sábado, 19 de dezembro de 2015

A Parede Vai Cair

Pela primeira vez na minha vida
Eu tive um sonho estranho
A minha alma estava enfurecida
Dentro do seu casulo castanho

Eu dava socos brutos na parede
Mas, Eu não sentia alguma dor
Pois estava possesso por uma sede
Repleto de raiva, cheio de fulgor

E assim os meus socos não vacilaram
Na atmosfera como era suposto
Eles pelo contrário, agora estampavam
Toda a cólera qu'Eu tinha no rosto

E foi socando assim repetidamente
Na tentativa de me auto-destruir
Que as vozes ecoaram na minha mente
- Continua. Pois a parede vai cair

*

Mas, o que estará pr'além dessa parede?

Blackiezato Ravenspawn

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Mulher X - Réplica

Saltos-altos, grandes malas
Succubuses a trepar arranha-céus
Bocas falsas, bonitas falas
Megeras finas com chapéus

E quando as hormonas ficam malucas
Ai, Jesus Cristo! O meu umbigo
Queixa-se que lhe chamam de puta
Mas, o qu'Ela quer é cu tremido

Roda, roda. Roda a malta!
Mas, lembra-te que o tempo é circular
E ordinárias como tu não fazem cá falta
Vocês nem sequer sabem cozinhar

Dizes que és chique e moderna
Embora sejas uma amostra de mulher
Porque quando tu não abres as pernas
O povo não te fala, nem te quer

Por isso, vai chorar para a Internet
E cria a tua grande cena na televisão
Dizes que lutas, mas, é só um frete
Mas, já estiveste em Curdistão?

- Patriarquia, horrível patriarquia!
Negócio d'homens, obra do diabo
Mas quando te falam numa boa quantia
Tu és a primeira a vender o rabo.

Ninguém te quer, nem nunca te quis
Por isso, acaba com esse papel dramático
Tu nem sequer tens jeito para actriz
A tua cara não é real é feita de plástico

Menina mimada, dama privilegiada
Filha do primeiro mundo bem protegida
Tu não usas burkah, nem foste apedrejada
Mas, mesmo assim finges-te d'oprimida

E expões a tua estupidez e a tua imagem
Não dando nada ao mundo, só nas vistas
Pois a tua figura não passa d'uma miragem
Tu és seca, não tens água, quanto mais artista

Tu não és nada, és só uma farsa
Que não dá carinho, nem dá consolo
Tu és mais bélica que uma espingarda
És um falso mineral, tipo ouro dos tolos.

Embora te aches um grande protótipo
Mas, tu não passas de mais uma réplica
Que apesar de não ligar a estereótipos
Consigo ver que tens falta d'ética

Eu nem te queria, dada com uma trela
Nem mesmo que me metesses na elite
Pois tu não carregas contigo o gene d'Eva
Tu carregas o gene maligno de Lilith.

Já olhaste para as tuas compatriotas
Que existem por aí, à volta do globo?
Não, porque tu és uma sonsa e uma idiota
Que só se importa com o seu próprio jogo.

Anita Sarkeestian tu és a maior hipócrita
Completamente sem espinha, que covarde
Tu deves sofrer de uma deficiência crónica
Pois o teu forte, são os double standards.

O teu coração só vê dinheiro e é duro
Os teus olhos não me inspiram confiança
Tu dizes que modelos como tu são o futuro
Mas, tu, nem sequer, geras crianças...

Blackiezato Ravenspawn

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Phantasias Esquizótipicas I - Piscina Serpentina

Piscina, Piscina
Ala Serpentina dos meus olhos...
Visões de phantasia
Pedaços de ternura aos molhos...

Eu conformo-me e já nem sequer escolho,
Pois o sonho já sabe o que tem que me dar.
E é no rio Styx onde Eu fico em repouso,
Pois a morte ainda tem que me temperar.

Piscina, Piscina
Ala Serpentina dos meus olhos...
Visões de phantasia
Pedaços de ternura aos molhos...

Os ventos místicos cantam-me epopeias,
Sobre os espíritos deslumbrantes do mar.
E as Succubuses disfarçam-se de sereias,
Para a minha alma virem desdenhar.

