quarta-feira, 6 de junho de 2012

Dessagrando A Bandeira

Uma leprosa incurável decadência
Assola esta velha paraplégica nação
Que se alimenta de fracas experiências
Sentidas nas touradas e na religião
E é assim que o povo busca conforto
Nas tumbas das glórias do passado
Há espera que regresse o príncipe morto
Que resgatará este país flagelado
Agora preso em teias de fracassos
Responsáveis por usurpadores e tiranos
A neblina cai, o futuro está baço
Aqui neste império fantasma, uma vez soberano

E a ignorância espalha-se como uma doença
Nos centros das praças como nas televisões
Pelos necromantes que reforçam a mesma crença
Com as suas mentiras e as suas ilusões
Num teatro de contínua miseribilidade
Que converte néofitos para um culto
Chamam-lhe património da humanidade
Eu chamo-lhe patético e lamentável vulto
Todos falsos profetas, todos ídolos inúteis
Vendem-se amassando o pão do diabo
Para nos servir nos vossos dias úteis
Em troca dos vossos cobardes rabos

E é por isso que não sinto mais empatia
Pelo que simboliza esta rasgada bandeira
Porque só nos momentos de feitiçaria
É que se vê um povo a sair à maneira
E é enrolado em sarcasmo e em eufemismo
Que eu vislumbro e pergunto ao sol
- O que é feito deste grande patriotismo
Quando acaba o futebol?

E é por isso que eu dessagro esta bandeira
Com o meu sémen e com as minhas fezes
E é por isso que eu dessagro esta bandeira
Com o meu sémen e com as minhas fezes!

...

Ó lustro mar lusitano nosso!
Tu que nos desvendaste outrora a glória
Só tu consegues reencher este poço
Da seca dos constrangimentos da nossa história
E é tributando-te ao sabor do vendo
Que eu ofereço a minha alma repleta em sal
Tirai-nos desde constante sofrimento
E rejuvenesce este idoso portugal
Com as tuas ondas, com as suas mortes
Extingue estas negras chamas que ofuscam mentes
Porque este sangue já deixou de ser forte
Por isso cria um novo, para os inocentes.

...

Com as que queimo aqueço o meu coração
Com as restantes, uso-as para a costura
Rasgando-as e depois recozendo em frustração
Eu faço cuecas para mim, em pura loucura.

Porque invés de me intoxicar com a voz do Cavaco
Prefiro servir Baco e envenenar-me com tabaco barato.

Blackiezato Ravenspawn

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