quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Memórias Monocromáticas

Fui inexperiente em certos momentos
Mas sempre tive boas recordações
Porque se voltasse atrás nos tempos
Tomaria as mesmas decisões

Alturas de glória, alturas de desilusão
A caminhar, tropeçar e levantar
Quando a curiosidade e a frustração
Eram o que me faziam sempre andar

Fui deverás inocente e ainda o sou
Embora com grande gosto de o ser
Porque às vezes nem sei onde vou
E nem mesmo o que hei de fazer

E embora agora já saiba me orientar
Faça sol, faça chuva, neve ou vento
Por que rotas deverei eu mesmo optar
Quando tudo, me parece cinzento?

Pois o mundo não é a preto e branco
Como nem eu sou bom, nem mesmo mau
E já que falo, no fundo para vos ser franco
Nem sei se isto é um zepelim ou uma nau

E é nestas perdidas e antigas fotografias
Que eu me recordo dessas viagens temáticas
Onde eu passei por tristezas e por alegrias
De experiências que pareciam mágicas...

Embora agora não passem de simples memórias monocromáticas.

Porque a cor... Desvaneceu.
Tal e qual este céu-mar.

Blackiezato Ravenspawn

Solidão IV

Há uma brisa tão solene e tão calma
Silenciosa, sem qualquer tipo de som.
Que me acaricia e desdenha a alma,
Saboreando-me como um bombom.

Há quem me segue diariamente,
Mas que só se expressa no papel.
Enquanto dança na minha mente,
Ó tu, minha amante mais que fiel.

Tu que és ausente de forma e cor
E bem peculiar para uma mulher,
Embora venhas sempre cheia de amor
Pois tu és a única que ainda me quer.

Amas-me mais do que eu te amo a ti,
Mas nunca te importaste com tal...
Porque és tu quem toma conta de mim
E quem me espantada de todo o mal

Sempre compreensiva e tolerante,
Sempre meiga e deverás disposta.
Para me receber como teu amante,
Quando naufrago na tua bela costa.

Mesmo que eu te nunca retribua,
Como mereças, da mesma maneira.
Tu que te mostras a mim, sempre nua,
Para me entreter as noites inteiras.

E apesar de eu te ignorar pelos demais,
Tu regressas sempre a como fosses pó.
Para me encantar com ideias geniais
Porque tu solidão, nunca me deixas só.

E aí eu apercebo-me que desperdiço tempo,
Como quem não devia, em aborrecimento.
Porque só contigo é que aproveito o momento
E que me vejo livre de qualquer tormento.

Ó doce Solidão, minha misteriosa Solidão,
Tu que me seguras no teu abraço fantasma.
Porquê que quando entras no meu coração,
Tu me fazes sentir como eu tivesse asma?

O que será este estranho calor? Será amor?!

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 1 de setembro de 2012

Mão Da Morte

Quando os corvos descendem à terra
O cavalo de Hades galopa incontrolável
E a ceifeira excitada e insaciável berra
- O vosso fim é inevitável!

Vai, mão da morte!
Vai, mão da morte!
Vai, mão da morte!
Ide lá, meu cavaleiro!

E é revestido com uma armadura de ossos
Tapado com a escuridão do manto da noite
Contendo a força de um Colossos
Que ele é o escolhido para servir a sua foice.

Vai, mão da morte!
Vai, mão da morte!
Vai, mão da morte!
Vai e decapita-os!

As vítimas são cruelmente esventradas
Com enome brutalidade, com sádica perversão
Enquanto as suas almas são arrancadas
E as suas cabeças degoladas rolam no chão

Vai, mão da morte!
Vai, mão da morte!
Vai, mão da morte!
E trás-me os seus olhos!

Blackiezato Ravenspawn

Anjo

Para uma flecha que veio do sol
Descendeste serena desse alto céu
E mostraste-me o teu lado mais mole
Quando destapaste o teu véu

E estas minhas mãos tão frígidas
As descongelaste no teu suave rosto
Derramando as lágrimas mais lívidas
Mesmo de quem ama com bom gosto

Enquanto me olhavas tão radiante
Debruçada sobre o meu peito
Tal e qual viesses do além distante
Só para descansar no meu leito

E aí eu perguntei-te - ó meu anjo
Porque te separaste dos teus?
E tu respondeste em tom de canto
Que desejavas abraços meus

Ó anjo, tu que não conheces a dor
Que mensagem trazes para mim?
E tu sussurando-me com o teu calor
Deste-me mais um pedaço de ti

Oferecendo uma amostra da eternidade
Existente nesses olhos de águas mil
Partilhando comigo toda a tua beldade
Embebedando-me com um beijo gentil

Ó anjo, tu que sopras brisas sagradas
Com todos os aromas da primavera
Leva-me a voar nas tuas asas aladas
Para além do horizonte, da troposfera

E foi sorrindo de uma forma tão clara
De um jeito inocente, sem alguns receios
Que tu acariciaste os traços da minha cara
E que a encostaste nos teus ternos seios

E  foi aí eu comecei a ascender
Aonde eu não julgava poder ir
A um lugar que não consegui entender
E que é quase impossível de se definir

Nesse paraíso que a mim desvendaste
Esculpido com perfeição na tua silhueta
Embora sem despedir, logo esvoaçaste
Como um grão de areia numa ampulheta

Desvanecendo cintilante no ar fino
Deixando-me apenas uma simbólica pena
Com um fio do teu cabelo cristalino
Que reflectia a tua virtuosidade, ó pequena

Tu que vieste embrulhada em amarelo
Fingindo-te ingénua, embora tão sábia
Para me revelar o que existe de mais belo
No silêncio de um bafo de sálvia...

Não foram emoções, nem sentimentos
Que eu senti no auge da experiência em si
Foram visões, foram pensamentos
Que eu tinha perdido algures dentro de mim.

Blackiezato Ravenspawn