Piscina, Piscina
Ala Serpentina dos meus olhos...
Visões de phantasia
Pedaços de ternura aos molhos...

Cabelos tecidos por um sonhador lúcido,
Corpos esculpidos por volúpia e por desejo.
Olhos pintados por um sentimento húmido
E lábios de libido plagiados de um texto.

Piscina, Piscina
Ala Serpentina dos meus olhos...
Visões de phantasia
Pedaços de ternura aos molhos...

Eu fecho os meus olhos, embora já dormindo,
Com camadas de mulheres, em mim sobrepostas.
E só não me deixo ficar aqui mais, neste limbo,
Pois, Eu durmo demasiado, até me doerem as costas.

Blackiezato Ravenspawn

Surto De Inspiração

Alma cansada
Latim gasto
Vida ingrata
Coração mutilado

Pregas na mente
Dúvida e confusão
Prisão de ventre
Cólicas na razão

Vontade estagnada
Horizonte baço
Essência estragada
Arte fora do prazo

Epifania de repente
Papel à mão
Caganeira iminente
Surto de Inspiração

Blackiezato Ravenspawn

Só Para Ficar Bem Visto?

Já experimentaram a rima interpolada?
Ou vão ficar aí, no mesmo movimento?
Já pensaram que se calhar já era tempo
De vocês deixarem essa rima emparelhada?

Não! E ainda assim fazem pouco dos outros
Todos aqueles que não sabem o que dizer.
Achando-se Reis da lírica e donos do saber
Embora os vossos versos, sejam ocos.

Será que vocês rimam com virtude e liberdade
Ou só rimam com intenção de ficarem bem vistos?
É por isso que vocês metem os vossos egos nisto?
Apenas para comprovar a vossa autenticidade?

Eu não. Eu respeito as minhas preciosas palavras,
Eu não as desvalorizo em deixas negativas.
Eu guardo-as em bonitas caixas introspectivas
Enquanto vocês as banalizam como cabras.

Eu não sou espadachim, nem entro em duelos,
Nem sou rapper, mas, até participo em duetos.
Pois para mim, isto é mais que pistolas e stillettos
A poesia, é fio para tecer mundos, são novelos.

Então, porque alinhar nessa competição?
E usar as nossas vozes para fazer troça?
Para causarmos em nós mais uma mossa?
Invés de deixar um bênção, no coração?

Porque se palavras foram feitas para comunicar
Então, porque deverei, Eu, mostrar-me hostil?
E misturar as palavras como se fosse um imbecil
Quando posso na integra, usá-las para nos inspirar?

Para quê perder o meu tempo com tudo isto
E gastar a minha saliva neste enredo, neste confronto?
Onde, À volta de nós se reúnem os verdadeiros tontos
Que nos julgam, quem fica e não fica. Bem visto?

Blackiezato Ravenspawn

Matemáticas Do Caos

À medida que a estrela do caos gira
A entropia espalha-se em todas as direcções
O cosmos expande, a Discórdia respira
Destroem-se dogmas, criam-se dimensões...

Primeira Seta Do Caos (Boreas)
TU ÉS INSIGNIFICANTE!!!
NÃO PASSAS D'UMA VARIÁVEL MINÚSCULA
DENTRO DE UMA MATRIZ ASTRAL!
E NÃO IMPORTA O QUANTO SEJAS PROMÍSCUA
TU,  COMO OUTRA, ÉS BANAL!
TU ÉS INSIGNIFICANTE!!!
QUE APESAR DE TERES SIDO PÓ DE ESTRELA
AGORA, NÃO PASSAS D'UMA CÓPIA DE CARBONO!
PORQUE TU NEM ÉS ESPECIAL, VIVES NUMA CELA
E NEM SEQUER SABES QUEM É O TEU DONO!

