sábado, 28 de dezembro de 2013

Pó De Estrela

Nós somos os ventos estrelares
Nós somos as constelações
Os corações crepusculares
Com milhares de monções...
Nós somos a noite e o dia
O eclipse e o ardente anel
Que une opostos em harmonia
Com palavras no papel.

Nós somos a prata e o ouro
As gemas e os diamantes
Para os amantes que buscam tesouros
Em espíritos cintilantes...
Nós somos os demais oráculos
Que caíram nestes planetas
Para magicar nos pináculos
Arte para almas ultra-violetas.

Nós somos os sonhadores
Nós somos os visionários
Os imaginários exploradores
De amores extraordinários...
Nós somos a voz déspota
Dos mistérios submersos
E cada um de nós é uma nota
Da sinfonia do universo.

Nós somos a perseverança
Nós somos a consciência
A experiência e a lembrança
A mudança e a cadência...
Nós somos os marinheiros
Que hasteiam as velas
Para levarem os cruzeiros
A navegar pelas estrelas.

Nós somos os pedaços de uma só carne
De um astro que outrora brilhou,
E agora não passamos do pó de uma estrela
Que com o tempo se amontoou.
Nós somos os viajantes especiais
Todos da mesma família e do mesmo clã
Que um dia será todo reunido
Pelas crianças do amanhã.

Blackiezato Ravenspawn

A Florbela Espanca Está Morta

Debaixo dos lençóis de cetim,
Na minha enlanguescente tumba.
A poetisa dorme junto a mim,
Para se refugiar na penumbra.

Da decadência que lhe comeu a pele
Palavras eternas, rigor mortis.
Guardadas agora num estranho mel
Que nunca sofrerá, necrosis.

Enquanto isso os espectros cantam,
Pelos momentos que foram silenciados
E os vultos com as suas umbras dançam,
Invisíveis, sem serem observados.

Até a realidade mostrar-se franca
E entrar-me pela porta fora
E dizer-me que a minha Florbela espanca
Não está comigo, mas, sim morta...

A minha mente envelhece triste e séria,
E o meu corpo transmuta-se em âmbar.
Perante à fotografia de uma alma Sépia,
Cujo o seu sangue tinha as cores do mar.

E assim o vento rouba-me o sonho
E a lua deixa-me um beijo na testa,
E é bocejando aborrecido ainda com sono
Que fumo do haxixe que ainda me resta.

E ela volta a ascender pelo místico fumo
Enrolada em tecidos cinzentos,
Que se tornam púrpuras do meu mundo
Dando vida a novos, sentimentos.

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 15 de dezembro de 2013

Aeterna

Janeiro
Dizem que existe sempre uma alternativa
Embora todas elas me pareçam iguais,
Logo, não sei qual delas me cativa
Nem qual delas, eu gostarei mais...

Fevereiro
E não é por ter receio de errar
Que eu vivo nesta constante indecisão,
Mas sim por não me querer chatear
Caso tudo acabar em frustração...

Março
Pois ela consome-me as artérias
E dá cabo dos meus neurónios,
Como mazelas severas tão sérias
Que até fazem chorar demónios...

Abril
E assim pela dúvida sou torturado
Sem me importar se me está a doer,
Porque o que mais me deixa angustiado
É não saber, mesmo pelo que viver...

Maio
Hoje, mais um aniversário conquistei
E assim fiz os meus vinte e quatro anos
E a única coisa que relativamente eu sei
É que morrerei como os outros humanos...

Junho
Mas para quê festejar esta data,
E para quê fingir que estou feliz?
Quando na verdade a realidade é-me ingrata
E nunca me deu o que eu mais quis?

Julho
E porque não deixar cair na indiferença
No esquecimento, junto com os outros dias?
Tal e qual as celebrações e as crenças
Que me prometeram presentes e alegrias?

Agosto
É... Soa-me bem melhor e menos chato
Viver tal dia como se fosse outro banal,
Sem ter de me ralar com algo de facto
A não ser com a minha utopia mental...

Setembro
Por isso, ó doce poesia minha,
Filha da minha imaginação e do meu aborrecimento.
Tu que acompanhas esta minh'alma sozinha
Desde o inicio do seu tempo...

Outubro
A vós vos redirecciono todos os parabéns
E desejo a radiância de todas as estrelas,
A vós que das trivialidades te absténs
Pois só tu as consegues vencê-las...

Novembro
Tu que te mostras digna e franca a mim
Espelhando no zénite toda a tua virtude,
Quando vens adornada na eloquência do cetim
No pináculo do meu ser, em plenitude...

Dezembro
Tu que serás sempre a minha magna lua
Tão sublime, tão misteriosa e tão terna,
Enquanto eu para Chronos, outra carne crua
Até as suas presas, tornarem-te Aeterna...

*

E é sobre as mãos do tempo e na tábua do universo,
Que pelo cutelo de destino, que eu sou fatiado.
Esperando já pelos ingredientes dos teus versos
Para talvez um dia... Ser saboreado
Por quem partilhar as minhas receitas
E tiver consciência, destas obras feitas...

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 17 de novembro de 2013

O Cachimbo Do Cavalheiro

Ó nobre haxixe
Que esfarelo na minha mão...
Ouvi dizer que por aí diz-se
Que vós sois um grande folião...
Será por seduzires qualquer palha
E fazeres delas tuas damas?
Enquanto existir uma mortalha
Que ansiar por uma chama?

Ó nobre haxixe
Que a vossa essência, eu fumo...
Ouvi dizer que por aí diz-se
Que vós não sois bom para o consumo...
Dizem que vós andais com gentalha
De todo tipo, de toda a gama...
Mas em vós não vejo possível falha
Nem o propósito de tanta má fama.

Blackiezato Ravenspawn

Espelho Meu II

Eu sei que nós, nem sempre nos damos bem
Apesar de seres quem eu ame, mais que alguém.
Mesmo que eu nos deixe ficar sempre mal
E meta as culpas em ti, meu parceiro leal...
Tu que és o irmão gémeo que eu nunca tive
E toda aquela graça que em mim reside,
Embora devido à minha absoluta indecisão
Tornaste hostil e a causa da minha confusão.
Mas neste momento aproveito para te dizer
Que caso tivesse um desejo para te conceber,
Eu separar-me-ia em dois para te poder beijar
Como Deus fez a Adão para a Eva criar.
Mas como não posso, guardo-te no meu corpo
E hoje deixo-me no controlo da tua mente,
Para que ambos possamos sentir o conforto
De funcionar como um, plenamente...

E é abdicando um pouco da rima cruzada
Da minha forma de escrever mais utilizada,
Que eu deixo nestes versos sinceros espelhados
O reflexo de dois egos que vivem emparelhados.

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 10 de novembro de 2013

Normal (Vespa)

Eu não faço parte das pessoas normais,
Mas nunca senti a vontade de mudar.
E enquanto a multidão arrasta os demais
Eu arranjo sempre forma de escapar.

Enquanto isso eles nadam todos atrás
Das correntes do dinheiro, do amor e do poder.
Competindo entre eles de uma forma fugaz,
Como se tivessem todos medo de morrer.

E é por isso que eu nunca vou ser normal,
Pois sê-lo, nunca fez parte dos meus planos.
Mas é irónico como o vosso mundo real,
Consegue ser mais demente que todos os insanos...

Eu só sou o capitão da minha embarcação
E o niilismo é o nosso navegador.
Nesta embarcação que se chama imaginação
Construída de raiz por um sonhador.

E eu e os meus "amigos" lutamos contra o sistema,
Quebramos o feitiço e enforcamos as dores.
Porque na verdade isso é vosso problema,
Pois não somos drones, mas sim exploradores

E todos eles vêm-me com" bzz bzz" me dizer,
Gajas, carros, futebol, euro-milhões e política.
Mas eu já-lhes disse que não quero saber,
Pois prefiro continuar na minha odisseia mítica.

E todas elas vêm-me com "bzz bzz" me dizer,
Asas novas, pele nova e uma nova colmeia.
Mas eu já-lhes disse que não quero saber,
Pois prefiro a companhia das sereias.

Por isso desculpai-me, ó cara sociedade,
Ó Rainha das abelhas e de todo o mel.
Por não compactuar com a tua realidade,
E sermos vespas e não putas de bordel.

Por isso fica lá com os teus lingotes d'ouro,
Que eu ficarei contente de mão vazia.
Enquanto estiver longe dos teus agouros,
Bem distante, na minha fantasia...

Não perco tempo com farinha do mesmo saco,
Nem com o pão que as "massas" gostam de amassar.
Pois na integra o alimento pelo qual eu ressaco,
Só eu sei mesmo como o arranjar...

Perante ao vosso precioso mel, eu faço jejum
E até se for preciso, tranco-me em quarentena.
Porque nele não encontro sentido algum,
A não ser o de dar cabo das minhas antenas.

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 2 de novembro de 2013

Homo Sapiens Sapiens

Sangue...

Líquido encarnado
Divino plasma
Combustível usado
Por um futuro fantasma
Cheio de história
Carregada por hemoglobinas
Por trilhos de memória
Em nome da vida.

Corpo...

Estrutura analógica
Feita de carne e osso
Engenheira microcósmica
Partícula de um colosso
Recipiente de informação
Genética, um passaporte
Plataforma de comunicação
E um veículo de transporte.

Mente...

Centro de operações
Laboratório de pensamentos
Galeria de sensações
Biblioteca de momentos
Bastilha cerebral
Complexo de inteligência
Subconsciente, Marechal,
Que forja arte e ciência.

Alma...

Fábula bonita
Mítica entidade
Invisível parasita
Presa em castidade
Aura incandescente
Engodo ou mistério?
Um ser transcendente
Ou um sonhador fora do sério?

Ego...

Número de série, chave?
Identidade ou referência?
Explorador que pilota uma nave
Improvisando, sem experiência.
Humano ou andróide?
Vírus ou uma célula clone?
Vontade própria de um espermatozóide
Ou um simples, mero drone?

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Pessoas

Observo os Egos mais tristes
A vaguearem tão conformados
Por-entre caminhos infelizes
Feitos de sonhos quebrados
Onde infâncias são levadas
Para bem longe das suas almas
Que agora cantam magoadas
Tal e qual espectros e fantasmas
Dentro de carapaças sem núcleo
Alinhados p'ra espiral mortal
Sem grande contacto, algum mútuo
Nesta crescente distópia digital
E é no silêncio que eu vislumbro
Quando a minha aura estranha, ressoa
Ao entrar em contacto com um mundo
Onde se diz... Existirem pessoas.

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 27 de outubro de 2013

Damas (Checkers)

Vejo um tabuleiro na mesa,
Onde algumas fêmeas jogam.
Contra a sua incerteza,
Que tanto elas interrogam.

Vejo passos calculistas,
Como oiço respostas cínicas.
De ciborgues narcisistas,
Cheias de armas bioquímicas.

Vejo fêmeas que bailam,
Para prenderem homens em teias.
Mas que quando falham,
Vingam-se noutras mais feias.

Vejo fêmeas que assim saltam,
Para comerem peões na cama.
E que por várias casas avançam
Como se fossem damas.

Blackiezato Ravenspawn

Sem Sentido

Não importa por mais que eu procure,
Que nunca encontrarei as palavras certas.
Nem existe mesmo alguém que segure,
A minha vontade, de mãos abertas...

Por isso, hoje decidi revelar,
O segredo deste meu labirinto...
Para que vocês fiquem finalmente a par,
Das coisas que eu realmente sinto.

E é despindo o meu ego no chão,
Que eu vos mostro o meu lado mais sincero.
Abrindo as portas do meu coração,
Pois é isso o que eu mais quero.

Sinto-me totalmente estranho e incompreendido,
Não sei... É bem complicado de dizer...
Porque a vida nunca me fez algum sentido,
Que eu já nem sei... O que hei-de fazer.

