sábado, 28 de abril de 2012

Espelhos Cósmicos

A mente deforma-se com o momento
E assim o espelho, vai-se quebrando.
Cada fragmento torna-se numa realidade
E a novidade assim, vai-se manifestando.

Uma percepção que antes via um todo,
Agora vê-se divida pelas fendas do tempo
E já não se reconhece bem, certamente,
A não ser os seus diversos fragmentos.

E no final o tempo vem e o tempo vai,
Com toda a vida que sobe pelo chão.
Mas quando a morte sopra tudo cai
Tal e qual as gotas numa monção.

Pois a Percepção molda a mente
E esta cria o tempo que depois então,
Continua sempre, sucessivamente
A alterar a nossa percepção...

E assim vamo-nos quebrando cada vez mais
Até voltamos ao pó, até cairmos como areia.
Recriando novos vidros em cadeia para a teia
Que embora diferentes, acabam todos iguais.

Num espaço que queima matéria para manter uma chama,
Que arrefece pouco a pouco, ao troco de energia vibrante.
Transferida por rotas dimensionais, em diferentes panoramas
Em busca das consciências, de todas as sombras dançantes

Que contêm espelhos cósmicos.

Pois cada um de nós tem uma, ou mais fontes diferentes, como iguais
Tal e qual, cada um espelha da forma que mais a sua luz, ou luzes, lhes convierem.


Blackiezato Ravenspawn

Sonda Alienígena

Planeta Terra detectado.
Preparar máquina fotográfica...

«Ampliar uma vez»
Vejo vários poliedros aglomerados
Constantemente a subir e a cair
Em busca de um zénite esperado
Que apenas os levará a um nadir

«Ampliar duas vezes»
Vejo fêmeas a encadear machos
Para ver se eles se ofuscam nelas
Como se fossem espelhos baços
Feitos para reflectir fracas velas

«Ampliar três vezes»
Vejo teorias, fórmulas e teoremas
Dentro de sistemas de equações
Mas nem todos esses problemas
Aparentam ter exactas soluções

«Modo Normal»
E é ao pestanejar quatro vezes depois
Que termino a minha recolha fotográfica
Onde não vi nada de especial a não ser pois
A simples raiz de uma civilização trágica

Recolher máquina fotográfica...
Redireccionar rota para Marte.

Blackiezato Ravenspawn

O Esquizofrénico

Ele é um receptor de rádios espectrais
Ele é uma caixa de enigmas e de revelações!
Como ele é um tomo de histórias surreais
Sempre embriagado em alucinações...

Ele é uma constante vítima de tramas e enredos
Ele é um objecto lívido que transpira caos!
Como ele é quem semeia os próprios medos
Para mais tarde colher os seus monstros maus...

Ele é um salão de espelhos amaldiçoados
Ele é um visionário que se tornou tão demente!
Que diz que se vê sempre acompanhado
Por seres invisíveis que não existem certamente..

Ele é o incompreensível mensageiro profético
Que sobreviveu a cataclismos e a tempestades
Por isso contemplai o paranóico esquizofrénico!
Aquele que vagueia bem além da realidade.

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Quebra-Cabeças

Vocês têm a mania que são difíceis
É de maneira que eu me divirto mais
Sempre se acharam muito invencíveis
Embora só custam tempo e nada mais.

Vêem em formas com feitios diferentes
Acompanhadas de pistas mal escondidas
Parecendo-me na realidade, francamente
Que até desejam ser mesmo resolvidas.

E assim mais logo quando vos desvendo
Quando termino e obtenho a solução final
Concluo desapontado para mim dizendo
Pff, Só isto?! Não são nada de especial.

E após tantos rodeios terminou assim
E não era ela que ia-me virar de avessas?
Provei-lhe o contrário, temos pena enfim
Comi a gaja e resolvi o quebra-cabeças.

Blackiezato Ravenspawn

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Se Eu Fosse Mulher

Costumam muito dizer - Seja o que Deus Quiser
Mas se ele quisesse que eu fosse uma mulher?
E se por alguma estranha razão assim acordasse
Diferente, vítima do seu mestre plano, do seu enlace

E se o meu reflexo fosse o de uma rapariga
Invés da minha forma masculina normal
Não existiria problema, apenas diria - siga
E assim continuaria com a minha vida banal

Era lógico que o meu novo corpo experimentaria
Pensando no que qualquer homem mais queria
E agora perguntas - pode-se saber o que seria?
O que achas que eu faria? Sexo toda a noite! E todo o dia!

