Percorres pelas noites mais que liberto
Como um cavalo selvagem, numa pradaria
Em busca daquele local certo
Para fechares mais um dia
E enquanto isso desfolhas paisagens
Como fossem fábulas, histórias e contos
Capturando sons, fragrâncias e imagens
Que descobres nos finais de cada ponto
Porque tu fazes parte da ordem lunar
E serves a noite na tua cidadela
Quando dou por ti sereno a observar
Como um andarilho, sentinela...
E o teu bafo quente contraria o agreste frio
E os vultos mostram-te os seus abrigos
Enquanto a tenebrosidade se esconde no vazio (não dá um pio)
Pois ela tem medo, sente o perigo
De ti que a varres com essa gabardina
Com enorme graça, como imenso fulgor
Mantendo sempre atento a tua retina
Pronto a fazer mirada, como um caçador
Tu que fazes da insónia a tua parceira
Nesta silenciosa e obscura hora
Ela que é paranóica e zela pela tua traseira
Mantendo-te acordado, pela noite fora
Para ambos decifrarem os diversos mistérios
Dessa forma mística que mais vos eleva
Quando a adrenalina tira-vos do sério
E leva-vos a correr para o coração das trevas
E é assim vigiando o sono dos sonhadores
Além das nuvens, como um nubívago
Que tu fazes chover a magia, pelos arredores
Enquanto viajas, como um noctívago
Tu que inspiras a noite intensamente
E que em sua homenagem, cantas-te lhe uma canção
Enquanto expeles o fumo, poeticamente
Desses cigarros que fazem buracos, na escuridão
Tu... Que no crepúsculo te ergueste
E que agora na alvorada deitaste em paz,
Coberto com os poemas que hoje escreveste
Deixando o dia de ontem, para trás...
"A Grande Prateada Mãe Luna
Diz que sou um dos seus filhos
Enquanto as sombras nocturnas
Galam com volúpia o meu brilho
Como estas veredas esquecidas
Que clamam por mim, o andarilho
Para que lhes faça sentir comovidas
E fecunde nelas, enigmáticos trilhos.
Penetrando na densidade oculta que só um noctívago consegue atravessar."
Blackiezato Ravenspawn
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