Blackiezato Ravenspawn


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A Noite Em Que Eu Conheci O Mário Dias

- Ei! Não precisas d'algo, ó tu de Negro?!
Disse-me um homem sorridente de fato branco.
Aproveitando-se do meu tedioso sossego,
Que eu tinha conseguido, naquele banco...

-Estás desanimado, precisas de adrenalina?
Questionou-me de novo, o estranho janota,
Olhando de alto a baixo para a minha gabardina
Como quisesse dar o mico, à minha nota.

- Sou o Mário Dias para os amigos
- Mas tu podes-me tratar por M.D.
- E que tal fazemos algo divertido
- Tipo mudamos para o plano B?

E enquanto escutava a batida,
Curioso deixei-me ir e mordi o isco.
E assim percebi que tudo nesta vida
Tem, um suposto "risco".

Por isso, segue o rasto do Mário Dias,
Farejando como um cão....
Pois garanto-te que encontrarás alegria
E muita, muita... Diversão.

Blackiezato Ravenspawn

Rabiscos

Embora existem demasiadas tonalidades e cores,
Eles prendem-se no pensamento a preto e branco.
Separados por ódios, unidos por amores
Onde uns sofrem imenso e outros nem tanto...

E mesmo que as suas vidas sejam escritas a esférográfica,
Todas elas acabam alteradas pelo corrector...
Quando a sociedade inventa mazelas ortográficas,
Só para as censurar da maneira que achar melhor.

Mas cada vez que leio essas mesmas frases, limpas
Escritas à maquina com caligrafias tão catitas.
Dou por mim a escutar palavras fúteis e vazias,
De pessoas feias, que foram iludidas de bonitas.

Enquanto a minha "vandalesca" e niilista existência,
É escrita da forma que mais me alegra e me convém...
Um mundo de rabiscos onde a fortuna e a decadência
Se entrelaçam... Como jamais se entrelaçou, alguém.

Blackiezato Ravenspawn

Olhares Pendulares

Eu troquei um olhar com ela,
Até ela desviar o seu olhar...
Então eu ignorei a suposta donzela,
Visto que a mesma, não queria conversar.
E foi abdicando da sua presença,
Como nunca a tivesse, visto, então...
Que dei por ela a olhar-me com indiferença
Pelo canto da minha visão.
E foi fintando-lhe, depois de novo,
Que ela esquivou-se cheia de apatia.
Como se as estrelas e todo o globo
Girasse em torno da sua mania...
E assim suspirei olhando para a janela,
A mirar paisagens em busca de novos ares...
Mas só encontrei o reflexo dela
E dos seus olhos pendulares.

E foi-lhe fitando pela ultima vez
Que ela repetiu o mesmo processo.
Uma, duas... Agora três?
Não! Isso, já é em excesso.

E o pêndulo parou... E ela ficou à espera da minha energia cinética...

Mas, eu estava cansado da viagem.

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Jogos De Ternura

Anda... Vamos ambos sentar-nos juntos,
Mas quietos, sem nada fazer....
Deixando apenas qu'estes olhares profundos,
Digam o que tiverem para dizer....

E juntemo-nos mais um pouco,
Deixando o magnetismo trabalhar...
Só para ver-mos qual de nós é o mais louco
E qual de nós aguenta mais, sem suspirar...

Agora vamos só trocar uma suave caricia,
E recolher logo, De imediato...
Indiferentes à nossa empatia
Como fazem interesseiros, todos os gatos.

Para depois lutarmos contra a tentação,
Frente a frente com uma supremacia mental...
À espera da máxima e tardia gratificação,
Pois quem sofrer tudo, ama até ao final...

Até sorrimos ambos daquele jeito demente,
Envoltos nos corpos que imploram beijos.
Enquanto aguardamos que a noite iminente,
Nos oculte e satisfaça os nossos desejos...

Blackiezato Ravenspawn

Culto Do Fumo

Ó Hereges anarquistas...
Ó Misantropos pagãos...
Vós almas narcisistas...
Meus infames irmãos!..

Vós que no Sabbath visitai o templo pudico
Da hipocrisia que nos oprime e nos revolta!
Por favor tragam o incenso e mais público
Para qu'este do aborrecimento, nos absolva!

E dobrai somente o vosso joelho
Ao alto nobre e santificado bagulho!
Tomando-o junto com o vinho vermelho
Que de tanto, mas tanto me orgulho!

E prestai as vossas mocas no culto do fumo
Perante à marijuana, a nossa irmã-mor!
Eu que profetizando, o vosso mal excomungo
Com a hóstia do dealer, o nosso senhor

Ámen!

Blackiezato Ravenspawn

Confiança

É uma falta de moral e de ética,
Pedir provas fidelidade a alguém.
Quando a própria pessoa é céptica
E nem confiança na outra tem.

Porque muitos pensam que a confiança,
É uma moeda simbólica d'uma economia.
Com seguros, burocracias e finanças,
Que muda conforme a bolsa todo o dia.

Mas a confiança só está nas vidas,
Daqueles que a partilham a dois.
Logo não percebo porque duvidas?!
E metes a carroça à frente dos bois...

Esperando que eu te compre a lealdade
Só para que tu te possas crer a mim.
Mas, o que raios eu devo-te na verdade
Se algo em troca, jamais te pedi?!

E que confiança é essa que cobre juros
Que me chantageia e que me penhora?!
Se é é este o teu investimento para o futuro
Adeus! Deixei de confiar em ti, agora!

O preço da confiança é ela mesma.

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 20 de outubro de 2013

Cubo Mágico (Rubik's Cube)

Eu adoro o meu cubo mágico,
Por ele ser deverás divertido.
Este caro puzzle matemático,
Que até fácil de ser resolvido.

Projecto nele os meus problemas,
E rodo-o conforme a situação.
E ele rima como os meus poemas,
Que eu escrevo por diversão.

E não importa como ele se mostra,
Que não me custa nada, o resolver
Da forma como ele mais gosta,
Sem nenhum de nós se aborrecer.

Que às vezes até faz-me pensar,
Que as pessoas deviam ser como tal.
Para lidar com elas sem me chatear,
Da forma mais simples e genial.

Depois de tê-lo completado,
Eu crio paternas alternadas.
Nele que pode ser solucionado,
Apenas com umas meras jogadas.

Blackiezato Ravenspawn

Espectros

Nós escrevemos o dia todo,
Embora ninguém nos queira ler.
Mas, é assim o nosso modo
De estar aqui e de viver.

Somos os solitários escribas,
Desta fútil e degenerada geração.
Aqueles mesmos que ninguém liga,
Devido à falta de sensibilização.

E é refugiados nos nossos mundos,
Que preservarmos o que resta d'arte.
Visto que aqui, só somos vagabundos,
Cuja maioria não conhece e mete de parte

E assim a cura para a decadência,
Esvai-se connosco, os poetas mudos.
Pois a voz censurada da consciência,
Fala inútil para homens surdos.

E como espectros...
Nós vamos e nós volvemos.
E como espectros...
Nas nossas poesias sobrevivemos.
E como espectros...
Nós amamos e nós sofremos.
E como espectros...
Na vossa indiferença nós morremos.

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Dá-Me Um Gozo Tremendo Escrever

Dá-me um gozo tremendo escrever!
O que sente a alma e o que pensa a mente
Pois é como fizesse de novo a vida renascer
Nestes terrenos baldios, decadentes!

Dá-me um gozo tremendo escrever!
O que eu oiço e o que eu tanto avisto
Dando-me asas para no além ascender
Na eternidade, como fez Jesus Cristo!

Dá-me um gozo tremendo escrever!
O que ninguém diz e o que ninguém escreve
Ditando-o sem afinco e sem nada temer
Duro como o gelo e puro como a neve!

Dá-me um gozo tremendo escrever!
O que a vida faz à minha consciência
Quando me grava no papel e faz-me transparecer
Toda esta minha existência!

E dá-me um gozo tremendo escrever!
Para me libertar e me sentir limpo
Que até prefiro o fazer do que foder
Acompanhado de charros e de absinto!

Blackiezato Ravenspawn

Galáxia De Falácias

Ad Hominem quando não há argumentos
Factos dúbios como travestis controversos,
Justificações em forma de tristes lamentos
Tem um vasto lugar extenso, neste universo...

Críticas respondidas com mais criticismo
Levando a hipocrisia a seduzir aldrabões
Ah! Esses pseudo-moralistas cheios de cinismo
Que ocultam culpados as contradições!

Sacerdotes infames que purgam com água benta
As bocas justas do povo para calar a discórdia!
Mas só quando surge o escândalo e a bomba rebenta
E que se lembram de fazer o apelo à misericórdia!

Mudança de assuntos para fugir à crua verdade
Bem vindos ao fim do cosmos, a esta galáxia!
Onde não existe humanidade, nem mesmo humildade
Só egos equipados com desculpas e falácias!

E é não compactuando com esta desmoralização.
Que eu me expresso indignado, a minha opinião!
Para aqueles que criam o egoísmo, invés do cotão
Nos seus umbigos, sem ter no fundo, alguma razão!

Blackiezato Ravenspawn

A Sete Quilómetros A Este De Aveiro

Nunca, mas, nunca se passa nada,
Nesta ridícula merda de cidade.
Deverás reles, medonha e pacata,
Com tanta falta de diversidade.

Onde as pessoas não tem cabeça
E se conformam com o habitual.
Que só de estar aqui dá-me moleza
E um constante tédio, abismal...

Mas hoje disse que me ia divertir,
Logo vou-me preparar e sair da toca.
Para ver se consigo ainda adquirir,
Aperitivos e um bocado de droga.

E à noite vou até ao fim da rua
Da minha casa, por aquele carreiro,
Em direcção ao mato ter com a lua,
A sete quilómetros a Este d'Aveiro.

Blackiezato Ravenspawn

A Confissão De Uma Folha

Eu pergunto-me - O que eu sou?
E a resposta é sempre - Eu não sei...
Nem sei ao certo mesmo para onde vou
E penso que nunca, o saberei.

Só sei que fui uma folha ao relento,
Que se soltou das outras iguais.
Devido à curiosidade e ao sentimento,
De querer saber um pouco mais.

Pelo ar uns dias eu voo e plano,
E noutros dias, sou só pisada...
No chão onde vagueiam os humanos,
Com as suas mentes degeneradas.

E eu essa foragida folha solitária,
Que foi desde oriente a ocidente.
Não passa de uma comum e ordinária,
Criação de uma estranha semente

Sementes essas cheias de vida,
Que foram deitadas no nosso solo.
Como frágeis crianças adormecidas,
Pela mãe terra no seu colo...

Sementes que germinam em frutas,
Outras que brotaram em diversas flores.
Quando um dia se tornarem adultas,
E ganham novas formas e várias cores.

Mas, eu continuo aquela folha,
Invisível à multidão que passa.
À espera que alguém me recolha,
E ache em mim, a minha graça.

E entretanto o tempo vai passando,
E esta folha vai envelhecendo,
Sem vontade alguma, ainda pairando
Fingindo que ainda, está vivendo.

Abandonada e de companhia privada,
Vestindo os trapos das estações.
Mantendo na sua gene preservada,
Os seus lamentos e as suas canções

E é sonhando com uma vida soberana,
Delirando as vezes com a torre de babel.
Que eu desejava ser uma folha de marijuana,
Ou talvez uma simples folha de papel.

Para arder numa solene mortalha,
Onde tu deitas a tua sinceridade.
No conforto d'uma alcofa de palha,
Para estimular a tua sensibilidade.

Mas infelizmente não fui feita assim,
E eu esta folha, ainda continuo perdida.
Como se fosse a única flor no jardim,
Que ainda não tivesse sido recolhida...

E assim o vento me suspira e eu me levanto,
Até começar a chover e eu me deitar.
O fogo é quem me ilumina com o seu encanto
E a terra é a única que me escuta...

Chorar...

"Hoje peguei uma folha rasgada e escrevi um poema."

