sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Indiferença

Eu vejo-vos fitando-me nos vértices da minha visão.
Concentrados nas vossas possíveis observações,
Mas não olho para vocês, pois não tenho intenções
E porque só tenho olhos para a minha imaginação.

Não têm coragem para falar e os olhos falam por vocês,
Mas se não querem nada, então porque olham para mim?
Avançam cuidadosamente como se jogassem xadrez
E ficam insultados, por eu não reparar em vocês, enfim..

E é aumentando o tom de voz, atirando insultos ao ar.
Tentando decifrar um enigma que não conseguirão descobrir,
Pensando numa forma ortodoxa de como comigo, interagir
Mas não importa o que fizerem, não me irão cativar.

Pois eu mirei uma vez para vocês e infelizmente nada vi,
A não ser mais uma variante de outras cópias repetidas.
Não me levem a mal, mas todos parecem-me iguais aqui
E eu não tenho paciência para jogar as escondidas.

Iludidos pela minha estranha aparência
Iludidos pela minha máscara da sanidade
Desapontados com a minha personalidade
Desapontados com a minha nobre ausência...

Provocados subtilmente pela minha irrealidade
Provocados subtilmente pela minha vaidade
Cobertos em silêncio pela minha aura densa
Cobertos tragicamente pela minha indiferença...

Confinados pela minha passiva negação
Confinados pela minha imposta isolação
E esquecidos gradualmente entre a multidão
A perderem-se num dos cantos da minha visão...

Eu vejo-os, fitando-me,
Mas eu oiço-os, sofrendo...
Eu oiço-os, chamando-me,
Como eu vejo-os, morrendo

Perante à minha incontestável desatenta presença
Numa sepultura invisível, chamada. Indiferença.

Blackiezato Ravenspawn

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