segunda-feira, 29 de abril de 2013

À Deriva No Universo

Tu... Charro meu...
Que estás na minha mão...
Diz-me lá por onde levas, eu,
No decorrer da tua combustão...

E porque razão eu danço
Com os olhos semi-fechados,
Sem me ralar se me canso
De sonhar com os pés atados...

No cosmos por onde vagueio
Por entre planetas desconhecidos,
Num estranho místico passeio
Em caminhos ainda não percorridos...

Por estas noites fora
Pelo caminho das estrelas,
Que só através da tua moca
É-me possível assim vê-las...

Viajando nas cortinas de fumo
Na auto-estrada do hiperespaço,
Onde eu sigo o meu rumo
Em busca de um terno abraço...

Que me faça contente, sorrir
E que me faça comovido, chorar,
Para com alguém me possa unir
E assim te'o possa partilhar...

Tu... Charro meu...
Que ardes na minha boca...
Diz-me lá onde devo encontrar eu
Essa alma tão louca?

Para fumarmos ambos da mesma mão
E dançarmos juntos sem saber,
Enquanto cantamos a mesma canção
Sem ter o medo de morrer...

Afogando-nos em euforia
Num celeste paraíso submerso,
Como um ritmo e uma melodia
Perdidos à deriva no universo...

Blackiezato Ravenspawn

O Sagitário Sádico

Tenho pernas e genitais de cavalo,
Embora tronco e cabeça de homem.
Sou uma criatura sábia, um velho centauro
Com um espírito indomável e jovem.

Sou eu misterioso caçador estrelar,
Que carrega o místico arco da apatia.
Para assim, em frenesim espalhar,
A confusão nos mapas de astrologia-

Enquanto cavalgo nas constelações,
Em busca dos outros signos divinos.
Para matar, já as preditas previsões
E alterar o curso dos seus destinos.

Para que a ilusão não viva na testa,
Daqueles que crêem em contos fádicos.
A não ser uma sinistra e certeira flecha
Disparada por mim, o sagitário sádico...

*

Dizes que tens ideias, mas, não pensas
E é por isso que abomino o que tu crês!
Pois vês nas coincidências uma crença
Que varia consoante a tua estupidez!
Esperas que os horóscopos te dêem as respostas
Mas não fazes nada para as merecer!
E dás por ti sem saber onde meter as costas
Por teres um medo terrível de sofrer!
Mas, lá dentro pensas que tudo vai mudar
E então, ficas à espera daquele momento
Sem mexer alguma palha para alcançar
Desperdiçando a tua vida como um passatempo!
E eu agora pergunto-te, ó miserável alvo?
Tu que te mostras ridículo perante mim!
Como queres que o cosmos te dê algo?
Quando tu no fundo, nem crês em ti?!

Tu metes-me nojo, a tua alma dá-me pena
E a tua existência é uma constante discórdia!
Por suplicares por uma vida mais amena
Quando pedes as nossas estrelas, misericórdia.

Às mesmas estrelas que se suicidam diariamente
Ao ouvir tontos como tu...

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Um Nephilim Nos Meus Braços

Uma estrela cadente perdida
Caiu em desgraça do horizonte
Acabando sepultada e esquecida
Algures em cima de um monte

Traído e mais que acusado
Como o maior de todos os réus
Banido e injustamente escorraçado
Do reino divino, além dos céus

União desagrada e indesejada
Filho de Súcubo e de Seraphim
Criatura com a alma penada
Uma abominação, um Nephilim

Com as asas rasgadas de anjo
E os cornos quebrados de demónio
Metade negro, metade branco
Com os olhos caiados de zircónio

Uma beleza sinistra e horrível
Um romance que se tornou em dor
Tingida por uma pureza temível
Partilhada num proibido amor

Mãe e Pai cruelmente decapitados
Infante abandonado à nascença
Considerado pelos imortais, um bastardo
E amaldiçoado foi pelas suas crenças

Um falso dogma a exterminar
Odiado pelo céu e pelo inferno
Sangue misterioso e peculiar
Como o raro sol de inverno

Criança inocente, mística sonata
Fruto da miséria e da fortuna
Encantada com cabelos de prata
Que brilham debaixo da Luna

Blackiezato Ravenspawn

Sessenta Euros (A Minha Primeira E Última Ida Às Putas)

Antes de mais... Fui rejeitado por duas pegas.
Não sei porquê... Devia ser por estar todo fodido.