Blackiezato Ravenspawn

A Dança Da Inconformancia

A pista já está ao tempo aberta
Embora ninguém esteja a dançar
E esta costuma ser a altura certa
Que eles aproveitam para conversar
Entretanto eu danço sem querer saber
De tertúlias e de assuntos sociais
Porque eu vim aqui para esquecer
E contrariar essas rotinas habituais
E é sobre os teclados hipnotizantes
Que trazem os baixos mais consistentes
Junto de guitarras tão dissonantes
Em simbiose com batidas decadentes
Que neste ambiente entro em transe
E na minha serenidade, deixo-me ir
Abanado o corpo com estranhos lances
À volta da gravidade que me atrair...

Por isso se desejares dançar comigo
Vem a mim, ó minha cara estranha
Que eu hoje serei o teu melhor amigo
Independentemente das tuas manhas
Mas não me tragas os teus tristes fados
Que eu não vou prestar grande atenção
Pois eu estou bem de olhos fechados
A dançar com a minha amiga, Escuridão...

Nesta galáxia sombria onde tudo gira
Em torno da mesma corrente obscura
Uns falam daqueles que vivem uma mentira
Só para fazerem parte d'uma subcultura
Mas eu não falo, nem mesmo me comporto
D'acordo os códigos e esses sistemas
E nem sequer me ralo ou mesmo me importo
Com as vossas ondas e as vossas cenas
Pois para mim a única estrela aqui é o Dj
E as músicas que ele passa, a radiança
Logo nesta noite eu faço de suprema lei
A alma que me envolver na sua dança
E clarear o céu deste solitário planeta
Que oculta as maravilhas mais misteriosas
Deleitando-se na sua atmosfera negra
Como se fosse a Luna, mais glamorosa...

No meu quotidiano sou um antagonista
Mas tu podes me tratar por Melchior
O esquisitóide urbano, o inconformista
Ou até mesmo o vulto de carne da dancefloor
Com o meu estilo peculiar e niilista
Diferente dos que existem ao nosso redor
Dançando volátil como um anarquista
Que só se quer divertir e nada impor...

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 14 de setembro de 2013

Elemento: Ar

Já oiço os notórios cantos de Siroco
Que ecoam nos meus pensamentos
E é declamando um pouco rouco
Que eu faço mover a rosa-dos-ventos
Para sudeste deste horizonte distante
Ao sabor do misterioso tempo
Expressando-me a Levante, bem galante
O que a minha'alma sente ao relento

Pois tu inovas e trazes mudança
E assim eu inspiro-te, ó livre ar
Tributando-te com uma simples dança
Mais uma enorme vontade em cantar
Quando vens forte ou até mesmo ameno
E eu relaxo o torso e deixo-me levar
Fechando os olhos calmo e sereno
Imaginado-me nas nuvens, já a voar

E é enchendo todo este meu peito
Também com a sublime graça de Zéfiro
Que eu sinto o equilíbrio mais que perfeito
Nessas brisas airosas que eu respiro
Em forma de versos e doces melodias
Que eu etéreo, selo-as em papiro
Dando movimento à elástica poesia
Que eu tanto venero e tanto admiro

Ó tu, nosso volátil aspecto do outono
Que à Lusitanea vens sempre passear
Entrando em outubro, no nosso trono
Quando o verão parte p'ralém do mar
Tu que fazes os sons criarem laços
E fazes a fauna despir e as aves migrar
Enquanto eu estendo já os meus braços
À espera de te receber e te abraçar

Blackiezato Ravenspawn

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Nictofilia

Quando posso, dormo o dia quase todo,
Só para contrariar a puta do sistema.
Mas quando crepúsculo vem, aí acordo,
Pois ele não me trás nenhum problema.

E se puder dormir das sete até às vinte,
Faço-o como fosse um solitário vampiro.
Pois só a noite é que traz o tal requinte
E aquela paz que eu tanto respiro e preciso...

Pois para mim os dias são muito tóxicos
E superpovoados pela chata instabilidade,
Logo não sei qual será o meu diagnóstico,
Mas deve ter a haver com a sociedade.

E é na alvorada quando o sol encandeia
E os meus olhos imploram por descansar,
Que eu vou tomar a minha última ceia
Junto a quem se levantou para ir trabalhar.

Talvez porque só assim é que me sinto bem
E porque os meus sonhos fluem melhor ao dia.
E apesar de gostar do sol, deixo-o para quem
Não sofre, nem entende a minha nictofilia...

Mas só foi hoje que eu reparei neste interesse,
Que eu tenho pela noite e que me deixa tão tranquilo.
Quando contemplo as estrelas e penso, fumando "esse",
Apesar dos dias passarem, e eu nem senti-los.

E é a noite que a maioria dorme em casa distante,
A regenerar energias para as suas rotinas normais.
Enquanto há quem deambule pela treva e ainda cante

- Na noite, Eu e as sombras, somos ambos iguais...

Blackiezato Ravenspawn

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A Fachada

É irónico a forma como tu falas e como te ris,
Radiante por fora, mas por dentro tão infeliz.
Tu que te achas pura, embora não passes d'uma atriz,
Que representa um papel, de mais uma meretriz.
A tua vida é uma longa metragem de enredos febris
Um estilo de vida, que supostamente a tua mãe não quis.
E mesmo dada de graça, eu abdico de ti por um lápis
Para escrever mais logo o que o teu espelho me diz....

*Ela não gosta de si, ela gosta de pessoas vis*

Dás-me pena, mas confesso que me fazes deverás rir
Pois eu mino o teu cérebro e nada há para descobrir.
Tu que pousas nas ruas com a intenção de seduzir,
Em busca de alguém que te ajude a auto-destruir
E eu rio-me quando depenas, e clamas querer atingir
O amor de todas as formas que haja para se sentir.
Mesmo apesar do que me falas, nem sempre coincidir
Com histórias que tu contas quando me tentas persuadir.

*Falando de uma forma como fosse normal mentir*

Mostras-te sempre sublime e cheia de genuinidade,
Uma criatura alada banhada pela magna virtuosidade.
Apesar de não conseguir, lidar bem com a realidade
E acabar por ocultar os seus defeitos na sua vaidade.
És triste e tens severos problemas de personalidade,
És uma cópia reles de carbono do câncer da sociedade
Não tens amor próprio e não tens possível humildade,
És uma miserável sem escrúpulos, sem feminidade.

*Em forma de boneca cara e supérflua sem nenhuma utilidade*

És uma zombie movida apenas pelo escárnio e pela atenção,
Uma cadela com trela que foge do seu medo e da sua solidão.
E uma coitada que se odeia, sem entender mesmo a razão
- Ó tu, alma ruim! Cuja Súcubo é a tua personificação!
E é através desse materialismo, que tu ofuscas essa escuridão,
Que tu cultivas nessa pedra a que chamas do teu coração.
Mas eu não sou tua presa - por isso procura melhor na multidão
Porque de mim, minha cara, só levarás a dura negação.

*Reagindo da mesma forma, mas com respeito e educação*

Desarranjos mentais - Double Standards - "Menina Bipolar"!
Tangas velhas e sujas, reutilizadas para voltar a tapar!
O antro de miséria que pessoas como tu tendem-se a tornar
Quando o carácter é fraco e nada têm para se agarrar!
A não ser uma ilusão que o quotidiano tem para te ofertar
Aquela que te usa e abusa, manipulando sem se preocupar!
E é por isso que eu prefiro foder-me todo a beber e a fumar!
Do que aturar gajas como tu, só para ter a chance de fornicar!!!

*Quando consigo ter mais prazer, só pelo simples facto de me masturbar*

... Não passas da fachada de um " templo", que eu não entendo de todo...
Mesmo entrar...

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Qualidades II

Q1 - Força - Os punhos que quebram os limites
Eu sempre enfrentei o destino
Com estes punhos bem cerrados,
Até mesmo quando era pequenino
Sem ter grande força, nestes braços.
E apesar de ser inocente e fraco
Eu não sucumbi à decadência,
Aceitei-a e bebi desse suco nefasto
E fiz dele, minha potência.

Q2 - Rapidez - As pernas sedentas por avançar
Eu também não nasci numa jaula
Nem entendo meter-me numa,
Logo recuso-me a pagar cláusula
Caso alguém, criar alguma.
Pois é através dos meus passos
Que eu busco a minha liberdade,
Para ultrapassar triunfoso o fracasso
Com a graça da minha celeridade.

Q3 - Sensibilidade - Os olhos que penetram mistérios
Os meus sentidos sempre questionaram
O que a percepção testemunha cá,
E os conhecimentos sempre se elevaram
Em cima dos problemas que a vida dá.
Vadeei sozinho e sempre me perdi
Entre encruzilhadas e precipícios,
Mas com a tamanha experiencia que adquiri
Tornei-me num ser cheio de auspícios.

Q4 - Eloquência - A enigmática língua que dança e encanta
Neste mundo cercado de falsas estrelas
Que nos cegam e que nos hipnotizam,
Traça comum, fui, como todas elas
Dessas que não sabiam ao certo o que faziam.
Até deixar esses ilusórios fogos dementes
Para me me deitar no coração da escuridão,
Ao cuidado das sombras mais carentes
Que me ensinaram as artes da ofuscação.

Q5 -  Valor - A vanguarda dos ideais de um ser
Não quero ser líder, prefiro ser tonto
Pois nunca tive presença para pregar,
Nasci gladiador e estou sempre pronto
Mesmo quando não me apetece lutar.
A minha única inspiração é a coragem
E a perseverança é a minha única certeza,
E não importa o quanto má for a paisagem
Que eu farei do meu peito, tua fortaleza.

Q6 - Sagacidade - Uma mente a quatro dimensões
Sempre vivi entre a minha vasta cabeça
E a dura existente cercante realidade,
Onde as propostas em cima da mesa
Comovem-me no fundo, na verdade.
Lá onde eu faço o caos e a ordem
Dançarem harmónicos até a exaustão,
Num lugar onde não existem homens
A não ser mestres da dementação.

Q7 - Criatividade - O círculo dos sete
E assim os meus valorosos punhos vibram
E as pernas gloriosas imploram para avançar,
Atrás das visões cósmicas que me guiam
Por trilhos que nem todos conseguem continuar.
E enquanto isso a carne acolhe honrada
Os sacrifícios impostos pela minha vontade,
E alma irradia soberba tão bem alinhada
A virtude destas minhas sete qualidades.

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Desvanecer

A minha presença neste mundo
É proporcional ao meu humor,
Pois quando ele vai ao fundo
Eu desapareço do vosso redor.

Torno-me numa luz ultravioleta
Energizada por vários pensamentos,
Que se esvai como um cometa
Célere em busca de isolamento.

Sou metade carne, metade etéreo
E vivo na realidade por turnos,
Até ser raptado pelo mistério
Para Marte ou talvez Saturno.

Porque a minha atenção acabou
E na minha mente me perdi,
Mudei de rota, mas ninguém notou
Saí fora de mim, E desvaneci...

Blackiezato Ravenspawn

Cagadas Perfeitas

Olha que quem sabe mesmo cagar,
Também sabe muito bem escrever!
Pois não precisará d'assim explicar,
Tudo o que seu esfincter disser.

E assim viverá cheio d'alegrias!
Mesmo que esteja murcho-tristonho...
Porque quando é para fazer porcaria
Todos nós somos monarcas num trono.

E se alguma vez tiver problemas
E precisar das coisas bem feitas?
Inspirar-se-à nos seus poemas
Para cagar as fezes mais perfeitas!

Depois puxará orgulhoso autoclismo
E suspirará, sentindo-se deverás bem!
Depois de ter deixado no abismo
Toda a merda que o seu corpo retém...

E quando o papel beijar o seu rabo
Para então você se limpar...
Não encontrá nada ao cabo
A não ser algo com que se inspirar.

Blackiezato Ravenspawn

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Templo do Humanismo

Falsos conceitos de individualidade
Surgem para enfraquecer a raça humana,
Uma ilusão para esconder as atrocidades
Que se desenrolam na rotina urbana.