Mas não era por causa dessa "simples" mudança
Que eu iria deixar de ser quem sou - não e mil vezes não
Pois não passaria de uma adulta com cabeça de criança
Com a cabeça na lua e o corpo deitado no chão

Sim, porque continuaria na mesma criatura preguiçosa
Que vive nos seus pensamentos, sem nada querer fazer
Mas não me ralava com femininices, não seria ansiosa
Apenas faria o que me desse na gana, ao meu belo prazer

Ah e seria-me muito mais fácil obter sexo
Pois qualquer um me desejaria agradar
Mesmo que dissesse merdas sem nexo
Todos eles faziam filas, para me cortejar

Mas tirando isso, como à bocado já disse
Seria tudo igual como tem sempre andado
No mesmo tédio habitual na mesma merdice
A ver o meu o tempo a ser desperdiçado

Pois viveria ainda em "portugal" num país de labregos
Acompanhada por artolas que infestam a zona
E se infelizmente ainda continuasse no desemprego
Era logo que ia para as esquinas vender a cona

E de resto não sei... E assim não me prolongarei...
Talvez espancaria todas aquelas miseráveis galdérias
Todas essas malditas que outrora eu tanto amei
Mas algo seria certo... Não seria uma pessoa séria.

Porque seria lunática, uma princesinha vaidosa
E vestir-me-ia tal e qual uma maluca de asilo
Calçar-me-ia com as minhas poesias e prosas
Pousando na passarelle com figuras de estilos
Adornar-me-ia com joelharia cara feita de rimas
E Maquilhar-me-ia naturalmente como uma druidisa
Seria muito melhor na cama que as vossas primas
E masturbar-me-ia com palavras, pois seria poetisa!

E aí talvez possuiria uma beleza ainda melhor
Para galar ainda mais, o meu querido espelho
Porque continuaria o mesmo, ou talvez ainda pior
Quando pintasse os lábios com tinto, como de vermelho
Permanecendo no fundo, a mesma espécimen bizarra
E era lógico que teria outro nome, chamar-me-ia Matilde
Uma gaja que escreveria de dia e à noite iria para a farra
Para brincar com cabeças, até elas ficarem em "tilt"
Tornar-me-ia uma bruxa malvada a temer
Faria desacatos e meter-me-ia em estrilhos
E se algum um dia chegasse a crescer
Arranjaria alguém para ter doze filhos
E aí não me preocupar-me-ia com trabalho
Pois seria escurinha como uma bela brasa
Cujo a minha vida seria chupar o caralho
Do meu possível marido e ser dona de casa.

Ou seja, continuaria o mesmo merdas.
Só com gónadas e hormonas diferentes
E com o tempo que teria plantaria erva
Para me entreter e libertar a minha mente

Ah e não me venham com fífias de... "ah e tal, sustentar 12 filhos nesta crise é complicado" Complicados são vocês e as vossas cabeças.

E levaria no no rabo... Só para "variar", claro!
E assim seria tudo, menos a típica Maria-vai-com-as-outras
E quando tivesse período, não andaria aí feita tola a implicar com tudo - Possas...

Apenas sentar-me-ia num sofá de veludo
E assim acenderia, mais outro charuto.
A assistir o programa televisivo
Do senhor Manuel Luís Goucha
Ligando só com dois simples motivos
De me rir e de fazê-lo passar por trouxa.

Blackiezato Ravenspawn

terça-feira, 24 de abril de 2012

Eco Cósmico

Nem sempre faço o que devia fazer
Mas não me considero um gajo preguiçoso
Farei o apenas quando me apetecer
Porque nunca gostei de ciclos viciosos

Não creio em algo, nem mesmo em destino
Sei lá, acho-me demasiado invulgar para tal
Pois nem sei  mesmo o meu propósito, o meu caminho
Por isso prendo-me ao aleatório, como habitual.

Nem desejo que chegue pelo momento certo
Por aqueles que todos esperam para actuar
Porque sempre vivi com o coração aberto
Para quem me quiser e assim me encontrar

Embora exista algo que contrarie tudo isso
Algo deveras paradoxal com um fundamento ilógico
Não sendo nem paranormal, nem mesmo feitiço
Mas sim como um chamamento, um eco cósmico.

"Através de uma cadeia de eventos
Ele ganhou movimento por tempos
Talvez só porque uma força imparável
É capaz de mover um objecto imóvel."

Blackiezato Ravenspawn

Healing Rain

O céu canta enquanto o vento sopra
Fazendo as nuvens jorrar tintas celestiais
Sobre mim e no que mais me toca
Pintando-me os sentidos com cores naturais

E pouco a pouco o cinzento desvanece
Sendo assimilado pelo verde e castanho
Abençoando a terra, escutando as suas preces
Funcionando ciclicamente como um engenho

Pois o mês de Abril será sempre Abril
Pode-se atrasar um pouco, mas nunca vacilar
Porque nesta altura espera-se águas mil
E sem estas a primaverara não conseguirá continuar.

