segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Pessoas

Observo os Egos mais tristes
A vaguearem tão conformados
Por-entre caminhos infelizes
Feitos de sonhos quebrados
Onde infâncias são levadas
Para bem longe das suas almas
Que agora cantam magoadas
Tal e qual espectros e fantasmas
Dentro de carapaças sem núcleo
Alinhados p'ra espiral mortal
Sem grande contacto, algum mútuo
Nesta crescente distópia digital
E é no silêncio que eu vislumbro
Quando a minha aura estranha, ressoa
Ao entrar em contacto com um mundo
Onde se diz... Existirem pessoas.

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 27 de outubro de 2013

Damas (Checkers)

Vejo um tabuleiro na mesa,
Onde algumas fêmeas jogam.
Contra a sua incerteza,
Que tanto elas interrogam.

Vejo passos calculistas,
Como oiço respostas cínicas.
De ciborgues narcisistas,
Cheias de armas bioquímicas.

Vejo fêmeas que bailam,
Para prenderem homens em teias.
Mas que quando falham,
Vingam-se noutras mais feias.

Vejo fêmeas que assim saltam,
Para comerem peões na cama.
E que por várias casas avançam
Como se fossem damas.

Blackiezato Ravenspawn

Sem Sentido

Não importa por mais que eu procure,
Que nunca encontrarei as palavras certas.
Nem existe mesmo alguém que segure,
A minha vontade, de mãos abertas...

Por isso, hoje decidi revelar,
O segredo deste meu labirinto...
Para que vocês fiquem finalmente a par,
Das coisas que eu realmente sinto.

E é despindo o meu ego no chão,
Que eu vos mostro o meu lado mais sincero.
Abrindo as portas do meu coração,
Pois é isso o que eu mais quero.

Sinto-me totalmente estranho e incompreendido,
Não sei... É bem complicado de dizer...
Porque a vida nunca me fez algum sentido,
Que eu já nem sei... O que hei-de fazer.

Blackiezato Ravenspawn


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A Noite Em Que Eu Conheci O Mário Dias

- Ei! Não precisas d'algo, ó tu de Negro?!
Disse-me um homem sorridente de fato branco.
Aproveitando-se do meu tedioso sossego,
Que eu tinha conseguido, naquele banco...

-Estás desanimado, precisas de adrenalina?
Questionou-me de novo, o estranho janota,
Olhando de alto a baixo para a minha gabardina
Como quisesse dar o mico, à minha nota.

- Sou o Mário Dias para os amigos
- Mas tu podes-me tratar por M.D.
- E que tal fazemos algo divertido
- Tipo mudamos para o plano B?

E enquanto escutava a batida,
Curioso deixei-me ir e mordi o isco.
E assim percebi que tudo nesta vida
Tem, um suposto "risco".

Por isso, segue o rasto do Mário Dias,
Farejando como um cão....
Pois garanto-te que encontrarás alegria
E muita, muita... Diversão.

Blackiezato Ravenspawn

Rabiscos

Embora existem demasiadas tonalidades e cores,
Eles prendem-se no pensamento a preto e branco.
Separados por ódios, unidos por amores
Onde uns sofrem imenso e outros nem tanto...

E mesmo que as suas vidas sejam escritas a esférográfica,
Todas elas acabam alteradas pelo corrector...
Quando a sociedade inventa mazelas ortográficas,
Só para as censurar da maneira que achar melhor.

Mas cada vez que leio essas mesmas frases, limpas
Escritas à maquina com caligrafias tão catitas.
Dou por mim a escutar palavras fúteis e vazias,
De pessoas feias, que foram iludidas de bonitas.

Enquanto a minha "vandalesca" e niilista existência,
É escrita da forma que mais me alegra e me convém...
Um mundo de rabiscos onde a fortuna e a decadência
Se entrelaçam... Como jamais se entrelaçou, alguém.