Quando a diversidade é escolhida a dedo
E acaba cultivada em laboratórios grotescos,
Onde as lavagens cerebrais polem com o medo
Os novos sujeitos, ainda frescos.

E no tempo de hoje os falsos profectas vêm
Com ensinamentos dúbios, achando-os soberanos,
Pregando as histórias que mais lhe convém
De como um deve ser, um ser humano.

E é divididos pela ganância, unidos pelo egoísmo
Que nós somos presos neste sistema incerto,
Apesar de nos gabamos que veneramos o humanismo
Quando na verdade o seu templo está deserto.

As eras passam e o mundo gira a sua estrela amada
A tecnologia ascende e a sua energia flui,
Mas a verdade é sincera e não quer incomodada
Por uma mente estúpida que não evolui.

E é falando das trivialidades de um jeito insano
A tentar justificar os nossos actos no quotidiano,
Que nós dizemos querer mudar o mundo em desengano
Embora quase ninguém, seja um bom ser humano.

E mais uma vez o sino do humanismo soou
Todos passaram, mas ninguém o escutou
Só fingiram mais uma vez que algo mudou
Porque nesse templo... Ninguém entrou

E por mais coisas que digam, por aí além
E por mais vontade que tiverem...
Todos nós queremos ser alguém no mundo,
Mas para ser, "mais" humano?!
Isso, já no fundo... Só alguns querem.

Blackiezato Ravensapwn

Comida De Plástico

Lá vem a rapariga materialista
Que trás consigo a vaidade agarrada,
A um ego miserável e narcisista
Que no fundo não vale nada.

Ela que se acha uma grande foda
E uma mulher moderna a tempo inteiro,
Agente da fofoca e uma vítima dessaa moda
Que lhe sequestra todo o dinheiro.

Ela que é uma escrava do consumismo
E um saco de carne regado com perfume,
Porque se desmistificares o seu misticismo
Ela é uma reles merda, pior que estrume.

Pois não passa de uma porca numa vara
Que foi criada em massa para se comer,
Quando se veste como uma boneca cara
Só para que nós todos, a possamos ter.

Blackiezato Ravenspawn

Um Psicopata Atrás De Um Ocular

Depois das onze ele torna-se num caçador,
E ela nos seus olhos, foi mais uma presa.
Pois naquele bizarro jogo do amor
O seu charme é perigoso de certeza

E apesar dela ser um alvo tímido,
Não hesitou em refugiar-se na sua lente.
Inocente com frio, imersa em libido
Mesmo de quem queria um beijo quente

E foi sozinho, só mais que nela focado,
Que ela se atreveu a desfilar no ponto
Levando o nervoso, embora excitado
Murmurar o seguinte, à espera, pronto.

Um: Miras o teu alvo com precisão
Dois: Tiras lentamente a folga do gatilho,
Três: Inspiras e susténs a respiração
Para quatro: Abateres o teu inimigo!

E foi assim que ela colapsou no seu sorriso,
Sem saber ao certo onde deixou a vida.
- Será um sedutor ou será atirador furtivo?
Foi a última questão deixada na sua rotina.

E logo depois arrumou a sua espingarda
E saiu repentino da mesma forma que entrou.
Como? Não sei... Talvez pela retaguarda
Eu só sou o escritor, não quem a matou!?

E agora as bocas da rua falam de um psicopata,
Que ninguém sabe ao certo quem ele é e onde habita.
Só de mais um funeral, uma triste data,
Deixada num dos seus cartões de visita...

E eu já procurei por toda a minha mente,
Mas não encontrei o responsável, neste breu.
Logo só resta uma hipótese, evidentemente...
Será que fui mesmo eu?

"Quanto mais escreves, mais matas."

Blackiezato Ravenspawn

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Luzes Falsas

Luzes Falsas...

São como buracos na escuridão, resultados de disparos de pistolas forasteiras e explosões impertinentes que desejam a todo o custo rebelar-se contra o domínio da noite, pois são elas quem destroem assim o seu silêncio e o seu mistério.

As luzes falsas são também uma fonte de sustentação primária ilusória que nós cultivamos desde o nosso berço, para alimentar a nossa tranquilidade. São as mesmas que nos enchem com um comodismo desnecessário ao troco dos nossos instintos animais e da nossa intuição humana.

São essas falsas luzes que te levam a lugares que tu não irias por não valerem nada...
São essas falsas luzes que te seduzem, ofuscando os seus defeitos com os brilhos sintécticos...
São essas falsas luzes que piscam incondicionalmente, até a tua paciência ceder e assim levarem-te a melhor...
São essas falsas luzes que ganham formas polimorfas para te fazer esquecer o verdadeiro significado da luz em si...
São essas falsas luzes que nos distraem das verdadeiras luzes que a noite tem para nós...
São essas falsas luzes que fazem as traças suicidarem-se em autos de pé...
São essas falsas luzes que trazem de volta os navegadores que não conseguiram encontrar o seu lugar no oceano...
São essas falsas luzes que me fazem adormecer em segurança, mas também são as mesmas que fazem acordar, o lado mau que existe de mim...

E encobertos pelo manto obscuro nocturno, as partes sombrias de nós vivem em paz.
Até os brilhos irritantes sintéticos lhe declarem guerra e elas assim nos retaliarem com estranhos hábitos...

Há dias que o sono está presente, mas eu não sinto necessidade de o abraçar.
Pois é como as luzes sussurrassem-me com chantagens, para eu cumprir as suas estranhas agendas.

Só quando a alvorada vem, é que eu reconheço a verdadeira tranquilidade.
Quando as sombras perdem a espessura e as falsas luzes, se apagam.

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 3 de agosto de 2013

Triagem

Eu sou de uma geração descartável
E vivo num mundo cheio de poluição
Onde a ignorância é interminável
Tipo as filas p'ra loja do cidadão

E vivo numa era doente que menosprezo
Com excesso de ódio e escassez de amor
Onde se diz que tudo tem um preço
Embora para mim nem tudo tenha valor

Onde o consumismo compra o ser humano
E torna-o na prostituta mais degrada
Num escravo sabugo com ar tóxico insano
Que só sente o cheiro do dinheiro e mais nada

Onde se bem aprende desde cedo
A importância do Metal, do Plástico e do Papel
Para voarmos cegos como morcegos
Nas noites deste gigante lunático bordel

O Metal é o material
O Plástico é a futilidade
O Papel é o poder
Que faz mover a sociedade

O Metal é o imortal
O Plástico é a vaidade
O Papel é a forma de prender
A maior parte da humanidade

Eu quero olhar em frente e ver paisagem...
E é por isso que faço assim, a minha triagem...
Quero ver o horizonte e sentir a erva...
Não quero ser mais um, entulho de merda...

Pois se eu não a fizer, ninguém a fara por mim...
E é por isso que faço esse processo, sempre que posso até ao fim...
Pois eu não sou um róbo, controlado por números ordinários...
E a minha vida também não é, algum aterro sanitário...

Eu sei que às vezes é complicado
Lidar com tanto lixo
Quando vivemos num planeta atolado
Por avariça e capricho.

Mas se queres ter um propósito
Faz deste processo uma rotina
Porque o próximo depósito
Pode aparecer ao virar da esquina.

Não deites o lixo que te deram para o chão como faz o resto.

Faz a triagem...

A merda e a ignorância vai para o contentor verde

A vaidade e a futilidade para o contentor amarelo

As mentiras e a arrogância para o contentor azul

E o resto se der... Reutiliza... Mas não te deixes poluir.

Preserva o meu mundo que eu ajudarei-te a preservar o teu.

Blackiezato Ravenspawn

Uma Estranha Forma De Existência

A minha mente é composta e pesada,
E o meu corpo é o seu oposto, leve.
E a filha deles, a minha alma revoltada
Brinca com um coração que ainda geme.

E estes meus olhos castanhos torcidos,
Expremem e trituram a vossa realidade.
Com saberes e ideais outrora esquecidos,
Pela maior parte desta reles humanidade...

O meu esqueleto é rígido e bem teimoso,
E a minha carne segura-o sempre densa.
Quando os obsctáculos acham-se gloriosos,
Capazes de levar a melhor um ser que pensa

E quando o conhecimento vem, ele deixa ferida,
Mas a dor se esvai num inspiro profundo.
Pois eu tenho buracos negros na minha vida,
Que devoram estrelas e desintegram mundos.

E apesar de ser micro neste sistema macro,
Onde o caos e a ordem se beijam controversos.
Eu deito-me todas as noites como um simulacro
Em harmonia, abraçado ao meu estranho universo.

A flutuar no vazio do seu olhar,
Sempre confiante, sempre leal...
De um jeito tão sereno e tão peculiar
Que ás vezes nem parece real.

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 28 de julho de 2013

Alter Ego

Eu pergunto-me constantemente
Por quanto tempo... Tu conseguirás
Me prender aqui...

Eu que assombro a tua mente
Como se satanás...
Vivesse dentro de ti.

E porque não abres essa concha?
E me deixas, só por um dia sair?
Para mostrar a esse mundo
O que estás mesmo a sentir!?

Vá lá, abre a crisálida
E deixa assim escapar!
Essa traça assassina
Que tanto deseja matar!..

Mostra a depravada criatura
Que tu és, seu cabrão! - Ó não!
Aquela que te vigia sempre obscura
Pelas fendas do teu coração...

Aquele a quem tu alimentas com raiva
E a quem tu o sedas com paivas,
Aquele que vive num espelho rachado
Oculto no teu quarto vermelho,
Sedento de cólera tenaz
Que nem a dormir te deixa em paz...

E eu pergunto-me constantemente,
Porque escondes a minha realidade
Apesar de beberes do seu veneno?

Aquele que intoxica a tua mente
E te engasga com a insanidade,
Desse jeito tão sereno...

Abre, mas, é, essa concha!
E deixa-me finalmente sair!
Para mostrar a esse mundo!
O que estás mesmo a sentir!

Abre por favor a crisálida
Que te está a esmagar!
Com o peso de um fardo
Que não te deixa voar!

E deixa-me mostrar a grande criatura
Que eu sou! meu gémeo irmão!
Aquela cheia de virtude e formusura
Que tu escondes na escuridão...

Aquele a quem tu prendes com fervor
Por temeres o choque do seu pavor,
Aquele que vive numa bastilha
Secreto na tua mente, numa ilha
Decidido e absolutamente sagaz
De fazer o que tu nunca foste capaz...

Eu que só te peço que enfies a chave
E que rodes até a fechadura se abrir,
Pois tu sabes que já não aguentas mais
E que eu preciso bem de sair!

Por isso une-te somente a mim
Para sentires todo o meu poder,
Eu que só preciso que me abras a porta
Para eu te fazer renascer!

Por isso ajuda-me, dá-me a mão!
Qu'este vidro ainda está quebrado,
Pois se não me tirares desta submissão!
Juro-te! Que se um dia, se eu me soltar
Não estarás ao meu lado
Mas sim no meu lugar!..

Blackiezato Ravenspawn

Sê Gentil, Ó Planta Carnívora

Sê gentil, um pouco humilde e vem
Pois se eu fosse a ti, já aqui estava,
E a razão pela qual não vou mais além
É porque tu te achas uma boneca desejada...

Sê gentil e não me olhes desse jeito
Pois os olhos não foram feitos para chantagear,
Por isso arranca esse orgulho do teu peito
E sê tu, quem me vem buscar...

Sê gentil e mostra-me altruísmo
Pois Eu nunca te fiz mal algum,
Logo, não entendo esse teu elitismo
Quando eu nem ligo à selecção natural...

Sê gentil e um bocado compreensiva
E não me peças mais do que tu mereces,
Porque no fundo és mais outra vida
Que nasce, cresce, murcha e apodrece...

Sê gentil e mais humana
Pois eu só te peço uma palavra, um solene gesto,
Como faria qualquer alma soberana
Que se diferencia de todo o resto.

Sê gentil e menos interesseira
Não como as outras flores, neste jardim,
Pois se continuares a sê-lo dessa maneira
Nem vale a pena, olhares para mim...