Segunda Seta Do Caos (Kaikias)
EU SEI QUE É INGRATIFICANTE!!!
SABER QUE A VIDA É UMA MERA APROXIMAÇÃO
E QUE A VERDADEIRA PRECISÃO ESTÁ NA MORTE!
E QUE NO MEIO DESTA TRÁGICA EQUAÇÃO
NÃO IMPORTA SE TENS AZAR, OU SE TENS SORTE!
EU SEI QUE É INGRATIFICANTE!!!
SABER QUE AS COISAS SÃO TEMPORÁRIAS
E QUE NADA IRÁ DURAR PARA SEMPRE!
E QUE NENHUMA PSICOSE É NECESSÁRIA
PARA UM TORNAR-SE DEMENTE!

Terceira Seta Do Caos (Euro) 
NÃO É CHOCANTE?!
TENTAR RESOLVER A INCÓGNITA D'UM SER
E NÃO ACHAR NENHUM VALOR?!
E OBSERVAR MIL E UMA VEZES SEM PERCEBER
O QUE NO FUNDO É O AMOR?!
NÃO É CHOCANTE?!
TODOS NÓS BUSCARMOS A SALVAÇÃO ETERNA
EMBORA NEM CONSIGAMOS TOCAR NA LUZ?!
QUE SÓ NOS ESPELHARÁ NUMA SIMETRIA FRATERNA
NA INTERCEPÇÃO FINAL, QUANDO FORMAR UMA CRUZ?!

Quarta Seta Do Caos (Apeliotes)
NÃO É DEGRADANTE?!
VER O CURSO DA HISTÓRIA ALTERADO
POR CÁLCULOS DÚBIOS, SEM FUNDAMENTO ALGUM?!
E SABER QUE NESTE MUNDO PROGRAMADO
TU NÃO PASSAS DE ZEROS E UNS?!
NÃO É DEGRADANTE?!
FAZERES PARTE D'ALGO QUE NÃO IMPORTA
SÓ POR TERES ATREVIDO A PENSAR?!
E DE SABER QUE PELA PORTA QUE ENTRASTE
PODES SAIR, MAS, NÃO VOLTARÁS A ENTRAR?!

Quinta Seta Do Caos (Noto)
NÃO É AGONIANTE?!
SABER QUE A PROBABILIDADE NÃO PASSA
D'UMA FALSA SEGURANÇA, D'UMA EXPECTATIVA?!
E QUE QUANDO DÁS POR TI A CAIR NA DESGRAÇA
VÊS D'OUTRAS FORMAS, A VIDA?!
NÃO É AGONIANTE?!
ACABAR POR SABER QUE NA REALIDADE
TU NEM SEQUER TENS VONTADE PRÓPRIA?!
E QUE NO OLHO DA SINGULARIDADE
TU NÃO PASSAS D'UMA QUÂNTICA MEMÓRIA?!

Sexta Seta Do Caos (Lips)
NÃO É INTOXICANTE?!
COMER TODOS OS DIAS A MAÇÃ AMALDIÇOADA
CONTRARIADO, POR NÃO TER ALTERNATIVA!
E VER A COBIÇA NOS OLHOS DE QUEM ANDA NA ESTRADA
PORQUE TODOS QUEREM GANHAR A CORRIDA!
NÃO É INTOXICANTE?!
IGNORAR O ESSENCIAL POR UMA QUESTÃO DE ESTÉTICA
POR SERES UM PRODUTO D'UMA CONSTRUÇÃO SOCIAL!
PARA DEPOIS TE AFUNDAREM NUMA PISCINA GENÉTICA
E ASSIM SOBREVIVERES À SELECÇÃO NATURAL?!

Sétima Seta Do Caos (Zéfiro)
NÃO TE SENTES DISTANTE?!
SEM IDENTIDADE, ALÉM DOS TEUS SEMELHANTES
E DE TODO ESTE SISTEMA DESCONECTADO?!
OSCILANDO NUMA ONDA DISFÓRICA E DISSONANTE
QUE TE DEIXA COMPLETAMENTE ALIENADO?!
NÃO TE SENTES DISTANTE?!
LONGE DE TI, FORA DE ALCANCE
COBERTO POR UM MANTO DE INFORMAÇÃO?!
TU, METADE ENNUI, METADE EM TRANCE
A GIRAR NUMA ESPIRAL FEITA DE CONFUSÃO?!

