
Acobardando-te junto a um touro?
Que é humilhado numa tortura
Enquanto gozas com o seu agouro.

Pois tu provocas-o estupidamente
Com esse teu manto encarnado,
És ridículo, homem. E sinceramente,
Eu desejo é que sejas encornado.

E que sofras uma morte dolorosa e horrível
Pois eu teria todo o prazer em vê-lo te comer
Esse teu cu, seu grandessíssimo paneleiro
Ou como se mais preferis - olé, toureiro olé.

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Lingering Malaise Cefálica

Alto aí! onde vais?! Põe as mãos no ar!
Estás a ser vítima de um assalto mental
E não há por onde possas fugir e escapar
Por isso desvenda-me o teu córtex cerebral
E nem te armes em tolo, nem em engraçado
Pois eu tenho a língua afiada como facas
Por isso prepara-te para ser brutalmente violado
E chacinado psicologicamente como uma vaca

Vou quebrar esses mecanismos de defesa
E vou-me infiltrar sem misericórdia no teu ser
Para te furtar e deixar-te na maior tristeza
Na tua miserável ruína, no meu belo prazer
Depois vou envenenar as tuas emoções
Quando ejacular nos teus sensíveis ouvidos
Tornando os teus pensamentos em predições
Para sugar os teus suspiros por mim concebidos

Como vou-te semear o medo e a confusão
Para mais tarde colher as minhas gargalhadas
Pois tu não passas de um objecto de recriação
De um temporal escravo a quem dou porrada
E cujo acorrento a todos os meus caprichos
Para parasitar os seus sonhos proibidos
Infestando a sua cabeça com lepra e bichos
Para devorar os seus desejos mais queridos

Vou induzir-te num feitiço mais que profundo
Sem dar-te vazão para tu percepcionares
Para que te possa violar nestes segundos
Até ficares sem escolha e te conformares
Com um abuso verbal de sinistras palavras
Que castigam a tua vontade com uma vara
E te domam para eu te cavalar, sua cabra
Pisando o teu ego, fodendo essa tua cara

Vou doutrinar-te e infundir-te ideias
Sem me ralar com o teu consentimento
Vou quebrar a razão e a lógica a meias
Algures num célere e misterioso tempo
Até que tu te submetas e ajoelhes-te a mim
Soando tal e qual uma bem afinada harpa
Que clama para que chegue o seu fim
Vibrando mais nervoso que uma carpa

Fora de água assim a saltar e a tremer
Possuído por charadas e paradoxos
Sem saber mesmo o que fazer ou dizer
Afundando-se por si no fim dos poços
Sem perceber e sem reagir, certamente
Como estivesse na integra quase morto
Porque eu sou um doente violador de mentes
Que faz desta prática o meu desporto

Por isso contempla o meu pénis fictício
Para não tornares esta psíquica violação
Num fantasmagórico afrodisíaco homicídio
Que te marcará para sempre a tua imaginação!
Por isso deixa-me contemplar-te a engasgar
Na dúvida que assim te prende e te domina
Fazendo que nunca consigas bem lidar
Como fosses no fundo uma frágil menina

Porque eu não tenho arrependimentos
Tu vai ser o título da minha obscura tese
Quando selar a tua alma em tormento
Num episódio de lingering malaise
Pois eu consumo os teus neurónios
Como um zombi consciente, sem afinco
Sendo seduzindo por pedras de zircónio
Que brilham nos meus olhos famintos

E é abandonando o teu corpo vazio!
Bem sucedido nos meus planos tiranos
Criados por um homem astuto e sombrio
Mestre da ilusão e de  jogos insanos
Pois sou eu quem decide quando parar
E não importa o que fizeres, meu caro
Porque quanto mais resistes em lutar
Mais vontade me dás... E menos eu não paro!

Com os meus olhos eu assombrar-te-ei
Por isso cautela, não te armes em guru!
Para depois não dizeres que eu não te avisei
Lembra-te que eu sou mais louco do que tu!
Por isso não compitas com um demente
Não queiras que te destrua esse teu dique
Porque senão serás afogado pelo teu subconsciente
Tornando-te noutro infectado - noutro Freak!