Porque eu não mostrarei o meu valor
A quem não se revelar no mínimo gentil,
E assim nos meus olhos espelharei o seu rancor
Que vive em vocês, em segredo subtil...

Por isso sê tu, com a tua gentileza
Pois é a única coisa que te peço, minha cara,
Porque uma fêmea sem coração, não tem beleza
Nem vale o meu tempo, nem me diz nada...

A não ser... Uma planta carnívora.

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 27 de julho de 2013

Nostalgia Monocromática

Escondida numa sala deserta
Algures no meu subconsciente,
Descobri uma passagem secreta
Para o sótão da minha mente...

Lá onde eu deixei os meus brinquedos
Num passado, agora bem distante,
Soterrado por mil e um segredos
De uma larva, que ainda era infante.

Lá onde eu construí os meus sonhos com lego
Como um autista cria mundos imaginários,
Fechado em mim numa crisálida em sossego
Protegido dos meus aborrecimentos diários.

E lembro-me de como tatuava o meu tecto
Com a magia das fadas que voavam pelo quarto,
Dando a forma mais animada ao intelecto
Transformando aquelas noites num teatro.

E sozinho, lá nesse meu mundo oculto
Pintei com lapises e com aguarelas,
Sempre do jeito mais solene e profundo
As princesas estrelares mais belas.

Como enfrentei todos os meus medos
Que se esgueiravam no meu coração,
Sobre o comando do meu alter ego
Que adorava testar a minha imaginação.

E agora dou por mim quebrado, despejado
Fora da fantasia, numa estranha realidade,
Num mundo onde eu sou caçado, procurado
Por ter o selo genuíno da surrealidade.

Por isso tragam-me de novo essas histórias
Dos palácios e das florestas de cristal,
Aquelas, que estão em ruínas na minha memória
Queimadas por um crescimento gradual.

E deixem-me em transe! Deixai-me morrer!
Nos ilusórios braços de uma poção mágica!
Porque o mistério perdeu todo o seu poder
Quando a realidade deixou de ser enigmática!

Pois agora as fadas não passam de mementos
Que já nem as paredes querem falar para mim!
Tornaram-se caladas-frias, sem sentimentos
E o silêncio até pica-me, com impulsos carmins!

E é assim que o conhecimento estrangula o amor
E é assim que a fantasia afoga-se no esquecimento!
Deixando com que o tempo me drene a cor
E a substitua lentamente por tons cinzentos!

Levando com que toda a minha radiança
Não passe apenas de uma simples recordação!
Deixada para trás, num momento de criança
Enquanto as folhas planam até tocarem no chão...

Pois a minha vida tornou-se num constante outono
Num declínio etéreo que eu não paro de sentir,
Numa rotina monótona, transtorno que me dá sono
E uma estranha vontade de-me auto-destruir!

E é assim que dou por mim a murchar
Da formas bizarras mais trágico-dramáticas,
No leito de tudo o que tive de me tornar
Para obter uma nostalgia, monocromática.

E é retirando no final as minhas fotografias mentais
Do lamentoso lago de sépia, que eu inspiro e suspiro.
E vejo-me a ofuscar num vazio longínquo, cada vez mais
Desvanecendo-me como hieróglifos em velho papiro...

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 13 de julho de 2013

Sem Arrependimentos

Quando o sofrimento se entranha no meu corpo
E o vinho da vida escorre pelas minhas veias...
Quando a transpiração condensa na minha mente
E o mercúrio da alma é espremido pelas sereias...

Quando a fraqueza assombra o meu ser
E só me restam os meus lamentos...
Eu olho-me ao espelho e ele sorri
Sem mostrar possíveis arrependimentos...

Quando o esforço não chega a ser reconhecido
E solidão torna-se numa fiel companheira...
Quando a frustração alastra-se descontrolada
E a miséria deita-se dedicada à tua beira...

Quando a vontade exila-se de mim
E só me restam os meus pensamentos...
O tempo empurra-me, mas, eu sorrio
Sem mostrar possíveis arrependimentos...

Pois as estrelas cantam radiantes o meu nome
E a morte puxa-me delicada por um etéreo cordel...
E Eu caminho dançando aos seus passos
Vivendo os meus sonhos, realizados em papel...

E é por isso... Que eu não tenho arrependimentos.

Bizarro

A minha mente gosta de ser violada,
Todos os dias pela minha insanidade.
Pois só assim a minh'alma malvada
Sorri como uma criança de verdade.

Eu que sou um ser bizarro
E qu'o gosto imenso de o mencionar,
Quando o solto em finos escarros
Só para me fazer escutar.

Eu que desejo purificar-me na tua saliva
Repetidamente, até a exaustão.
Como um porco que se chafurda na poçilga
Orgulhoso na sua depravação.

Fazendo desses teus lábios um poema
E dos nossos versos uma disputa,
Onde escreveria os nossos problemas
Assinando no teu peito, a tua puta.

Pois eu quero ser a tua maior droga
Aquele a quem tu chamas bizarro...
Para te dar as mais excêntricas mocas,
Maiores do que qualquer outro charro.

Blackeizato Ravenspawn

Não Sou Desta Era

Não gosto das mulheres deste tempo
Nem acho piada as novas tecnologias,
Pois existo num presente fora do momento
Que se distancia lá, na nostalgia.

Nem a sociedade d'hoje me inspira
Nem o digital quase me atrai...
Pois eu vivo comprando mentiras
Pagando com a paciência que se esvai.

E os sonhos que tinha sobre o futuro
São agora caiados pelo cinzento cromado
E é agora desiludo de um jeito maduro
Que olho com saudades, o meu passado...

Depois ganho força para enfrentar o amanhã
E assim de novo a minha mente acelera
Em direcção a uma dimensão irmã
Paralela à d'esta era.

Blackiezato Ravenspawn

Deusa

Ah, Deusa...

Com favores, tributos e elogios
Construíste-lhe um sacro altar,
Onde tu lhe veneras com imenso brio
Ela, a tua divindade celestial.

Tu que sonhas alto, e crês deverás,
Clamando o seu nome, nesse altar.
Quando rezas, depenas e desesperas
Que ela um dia, te venha visitar.

E é fazendo dessa religião um amor
Que tu ofereces o maior dos teus bens,
Enchendo o coração cheio de valor
Abdicando do melhor que ainda tens.

Desprezando totalmente o teu ser,
Flagelando-te ridículo em penitência.
Só para que possas assim receber
Uma migalha da sua benevolência.

E em vão sacrificas a tua energia
Como fosses o maior dos crentes,
Mas no fundo, desta triste fantasia,
Não passas de mais outro demente.

Que vive iludido que é um templário,
Mas que no fundo não é, para te ser franco.
Porque não acho glória a um otário,
Que é tonto para se achar cavaleiro branco

E mesmo ela não sendo a tua divindade,
Tu insistes fanático na mesma crença.
Louvando uma das crias da doente humanidade
Que nada te dá, excepto indiferença

Como uma falsa deusa...

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 7 de julho de 2013

Estrela Dançante

Dançando com os meus olhos fechados
Na vislumbrante treva, existe uma luz.
Que se alimenta dos gestos revoltados
Que a minh'alma em frustração produz.

Quando a música possui a minha mente
E o meu corpo torna-se no seu escravo
E descontrolando-se, mexe-se involuntariamente
Como um louco lutando bravo.

Enquanto a temperatura e a cadência sobem
E na minha euforia eu irradio suor
Tornando-me astral, deixando de ser homem
Que imana calor que incinera a dor.

E é energizando-me, em transe, cintilante!
Pois até Nietzsche o disse assim:
Que para se dar vida a uma estrela dançante,
Um deve possuir caos, dentro de si...

Blackiezato Ravenspawn

Desconectado

As minhas emoções não ressonam
E as palavras não são bem transmitidas,
Logo os meus sonhos não voam
E as virtudes não são reconhecidas...

Por isso deixo a empatia em casa
E levo o misticismo comigo
Empoleirado como um pássaro sem asas
Que viu no meu ombro, um abrigo...

Os impulsos exteriores não me conduzem,
Que há vezes que o meu radar nem funciona.
Pois as caras que passam não me seduzem
Sigo a mesma corrente, embora ande à tona...

A realidade não sente a minha falta, nem me chama
Que já nem me sinto sincronizado...
Pois meu coração é estático e não ama
«Tssssssssh.» Ainda continuo desconectado.

Blackiezato Ravenspawn

Aveiro

A tua ria cheira ao desgosto da merda
Da tua população indesejável,
Que nem mesmo com charros d'erva
Eu o inspiro, menos insuportável.

Estás infestada por falcatruas
Do consumismo como outra qualquer,
E o teu encanto, morre nas tuas ruas
Tal e qual Eu, nas mãos d'uma mulher.

Tu que me causas um agreste ódio
Quando Eu regresso desejoso para ti,
Que até parece que o teu cloreto de sódio
Vive na saliva que tenho em mim.

E é acabando sempre na mesma em escombros,
Quando o sol poente das tuas tardes,
Descansa cansado sobre os meus ombros
E tu na minha mente, ruis. E ardes!

Blackiezato Ravenspawn

Rosas Miseráveis

Das suas humildes raízes são separadas,
Para serem expostas como nobres bustos
E sem espinhos elas são comercializadas
Acabando banalizadas por escaços tustos.

E sendo arranjadas com reles enfeitos,
Que destroem a sua verdadeira beleza.
Sem uma gota de pudor e sem direito
São sequestradas da própria natureza.

Para depois lhes cuspirem com sprays,
Que dizem aumentar a sua longevidade.
Pff... No fundo são tratadas como grei
Mercadoria de um negócio de futilidade!

Tornando-se no final escravas d'um romantismo
Que faz delas, flores tão miseráveis...
Pobres dessagradas pelo decadentismo
Quando são dadas a mulheres insaciáveis.

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 29 de junho de 2013

Esquizóide

Estou casado com a minha Miséria
E tenho uma filha chamada Solidão,
O Tédio é um dos meus melhores amigos
E a minha sogra chama-se Frustração.

Negocio às vezes com o Silêncio
Junto com o meu sócio, o Mistério
Enquanto a Diversão é a minha amante
Prima do Tédio, o homem sério.

O Vazio é quem me enche o copo
E o Sonho é quem mais me aconselha,
A Indiferença é a minha guarda-costas
E a Loucura é quem mais me espelha.

Sou o patrão da minha grande empresa,
Onde passo a vida a construir andróides.
Enquanto a minha alma vive na incerteza,
Dentro de um saco de carne, esquizóide.

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Predador

Há vezes que não resisto ao desejo
De lhes pular, morder e lacerar.
Eles que nem sabem o quanto lhes cortejo,
Quando chega o momento de os matar

Nas vezes que lhes avisto e vejo,
Eles distraídos em manada a pairar.
Até ser estimulado pelo sádico beijo
D'ardente adrenalina em lhes caçar.

Ela que me excita espontanêa e tão natural
Como eu se fosse um animal racional,
E um subtil predador que saliva dos olhos

Eu! Que fui consumido pelo meu instinto pensativo
E que entre estas presas mantenho cativo!
As carcaças das paisagens que devorei aos molhos...

Depois... Depois, camuflo-me na minha sagacidade
Na alta vegetação que esconde a minha bestialidade

À espera... A ferver de fome, em frenesim...
Pela fera... Que aparecer diante de mim...
               
Pronto... Deverás atento e concentrado.
Empolgado... Sedento para o confronto.

*

Afiando o marfim das minhas garras... Em árvores de ébano poéticas.

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Além Da Segunda Pele

Estás a espera de quê?! Não fiques à entrada!
Anda! Bem vinda à minha casa, ao meu doce lar!
Entra sem cerimónias, minha cara convidada!
Tu que tiveste a grande ideia de me visitar...

Vá, faz como se estivesses na tua
Senta-te mulher! Mete-te à vontade!
Pois se quiseres até podes andar nua
E fazer o que te dá mais felicidade...