Primeiro Assalto

A queimar os meus neurónios
Com charros e absinto
Enquanto me intoxicava que nem Baco
Com tabaco e vinho tinto
Acompanhado por camaradas
Porcos sinistros filhos da mãe
No templo das fêmeas afamadas
Algures, perdido em Santarém
A injectar gasolina na mente
Para ter a chance de voar
Mais ao menos aproximadamente
A cinquenta quilómetros de Tomar
Para aterrar nas cochas bem vistas
De uma brasileira trintona
Como se fosse um para-quedista
Que saltou em busca de cona
Trinta euros valia meia hora
Foram as condições do contracto
Para quem queria deitar cá para fora
Sémen em busca do tal facto
Que a fazia vender o seu corpo
Em troca de prazer e de dinheiro
A mim este cabrão quase morto
Que cantava de um jeito foleiro
E foi ao observar esta cena
Que eu lhe disse que não precisava de fingir
Mas esta erva daninha disfarçada de açucena
Continuava a implorar-me para eu me vir
E trinta e cinco minutos passaram
E a puta orgasmou duas vezes
Que até os nervos da minha pissa ressoaram
Como não ressoavam à dois meses
- Porquê que você não goza?
Foi questão que ela colocou
Como se achasse minha esposa
Preocupada com um marido que não ejaculou
Mas eu sei que ela queria me fazer vir logo
Para ganhar dinheiro sujo e fácil
Mas a minha libido é quente como o fogo
E o meu pénis, é esperto e hábil
E continuou - Se você não se vir agora
Eu terei de abandonar você
De um jeito educada como um senhora
Que até me pareceu cliché...

Não quis dar trinta euros para nada, então apostei mais trinta para ver se ia lá.
Mas antes fizemos uma pausa e trocamos de quarto.

Segundo Assalto


Ela meteu kizomba manhoso
E dançou elegante só para mim
Em cima do Soldado matoso.
Como uma borboleta vaidosa num jardim
Enquanto me fazia estranhas questões
Para entender a minha personalidade
Disse-lhe que escrevia versos e canções
Mas não lhe revelei a minha identidade
Também me disse que eu era misterioso
Mas eu sorri face aos seus elogios
Deixando o seu coração flageloso
Junto de um ainda mais sombrio
E no seu quarto experimentamos tudo
Que até foi ela quem deu as ordens
Enquanto eu deixava-me ir sempre mudo
Como fazem os românticos homens
E ao fim de sessenta e sete minutos
Quando lhe penetrava o seu farto cu
Ela disse-me "me viola" pedindo bruto
A um Nefilim, metade anjo,metade íncubo

E aí... Finalmente vim-me...

Por dez minutos trocamos palavras
Mas eu continuei a mentir
Pois eu não devo satisfações a cabras
E tenho uma agenda para cumprir
Mas por um lado até parecia desesperada
Porque insistia em me encantar
Mas eu tinha agora sentia a alma penada
E daquele sítio eu queria tanto escapar
Ela despediu-se com um beijo
E sussurrou-me - eu adoro você, negão
E eu respondi-lhe - mas eu não te desejo
Com os olhos vidrados no chão
Pensando para mim - o que raio ela quer?
Qual será o plano e a sua meta?
Como ela soubesse que foi a única mulher
Que soube fornicar um poeta

Pois quem teria sido o vendido
No final deste teatro tinha sido eu
E só entendi no final todo fodido
Quando a moca desapareceu...

E lá fora o pessoal estava chateado
Por serem quase cinco e estar lá uma hora e tal
E eu respondi ainda confuso e violado
- Foi sessenta e nove como foi anal
E eles sorriam do meu acto tonto e ruim
Enquanto caminhávamos para o carro
- Tu lambeste-lhe a cona?  - Eu respondi que sim
Que nem o Ferreira quis fumar o charro...

Por volta das sete e cinquenta...

De manhã depois de um café e biscoitos
Encontrei junto a caserna, o cabo Campos
Que me vira na madrugada a andar feito num oito.
Depois de fumar o meu último mambo

- Então senhor, Matoso... Fomos ao La Siesta, não fomos?!
Não, nosso cabo... Fomos ao outro...

