sábado, 10 de março de 2012

Entropia

Para quê criar planos e objectivos
Quando tudo nasce para morrer?
Para quê entender a nossa realidade
Se não existe motivos para nela crer?

Para quê seguir o mesmo modelo
Quando existem vários caminhos?
E para quê optar pelo fogo ou pelo gelo
Se nunca iremos sair deste moinho?

Porque no fundo és um peão parado em agonia
Puxa mas é a tua corda, deixa-te girar, deixa-te ir
Pois dançamos todos à volta da mesma entropia
Deslizando pelo seu funil até o gargalo nos engolir

Para quê invejar e para quê magoar
Quando nada de jeito resulta daí?
Para quê o ressentimento, o odiar
Se ainda respiro bem e mal vivi?

Para quê ser cuidadoso e ter medo
Do além, do distante desconhecido
E para que me ralar com desassossego
Quando nada se cria e nada é perdido

Porque no fundo sofremos várias transformações
Por isso desembrulha-te até encontrares o teu ser
Pois amanhã pode ser um dia das lamentações
Encanta-te, ou terás imenso para te arrepender

Para quê buscar o poder e a sabedoria
Quando o amor torna génios em loucos?
E para quê tanta dedicação e tanta mestria
Se na verdade alcançamos tão pouco?

Para quê perder tempo com estupidezes
Quando o crepúsculo só dura seis minutos
Para quê esperar pelo fim dos meses
Se o meu esforço não me gera lucros?

Porque no fundo és feito da mesma matéria
Que qualquer um nesta terra quente, como fria
Embora alguns puderam levar uma vida mais séria
Cobrindo os olhos em negação... À entropia

Eu já estou morto... Mas porque razão continuam a dizer o que fazer?
ACEITA A ENTROPIA E ELA ACEITARÁ-TE COM TODO O SEU AFECTO!
Vejo-a tão longe, embora a sinta tão perto...
E a sua graça... É infinita... Seremos para sempre crianças agarradas à saia da mãe.
Embora olhemos em frente, estamos presos a ela e a mais ninguém.

Blackiezato Ravenspawn

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