Mete uma música que eu trago-te uma bebida
E explora as divisões que te cativarem mais.
Abre as minhas portas, puxa-me as cortinas
E contempla a minha mobília e os meus vitrais...

E observa das minhas janelas o teu mundo
Expressando os teus maiores pensamentos,
Para viveres os teus sonhos mais profundos
Nos meus braços por breves momentos.

Blackiezato Ravenspawn

Segunda Pele

Chuva ácida de preconceito
Vem com vendavais de ofensas,
Mas eu continuo a andar direito
Sem apanhar quaisquer doenças.

Quando o vosso escárnio se alastra
Gerando motins de rufias intrusos,
Que dão forma a enigmática máscara
Que apático e indiferente eu uso.

Porque eu resisto à vossa malícia fria
E não temo a vergonha nem mesmo a dor,
Quando a vossa hipocrisia se mostra sombria
Bem agreste e cheia de rancor.

Por isso pintai-me lá, com falsas impressões
Como eu fosse a Mona Lisa, minha vedeta,
Com essas tintas feitas de inveja e de ilusões
Que eu sei que no final a tela continuará preta.

Porque além desta minha segunda pele
A minha alma não se entristece, nem envelhece
Pois a minha essência é pura como o mel
E não se estraga com o tempo, nem apodrece.

E com zelo e dedicação a ela me apego
E sinto-me dentro de mim sem me arrepender,
Pois o vosso lixo estimula e elogia o meu ego
Evoluindo a carapaça que cobre o meu ser.

Para alguns, é um labirinto de espinhos
Para outros, uma toca de lobas...
E há quem diga que são as vestes dos que andam sozinhos
Mas para mim... São apenas roupas...

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Retórica

Ilumina dignos
Ilude parvos
Ofusca malignos
E inspira bardos

Esconde tramas
E tapa buracos
Encanta damas
Como safa rabos

Morde amorosa
E incita rigor
Dançando graciosa
Para quem, cria humor

Castiga hipócritas
E detecta patetas
Solucionando incógnitas
Ao regatear forretas

Uma criatura d'aço frio
Uma duelista teórica
Que maneja um florete esguio
Para fazer esgrima Retórica

Blackiezato Ravenspawn

Poesia Decadente

Dizem que a arte é o reflexo da sociedade
E que os olhos são espelho da alma
Que o meu futuro encontra-se de verdade
Algures nos traços da minha palma

Mas na minha poesia decadente
Não está em rotas, nem nos trilhos
Pois ela fanática imola-se crente
Iludida pelo clarão de um rastilho

E assim cada verso órfão foragido
Procura desesperado um lar
Um dócil e generoso ouvido
Onde nele se possa refugiar

Mas infelizmente estes cantos meus
Acabam por depenar em ruínas
Em busca de um omnipotente Deus
Que não encontram nas minhas rimas

E como vadios rasgados e desalmados
Os restantes caminham, sem esperança
Até acabarem destroçados e condenados
Tal e qual os sonhos de uma criança

E a maior parte deles enjaulados são
Em celas de quatro paredes líricas
Subjugados por uma suprema razão
Que os rotula como criaturas míticas

Pequenas essas histórias tontas
Que são fatiadas na língua as tiras
Tal e qual essas fábulas que tu contas
Para encobrir todas as tuas mentiras

E é escutando o latido de todas elas
Nos mausoléus da minha melancolia
Que elas erguem fieis uma pequena vela
Para mim o poeta, o seu grande Messias

Eu que deverás lhes devo
Embora não as mereça ter
E é por isso que as escrevo
Para assim podê-las esquecer

Essas donzelas, palavras sozinhas
Que nunca serão elogiadas ao luar
Por não encontrarem alguém no final das linhas
Que tenha o poder para as amar

E é acabando esquecidas e perdidas
Como soldados da vanguarda
Que são vistas como incompreendidas
Por vestir a miséria como uma farda

Porque a minha cabeça é um círculo do inferno
E lá, elas são devoradas por tenebrosos cães
Comandados pelo seu diabólico lorde paterno
Eu, o criador de bastardos, filhos da mãe

Tu se quisesses, até podias tê-las salvo
Mas estavas inconsciente e ocupado...
A vislumbrar a merda que tu julgas valer algo
E é graças a ti, que eu me sinto menos culpado

E é enquanto a poesia entra em decadência
Que eu abuso delas perverso e sem afinco
Para contrariar esta ridícula experiência
Que tu chamas arte... E eu de limbo...

É pelo cruel arrastar desta caneta
Que a minha frustração, eu assassino
Quando nas lições da vida, eu faço gazeta
Para brincar inocente, como um menino...

Blackiezato Ravenspawn

Poço Abismal

Uma exótica e ousada fragrância
Voltou-me a trazer aos portões do inferno
Aqueles que eu desconhecia na minha infância
Quando o meu coração ainda era terno

E foi com cautela dando o primeiro passo
Que foi recebido na obscura entrada
Com um estranho laço, vil cínico abraço
Debaixo da fachada com uma dentada

No covil das harpias e das malditas megeras
Das sucumbis-vampiras e das tenebrosas bruxas
Que criam bestas cruéis e horrendas quimeras
Com veneno misturado com flores murchas

E acabei por me diluir nesse poço abismal
Naquele que só entra quem é convidado e quem mesmo quer
No maldito antro nefasto de puro ódio infernal
Onde o diabo mostra-se em forma de mulher

E enchi com o meu ego o seu cálice do pecado
Até o sumo da vida escorrer-lhe pelos dedos
Penetrando num saco de carne roto e degenerado
Para colher um miserável entulho de segredos

E olhei para o céu como vislumbram os judeus
Com cobiça nos olhos num jeito dramático
Mas não vi estrela de David nem mesmo Deus
Apenas uma tenebrosa boneca de plástico

Daquelas que eu no passado adorava brincar
Agora esquecidas nos meus baús da nostalgia
Mas esta não cheguei mesmo por decapitar
Talvez porque esta sorria... De uma forma sombria

Como uma marioneta sem vida nas mãos de uma corrente torturante de uma constante penitência sexual, enquanto baila ao som dissonante de uma agonia com uma cadência... Abismal.

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 18 de maio de 2013

Nem Sei Ao Que Chamar A Isto

Olhas-me de esguelha
Mas finges-te de desinteressada
Coças a orelha
Um bocado atrapalhada
Cerras os olhos
E danças em adágio
A coçar os entrefolhos
Enquanto mordes o lábio

E eu viro as costas
Lentamente para ti
Para ver se gostas mesmo
De andar atrás de mim
E tu avanças sorrateira
Sem hesitar em se encostar
Inocente à minha beira
Com pretextos para dançar

Mas eu deixo-te para trás
Só para aumentar o suspense
Elegante, hábil e audaz
Sem ter dar alguma chance
E o teu coração para
E o teu peito congela
E com lágrimas na cara
Ressente-se uma donzela

Que me deseja obter
Sem vergonha, totalmente
Enquanto implora por prazer
E ouve gritar na sua mente

"Ai, seu desgraçado
Se eu pudesse
Nem sabes o que eu te faria
Esgalhava-te esse nabo
Ó minha rica alegria
Da forma que mais te apetece
Roçando o meu rabo
No teu pénis ousado
Bem longo e tão largo"

"Seria a tua princesa
E faríamos uma grande festa
E com toda a absoluta certeza
Que queria o teu sémen na minha testa
Por isso fode-me cabrão
Vem! Não fugas de mim
Pois eu quero-te Pavão
Que me fodas sem fim"

Então se me desejas obter
Como nunca desejaste alguém
Deixa-te vir sem querer
Morde o meu isco e vem

Bebes libido como se fosse água
E cantas como uma harpa
Gemes angustiada com tal mágoa
Tu ó mística mulher-carpa
Encanta-me lá, então ó sereia
Causa-me o maior drama
Com esses seios teus de areia
No teu rochedo, na minha cama

Inala-me como inalas o mar
Lambe-me como lambes as algas
Diz-me como desejas levar
Nessas sedentas e famintas nalgas
Mostra-me a tua caverna subterrânea
O tesouro que existe em de ti
Para que por uma fracção momentânea
Possamos ambos orgasmar em frenesim

E que possamos também submergir esta vontade
Nos nossos corpos em esquecimento
Juntando as nossas mentes na verdade
Por um, simples, breve momento...

Enquanto as nossas almas se lambem em euforia
E o cosmos se recria em harmonia.

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Melchior Montenegro II

Universo em ruptura
Maldição benigna
Virtude obscura
Sofredor sem estigma

Adaga fálica
Fogo sem fumo
Solução problemática
Navegador sem rumo

Pássaro submerso
Enigmática traça
Casúlo controverso
Palhaço sem graça

Sedoso mel
Brilhante ramela
Judas fiel
Cão sem trela

Ambivalência paradoxal
Porcelana de arremesso
Tesouro banal
Preciosidade sem preço

Modéstia arrogante
Orvalho na giesta
Gelo flamejante
Errante mente-mestra

Artista caótico
Silêncio no megafóne
Saudável narcótico
Hades sem Persephone

Tacanhez extensa
Amargo cacau
Transparência densa
Quase negro, Eisengrau

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 5 de maio de 2013

Necro-Dueto

A morte compõe partituras
Para o seu sinistro pianista
Juntando sons e criaturas
Num frenesim vil e terrorista

E ele dá vida às suas baladas
Notas que dão cabo de mim
Tocando em teclas aguçadas
Feitas de ébano e de marfim

E a minha voz vem por atrás
Arrastando tudo como o vento
Pois é decadente e bem capaz
De causar agouro e sofrimento

E é entoando um crime discreto
Numa suavidade cheia de solidez
Que nós, o sublime, necro-dueto
Interpretamos para ti, só uma vez...

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 4 de maio de 2013

Dois Minutos E Quarenta Segundos

Oh meu Deus! Eu estava lá a voar
Fora de mim completamente à toa!
Sem saber como deveria categorizar
Se a sensação era má ou mesmo boa.

Dois minutos e quarenta segundos passaram
Mas eu nem soube o que haveria de escrever!
Sobre as coisas que os meus olhos avistaram
Como das mensagens que não consegui entender!

Mas agora a euforia corre-me nas veias
E os pensamentos fundem-se com emoções!
Revelando-me catarses e odisseias
Que lá passei nas outras dimensões!

Dissociei-me por momentos da realidade
Evaporei e condensei como o orvalho!
E dei por mim, no auge de toda a santidade
Fodasse, Salvia! Tu és do caralho!

Blackiezato Ravenspawn

O Rei Dos Reis

Eu faço os homens traírem os seus amigos,
Perderem a moral e investirem nos meus favores.
Trocando a humanidade por míseros artigos,
Tentados pela cobiça, promovo-os a traidores.

Porque o sentido da vida sou apenas eu,
Aquele que se esconde em papel cartomante.
Sendo mais poderoso que qualquer outro Deus
Titã, Diabo ou até mesmo gigante.

Porque enquanto existir ganância,
Eu estarei aqui para vos manipular.
Aumentando entre vós a vossa distancia.
Levando irmãos e primos a guerrear.

Porque eu sou o rei de todos os reis,
Quem dá-vos um preço e tira-vos o valor.
Sendo aquele que vós tanto imploreis,
Por uma migalha do meu nefasto amor.

Eu, a única e absoluta viva divindade,
Que corrompe os olhos dos demais
E que viverá para sempre na eternidade,
Enquanto for louvado por reles mortais

Por isso ajoelhai-vos, meus cães
Para contemplarem, eu, o vosso rei!
Seus plebeus, seus zé-ningués
Aquele que impera o globo e dita a lei.