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 20 de abril de 2013

Qualidades

A minha querida generosidade
É quem controla a minha carteira
Enquanto a minha pura sinceridade
Traí-me e é uma chiba de primeira
Para não falar da minha sagacidade
Que adora fazer tontices e asneiras
Com os seus truques e esquemas
Que só acabam em problemas

E a minha sublime autenticidade
Apenas me faz ficar mais distante
Desta mórbida decadente sociedade
Povoada por zombies e necromantes
E se vos falasse do quanto a minha vaidade
Acha-se sinistra, majestosa e galante
Vocês fugiam de pavor a sete pés
Antes que eu contasse até dez

Porque a minha peculiar criatividade
Torna-me no maior oportunista ladrão
Quando roubo as mais únicas singularidades
Para ela misturar na minha imaginação
Mas a pior é a minha inocente curiosidade
Que me arrasta para o fundo da escuridão
Onde a minha enigmática mística perdura
Lado a lado com a minha hipnótica loucura

Aí e aquela minha virtuosa-zelosa lealdade?
Que se alimenta insaciável dos meus ideais
Juntamente com a minha natural beldade
Espontânea que nem se dá com as demais
Que se vos emprestasse a minha humildade
Vocês deixariam de ser néscios e anormais
E a raça humana tornar-se-ia em algo superior
Mostrando mais tolerância invés de rancor

Por isso ó tu minha enorme e brava coragem
Cujo a ti te devo esforço e tanto sacrifício
Perante esta cinzenta contraditória paisagem
Aonde eu faço da grafite e do papiro o meu ofício
Tu que te mostras sempre em forma de miragem
Um oásis que na realidade é um precipício
Quando aplicas a lei absoluta da gravidade
Puxando-me pelo peso das minhas qualidades

E o que eu recebo?..
A liberdade de escolher
Um possível degredo
Que eu não mereço ter
Porque se analisamos bem
Nunca valeu de todo esta genuinidade
Quando não existe alguém
Que dê valor as tuas qualidades.

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 14 de abril de 2013

Sem Estilo

Quando me perguntam acerca do meu estilo
Confesso que me rio do meu atavio
Pois a razão que eu tendo a vesti-lo
Nem é para gerar confusão ou algum fastio
Porque na absoluta e clara verdade
Eu não possuo no fundo, algum
Isso só são as vossas mentalidades
A incurtir-me à força, mais um

E porque haveria eu de ter um estilo?
Quando para mim é-me indiferente
E já agora o que fará as pessoas defeni-lo?
Sem conhecerem ao menos a minha mente
Será para que viverem em constante ilusão?
Tentando pelas as aparencias me descrever?
Para acabarem ofuscados pela escuridão
Que se agarra as vestes que adornam o meu ser?

- E porque veste sempre preto?
É uma das perguntas que chega até mim
Quando caminho nos trilhos de concreto
Em direcção aos meus afazeres e fins
- Será por amares a teneborsa morte
- E venerares o Lorde da perdição?
Não meus caros, pois nem para sorte
Eu dou o meu voto de comunhão

Visto preto, simplesmente porque sim
Porque posso e porque assim quero
Talvez por ser complexo, um pouco enfim
Pois por modas, eu não ligo nem espero
Sou apenas um gajo curioso e indeciso
Que não sabe que cor deve escolher
Então foi por isso que escolhi um tom preciso
Da junção de todos as cores que podes ter

Nem é pelos géneros de música
Que me é habitual tanto ouvir
Porque a arte é demasiado lúdica
Que mal quase lhe dá para definir
Nem é por ser infeliz e estar de luto
E querer dar uma de gajo revoltado
Pois eu já cresci, já não sou puto
E agora tenho um futuro traçado

Nem percebo as manias dos estilos e tribos
Nem das suas várias categorizações
Porque em qualquer lado haverá sempre chibos
Como putas e cabrões
E não são os estereótipos que assinalam
A personalidade das pessoas
Porque se fosse assim como tanto falam
Eu só andaria com bruxas boas

Mas antes de andar mesmo com alguém
Lembro que antes tenho um vizinho
Com quem partilho a minha cabeça
Ele o meu alter ego que não me deixa sozinho
Pois nós somos o que nós somos
E fazemos sempre o que nos apetece
Como nós vamos por onde nós vamos
Para onde nos levarem as nossas preces

Porque nós não seguimos protocolos
Nem etiquetas nem rituais sociais
E o que nos destinge são apenas os pólos
Por onde se deslocam as nossas espirais
Não somos A, não somos B
Nem somos Y, nem mesmo Z
Somos duas entidades num ser humano
Que no seu esforço e nos seus sonhos crê

E nem importa as incontáveis vezes
Que tentarem à força me incuti-lo
Pois já vivo assim à anos e meses
Sem um rótulo e sem um estilo
Mas se quiseres implantar à força um
Acho que me tornarias num pioneiro
Porque na minha cabeça só existe um
Se cruzares um ganster com um feiticeiro

Mas não.. Eu prefiro ser só eu
E continuar sem um estilo e sem um plano
Para escrever estes poemas meus
Metade génios, metade insanos
E ver o mundo a quatro dimensões
Quando fumo os meus narcóticos
E soltar uns beats cheios de convulsões
Que até parecem rap gótico

Calço botas e sapatos bicudos
Aguçados como a minha mente
E cubro-me de vinil ou de veludo
Por gostar do tecido, eventualmente
Tenho uma capa sinistra e obscura
Para me proteger do vento e frio
Com a sua confortável espessura
Embelezada com um tom sombrio

Mas não é isso... Que me faz ter estilo algum.
Sabes porquê?

