sábado, 31 de março de 2012

Lobo Mau

Eu pressinto o cheiro de vagina
Aqui neste bosque de concreto
Que contem várias meninas
Que me deixam tão inquieto

E eu sinto já minha libido a subir
Quando as vejo e as oiço sorrir
Porque eu já não ando a ver bem...
Porque eu já não ando a ver bem...

Eu pressinto o cheiro de vagina
Aqui neste bosque de concreto
Que contem várias meninas
Que me deixam tão inquieto

E eu já sinto as pupilas a expandir
Como lhes desejassem consumir
Porque eu já não ando a ver bem...
Porque eu já não ando a ver bem...

Porque fui drogado com feromonas
E agora tenho sede, tenho apetite,
Estou desidratado, tirem-me desta zona
Pois não aguento mais, estou no limite
Porque as suas pernas me hipnotizam
Sinto-as no sangue, sinto-as na alma
No aroma que inalo, nos lábios que salivam
Quando observo as suas nalgas
E assim este coração de carne enrijece
Torna-se negro, torna-se num calhau
Os instintos vêm, a razão desaparece
Para dar lugar a um lobo mau...

*

Eu pressinto o cheiro de vagina
A menos de um metro de mim
Quero lhe abrir numa esquina
E fazer da sua carne um festim

Por isso se não der, tirem-me daqui
Ou eu as mato, eu dou cabo de mim
Porque eu já nem consigo ver...
Porque eu já nem consigo ver...

Por estar bêbado em êxtase
Por ser um lobo mau.

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 30 de março de 2012

A Mãe Multiverso

Há várias, mas várias incontáveis eternidades atrás
Quando os universos cabiam dentro da tua mão
E quando as suas luzes cresciam serenas em paz
No ventre da sua mãe, no mistério, na escuridão
E as suas estrelas eram do tamanho de pirilampos
Que brilhavam sem terem noção alguma, do infinito
Em forma de pontos brancos num suave manto
Que outrora os resguardava quando eram pequenitos

Foi aí que os dois pais cósmicos pensaram nas suas plantas
Como as deviam desenhar, como elas iriam então ser
Imaginando já o futuro e sonhando com histórias tantas
Que nem mil vidas juntas as dariam para as descrever
E assim dividiram o seu potencial em quatro universos
Como os planetas dividem o tempo em quatro estações
Ambos unidos por um laço, embora um deles, um pouco disperso
Mas cada um com o seu espaço em diferentes localizações

E existe um desses quatros pequenos rebentos
Que não obedece as regras da entropia, enfim,
Ele cria as suas leis, os seus próprios movimentos
E desenvolve-se como acha melhor para si
E essa mãe cósmica vê o seu universo a afastar-se
Embora seja esperado da sua natureza, da sua expansão
E às vezes não sabe o que fazer e pensa em lamentar-se
Apesar de não existir possível problema ou alguma razão

Porque por mais que esse universo tencione-se perder
Ele lembrar-se-á sempre do multiverso, de onde nasceu e viveu
E assim irá voltar sempre quando ela menos espera-lo ver
Para lhe agradecer pelo dom de criação que esta lhe deu
E não importa se dos quatro, ele é o mais silencioso e obscuro
Pois significa também que dos quatro é o mais brilhante
Mesmo apesar de se fechar no seu centro, coberto por um muro
Onde cria com mestria os seus diversos mundos gigantes

Lá para além das dimensões, seguindo as rotas interestelares
Que desvendam vários planetas e todas as suas maravilhas
Alimentados pelas energias magnéticas dos meus pulsares
E pelos meus astros que o espaço iluminam a várias milhas.
Sendo os farróis que te conduzem para as costas do meu coração
Para a praia cósmica, para a ilha de todos os meus amores
Onde as nébulas lacrimejam em tua homenagem, uma monção
Oferecendo-te o meu universo, em forma de um buquê de flores

Porque é necessário mais que querer para ver o meu universo
Pois não é direito algum, mas sim um privilégio para poucos
E a maior parte é incompreendido e encontra-se imerso
Entre esquemáticas confusas de génios lúcidos e de loucos
Com coisas que eu só confio em quem tem um bom coração
E que às vezes passa-te ao lado pela forma como intervéns
Mas a partir de hoje levas um pedaço de mim, uma recordação
Porque Mãe Multiverso, hoje é o teu dia - Parabéns.