Blackiezato Ravenspawn

Melchior Montenegro

Um nobre infante gaiato
Um reles velhaco honesto
Encantadoramente chato
Embora sinistro e funesto

Um romancista descrente
Um cão vadio de valor
Misterioso e transparente
Sem cheiro e sem sabor

Um carocho visionário
Um génio-filosofo niilista
Um escritor sem salário
Afamado de antagonista

Metade real, metade mito
Como um lorde crepuscular
Horrivelmente sublime e bonito
Mas sem um par, para dançar

Um explorador desnorteado
Um prisioneiro fora da cela
Um fantasma sem passado
E um cavaleiro sem donzela

Um satélite sem um planeta
Uma vasta nébula encarnada
Num recipiente sem etiqueta
Para uma alcoólatra requintada

Uma harmonia dissonante
Um voluptuoso desassossego
Em forma de um vulto brilhante
Ele, o Melchior Montenegro

Um plot twist subito e nada clichê
E também um inocente fora da lei
Mas não me perguntes ao certo porquê
Porque nem eu, mesmo sei...

Blackiezato Ravenspawn

Crepúsculo Em Santa Margarida

Viajam nuvens rosas
Neste horizonte ciano
Cuja uma brisa airosa
Dita um tempo arcano

Dá-se um transe visual
Eis o interlúdio nocturno
De um espectáculo teatral
Que fecha o acto diurno

Soando notas cromáticas
Movendo silhuetas polimorfas
À volta de luzes enigmáticas
Nativas de ruas mortas

E assim o dia desvanece
E mais uma noite cai
Quando a lua aparece
E o sol despede-se e sai

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Macro-Estrela

Luz permanente
Absoluta escuridão
Estrela cadente
Mar de imensidão

Caos e ordem
Dançante harmonia
Desde o inicio do homem
Até ao fim da sinfonia

Emocional e racional
Morte versus vida
Confronto intemporal
Existência sentida

Terror foragido
Desleixado acrobata
Limbo desmedido
Poesia que mata

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 29 de abril de 2013

À Deriva No Universo

Tu... Charro meu...
Que estás na minha mão...
Diz-me lá por onde levas, eu,
No decorrer da tua combustão...

E porque razão eu danço
Com os olhos semi-fechados,
Sem me ralar se me canso
De sonhar com os pés atados...

No cosmos por onde vagueio
Por entre planetas desconhecidos,
Num estranho místico passeio
Em caminhos ainda não percorridos...

Por estas noites fora
Pelo caminho das estrelas,
Que só através da tua moca
É-me possível assim vê-las...

Viajando nas cortinas de fumo
Na auto-estrada do hiperespaço,
Onde eu sigo o meu rumo
Em busca de um terno abraço...

Que me faça contente, sorrir
E que me faça comovido, chorar,
Para com alguém me possa unir
E assim te'o possa partilhar...

Tu... Charro meu...
Que ardes na minha boca...
Diz-me lá onde devo encontrar eu
Essa alma tão louca?

Para fumarmos ambos da mesma mão
E dançarmos juntos sem saber,
Enquanto cantamos a mesma canção
Sem ter o medo de morrer...

Afogando-nos em euforia
Num celeste paraíso submerso,
Como um ritmo e uma melodia
Perdidos à deriva no universo...

Blackiezato Ravenspawn

O Sagitário Sádico

Tenho pernas e genitais de cavalo,
Embora tronco e cabeça de homem.
Sou uma criatura sábia, um velho centauro
Com um espírito indomável e jovem.

Sou eu misterioso caçador estrelar,
Que carrega o místico arco da apatia.
Para assim, em frenesim espalhar,
A confusão nos mapas de astrologia-

Enquanto cavalgo nas constelações,
Em busca dos outros signos divinos.
Para matar, já as preditas previsões
E alterar o curso dos seus destinos.

Para que a ilusão não viva na testa,
Daqueles que crêem em contos fádicos.
A não ser uma sinistra e certeira flecha
Disparada por mim, o sagitário sádico...

*

Dizes que tens ideias, mas, não pensas
E é por isso que abomino o que tu crês!
Pois vês nas coincidências uma crença
Que varia consoante a tua estupidez!
Esperas que os horóscopos te dêem as respostas
Mas não fazes nada para as merecer!
E dás por ti sem saber onde meter as costas
Por teres um medo terrível de sofrer!
Mas, lá dentro pensas que tudo vai mudar
E então, ficas à espera daquele momento
Sem mexer alguma palha para alcançar
Desperdiçando a tua vida como um passatempo!
E eu agora pergunto-te, ó miserável alvo?
Tu que te mostras ridículo perante mim!
Como queres que o cosmos te dê algo?
Quando tu no fundo, nem crês em ti?!

Tu metes-me nojo, a tua alma dá-me pena
E a tua existência é uma constante discórdia!
Por suplicares por uma vida mais amena
Quando pedes as nossas estrelas, misericórdia.

Às mesmas estrelas que se suicidam diariamente
Ao ouvir tontos como tu...

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Um Nephilim Nos Meus Braços

Uma estrela cadente perdida
Caiu em desgraça do horizonte
Acabando sepultada e esquecida
Algures em cima de um monte

Traído e mais que acusado
Como o maior de todos os réus
Banido e injustamente escorraçado
Do reino divino, além dos céus

União desagrada e indesejada
Filho de Súcubo e de Seraphim
Criatura com a alma penada
Uma abominação, um Nephilim

Com as asas rasgadas de anjo
E os cornos quebrados de demónio
Metade negro, metade branco
Com os olhos caiados de zircónio

Uma beleza sinistra e horrível
Um romance que se tornou em dor
Tingida por uma pureza temível
Partilhada num proibido amor

Mãe e Pai cruelmente decapitados
Infante abandonado à nascença
Considerado pelos imortais, um bastardo
E amaldiçoado foi pelas suas crenças

Um falso dogma a exterminar
Odiado pelo céu e pelo inferno
Sangue misterioso e peculiar
Como o raro sol de inverno

Criança inocente, mística sonata
Fruto da miséria e da fortuna
Encantada com cabelos de prata
Que brilham debaixo da Luna

Blackiezato Ravenspawn

Sessenta Euros (A Minha Primeira E Última Ida Às Putas)

Antes de mais... Fui rejeitado por duas pegas.
Não sei porquê... Devia ser por estar todo fodido.

Primeiro Assalto

A queimar os meus neurónios
Com charros e absinto
Enquanto me intoxicava que nem Baco
Com tabaco e vinho tinto
Acompanhado por camaradas
Porcos sinistros filhos da mãe
No templo das fêmeas afamadas
Algures, perdido em Santarém
A injectar gasolina na mente
Para ter a chance de voar
Mais ao menos aproximadamente
A cinquenta quilómetros de Tomar
Para aterrar nas cochas bem vistas
De uma brasileira trintona
Como se fosse um para-quedista
Que saltou em busca de cona
Trinta euros valia meia hora
Foram as condições do contracto
Para quem queria deitar cá para fora
Sémen em busca do tal facto
Que a fazia vender o seu corpo
Em troca de prazer e de dinheiro
A mim este cabrão quase morto
Que cantava de um jeito foleiro
E foi ao observar esta cena
Que eu lhe disse que não precisava de fingir
Mas esta erva daninha disfarçada de açucena
Continuava a implorar-me para eu me vir
E trinta e cinco minutos passaram
E a puta orgasmou duas vezes
Que até os nervos da minha pissa ressoaram
Como não ressoavam à dois meses
- Porquê que você não goza?
Foi questão que ela colocou
Como se achasse minha esposa
Preocupada com um marido que não ejaculou
Mas eu sei que ela queria me fazer vir logo
Para ganhar dinheiro sujo e fácil
Mas a minha libido é quente como o fogo
E o meu pénis, é esperto e hábil
E continuou - Se você não se vir agora
Eu terei de abandonar você
De um jeito educada como um senhora
Que até me pareceu cliché...

Não quis dar trinta euros para nada, então apostei mais trinta para ver se ia lá.
Mas antes fizemos uma pausa e trocamos de quarto.

Segundo Assalto


Ela meteu kizomba manhoso
E dançou elegante só para mim
Em cima do Soldado matoso.
Como uma borboleta vaidosa num jardim
Enquanto me fazia estranhas questões
Para entender a minha personalidade
Disse-lhe que escrevia versos e canções
Mas não lhe revelei a minha identidade
Também me disse que eu era misterioso
Mas eu sorri face aos seus elogios
Deixando o seu coração flageloso
Junto de um ainda mais sombrio
E no seu quarto experimentamos tudo
Que até foi ela quem deu as ordens
Enquanto eu deixava-me ir sempre mudo
Como fazem os românticos homens
E ao fim de sessenta e sete minutos
Quando lhe penetrava o seu farto cu
Ela disse-me "me viola" pedindo bruto
A um Nefilim, metade anjo,metade íncubo

E aí... Finalmente vim-me...

Por dez minutos trocamos palavras
Mas eu continuei a mentir
Pois eu não devo satisfações a cabras
E tenho uma agenda para cumprir
Mas por um lado até parecia desesperada
Porque insistia em me encantar
Mas eu tinha agora sentia a alma penada
E daquele sítio eu queria tanto escapar
Ela despediu-se com um beijo
E sussurrou-me - eu adoro você, negão
E eu respondi-lhe - mas eu não te desejo
Com os olhos vidrados no chão
Pensando para mim - o que raio ela quer?
Qual será o plano e a sua meta?
Como ela soubesse que foi a única mulher
Que soube fornicar um poeta

Pois quem teria sido o vendido
No final deste teatro tinha sido eu
E só entendi no final todo fodido
Quando a moca desapareceu...

E lá fora o pessoal estava chateado
Por serem quase cinco e estar lá uma hora e tal
E eu respondi ainda confuso e violado
- Foi sessenta e nove como foi anal
E eles sorriam do meu acto tonto e ruim
Enquanto caminhávamos para o carro
- Tu lambeste-lhe a cona?  - Eu respondi que sim
Que nem o Ferreira quis fumar o charro...

Por volta das sete e cinquenta...

De manhã depois de um café e biscoitos
Encontrei junto a caserna, o cabo Campos
Que me vira na madrugada a andar feito num oito.
Depois de fumar o meu último mambo

- Então senhor, Matoso... Fomos ao La Siesta, não fomos?!
Não, nosso cabo... Fomos ao outro...

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 20 de abril de 2013

Qualidades

A minha querida generosidade
É quem controla a minha carteira
Enquanto a minha pura sinceridade
Traí-me e é uma chiba de primeira
Para não falar da minha sagacidade
Que adora fazer tontices e asneiras
Com os seus truques e esquemas
Que só acabam em problemas

E a minha sublime autenticidade
Apenas me faz ficar mais distante
Desta mórbida decadente sociedade
Povoada por zombies e necromantes
E se vos falasse do quanto a minha vaidade
Acha-se sinistra, majestosa e galante
Vocês fugiam de pavor a sete pés
Antes que eu contasse até dez

Porque a minha peculiar criatividade
Torna-me no maior oportunista ladrão
Quando roubo as mais únicas singularidades
Para ela misturar na minha imaginação
Mas a pior é a minha inocente curiosidade
Que me arrasta para o fundo da escuridão
Onde a minha enigmática mística perdura
Lado a lado com a minha hipnótica loucura

Aí e aquela minha virtuosa-zelosa lealdade?
Que se alimenta insaciável dos meus ideais
Juntamente com a minha natural beldade
Espontânea que nem se dá com as demais
Que se vos emprestasse a minha humildade
Vocês deixariam de ser néscios e anormais
E a raça humana tornar-se-ia em algo superior
Mostrando mais tolerância invés de rancor

Por isso ó tu minha enorme e brava coragem
Cujo a ti te devo esforço e tanto sacrifício
Perante esta cinzenta contraditória paisagem
Aonde eu faço da grafite e do papiro o meu ofício
Tu que te mostras sempre em forma de miragem
Um oásis que na realidade é um precipício
Quando aplicas a lei absoluta da gravidade
Puxando-me pelo peso das minhas qualidades

E o que eu recebo?..
A liberdade de escolher
Um possível degredo
Que eu não mereço ter
Porque se analisamos bem
Nunca valeu de todo esta genuinidade
Quando não existe alguém
Que dê valor as tuas qualidades.