E assim choverá o mês inteiro o que tiver que ser
O quanto for necessário para a nossa agricultura
E assim me afogarei até ao sol decidir comparecer
Numa chuva que não mata, mas sim que cura.

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Narcisista

Na sua cabeça acha-se superior a todos,
Uma rosa sem espinhos repleta de engodos.
Ela que faz de um pântano, uma doce casa,
Onde abre as suas "pétalas" imersa em lodo.

E também acha-se esbelta, mas é tão rasa,
Julgando-se chama, embora seja uma "brasa".
Leve, embora tenha os desejos tão "gordos",
Um pouco pesados para as suas frágeis asas.

E assim acha-se perfeita, a mais bela e pura,
Uma branca de neve enaltecida em formosura.
Quando veste as demais vaidades elitistas
Para criar tempestades, como uma nimbus escura.

Sendo tão fútil, tão miserável e tão decadentista,
Inútil, quando falha e não consegue dar nas vistas.
Fazendo dramas, jurando explodir em loucura
Cega pela seu fanatismo, tal e qual uma bombista.

E assim sonha que lhe idolatrizam num altar,
Para que todos lhes possamos ver a ascender.
Mas lembra-se que as flores que temeram murchar,
Sempre foram aquelas que mais sofreram ao viver.

E bem pode se tornar numa deusa na passerelle,
Na rainha de todas as abelhinhas e de todo o mel.
Como ser a cabeça de cartaz, embora num bordel,
Não passara de um objecto de desejo - une belle.

E isso faz-lhe melindrar em silêncio, a depenar
Dependendo da atenção, do seu maior prazer.
Pois descobriu que sozinha não sabe como brilhar,
E quando não se conforma, diz que quer morrer.

E quando assim lhe vejo dominar o momento,
Sendo aplaudida da forma que ela mais gosta.
Vejo o peso de todo o "mundo" nas suas costas
Enquanto ela se excita e "comove-se" por dentro.

E em sarcasmo grito - Gira, "manequim" gira!
Pois como tu, não existe melhor, cara mulher!
Enquanto sorrio em ironia dizendo para mim
- Ai, Sua ingloriosa ignóbil narcisista poseur...

*

Por isso aplaudam para ela
Para aquela que não merece
De forma alguma...

Tudo por não ser nada de especial
E julgar-se de extrema importância
E apenas não passar, de uma ...

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Íris

Fazes ondas de luz explodir nos olhos
Com cores que ilustram as várias mentes
Quando ateas esses fogos aos molhos
Que aquecem desejos incandescentes

Cegas e deslumbras com formas e ilusões
Soando com traços e pontos tão perfeitos
Capturando a realidade e as demais acções
Que criam paisagens e descrevem textos

Tornando o infinito caos molecular
Nas maiores organizações visuais
Repletas de segredos para revelar
Escondidos em minúsculos vitrais

Sendo uma manifestação de percepção
O caleidoscópio de todos pensamentos
A mensageira divina que traz a visão
Com jóias que irradiam, sentimentos

Blackiezato Ravenspawn

terça-feira, 17 de abril de 2012

Lunáticos Nocturnos

Há aqueles que saem à noite para caçar
E há outros que saem para serem caçados
E é no centro da cidade que todos vêm brincar
Podem tentar fugir, mas é vos escusado.

Porque quando vocês menos esperarem
Quando virarem as costas, eles estarão lá
À vossa espera, antes de vocês notarem
Bem escondidos na multidão - haha-ha!

E é deslizando sublimes por sombras e vultos
Trazendo a morte dentro dos seus casacos
Que estas criaturas sanguinárias sinistras do oculto
São conhecidas por príncipes dos velhacos.

Sendo as crianças que dançam na escuridão
Por isso não os subestimem, não sejam insanos
Tenham cautela e oiçam-me com muita atenção
Nunca olhem para os olhos de um Malkaviano!

Pois eles são um grupo de noctívagos macabros
Que rabiscam as paredes com o vosso sangue
Por isso não queiram ser surpresos pelo descalabro
Pois não lhes importa se vocês andam em gangue.

Também são famosos pelos jogos psicológicos
Eles sabem todos os segredos das vossas mentes
Sendo os mais confusos, paradoxais e ilógicos
Pois se tocarem um, endoideceram gradualmente.

E caso se sentirem estranhos e fora de vós
Fujam para as massas e saiam dessas ruas
Não procurem o perigo, não andem por aí sós
Porque a noite apenas pertence, aos filhos da lua.

E se alguma vez eles exibirem o seu leque da loucura
E vislumbrarem neles a majestosa beleza dos pavões
Ignorem, ou então virarão tinta para as suas pinturas,
Nunca se deixem cair em tais bizarras seduções.