Yolo.

Blackiezato Ravenspawn

Maria Joana II

Quando estou pedrado
Num dia quente de Sol
Dou por mim relaxado
Com o corpo tão mole

Quando estou pedrado
Num dia em que está a chover
Eu sinto-me regenerado
Com a alma a renascer

E quando estou pedrado
Num dia cinzento-ventoso
Eu reflicto para mim calado
O quanto é majestoso

O facto de estar pedrado
E ver o tempo a passar
Sem agouro e sem fado
E sem ter que me chatear

Com dilemas e problemas
Do meu constante quotidiano
Onde truques e esquemas
São cultivados por humanos

Que perdem imenso tempo
Com as demais trivialidades
Invés de viverem o momento
Na maior das serenidades

Eles que pensam fechados
E sentem deveras pouco
Por estarem assim focados
Neste paradigma louco

Onde a cobiça floresce
E a pureza no processo se vai
Formando um fruto agreste
Que sobre o nosso solo cai

Contaminando-nos com tumores
Que parasitam as nossas psiques
Com invejas, malícias e rancores
Que nos aliciam com hábitos e tiques

Levando esta raça a odiar
Quando a radiante alegria
Não tem vergonha de dançar
Para quem lhe der melodia

Mas nós tão surdos e cegos
Preferimos vaguear iludidos
Orientados por tristes egos
Que crescem ressentidos

Atrás de vaidades desmedidas
Ausentes da autêntica beleza
Que se dá a quem vive a vida
Com humildade em simpleza

De puxar intensamente
Uns bafos de marijuana
E depois expelir levemente
Uma sensação soberana

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 6 de abril de 2013

"Sniper Solitaire" Franco-Atirador Solitário

Vinte e três anos instalado
Nos terrenos hostis do inimigo,
Com um arsenal sofisticado
Que nem as setas do cupido.

Vinte e três anos à espera
Com o olho na mira óptica,
A ver Invernos e Primaveras
A passar por terras exóticas.

Vinte e três anos sedento
Para concluir a minha missão,
Com mestria e sempre atento
Aos planos da minha visão.

Vinte e quatro anos vão passar
E ainda ninguém consegui abater,
Que já duvido se irei mesmo acertar
Quando o amor decidir aparecer.

Eu sou a elite dos franco-atiradores
Não me faltam munições nem provisões,
Eu que tenho o sangue de caçadores
A correr-me nas veias às moções.

Tenho um olho milimétrico que mede palmos
E sou um homem da minha palavra,
Mas, sinto-me inútil quando não existem alvos
A não ser... As provenientes cabras.

O tédio é tão grande que às vezes até penso em desertar...
Mas, o meu código não me permite.

Blackiezato Ravenspawn

Chocolate

Crocante e melodioso
Derreteste-te na minha língua,
Elegante e sedoso
A tua essência na minha boca mingua.

Para me estimular com o teu sabor
E com o teu doce toque, anestésico.
Quando te dissolves em puro amor
Dentro de mim, como um analgésico.

E os meus olhos fecham-se lentamente
Enquanto eu inclino mais o queixo,
Para te ingerir transcendentalmente
Outro pedaço como quem dá um beijo.

Tu minha bela planta de cacau natural,
Que vens vestida em marrom-escarlate.
Para tranquilizar o meu psico-emocional
Ó chocolate, chocolate-chocolate...

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Solidão VII

Testículos cheios
Uma cama vazia
Carentes anseios
Sobre uma pele fria

Mente sobrecarregada
Coração em ruínas
Uma alma penada
Num jardim de minas

Sonhos brilhantes
Ilusória desgraça
O tédio constante
De uma realidade baça

Existência liquida
Cálice transbordado
Maldição tão lívida
Para um vício estagnado

Seca permanente
Diluvios em papiro
Pecados inocentes
Vendaval de suspiros

Carapaça espessa
Um núcleo sem calor
Fantasma na cabeça
Com uma aura incolor

Um anfitrião perdido
Na sua esquisófrenica mansão
Feita de rimas sem sentido
E de sete quadras de solidão

Blackiezato Ravenspawn