Blackiezato Ravenspawn

Olhares Pendulares

Eu troquei um olhar com ela,
Até ela desviar o seu olhar...
Então eu ignorei a suposta donzela,
Visto que a mesma, não queria conversar.
E foi abdicando da sua presença,
Como nunca a tivesse, visto, então...
Que dei por ela a olhar-me com indiferença
Pelo canto da minha visão.
E foi fintando-lhe, depois de novo,
Que ela esquivou-se cheia de apatia.
Como se as estrelas e todo o globo
Girasse em torno da sua mania...
E assim suspirei olhando para a janela,
A mirar paisagens em busca de novos ares...
Mas só encontrei o reflexo dela
E dos seus olhos pendulares.

E foi-lhe fitando pela ultima vez
Que ela repetiu o mesmo processo.
Uma, duas... Agora três?
Não! Isso, já é em excesso.

E o pêndulo parou... E ela ficou à espera da minha energia cinética...

Mas, eu estava cansado da viagem.

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Jogos De Ternura

Anda... Vamos ambos sentar-nos juntos,
Mas quietos, sem nada fazer....
Deixando apenas qu'estes olhares profundos,
Digam o que tiverem para dizer....

E juntemo-nos mais um pouco,
Deixando o magnetismo trabalhar...
Só para ver-mos qual de nós é o mais louco
E qual de nós aguenta mais, sem suspirar...

Agora vamos só trocar uma suave caricia,
E recolher logo, De imediato...
Indiferentes à nossa empatia
Como fazem interesseiros, todos os gatos.

Para depois lutarmos contra a tentação,
Frente a frente com uma supremacia mental...
À espera da máxima e tardia gratificação,
Pois quem sofrer tudo, ama até ao final...

Até sorrimos ambos daquele jeito demente,
Envoltos nos corpos que imploram beijos.
Enquanto aguardamos que a noite iminente,
Nos oculte e satisfaça os nossos desejos...

Blackiezato Ravenspawn

Culto Do Fumo

Ó Hereges anarquistas...
Ó Misantropos pagãos...
Vós almas narcisistas...
Meus infames irmãos!..

Vós que no Sabbath visitai o templo pudico
Da hipocrisia que nos oprime e nos revolta!
Por favor tragam o incenso e mais público
Para qu'este do aborrecimento, nos absolva!

E dobrai somente o vosso joelho
Ao alto nobre e santificado bagulho!
Tomando-o junto com o vinho vermelho
Que de tanto, mas tanto me orgulho!

E prestai as vossas mocas no culto do fumo
Perante à marijuana, a nossa irmã-mor!
Eu que profetizando, o vosso mal excomungo
Com a hóstia do dealer, o nosso senhor

Ámen!

Blackiezato Ravenspawn

Confiança

É uma falta de moral e de ética,
Pedir provas fidelidade a alguém.
Quando a própria pessoa é céptica
E nem confiança na outra tem.

Porque muitos pensam que a confiança,
É uma moeda simbólica d'uma economia.
Com seguros, burocracias e finanças,
Que muda conforme a bolsa todo o dia.

Mas a confiança só está nas vidas,
Daqueles que a partilham a dois.
Logo não percebo porque duvidas?!
E metes a carroça à frente dos bois...

Esperando que eu te compre a lealdade
Só para que tu te possas crer a mim.
Mas, o que raios eu devo-te na verdade
Se algo em troca, jamais te pedi?!

E que confiança é essa que cobre juros
Que me chantageia e que me penhora?!
Se é é este o teu investimento para o futuro
Adeus! Deixei de confiar em ti, agora!

O preço da confiança é ela mesma.

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 20 de outubro de 2013

Cubo Mágico (Rubik's Cube)

Eu adoro o meu cubo mágico,
Por ele ser deverás divertido.
Este caro puzzle matemático,
Que até fácil de ser resolvido.

Projecto nele os meus problemas,
E rodo-o conforme a situação.
E ele rima como os meus poemas,
Que eu escrevo por diversão.

E não importa como ele se mostra,
Que não me custa nada, o resolver
Da forma como ele mais gosta,
Sem nenhum de nós se aborrecer.

Que às vezes até faz-me pensar,
Que as pessoas deviam ser como tal.
Para lidar com elas sem me chatear,
Da forma mais simples e genial.