Oitava Seta Do Caos (Siroco)
NÃO É ALUCINANTE?!
CONTEMPLAR O VAZIO GANHAR FORMA
E O TEU SUBCONSCIENTE TOMAR CONTROLO?!
VERES A LOUCURA TORNAR-SE NUMA NORMA
E A FAZER DA TUA MENTE, O SEU SOLO?!
NÃO É ALUCINANTE?!
TER A GNOSIS FECHADA NA GLÂNDULA PINEAL
E VER A ALMA VESTIDA COM OS SEGREDOS DO PI?!
TRAÇARES UM CÍRCULO TETRADIMENSIONAL
PARA VIAJARES CONTINUAMENTE DENTRO DE TI?!

Por isso, perde-te e encontra-te no limbo,
Alcança a torre de babel e sobe os degraus
E deixa-te ser, somente resolvido,
Pelas enigmáticas matemáticas do caos.

Blackiezato Ravensapwn

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Da Maneira Como Tocaste Em Mim

As caras estão cada vez mais bonitas,
Embora a beleza nelas, seja comum.
Pois, Eu preferia não ter pupilas
Para não ver no fundo, rosto algum
(Porque nenhum é como o teu...)

As luzes estão cada vez mais cintilantes,
Quando resplandecem os seus halos Angélicais
Mas, no seio da treva abundante
Todas as silhuetas parecem-me iguais
(Excepto a forma da tua...)

O som está cada vez mais alto,
E preenche-me os auditórios da minha imaginação.
Mas, a música não abafa o sobressalto
Causado pelo silêncio do teu coração
(Quando não está junto ao meu...)

O vento torna-se cada vez mais nefasto,
E o frígido inverno está a vir à tona.
Mas, o meu nariz apesar de perder o rasto
Ainda não se esqueceu do teu aroma
(Do teu cabelo, da tua pele nua...)

As teclas estão cada vez mais batidas,
Embora Eu sem "Dó" toque-as a pensar em "Si".
Porque o que a minh'Alma mesmo precisa
É de tocar as notas que tens dentro de ti
(Da maneira como tu tocaste em mim...)

Blackiezato Ravenspawn


segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A Síria Está A Arder

A minha linda Síria está a arder
Mas, ninguém quer mesmo saber.
 Enquanto isso, a França chora
 Exigindo retaliação, agora.

A minha linda Síria está a arder
Mas, ninguém quer mesmo saber.
Enquanto isso, o Presidente Assad
Continua a lutar contra a Jihad.

A minha linda Síria está a arder
Mas, ninguém quer mesmo saber.
Virou ruínas, um trilho de espólio
Tudo por causa de petróleo.

A minha linda Síria está a arder
Mas, ninguém quer mesmo saber.
Enquanto o Ocidente está indignado
Pois a culpa é dos refugiados.

A minha linda Síria está a arder
Mas, ninguém quer mesmo saber.
As vossas rezas não trazem valquírias
Só trazem mais bombas pr'a Síria.

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

"Tailwind" - Vento De Cauda

Cada vez qu'Eu enrolo um,
O vento acorda e volta para trás.
D'um jeito misterioso, nada comum,
Sem intenções de me deixar em paz.

Mas, é quando acendo o dito cujo
E puxo de seguida, o primeiro bafo.
Que o ar dentro de mim, torna-se um luxo
E faz-me sentir um pássaro nato.

E é inalando e depois exalando,
Esse ar ao ritmo do bater das asas.
Qu'Eu torno-me leve e vou dançando,
Como uma chama, em cima das brasas.

Movido pelo toque do vento,
Encantando pelo sabor da brisa.
Cativado por um solene movimento,
Que me sussurra e que me cativa.

Com palavras compostas por éter,
Com notas entoadas pelas Sílfides do ar.
Como s'essa música, fosse para uma mulher
Qu'Eu desejasse de todo, só abraçar.

E é envolto nela qu'Eu ganho altitude.
E ascendo sublime na atmosfera.
Libertando-me do peso das coisas, em plenitude
Da gravidade, da mãe terra.