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 19 de março de 2012

Flor De Plástico

Ai, fêmea minha vistosa e tão linda
Como cheiras sempre tão bem
E possuis uma beleza que não finda
Que nem outra flor tem
Pois quando te vislumbro, assim
Calada suspensa e sem nada dizer
Floresço numa volúpia, num frenesim
Que nem sei mesmo o que te fazer

Ai, flor minha se tu me deixasses
Ter a grande cortesia de te estimar
Eu dar-te-ia tudo o que desejasses
Nem que tivesse mesmo que pecar
Para te ter junto no meu vaso
E partilhar este solo em meu redor
Até murchamos e passámos do prazo
E restar apenas o nosso amor.

Ai, verdinha minha, verde cinderela
Eu proteger-te-ia dos dias cinzentos
Que ameaçam o parapeito desta janela
Até ao fim dos nossos tempos
E quando se desse o orvalho da alvorada
Eu venerar-te-ia até ao por do sol
Até cair a noite e acabares entrelaçada
Nas minhas raízes, neste solo mole.

Ai, minha nobre excelentíssima duquesa
Esporrar-me-ia sobre as vossas pétalas
Dando-te os meus genes, a minha riqueza
Para produzires as sementes, mais belas
Sendo tu a minha real açucena laranja
E eu a tua rosa espinhada, carmesim
Porque só o abanar dessa tua franja
Repito mais uma vez - dá cabo de mim!

Ai, minha doce colorida e esbelta planta
Só tu me deixas com os espinhos eriçados
E se soubesses a quanta vontade tanta
Que eu tenho em saciar estes desejos plantados
Porque só tu me fazes ferver a seiva
Como nunca jamais fizeram as outras irmãs
A minha raiz enrijece, a minha clorofila flameja
Quero te abrir, quero-te saborear, mas...

Lembrei-me que és uma flor de plástico
Que me tentou enganar e fazer-me de frouxo...

E então dei-te desprezo, fui antipático
Porque tu, minha falsa... Metes-me nojo!

Sua aberração sem vida...

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 16 de março de 2012

Eclipse Das Almas

Dão-lhes os epilogos no final da vida
Quando se quedam, os seus corpos
"Paz, pois não haverá mais ferida!"
Para todos os que se dão mortos...

E libertam as almas que agora sobem
Enquanto os pássaros negros descem
E que assim, as entranhas consomem
Deixando as carcaças que apodrecem...

E os que ficam, lamentam-se às chagas
Nas sepulturas daqueles que partiram
Poleiros esses, para descansar as asas
Dos bandos de corvos que outrora agiram....

No obséquio de uma "penosa" missão
De uma forma subtil, numa paralipse
À espera que os outros, tombem no chão,
Até que sintam o aroma, de um eclipse

Caw, caw, caw, caw, caw, caw, caw, caw...

Blackiezato Ravenspawn

terça-feira, 13 de março de 2012

Sentido Da Vida

Para mim o sentido da vida é um enigma cantado por valquírias para as nossas consciências decifrarem. Um jogo sério de criaturas impacientes que temem Deuses bipolares que outrora foram programados por crianças idosas quase esquecidas em eras mágico-técnológicas.

Onde um grito gerava um tempestade e uma palavra valia por mil e assim, esses mesmos contaram muitas histórias. E uma delas...

Falava de um planeta, de um jardim eterno, pobre em fantasia, embora rica numa tentação que gerou apenas uma alegria controlada. E tudo começou quando uma mulher fez-se de vítima e isso foi o suficiente para um homem se aproveitar da situação e semear o pecado pela terra. Sem saber que os seus interesses eram mútuos, um pacto que nunca se tornou oficial em que consistia em alimentar as flores de uma desejada aprendizagem para serem colhidas por futuras gerações.

Gerações essas que assim os traíram e mataram os seus próprios irmãos para alcançar os montes mais altos. E mais tarde rebolarem em extase, depois confusos, depois exaustos e depois quebrados pelas cambalhotas que deram. Num credo de querer alcançar mais, e tudo perderem numa aposta com uma senhora paciente e inteligente que lhes avisou do sucedido, explicando-lhes tudo. Mas mesmo não deixaram de lhe chamar oportunista.

A mulher mais conhecida do mundo, embora tendemos a evitar mencioná-la. Ela que colhe o que nós plantamos em ciclos de ideais de escassez de morais que exploração recursos e criaram o egoísmo materialista. Repelido por um imán que se vira de costas com vergonha da sua irmã criando uma família instável.

Que cria milagres metafísicos: metade mentiras que são para alguns meias verdades embora não passam de maus entendidos.