Depois de tê-lo completado,
Eu crio paternas alternadas.
Nele que pode ser solucionado,
Apenas com umas meras jogadas.

Blackiezato Ravenspawn

Espectros

Nós escrevemos o dia todo,
Embora ninguém nos queira ler.
Mas, é assim o nosso modo
De estar aqui e de viver.

Somos os solitários escribas,
Desta fútil e degenerada geração.
Aqueles mesmos que ninguém liga,
Devido à falta de sensibilização.

E é refugiados nos nossos mundos,
Que preservarmos o que resta d'arte.
Visto que aqui, só somos vagabundos,
Cuja maioria não conhece e mete de parte

E assim a cura para a decadência,
Esvai-se connosco, os poetas mudos.
Pois a voz censurada da consciência,
Fala inútil para homens surdos.

E como espectros...
Nós vamos e nós volvemos.
E como espectros...
Nas nossas poesias sobrevivemos.
E como espectros...
Nós amamos e nós sofremos.
E como espectros...
Na vossa indiferença nós morremos.

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Dá-Me Um Gozo Tremendo Escrever

Dá-me um gozo tremendo escrever!
O que sente a alma e o que pensa a mente
Pois é como fizesse de novo a vida renascer
Nestes terrenos baldios, decadentes!

Dá-me um gozo tremendo escrever!
O que eu oiço e o que eu tanto avisto
Dando-me asas para no além ascender
Na eternidade, como fez Jesus Cristo!

Dá-me um gozo tremendo escrever!
O que ninguém diz e o que ninguém escreve
Ditando-o sem afinco e sem nada temer
Duro como o gelo e puro como a neve!

Dá-me um gozo tremendo escrever!
O que a vida faz à minha consciência
Quando me grava no papel e faz-me transparecer
Toda esta minha existência!

E dá-me um gozo tremendo escrever!
Para me libertar e me sentir limpo
Que até prefiro o fazer do que foder
Acompanhado de charros e de absinto!

Blackiezato Ravenspawn

Galáxia De Falácias

Ad Hominem quando não há argumentos
Factos dúbios como travestis controversos,
Justificações em forma de tristes lamentos
Tem um vasto lugar extenso, neste universo...

Críticas respondidas com mais criticismo
Levando a hipocrisia a seduzir aldrabões
Ah! Esses pseudo-moralistas cheios de cinismo
Que ocultam culpados as contradições!

Sacerdotes infames que purgam com água benta
As bocas justas do povo para calar a discórdia!
Mas só quando surge o escândalo e a bomba rebenta
E que se lembram de fazer o apelo à misericórdia!

Mudança de assuntos para fugir à crua verdade
Bem vindos ao fim do cosmos, a esta galáxia!
Onde não existe humanidade, nem mesmo humildade
Só egos equipados com desculpas e falácias!

E é não compactuando com esta desmoralização.
Que eu me expresso indignado, a minha opinião!
Para aqueles que criam o egoísmo, invés do cotão
Nos seus umbigos, sem ter no fundo, alguma razão!

Blackiezato Ravenspawn

A Sete Quilómetros A Este De Aveiro

Nunca, mas, nunca se passa nada,
Nesta ridícula merda de cidade.
Deverás reles, medonha e pacata,
Com tanta falta de diversidade.

Onde as pessoas não tem cabeça
E se conformam com o habitual.
Que só de estar aqui dá-me moleza
E um constante tédio, abismal...

Mas hoje disse que me ia divertir,
Logo vou-me preparar e sair da toca.
Para ver se consigo ainda adquirir,
Aperitivos e um bocado de droga.

E à noite vou até ao fim da rua
Da minha casa, por aquele carreiro,
Em direcção ao mato ter com a lua,
A sete quilómetros a Este d'Aveiro.

Blackiezato Ravenspawn

A Confissão De Uma Folha

Eu pergunto-me - O que eu sou?
E a resposta é sempre - Eu não sei...
Nem sei ao certo mesmo para onde vou
E penso que nunca, o saberei.

