quarta-feira, 25 de junho de 2014

O Continente Perdido

No lugar onde todo o mistério se afunda,
Hypnos, enfeitiçou todas as crianças.
Excepto uma que se refazia como a espuma
Com olhos indigos cobertos por tranças.

Os homens e mulheres tornaram-se inférteis
E as sementes de Ceres jamais brotaram.
E com o tempo os novos tornaram-se débeis
E como os seus progenitores, velhos ficaram...

Nessa criança foi depositada,
O futuro de um enigmático continente.
Embora ela, agora mais que irada
Odiava-os por pensar d'um jeito diferente

Porque por essa criança exércitos lutavam,
Pois não existia maior prazer que a obter.
E os poucos que tinham, não a partilhavam
Ela, que não mostrava indícios de envelhecer.

Até ao dia que ela olhou em seu redor,
E sorriu para o seu povo pela última vez.
Fazendo o que achará francamente melhor
Ensinando uma lição pelo que a gente lhe fez.

E sem pingo de remorso ou mesmo medo,
Ela atirou-se da encosta e exilou-se no mar.
Criando uma pandemia de desassossego
Que nem os curandeiros conseguiram curar.

E assim, um a um abandonaram a consciência
E juntaram-se todos numa espiral mortal.
Enquanto Thanatos contemplava a decadência,
Preparando uma festa para o omni-funeral.

As almas das crianças extintas cantaram
Para os seus falecidos familiares.
Enquanto os seus corpos se tornaram,
Comida para peixes, algas e nenúfares.

E após um tempo a criança emergiu e voltou,
E observou apática, ausente de emoções.
Totalmente indiferente ao que se desenrolou,
Sem vontade de justificar as suas razões.

Porque na morte ela tornou-se imperatriz
E a sua primeira ordem foi acabar com a mágoa.
E então olhou para o céu e disse - Atlantis?
Para mim... Fica melhor debaixo d'água.

Então, Hélio ergueu-a no telhado do mundo
E no auge do verão o seu corpo foi dissolvido.
Numa chuva que submergiu a necrópole no fundo
Fazendo de Atlântida, um continente perdido.

Blackiezato Ravenspawn

Sem comentários:

Enviar um comentário