Até o fumo místico acabar por desvanecer,
E Eu cair em queda livre, na realidade.
Sem saber mesmo o que hei de fazer,
Para evitar no fundo, a minha casualidade.

Mas, é aí que o vento me surpreende,
Inocente e volátil, sem aviso prévio.
Deixando a minha alma, aparentemente
No olho da tempestade, num destino sério.

Oh! Vento, Tu! Que me enxutas furioso!
Oh! Vento, Tu! Que me sopras romântico!
Quem me dera qu'Eu fosse como Tu, gasoso,
Ou como as aves, aerodinâmico....

Mas, depois lembro-me que a minha poesia,
Me torna ágil e étereo como uma pauda.
E Eu aprendo a planar quasi como magia,
Gentilmente acarinhado por um vento de cauda.

E assim como um papagaio de papel, Eu aterro
De novo dos braços do solo, bem tranquilo.
Percebendo no final que tudo o qu'Eu mais quero,
Ainda não sei bem, como senti-lo.

Porque até mesmo os pássaros caem,
Quando as correntes inconformadas, se agitam
E as penas se soltam e os sonhos esvaem,
Quando os phantasmas do ar, connosco gritam.

Mas, é aí qu'Eu decifro a arte eólica
E aprendo de imediato, a enfrentar o vendaval.
Quando me deixo levar por esta verve insólita
E dou por mim a voar em espiral.

Girando pareio a um tufão, a um tornado,
Espalhando no horizonte a minha essência.
Revirando tudo, inclusive o meu fado
Que se esconde nas folhas d'outono, a decadência.

Por isso, não te atribules, cara ave,
Quando o céu se tornar num sítio ruim.
Pois ele não te será hostil, ele será te suave,
Se Tu relaxares e confiares em Mim.

Pois, Eu levar-te-ei, com maior zelo,
Como serei a voz airosa que tanto te embala.
Sendo aquela mão que te ofega o cabelo
E que te dá movimento, como o vento de cauda...

Blackiezato Ravenspawn

O Governo Caiu

Dizem que o governo caiu
- Aonde, aonde? - No ridículo!
E assim, mais um fantoche saiu
Nas mãos do ventríloquo

- E quem é essa entidade?
É o dono da sociedade!
- Quem?! - o Mestre das marionetas
Que mexe, falsos poetas

Mais as suas palavras dúbias
Vestidas com charme e luxúria
Que iludem o povo com ideias sujas
Enquanto a Pátria, fica na penúria

A bandeira ficou a meia haste
Nada mudou, mais um desastre
Falaram de revolução social
E Eu digo: Requiescat in pace, Portucale

Blackiezato Ravenspawn

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Nós Somos Lobos! (Ode Para Os Revolucionários Que "Nunca" Existirão Em Portugal)

Olhai em diante, meus caçadores lupinos,
Para as ovelhas, agora, bem distantes de nós.
E como é qu'elas foram lá ter, meus amigos?
Foram sobre a mão daquele homem atroz.

Pastor esse que as mentiu, dizendo que as ama,
Embora na verdade só as quer explorar.
Mas, elas burras seguem o homem da cana
Julgando qu'este "animal" as está a ajudar.

Esse mesmo que as cobre em castidade,
Para ter a chance de as levar a comer.
Dando-lhes uma falsa sensação de liberdade
Junto dos seus cães que as estão a proteger

E ele pensa que lá por domar cães e formar matilhas,
Que estará para sempre, bem protegido.
Mas, porquê que quando os lobos uivam e a lua brilha,
Ele tranca-se à noite, no seu ninho?

Porque o homem é meticuloso e é um cobarde!
E usurpa o que não é seu, como um aldrabão!
E mesmo assim, diz, que para Eu merecer carne!
Tenho de me submeter a ele e tornar-me um cão!

E é por isso que hoje vos convoco a todos,
Para juntos mostramos a esse homem fraco.
Como nós descemos o monte, meus caros lobos
E retomamos o que nos foi quitado.

Descendo um a um, astutos pela noite calada
Camuflados na neblina, em passo subtil.
Para matar os seus cães e trespassar as suas casas
Porque organizados somos mais de mil.