Só sei que fui uma folha ao relento,
Que se soltou das outras iguais.
Devido à curiosidade e ao sentimento,
De querer saber um pouco mais.

Pelo ar uns dias eu voo e plano,
E noutros dias, sou só pisada...
No chão onde vagueiam os humanos,
Com as suas mentes degeneradas.

E eu essa foragida folha solitária,
Que foi desde oriente a ocidente.
Não passa de uma comum e ordinária,
Criação de uma estranha semente

Sementes essas cheias de vida,
Que foram deitadas no nosso solo.
Como frágeis crianças adormecidas,
Pela mãe terra no seu colo...

Sementes que germinam em frutas,
Outras que brotaram em diversas flores.
Quando um dia se tornarem adultas,
E ganham novas formas e várias cores.

Mas, eu continuo aquela folha,
Invisível à multidão que passa.
À espera que alguém me recolha,
E ache em mim, a minha graça.

E entretanto o tempo vai passando,
E esta folha vai envelhecendo,
Sem vontade alguma, ainda pairando
Fingindo que ainda, está vivendo.

Abandonada e de companhia privada,
Vestindo os trapos das estações.
Mantendo na sua gene preservada,
Os seus lamentos e as suas canções

E é sonhando com uma vida soberana,
Delirando as vezes com a torre de babel.
Que eu desejava ser uma folha de marijuana,
Ou talvez uma simples folha de papel.

Para arder numa solene mortalha,
Onde tu deitas a tua sinceridade.
No conforto d'uma alcofa de palha,
Para estimular a tua sensibilidade.

Mas infelizmente não fui feita assim,
E eu esta folha, ainda continuo perdida.
Como se fosse a única flor no jardim,
Que ainda não tivesse sido recolhida...

E assim o vento me suspira e eu me levanto,
Até começar a chover e eu me deitar.
O fogo é quem me ilumina com o seu encanto
E a terra é a única que me escuta...

Chorar...

"Hoje peguei uma folha rasgada e escrevi um poema."

Blackiezato Ravenspawn

A Dança Da Inconformancia

A pista já está ao tempo aberta
Embora ninguém esteja a dançar
E esta costuma ser a altura certa
Que eles aproveitam para conversar
Entretanto eu danço sem querer saber
De tertúlias e de assuntos sociais
Porque eu vim aqui para esquecer
E contrariar essas rotinas habituais
E é sobre os teclados hipnotizantes
Que trazem os baixos mais consistentes
Junto de guitarras tão dissonantes
Em simbiose com batidas decadentes
Que neste ambiente entro em transe
E na minha serenidade, deixo-me ir
Abanado o corpo com estranhos lances
À volta da gravidade que me atrair...

Por isso se desejares dançar comigo
Vem a mim, ó minha cara estranha
Que eu hoje serei o teu melhor amigo
Independentemente das tuas manhas
Mas não me tragas os teus tristes fados
Que eu não vou prestar grande atenção
Pois eu estou bem de olhos fechados
A dançar com a minha amiga, Escuridão...

Nesta galáxia sombria onde tudo gira
Em torno da mesma corrente obscura
Uns falam daqueles que vivem uma mentira
Só para fazerem parte d'uma subcultura
Mas eu não falo, nem mesmo me comporto
D'acordo os códigos e esses sistemas
E nem sequer me ralo ou mesmo me importo
Com as vossas ondas e as vossas cenas
Pois para mim a única estrela aqui é o Dj
E as músicas que ele passa, a radiança
Logo nesta noite eu faço de suprema lei
A alma que me envolver na sua dança
E clarear o céu deste solitário planeta
Que oculta as maravilhas mais misteriosas
Deleitando-se na sua atmosfera negra
Como se fosse a Luna, mais glamorosa...

No meu quotidiano sou um antagonista
Mas tu podes me tratar por Melchior
O esquisitóide urbano, o inconformista
Ou até mesmo o vulto de carne da dancefloor
Com o meu estilo peculiar e niilista
Diferente dos que existem ao nosso redor
Dançando volátil como um anarquista
Que só se quer divertir e nada impor...

Blackiezato Ravenspawn