E é assim todos os dias quando se queda a noite,
Quando eles saem em busca de momentos oportunos.
No momento em que o ceifeiro levanta a sua foice,
Dando ordens de partida aos lunáticos nocturnos.

E até mesmo os seus primos temem tais atrocidades
Quando ouvem tais ecos que oscilam nas claves,
Para criar as demais sinfonias do caos e da irrealidade
Cordeadas pelo pai deles, o Maestro Malkav.

*

E lembrem-se! Não importa o que possa acontecer,
Nunca olhem para os olhos de um Malkaviano!
Pois vocês sabem lhes a ketchup, a polpa de tomate
E são fáceis de se levar a melhor, sem direito a resgate...

Para um lugar bem distante de toda a realidade,
E bem além da superfície, de todo o desconhecido.
Através da garganta da paranóia e da histeria
Porque a Insanidade... Sempre adorou companhia.

Blackiezato Ravenspawn

Cala A Boca!

Porque há dias em que o tédio
Parece uma injecção de morfina
E a imaginação é o único remédio
Para esta doença que não termina...

Porque a moleza do aborrecimento
Junta com pessoas desnaturadas
Cria confusão no meu pensamento
E deixa as minhas emoções estagnadas...

E é na onda de uma falsa esperança
Que eu perco tempo e deixo-me ouvir
Esperando uma palavra, uma bonança
Algo que me tire daqui e que me faça rir...

Mas quanto mais espero de vocês
Mais ainda se queda, a minha luz
Para dar lugar a minha malvadez
Enquanto penso - mas porque que tu...

Não fechas a boca e te calas!
Não vês que não te quero junto a mim...
Porque quanto tu abres a boca e falas!
Mais rancor e nojo eu sinto por ti...

E assim acabo afogado em indiferença
E invés de me ajudarem ainda fazem pior
Pois não existe nenhuma possível presença
Que me mude o meu humor para melhor...

A apatia misantropa corroí-me as veias
A melancolia bipolar dividi-me o meu ser
Com os problemas que a alma está cheia
Com coisas que não devo mesmo dizer...

E é na minha total impertinente sinceridade
Que não aguento e farto-me por completo
Quando exprimo a minha total negatividade
Perdendo toda a razão, sendo incorrecto...

Fechando os olhos, rangendo os dentes
Como tivesse a vontade de lhes comer, crus!
Inspirando devagar, expirando profundamente
Para no final gritar - Mas porque que tu...

Não fechas a boca e te calas!..
Não vês que só dizes merda?!
Ou não tens noção do que falas?!
Cala à boca ou arranja-me, erva!

*

Porque eu já não estou aqui
E tu estás a falar para o boneco
Não me queiras ver em frenesim
Sai... Antes que me dê um treco...

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 14 de abril de 2012

Paredes

Eu vejo pessoas, pessoas
Que gritam nas multidões
Com os olhos presos na novidade
Movidos pelas emoções

E eu grito para paredes
Para paredes erodidas e tão caladas
Com elogios fantasmas'invisíveis
Reparando-as com as minhas palavras

E eu também oiço pessoas, pessoas
Que narram histórias e eventos
Com as suas línguas entrelaçadas
Nas cantigas do momento

Mas é nessas tais paredes
Nessas paredes esquecidas e flagelosas
Que eu lhes pinto com a minha vida
Com todas as cores das minhas prosas

Eu... E mais poucos alguns...
Só mudando a forma para cada tipo de parede.


Blackiezato Ravenspawn

domingo, 8 de abril de 2012

Fantasma De Um Desejo

Às vezes quando ela fecha os seus olhos,
Ou quando mesmo finge estar a dormir.
Eu me infiltro nos seus belos entrefolhos,
Com vontades estranhas de a possuir.

Usando vários disfarces, diferentes caras,
Escondidas pelos meus extensos cabelos.
Numa planície que contém as demais searas,
Que eu deveras amo e que eu tanto zelo.

E assim as suas zonas erógenas ressoam,
Com o som dos meus sorrisos silenciosos.
Junto com os seus gemidos que lhe ecoam,
Por todos os cantos do seu corpo ansioso.

Mas ela é tímida e vê-me como uma ameaça
E quando a acordo, despeço-me com um beijo.
Retirando subtilmente para a minha carapaça,
Deixando-lhe com um fantasma de um desejo.

*

E é refugiado dentro de si
Que espero por outro momento para me refastelar nela
Mas enquanto isso...
Brinco com todas as fantasias da sua mente
A experimentar e a criar novas maneiras
Para saciar... Ambas as partes.

Blackiezato Ravenspawn