*

Tu não consegues entender, humano louco?
Que connosco não dá para negociar?
Nós não somos como vocês, NÓS SOMOS LOBOS!
E estamos sempre prontos. A caçar.

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 4 de outubro de 2015

Ventos De Mudança

Quando os ventos de mudança soprarem...
Que as folhas caiam e que o outono surja
Que as ninfas cantem e que haja chuva,
Enquanto as ondas dançarem e as nuvens chorarem.

Pois quando os ventos de mudança sopram na minha mente,
Eu consigo ouvir as melodias de shakuhachi vindas d'oriente.
Pois quando os ventos da mudança sopram na minha mente,
Eu consigo inspirar os aromas d'Amazónia vindos d'ocidente...

Quando os ventos de mudança soprarem...
Que os pássaros migrem para longe deste pranto
Que o inverno me toque e me pinte de branco,
Quando o frio e a solidão me abraçarem.

Pois quando os ventos de mudança sopram na minha mente,
Eu consigo ver os fiordes do norte na minha imaginação.
Pois quando os ventos de mudança sopram na minha mente,
Eu consigo sentir o calor do sul no meu coração...

*

E que assim os ventos de mudança levem e depois me tragam,
Todas essas palavras que lanço e que outrora lancei.
Para que mais tarde quando me esquecer e as memórias expiraram,
Possa contemplar nos ecos do passado, o qu'Eu fui e no que me tornei...

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 3 de outubro de 2015

O Sono De Hypnos

Esta vida é-me aborrecida e dá-me um sono enorme,
Por isso não me acordem, deixai-me em paz, meus caros.
Pois eu quero dormir p'ra sempre, como Hypnos ainda dorme,
Ao lado da sua irmã espectral, Thanatos.

E qu'Ela me colha nos seus braços como colhe a safra,
Quando vier a colheita, quando chegar a minha hora.
Mas, espero que quando Eu for, as vossas últimas palavras,
Não sejam pelo amor de mim, "Por favor acorda!"

Pois Eu não sinto nada, nem mesmo a dor,
Só sinto a indiferença, onde quer qu'Eu vou.
Por isso... Não me resgatem do meu torpor,
Deixai-me sonhar, como Hypnos sempre sonhou.

E que assim a minha alma Ennui se liberte e fuja,
De dentro desta cabeça confusa, onde ela sempre viveu.
Para qu'Eu assim jaza na terra e eternamente durma,
Revelando-vos o sorriso qu'Ela sempre vos escondeu.

Seja ele maligno ou benigno,
Não me importa, o que me importa, é qu'Eu vá de vez!
E durma o sono de Hypnos.
Como quem já foi, o outrora fez...

Blackiezato Ravenspawn

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Religião

As pessoas que são fracas de espírito,
Buscam nos seus ídolos, a sua santidade.
Elas têm medo do conhecimento empírico,
Não sabem como lidar com a realidade.

E como crentes eles prestam-lhes homenagens,
Sem receber grande enriquecimento interior.
Criam-se os símbolos, criam-se as imagens
E criam-se os Deuses para matar quem se opor.

Erguem-se os santuários, erguem-se os credos,
Armam-se os soldados e endoutrinam-se os sacerdotes.
Tudo para levar os grandes exércitos do medo
E a sua religião a subir pelo eterno escadote.

Deixai, então, qu'eles venerem esses anjos de cera
E qu'esses mesmos toquem no sol dourado...
Pois, não importa o que no fundo aconteça
Todos eles acabarão pela verdade, incinerados.

