domingo, 13 de janeiro de 2013

Cama De Glórias

Há um altar místico onde eu me quedo
E que ao mesmo tempo assim me levanto.
Onde exerço o mais profundo e sacro credo,
Que me enaltece com o seu puro encanto.

Lá deitado naquela cama de glórias,
Onde eu guardo todas as memórias
E marco no tempo as minhas histórias,
Pelo arrastar das suas setas giratórias.

Lá onde eu sou enfim recompensado,
Por todo o meu suor e absoluto esforço.
Quando a graça descende do céu alado,
Para se enroscar terna, no meu torso.

Lá deitado naquela cama de glórias,
Onde eu guardo todas as memórias
E marco no tempo as minhas histórias,
Pelo arrastar das suas setas giratórias.

Lá onde eu sou ao cabo mesmo alguém,
Livre e dono do meu próprio ser.
Onde obtenho tudo o que ninguém tem,
Aquilo que me gera mais prazer.

Lá deitado naquela cama de glórias,
Onde eu guardo todas as memórias
E marco no tempo as minhas histórias,
Pelo arrastar das suas setas giratórias.

Mas para a sentir tenho de a conquistar,
As vezes que forem preciso, um-dois-três.
Pois só com o sacrifício é que me poderei deitar
E dormir nela, mais uma vez.

E é no recanto vazio da adversidade
Coberto pelas sombras da humildade,
Que a alma se mostra na irrealidade
E desvenda os segredos da humanidade.

E em direcção ao destino eu sigo em frente,
Sempre fiel as leis rotacionais do globo.
Dando o meu coração, corpo e mente
Só para ter a chance de sonhar de novo.

Lá deitado naquela cama de glórias,
Onde eu guardarei novas memórias
E marcarei no tempo outras histórias,
Pelo arrastar das suas setas giratórias.

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Velho do Restelo

Tu que miras o distante horizonte
Aí bem junto à torre de Belém,
Como um bravo em cima do monte
Embora não passes de ninguém.

Tu que és viciado em recordações
E que vives agarrado às antigas glórias,
Enquanto te afogas nas tuas lamentações
Como um historiador, nas suas histórias.

Tu que prevês pelos teus olhos cansados
As chagas d'uma outrora, grande nação,
Sofrendo com o teu orgulho magoado
Não encarado a inevitável transformação.

Enquanto vês os barcos a atracar e a zarpar
Tal e qual naquelas cartas onde tu metias um selo
E sem dares por ti, apodreces sem reparar
Como um autêntico velho do Restelo.

Blackiezato Ravenspawn

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Coroa Da Miséria

Querias sempre chegar primeiro que o momento
E contavas com a recompensa sem o mérito,
Enquanto te achavas o ser mais poderoso e violento
Como se cada célula do corpo, fosse um exército...

Querias dominar as várias pessoas e os vários mundos
Achando que o sucesso não necessitava algum sacrifício,
Mas agora dás por ti a cair no poço mais fundo
No teu arrependimento, no teu precipício!

Tudo porque te deixaste levar por esse horrível ego
Com essa mente sedenta e sempre obcecada,
Por essa tua "virtude" que só te trazia desassossego
Querias reinar tudo, então reina lá ó Monarca do nada!

Reina lá essa dimensão infestada por ninguém que vale zero
Rodeado apenas pela tua infinita frustração éterea,
Pois eu quero ver-te implorar - Eu não quero... Eu não quero...
Eu não quero esta coroa da miséria!

Para depois escutar a corte dos penados assombrar-te
"COMO OUSAS RECUSAR A ÚNICA COISA QUE TU MERECES!?"
Enquanto pouco a pouco enlouqueces e eles se regozijam ao te torturar...
Pois para cada Monarca de nada. Existe uma coroa da miséria.

E garanto-vos que todas elas encaixam... Nas cabeças dos miseráveis!

Blackiezato Ravenspawn

Viúva Negra

Foi entrando na sua fina e prateada teia,
Que tu te achaste um autêntico pioneiro.
Não encontrando alguma presença alheia,
Julgando ser no fundo, o seu primeiro.

E foi à medida que tu te aproximavas,
Para contemplar a sua grande imensidade.
Que tu lhe veneraste enquanto a galavas
Fazendo dela a tua suprema divindade.

E foi assim bem recebido nos seus braços,
Que tu te deste envenenado pela sua beleza.
Enquanto ela insaciável arrancava-te pedaços
Ao beijar o teu corpo como à tua cabeça.

Retribuindo-te no final, enquanto padecias
A gritar em sofrimento - Porquê?! - em perdição!
A realidade que tu ansiavas, embora já não querias
- Porque eu quero... O teu coração.

Blackiezato Ravenspawn

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Misantropos V - Silhuetas De Alabastro

Tantos truques, tantos esquemas
Que planeiam estes porcos tiranos,
A orquestrar mais e mais dilemas
Que eu já assisto por imensos anos.

Neste terra onde existe tanta pessoa
Com tamanha falta de cultura,
Fazendo a humanidade navegar à toa
Nos oceanos ilusórios da loucura...

"Porque nós somos o lado negro da lua
E os lobos que uivam solitários.
Como as vozes que não se conformam na rua
E que gritam sempre contrário!"

E para quê tanto progresso tecnológico?!
Se existe ainda mais ignorância mental?
Se passamos para o digital, do analógico
Porquê que continua tudo igual?!

A desonestidade corrompe esta gente
Cheia de inseguranças e sem emenda,
Que se vende, colocando as amarras,
E para não sofrer, aplica uma venda...

"Porque nós somos o lado negro da lua
E os lobos que uivam solitários.
Como as vozes que não se conformam na rua
E que gritam sempre contrário!"

Pois a verdade foi manipulada pelas trevas
E tornou-se num mito, num obscuro enigma,
Por isso não te percas com essa merda
Ignora o preconceito e foge desse estigma!

Nem te deixes afectar por esse vil veneno
Nem pela frustração e a mágoa que te corroí,
Encara-o de um jeito sereno, sempre pleno
Desprezando a sociedade doente que te destrói!..

"Porque nós somos o lado negro da lua
E os lobos que uivam solitários.
Como as vozes que não se conformam na rua
E que gritam sempre contrário!"

E é com as veias cheias de gasolina
E com o fogo nos olhos e no coração,
Que eu me desvaneço nesta neblina
E me oriento nos trilhos da escuridão.

E assim dou fim a mais um trágico episódio
Marcado pela constante escassez de empatia,
Onde somos todos quebrados pelo ódio
E onde poucos são erguidos pela misantropia...

"Porque nós somos o lado negro da lua
E os lobos que uivam solitários.
Como as vozes que não se conformam na rua
E que gritam sempre contrário!"

E é divididos como astros no nocturno céu
Embora unidos nas diversas constelações,
Que ao nosso universo retiramos o chapéu
E dizemos humildes sem grandes lamentações.

"Não... Nos não somos loucos...
Nos somos apenas... Misantropos.
Dispersos fragmentos de astros
Tornadas em silhuetas de alabastro."

Blackiezato Ravenspawn