sexta-feira, 18 de outubro de 2013

A Confissão De Uma Folha

Eu pergunto-me - O que eu sou?
E a resposta é sempre - Eu não sei...
Nem sei ao certo mesmo para onde vou
E penso que nunca, o saberei.

Só sei que fui uma folha ao relento,
Que se soltou das outras iguais.
Devido à curiosidade e ao sentimento,
De querer saber um pouco mais.

Pelo ar uns dias eu voo e plano,
E noutros dias, sou só pisada...
No chão onde vagueiam os humanos,
Com as suas mentes degeneradas.

E eu essa foragida folha solitária,
Que foi desde oriente a ocidente.
Não passa de uma comum e ordinária,
Criação de uma estranha semente

Sementes essas cheias de vida,
Que foram deitadas no nosso solo.
Como frágeis crianças adormecidas,
Pela mãe terra no seu colo...

Sementes que germinam em frutas,
Outras que brotaram em diversas flores.
Quando um dia se tornarem adultas,
E ganham novas formas e várias cores.

Mas, eu continuo aquela folha,
Invisível à multidão que passa.
À espera que alguém me recolha,
E ache em mim, a minha graça.

E entretanto o tempo vai passando,
E esta folha vai envelhecendo,
Sem vontade alguma, ainda pairando
Fingindo que ainda, está vivendo.

Abandonada e de companhia privada,
Vestindo os trapos das estações.
Mantendo na sua gene preservada,
Os seus lamentos e as suas canções

E é sonhando com uma vida soberana,
Delirando as vezes com a torre de babel.
Que eu desejava ser uma folha de marijuana,
Ou talvez uma simples folha de papel.

Para arder numa solene mortalha,
Onde tu deitas a tua sinceridade.
No conforto d'uma alcofa de palha,
Para estimular a tua sensibilidade.

Mas infelizmente não fui feita assim,
E eu esta folha, ainda continuo perdida.
Como se fosse a única flor no jardim,
Que ainda não tivesse sido recolhida...

E assim o vento me suspira e eu me levanto,
Até começar a chover e eu me deitar.
O fogo é quem me ilumina com o seu encanto
E a terra é a única que me escuta...

Chorar...

"Hoje peguei uma folha rasgada e escrevi um poema."

Blackiezato Ravenspawn

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