*

"Eu venero o solo que me acolhe e dá-me de comer
Eu venero o calor que me aquece e faz-me amar
Eu venero a brisa que me inspira e faz-me pensar
Como venero a chuva que me purifica e me dá de beber"

Blackiezato Ravenspawn

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Paralisia De Sono II

Eu sinto algo terrivelmente pesado
Dentro de mim, em cima do peito
Tento-me mexer, mas, é-me escusado
Tenho os ossos, todos defeitos

Eu sinto as mãos ímpias do abismo
A deslizarem pela face, pelo pescoço
E eu não sei o que significa isto
Só sei que me arrastam para um poço

Eu sinto o aroma omino da morte
A entrar-me pelos esporos, pelas narinas
Uma sensação doentia, uma pulsação forte
A invadir-me a alma e a drenar-me a vida

Eu sinto as vozes da cercante escuridão
A infiltrarem-se no meu subconsciente
Entrançando várias línguas em confusão
Soltando todos os meus medos incidentes

E é revendo-me outra vez na terceira pessoa
Longe do meu corpo que se prostra num altar
Qu'Eu desesperado grito, mas, a voz não ressoa
E qu'Eu abro os olhos, embora não consiga acordar

*

Eu não quero voltar a dormir mais
Eu não quero voltar sentir esse horror
Porque quando a consciência se esvai
Os vultos fazem uma orgia com a minha dor

Blackeizato Ravenspawn

Maracujá

Tem a casca rugosa
Embora, um miolo amável
As suas sementes são vistosas
E têm um sabor agradável

E a sua cor costuma ser a mistura
De escarlate e de marrom
E em alguns casos até parece púrpura
Mas, não é isso que o torna bom

Porque o que faz desse fruto especial
É a forma como um come
Seja sozinho ou com o pessoal
Esteja com a larica ou com fome

E é saboreando um desses mudo
Qu'Eu expresso o que nele há
Escrevendo uns versos sobre um fruto
Que tem o nome de Maracujá

Blackeizato Ravenspawn

Grita/Berra

Grita! Berra! Liberta essa ardente frustração!
Não deixes qu'esse rancor se apodere do teu coração!
Grita! Berra! Range os dentes e fecha os punhos!
Enquanto lanças no céu todos os teus testemunhos!

Grita! Berra! Faz da tua dor uma sábia lição!
Não te deixes desvalorizar por essa ingratidão!
Grita! Berra! Sacode o corpo em trance em frenesim!
Enquanto essas lágrimas de prata escorrem por ti!

Grita! Berra! Contra a tirania e a opressão!
Não te deixes afectar pela ignorância da multidão!
Grita! Berra! Abana a cabeça numa cadente revolta!
Enquanto as vozes da mentira andarem à solta!

Grita! Berra! Quebra o feitiço e levanta a maldição!
Não te deixes manipular pelo engodo da falsa visão!
Grita! Berra! Bate com o pé e abafa a decadência!
Enquanto lutas pela justiça e tornas-te na resistência!

Grita! Berra! Com enorme fulgor, com extrema devoção!
Não deixes qu'essa luz que tu és, se perca na escuridão!
Grita! Berra! Inspira fundo e mete as mãos no peito!
E declama ao mundo o que tu gostarias de ver feito!

Grita! Berra! Onde quer que tu estejas!
E deixa qu'esses ódios e macumbas sumam!
Grita! Berra! Pelo que tu mais desejas!
E não deixes qu'os outros te destruam!

Blackiezato Ravenspawn

Senhor Polícia

Senhor Polícia... Senhor Polícia...
Porque razão... mostrais, tal malícia?
Será culpa do sistema? Ou será por causa desse emblema?..
Então, meta-me as algemas e resolva o seu problema

Mas, lembre-se que a loucura
Ninguém a consegue confinar
Nem da maneira mais brusca
Que um tem para usar.
Por isso, levai-me, então
E acabe com esta confusão
Mas, lembre-se que nada me impedirá
De continuar com esta canção (e agora vem o refrão)

Senhor Polícia... Senhor Polícia...
Porque razão... mostrais, tal malícia?
Será culpa do sistema? Ou será por causa desse emblema?..
Então, meta-me as algemas e resolva o seu problema

A lei diz que tudo o qu'Eu expor
Pode ser usado contra mim
Então, Eu mostro-lhe o meu amor
Qu'Eu tenho guardado para si
Por isso, levai-me, então
E acabe com está confusão
Mas, lembre-se que nada me impedirá
De continuar com esta canção (e agora vem o refrão)