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 14 de abril de 2013

Sem Estilo

Quando me perguntam acerca do meu estilo
Confesso que me rio do meu atavio
Pois a razão que eu tendo a vesti-lo
Nem é para gerar confusão ou algum fastio
Porque na absoluta e clara verdade
Eu não possuo no fundo, algum
Isso só são as vossas mentalidades
A incurtir-me à força, mais um

E porque haveria eu de ter um estilo?
Quando para mim é-me indiferente
E já agora o que fará as pessoas defeni-lo?
Sem conhecerem ao menos a minha mente
Será para que viverem em constante ilusão?
Tentando pelas as aparencias me descrever?
Para acabarem ofuscados pela escuridão
Que se agarra as vestes que adornam o meu ser?

- E porque veste sempre preto?
É uma das perguntas que chega até mim
Quando caminho nos trilhos de concreto
Em direcção aos meus afazeres e fins
- Será por amares a teneborsa morte
- E venerares o Lorde da perdição?
Não meus caros, pois nem para sorte
Eu dou o meu voto de comunhão

Visto preto, simplesmente porque sim
Porque posso e porque assim quero
Talvez por ser complexo, um pouco enfim
Pois por modas, eu não ligo nem espero
Sou apenas um gajo curioso e indeciso
Que não sabe que cor deve escolher
Então foi por isso que escolhi um tom preciso
Da junção de todos as cores que podes ter

Nem é pelos géneros de música
Que me é habitual tanto ouvir
Porque a arte é demasiado lúdica
Que mal quase lhe dá para definir
Nem é por ser infeliz e estar de luto
E querer dar uma de gajo revoltado
Pois eu já cresci, já não sou puto
E agora tenho um futuro traçado

Nem percebo as manias dos estilos e tribos
Nem das suas várias categorizações
Porque em qualquer lado haverá sempre chibos
Como putas e cabrões
E não são os estereótipos que assinalam
A personalidade das pessoas
Porque se fosse assim como tanto falam
Eu só andaria com bruxas boas

Mas antes de andar mesmo com alguém
Lembro que antes tenho um vizinho
Com quem partilho a minha cabeça
Ele o meu alter ego que não me deixa sozinho
Pois nós somos o que nós somos
E fazemos sempre o que nos apetece
Como nós vamos por onde nós vamos
Para onde nos levarem as nossas preces

Porque nós não seguimos protocolos
Nem etiquetas nem rituais sociais
E o que nos destinge são apenas os pólos
Por onde se deslocam as nossas espirais
Não somos A, não somos B
Nem somos Y, nem mesmo Z
Somos duas entidades num ser humano
Que no seu esforço e nos seus sonhos crê

E nem importa as incontáveis vezes
Que tentarem à força me incuti-lo
Pois já vivo assim à anos e meses
Sem um rótulo e sem um estilo
Mas se quiseres implantar à força um
Acho que me tornarias num pioneiro
Porque na minha cabeça só existe um
Se cruzares um ganster com um feiticeiro

Mas não.. Eu prefiro ser só eu
E continuar sem um estilo e sem um plano
Para escrever estes poemas meus
Metade génios, metade insanos
E ver o mundo a quatro dimensões
Quando fumo os meus narcóticos
E soltar uns beats cheios de convulsões
Que até parecem rap gótico

Calço botas e sapatos bicudos
Aguçados como a minha mente
E cubro-me de vinil ou de veludo
Por gostar do tecido, eventualmente
Tenho uma capa sinistra e obscura
Para me proteger do vento e frio
Com a sua confortável espessura
Embelezada com um tom sombrio

Mas não é isso... Que me faz ter estilo algum.
Sabes porquê?

Yolo.

Blackiezato Ravenspawn

Maria Joana II

Quando estou pedrado
Num dia quente de Sol
Dou por mim relaxado
Com o corpo tão mole

Quando estou pedrado
Num dia em que está a chover
Eu sinto-me regenerado
Com a alma a renascer

E quando estou pedrado
Num dia cinzento-ventoso
Eu reflicto para mim calado
O quanto é majestoso

O facto de estar pedrado
E ver o tempo a passar
Sem agouro e sem fado
E sem ter que me chatear

Com dilemas e problemas
Do meu constante quotidiano
Onde truques e esquemas
São cultivados por humanos

Que perdem imenso tempo
Com as demais trivialidades
Invés de viverem o momento
Na maior das serenidades

Eles que pensam fechados
E sentem deveras pouco
Por estarem assim focados
Neste paradigma louco

Onde a cobiça floresce
E a pureza no processo se vai
Formando um fruto agreste
Que sobre o nosso solo cai

Contaminando-nos com tumores
Que parasitam as nossas psiques
Com invejas, malícias e rancores
Que nos aliciam com hábitos e tiques

Levando esta raça a odiar
Quando a radiante alegria
Não tem vergonha de dançar
Para quem lhe der melodia

Mas nós tão surdos e cegos
Preferimos vaguear iludidos
Orientados por tristes egos
Que crescem ressentidos

Atrás de vaidades desmedidas
Ausentes da autêntica beleza
Que se dá a quem vive a vida
Com humildade em simpleza

De puxar intensamente
Uns bafos de marijuana
E depois expelir levemente
Uma sensação soberana

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 6 de abril de 2013

"Sniper Solitaire" Franco-Atirador Solitário

Vinte e três anos instalado
Nos terrenos hostis do inimigo,
Com um arsenal sofisticado
Que nem as setas do cupido.

Vinte e três anos à espera
Com o olho na mira óptica,
A ver Invernos e Primaveras
A passar por terras exóticas.

Vinte e três anos sedento
Para concluir a minha missão,
Com mestria e sempre atento
Aos planos da minha visão.

Vinte e quatro anos vão passar
E ainda ninguém consegui abater,
Que já duvido se irei mesmo acertar
Quando o amor decidir aparecer.

Eu sou a elite dos franco-atiradores
Não me faltam munições nem provisões,
Eu que tenho o sangue de caçadores
A correr-me nas veias às moções.

Tenho um olho milimétrico que mede palmos
E sou um homem da minha palavra,
Mas, sinto-me inútil quando não existem alvos
A não ser... As provenientes cabras.

O tédio é tão grande que às vezes até penso em desertar...
Mas, o meu código não me permite.

Blackiezato Ravenspawn

Chocolate

Crocante e melodioso
Derreteste-te na minha língua,
Elegante e sedoso
A tua essência na minha boca mingua.

Para me estimular com o teu sabor
E com o teu doce toque, anestésico.
Quando te dissolves em puro amor
Dentro de mim, como um analgésico.

E os meus olhos fecham-se lentamente
Enquanto eu inclino mais o queixo,
Para te ingerir transcendentalmente
Outro pedaço como quem dá um beijo.

Tu minha bela planta de cacau natural,
Que vens vestida em marrom-escarlate.
Para tranquilizar o meu psico-emocional
Ó chocolate, chocolate-chocolate...

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Solidão VII

Testículos cheios
Uma cama vazia
Carentes anseios
Sobre uma pele fria

Mente sobrecarregada
Coração em ruínas
Uma alma penada
Num jardim de minas

Sonhos brilhantes
Ilusória desgraça
O tédio constante
De uma realidade baça

Existência liquida
Cálice transbordado
Maldição tão lívida
Para um vício estagnado

Seca permanente
Diluvios em papiro
Pecados inocentes
Vendaval de suspiros

Carapaça espessa
Um núcleo sem calor
Fantasma na cabeça
Com uma aura incolor

Um anfitrião perdido
Na sua esquisófrenica mansão
Feita de rimas sem sentido
E de sete quadras de solidão

Blackiezato Ravenspawn

quinta-feira, 28 de março de 2013

Ó Demência

Ó Demência, subtil e sinistra surpresa,
Assassina de todos os silêncios ofegantes.
Que me asfixiam com grande firmeza,
Os aborrecimentos deste jovem galante.

Ó Demência, minha estranha querida,
Tu que masturbas as minhas emoções.
Que me fodem tão bem a minha vida,
Dando-me as mais misteriosas tesões.

Ó Demência, rainha que me regues,
Com essas teias bizarras de prazer.
Eu, este lunático que assim te segue,
Venerando a maldição que te faz viver.

Ó Demência, senhora da desordem,
Imperatriz do meu reino de irrealidade.
Só vós fazeis dançar este tonto homem,
Em torno de vós, minha Insanidade.

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 18 de março de 2013

Calor

O que eu quero é calor!
- Mais quente! Mais quente!
O que eu quero é calor!
Mais todo o teu amor!
O que eu quero é calor!
- Mais quente! Mais quente!
O que eu quero é calor!
Mais todo o teu amor!
O que eu quero é calor!
- Mais quente! Mais quente!
O que eu quero é calor!
Aaaaaaaaaaaaaaah!
O que eu quero é calor!
- Mais quente! Mais quente!
O que eu quero é calor!
Mais todo o teu amor!

Com imenso recheio e fartura
Daquele que faz subir a temperatura
Para debater-mo-nos com libidos
Até acabarmos ambos estendidos
Quase a alcançar o ponto de ebulição
Através de uma harmónica fricção
Que gera os demais puros odores
Quando sobreaquecermos os motores.

O que eu quero é calor!
- Mais quente! Mais quente!
O que eu quero é calor!
Mais todo o teu amor!
O que eu quero é calor!
- Mais quente! Mais quente!
O que eu quero é calor!
Mais todo o teu amor!
O que eu quero é calor!
- Mais quente! Mais quente!
O que eu quero é calor!
Aaaaaaaaaaaaaaah!
O que eu quero é calor!
- Mais quente! Mais quente!
O que eu quero é calor!
Mais todo o teu amor!

Daquele que corre nas nossas veias
E que é por nós transformado a meias
Em forma de combustíveis naturais
Que alimentam nós, as máquinas carnais
Tão poderosas cheias de intensidade
Sedentas com uma caótica vontade
Já a delirar numa febre descomunal
Prestes a criar uma explosão sexual.

Por isso expele-me esse teu vapor!
Para eu te injectar, euforia!
Porque eu só penso em fazer calor!
Todos! Todos os dias!
Por isso expele-me esse teu vapor!
Para eu te injectar, euforia!
Porque eu só penso em fazer calor!
Todos! Todos os dias!
Por isso expele-me esse teu vapor!
Para eu te injectar, euforia!
Porque eu só penso em fazer calor!
Todos! Todos os dias!
Por isso expele-me esse teu vapor!
Para eu te injectar, euforia!
Porque eu só penso em fazer calor!
Todos! Todos os dias!

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 16 de março de 2013

Valor

Existia um pássaro tão pequeno e tão débil,
Que fora separado dos seus pelo vendaval.
Porque ao contrário dos outros não era ágil,
E não conseguiu fugir desta estação invernal.

Nas minhas mãos peguei-o doente,
Frágil... A depenar.
Que dava para ouvi-lo na minha mente,
O coitado... A gritar.

E foi por dias que o vi em agonia
Quando lhe tratava das feridas e dava-lhe comer,
Mas não importava o que lhe fazia
Pois ele não mostrava indícios de crescer.

Até ao dia que o céu rugiu em calamidade
E a chuva caiu pesada que nem gelo,
Que ele bravo, se lançou na tempestade
Sem se ralar com o possível flagelo.

E foi batendo as suas asas com a sua destreza
Livre de dúvida e de qualquer dor,
Que ele voou mais alto que a sua fraqueza
Como um verdadeiro pássaro de valor.

Três luas, assim passaram
E a primavera de novo voltou...
Juntamente com as cores que se prostaram
Quando ele por mim, sublime sobrevoou.

Nas minhas mãos uma pena colorida caiu benta,
Mais cintilante que as diversas cores normais.
Aquela que agora uso como ferramenta,
Para tornar todos os meus sonhos reais.

E é rasgando o céu com a sua enorme beleza,
Adornado de majestosidade e com todo o seu esplendor.
Que ele me inspira com a sua eterna grandeza,
Este pássaro alado, pelo qual chamo de Valor.

Blackiezato Ravenspawn