Tal e qual a Mulher sobrevalorizada que se aproveitou do atraso mental da sua gémea, tornando-se numa capataz de uma inocente alma que lhe troca uma existência de esforço, sacrifício e ilusão por um pedaço de um sonho jogado no chão para ser mendigado...

E depois selado num contracto manipulado por advogados de palavra, embora sem coração que lhe seduzem com inegáveis condições, despindo-lhe com ímpias mãos, obliterando a sua inocência e acorrentando-a as suas Leis e Códigos que quase ninguém cumpriria, se tivéssemos o poder de evitarmos essas mesmas consequências em forma de responsabilidades...

Tais como aquelas que me dão e eu deixo no chão... E as pessoas ainda pensam que eu as espezinho em frustração. Mas não...

Eu na realidade salto nelas como um trampolim... Não vivo por eles. vivo por mim.

E qual é o sentido da vida?
Um homem perguntou a um sábio essa mesma pergunta e este lhe respondeu sussurrando uma simples palavra que fez o homem paralisar numa hipotermia, choque esse que lhe atirou nos oceanos temporais, deixando-o exposto e arrebatado por ondas de histeria que levaram-no a
afogar-se no regozijo de uma simples resposta...

E quando julgava ter morrido, abriu os olhos e sorriu.

Uns crêem que o sentido da vida vai-nos ser revelado no final... Mas mesmo que isso aconteça. Que tem? Nessa altura esse sentido acabou para nós.
Foi por isso que o homem sorriu... Porque sabia desde o começo, lá dentro de si, nos seus instintos e... Nunca creu nele.

Mas o sentido da vida gerou outra pergunta.
Será que a existência justifica os meios?

Sim, se reagires instintivamente
E pensares cautelosamente..

Porque uma criança não se faz sozinha.

No dia em que os homens descobrirem o sentido da vida, esta irá terminar.
Porque é este paradoxo que nos faz continuar em frente e mais tarde parar
Como um gato velho que se deleita num telhado com o seu prémio de consolidação
Distraído por recebê-lo embora ele saiba que no fundo não tem energia para mais
E assim seguir os seus pequenos que ainda gatinham.

O poder cresce tornando-se em sabedoria
E no seu auge esta desintegra-se para gerar novos poderes.

Sim... O sentido da vida é óbvio, acho que não preciso dizer.

Vá, agora chora e grita, depena e rebola
Mas depois... Liberta-te dessa prisão.
E voa fora desta gaiola...

E é isto o sentido da vida para mim.
Ou como dizia o outro... "Keep walking"

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 10 de março de 2012

Entropia

Para quê criar planos e objectivos
Quando tudo nasce para morrer?
Para quê entender a nossa realidade
Se não existe motivos para nela crer?

Para quê seguir o mesmo modelo
Quando existem vários caminhos?
E para quê optar pelo fogo ou pelo gelo
Se nunca iremos sair deste moinho?

Porque no fundo és um peão parado em agonia
Puxa mas é a tua corda, deixa-te girar, deixa-te ir
Pois dançamos todos à volta da mesma entropia
Deslizando pelo seu funil até o gargalo nos engolir

Para quê invejar e para quê magoar
Quando nada de jeito resulta daí?
Para quê o ressentimento, o odiar
Se ainda respiro bem e mal vivi?

Para quê ser cuidadoso e ter medo
Do além, do distante desconhecido
E para que me ralar com desassossego
Quando nada se cria e nada é perdido

Porque no fundo sofremos várias transformações
Por isso desembrulha-te até encontrares o teu ser
Pois amanhã pode ser um dia das lamentações
Encanta-te, ou terás imenso para te arrepender

Para quê buscar o poder e a sabedoria
Quando o amor torna génios em loucos?
E para quê tanta dedicação e tanta mestria
Se na verdade alcançamos tão pouco?

Para quê perder tempo com estupidezes
Quando o crepúsculo só dura seis minutos
Para quê esperar pelo fim dos meses
Se o meu esforço não me gera lucros?

Porque no fundo és feito da mesma matéria
Que qualquer um nesta terra quente, como fria
Embora alguns puderam levar uma vida mais séria
Cobrindo os olhos em negação... À entropia

Eu já estou morto... Mas porque razão continuam a dizer o que fazer?
ACEITA A ENTROPIA E ELA ACEITARÁ-TE COM TODO O SEU AFECTO!
Vejo-a tão longe, embora a sinta tão perto...
E a sua graça... É infinita... Seremos para sempre crianças agarradas à saia da mãe.
Embora olhemos em frente, estamos presos a ela e a mais ninguém.

Blackiezato Ravenspawn