Blackiezato Ravenspawn

Mil Mãos

Medo?! É estar mais que vulnerável,
Embora num estado bem consciente.
Algures num cenário tão abominável,
Vivendo todos os traumas da mente.

Entrar numa horrível paralisia de sono
E sentir o pânico e desejar imenso fugir.
Do subconsciente que agora é dono,
De um corpo que deixaste de possuir.

Sendo assombrado por sons terríveis,
Dentro de uma jaula à prova de fuga.
Ouvir vozes do além, incompreensíveis
E sentir a alma cheia de sanguessugas.

Como fosses de todo uma resma de pele,
Desfolhada por incontestáveis cidadãos.
Que te riscam o peito de um jeito cruel,
Violando-te eternamente com mil mãos...

E acordar mais tarde confuso, sorrindo pela estupidez e o absurdo de tentar perceber porque razão esse medo absoluto despertou tanta curiosidade. Curiosidade essa que mais tarde cairá na duvida de um desejo reprimido de talvez ter gostado: não da sensação em sim, mas sim da experiência, que como qualquer outra vai acabar por ser esquecida gradualmente tornando-se em memória... Mas, quando tu menos esperares...

As mil mãos estarão sempre lá para te relembrar um terror agoniante eterno
Passado em tão poucos voláteis segundos.

Blackiezato Ravenspawn

Correntes da Ignorância

Vejo-me forçado a fugir e a esconder-me,
No restante lugar que ainda acho possível.
Onde ninguém me pode tocar nem ver-me,
Lá nos confins de um vazio incompreensível.

Proporcionado pela minha mente resistente,
No seu santuário, no meu trono de obsidiana.
Onde crio a cura para esta corrupção doente,
Que quer deixar de todo a minha alma insana.

Sobrevivendo no fundo a uma falsa liberdade,
Que sustém todos os meus desejos acorrentados,
A uma cólera sentida pela estagnada sociedade,
Onde todo o meu potencial não é aproveitado.

Neste sistema erguido por duvidosas mentiras,
Onde desvendo em vão todos os meus sentidos.
Para assim ver-me desvalorizado em pupilas,
De olhos sem brilho, continuamente iludidos.

E é fechando-me na isolação em abundância,
Com todos os pensamentos que em mim residem.
Que eu me liberto das correntes da ignorância,
Porque lá elas não me prendem, nem existem.

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 27 de maio de 2012

A Morte Deve Chorar

Ó morte, tu tens um trabalho especial,
Sem receber salário ou mérito algum.
Quando desencadeias a espiral mortal,
Para nos libertarmos assim um por um.

Mas nem todos os que são marcados,
Te aguardam com medo ou com rancor.
Porque sabem bem que só, sepultados,
É que lhes será possível abandonar a dor.

E para quem estiver à beira do teu corte,
Que te elogie! Que te deixe comovida!
Pois a tua generosidade oferece-nos a morte,
Quando a maioria nem te quer dar a vida.

Por isso quando chegar a minha hora,
Eu serei cordial e farei o que for preciso!
Porque eu sei que tu também choras
Se eu te mostrar o meu bonito sorriso.

Queres apostar? :]

Blackiezato Ravenspawn

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Ilusão

Meus queridos sentidos
Eis uma doce ilusão
Com engodos escondidos
Numa reles canção

Com diferentes feitios
E com diversas cores
Mais planos sombrios
Para criar falsos amores

Como me ousas enganar?
Não vês que sou um vândalo
Que não hesitará em insultar
Porque tu que és um escândalo!

És uma bonita fachada
És uma farsante vaidade
És uma história arruinada
Pela dura realidade

Ai, Ilusão, tu só inventas
Queres à força a medalha
Mas quanto, tu mais tentas
Mais ridícula assim falhas

Vá lá, tenta-me mentir
Ilusão, querida ilusão
Eu até gostaria de cair
Mas tu não me dás opção

Precisas de um tempo?
Façamos um intervalo
Explorai o meu pensamento
Porque eu não me ralo

Mas não encontrarás senso
Aí na minha imaginação
Que às vezes até eu penso
Serei talvez eu, a ilusão?

