sábado, 29 de junho de 2013

Esquizóide

Estou casado com a minha Miséria
E tenho uma filha chamada Solidão,
O Tédio é um dos meus melhores amigos
E a minha sogra chama-se Frustração.

Negocio às vezes com o Silêncio
Junto com o meu sócio, o Mistério
Enquanto a Diversão é a minha amante
Prima do Tédio, o homem sério.

O Vazio é quem me enche o copo
E o Sonho é quem mais me aconselha,
A Indiferença é a minha guarda-costas
E a Loucura é quem mais me espelha.

Sou o patrão da minha grande empresa,
Onde passo a vida a construir andróides.
Enquanto a minha alma vive na incerteza,
Dentro de um saco de carne, esquizóide.

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Predador

Há vezes que não resisto ao desejo
De lhes pular, morder e lacerar.
Eles que nem sabem o quanto lhes cortejo,
Quando chega o momento de os matar

Nas vezes que lhes avisto e vejo,
Eles distraídos em manada a pairar.
Até ser estimulado pelo sádico beijo
D'ardente adrenalina em lhes caçar.

Ela que me excita espontanêa e tão natural
Como eu se fosse um animal racional,
E um subtil predador que saliva dos olhos

Eu! Que fui consumido pelo meu instinto pensativo
E que entre estas presas mantenho cativo!
As carcaças das paisagens que devorei aos molhos...

Depois... Depois, camuflo-me na minha sagacidade
Na alta vegetação que esconde a minha bestialidade

À espera... A ferver de fome, em frenesim...
Pela fera... Que aparecer diante de mim...
               
Pronto... Deverás atento e concentrado.
Empolgado... Sedento para o confronto.

*

Afiando o marfim das minhas garras... Em árvores de ébano poéticas.

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Além Da Segunda Pele

Estás a espera de quê?! Não fiques à entrada!
Anda! Bem vinda à minha casa, ao meu doce lar!
Entra sem cerimónias, minha cara convidada!
Tu que tiveste a grande ideia de me visitar...

Vá, faz como se estivesses na tua
Senta-te mulher! Mete-te à vontade!
Pois se quiseres até podes andar nua
E fazer o que te dá mais felicidade...

Mete uma música que eu trago-te uma bebida
E explora as divisões que te cativarem mais.
Abre as minhas portas, puxa-me as cortinas
E contempla a minha mobília e os meus vitrais...

E observa das minhas janelas o teu mundo
Expressando os teus maiores pensamentos,
Para viveres os teus sonhos mais profundos
Nos meus braços por breves momentos.

Blackiezato Ravenspawn

Segunda Pele

Chuva ácida de preconceito
Vem com vendavais de ofensas,
Mas eu continuo a andar direito
Sem apanhar quaisquer doenças.

Quando o vosso escárnio se alastra
Gerando motins de rufias intrusos,
Que dão forma a enigmática máscara
Que apático e indiferente eu uso.

Porque eu resisto à vossa malícia fria
E não temo a vergonha nem mesmo a dor,
Quando a vossa hipocrisia se mostra sombria
Bem agreste e cheia de rancor.

Por isso pintai-me lá, com falsas impressões
Como eu fosse a Mona Lisa, minha vedeta,
Com essas tintas feitas de inveja e de ilusões
Que eu sei que no final a tela continuará preta.

Porque além desta minha segunda pele
A minha alma não se entristece, nem envelhece
Pois a minha essência é pura como o mel
E não se estraga com o tempo, nem apodrece.

E com zelo e dedicação a ela me apego
E sinto-me dentro de mim sem me arrepender,
Pois o vosso lixo estimula e elogia o meu ego
Evoluindo a carapaça que cobre o meu ser.

Para alguns, é um labirinto de espinhos
Para outros, uma toca de lobas...
E há quem diga que são as vestes dos que andam sozinhos
Mas para mim... São apenas roupas...

Blackiezato Ravenspawn