Ai, ilusão, fraca ilusão
Porque te vais embora?
Entretém-me, decepção
E faz-me rir, já agora

E não me deixes sozinho
Nem fujas de mim, sua rata
Porque estes meus olhinhos
Querem-te matar com facas

Ai, ilusão, ilusão, ilusão...
Ficaste ofendida
Só porque eu disse
Que não?!

Blackiezato Ravenspawn

terça-feira, 22 de maio de 2012

O Jogo Da Pureza

Quando é altura de jogar, eles tocam o sino
E esta história começa com um - ding, ding.
Quando a neblina desvanece-se com o hino,
Dos gladiadores petizes que entram no ringue.

Para um ridículo e execrável espectáculo,
Para dar continuação ao mesmo processo.
Que sacia os prazeres dos donos do pináculo,
Já ansiosos com os corações possessos.

Onde as inocentes e pequenas criancinhas,
Que são forçadas a lutar, ainda novas, entre si.
Enquanto os abutres reúnem-se em linhas,
Em suspense à espera do anunciar do fim.

E custa-me imenso ver tantos usurpadores,
A suportar em frenesim esses cruéis festivais
A regozijar com as lágrimas e com os clamores,
À espera do pão amassado por monstros infernais.

Porque lá as pequenas princesas e belas meninas,
São transformadas em bruxas e em imperatrizes.
Tornado-se maldosas, deixando de ser pristinas
Para rebolarem confusas entre fachadas e deslizes.

E onde infantes justos, aprendizes de cavaleiros,
Ajoelham-se em vergonha, ao sacramento negro.
À velhacaria que os eviscera com golpes certeiros,
Em nomes dos lordes do tormento e do medo.

Sobre o comando desses mestres das marionetas,
Que resolvem puzzles e despertam maus genes.
Implantado a falta de ética nas nossas bibliotecas,
"Endoutrinando" e tornando, humanos em vermes.

E é assim que brotam essas sementes,
De toda a malícia e de toda a corrupção.
Que consomem as várias mentes fracas,
Graduando-os em adeptos da destruição.

Pois o preço da pureza é altíssimo, é gigante
E descartada facilmente, por isso, sê sagaz...
Porque quanto mais resistires, perseverante
Ainda com mais força, tu quebrarás.

E não é buscando o perdão num jeito profundo,
Que te será desvendado o tal paraíso eterno.
Porque noventa e nove porcento deste mundo,
Já reservou o bilhete sem saber, para o inferno.

Eu sou aquele que chora lágrimas de orvalho,
Por ver rebentos com um extremo potencial.
A abdicaram da estrada, para sinistros atalhos,
Que apenas os trará às Bastilha do mal.

Deixando-os vazios por dentro por escolha sua,
Fiados numa alternativa de uma incerteza.
Quando na realidade, só a verdade crua e nua,
É capaz de acabar com o jogo da pureza.

E mesmo aqueles restam e que não se resignam,
São condenados a uma vida, a depenar e a sofrer.
Porque são os únicos anjos que ainda purificam,
Todos aqueles que não conseguiram, sobreviver.

Por isso não navegues nesta decadência,
Porque tu não mereces e eu não quero.
Pois a prata da lua sem a sua inocência,
Não passa de nada mais que um ferro.

Ferro esse que sustem os pilares deste jogo,
Que quando corroer, vai para mais uma sucata.
Por isso não dês o pulso à corrente, ao desafogo,
Esquiva-te mas é dos maus, como uma acrobata.

Por isso corre criança, corre. Corre até mais não!
Pr'além do infinito onde ninguém te possa alcançar...
Lá dentro da tua mente, nos confins da imaginação,
Onde ninguém te pode corromper, nem te magoar.

Pois só assim é que conseguiras vencer...
Por isso criança, deita-te, descansa agora.
Para amanhã teres toda energia para correr,
Porque já passa da meia-noite e é hora...

E não querias ser como eu, um anjo da lua,
Para poderes explorares o céu por extenso.
Pois tu só necessitas dessa serenidade, tua,
Porque asas destas, pesariam-te imenso...

Agora fecha os olhinhos e dorme bem...
Sonhos púrpuras.

Blackiezato Ravenspawn