Senhor Polícia... Senhor Polícia...
Porque razão... mostrais, tal malícia?
Será culpa do sistema? Ou será por causa desse emblema?..
Então, meta-me as algemas e resolva o seu problema

Se é crime um se expressar
Da forma mais pura que existe
Então, eu sou um criminoso a encarcerar
Por me recusar a ser triste
Por isso, levai-me, então
E acabe com esta confusão
Mas, lembra-se que nada me impedirá
De continuar com esta canção (e agora vem o refrão)

Senhor Polícia... Senhor Polícia...
Porque razão... mostrais, tal malícia?
Será culpa do sistema? Ou será por causa desse emblema?..
Então, meta-me as algemas e resolva o seu problema

Não me importa se você me bater
E dos os meus direitos, você me prive
Porque ninguém tem o poder para prender
Uma mente que é livre
Por isso, levai-me, então
E acabe com está confusão
Mas, lembre-se que nada me impedirá
De continuar com esta canção (e agora vem o refrão)

Senhor Polícia... Senhor Polícia...
Senhor Polícia... Senhor Polícia...
Senhor Polícia... Senhor Polícia...
Senhor Polícia... Senhor Polícia...

Blackiezato Ravenspawn

Propaganda Visual

Contemplem o realizar dos sonhos digitais,
Enquanto os pixeis substituem as texturas.
E a industria plastifica ideias fundamentais
Para construir mais uma ditadura.

Contemplem a hipnose tomar controle,
Com as suas ferramentas de distracção massiva.
Enquanto as super-potências lançam drones
Para capturar terras e destruir vidas.

Contemplem os zombies a venerar marcas,
Como marionetas nas mãos dos necromantes.
Enquanto a plebe paga para ser escrava
E fazer parte de uma sociedade degradante.

Contemplem a maneira como o grande olho,
Ilude as mentes com a sua grande cobiça.
Espremendo o suco do povo para fazer o molho,
Que lubrifica as maquinações da injustiça.

Contemplem os vossos astros e os vossos modelos,
Como um enxame de insectos atraídos pela chama.
Abandonando as vossas virtudes para abraçar o flagelo
Da seita que vos impera e que tanto vos inflama.

Contemplem o existente materialismo sintético,
Pronto para compensar o vazio dos vossos corações.
Reproduzindo o mesmo sangue falso e anémico
Que vocês transmitiram para as futuras gerações.

E contemplem os pilares que se erguem cromados,
Em cima das ruínas do que antes era natural.
E tornem-se nos soldados da primeira linha, recrutados
Para servir o exército da propaganda visual.

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Escrevo Poemas

Ainda me lembro de dizer para mim
Que nunca iria vender os meus poemas
Mas, infelizmente para subsistir aqui
Eu tive de montar este esquema

Por isso, digam-me o que querem ler
Não há problema, eu até passo recibo
Estabeleçam um preço, ou dêem-me de comer
Pois uns meros trocos é o qu'Eu preciso

Eu não quero fama, nem mesmo fortuna
Eu só quero na integra me expressar
Mas, para isso preciso d'alguma ajuda
Para ter os meios para continuar

Queres que escreva um poema sobre quê?
Ou preferes antes um soneto, ou uma balada?
Porque escrever é-me fácil e até acho cliché
Ter tantos poemas e não valerem nada

E se agora o qu'Eu escrevo é arte, ou é lixo
Não me importa, pois não deixa de ser um ofício
E fica sabendo que é para ele qu'Eu existo
Porque a poesia para mim é-me um vício

Blackiezato Ravenspawn

O Valor Do Dinheiro

Do doce néctar das preciosas flores
As abelhas atarefadas fazem o seu mel
E é para uns não se tornarem devedores
Que eles se tornam de putas de bordel

Todos nós trocamos algo por dinheiro
Pois ele não cresce natural na flora
E há ainda assim quem trabalhe o dia inteiro
Por um mero par d'Euros à hora

Mas, para mim isso não faz sentido
Embora por um lado, tenha de ser
Seguir um rumo que não é escolhido
Só para ter uma chance de sobreviver

E assim de trabalho em trabalho, Eu mudo
Sem nunca conseguir resolver este problema
Porque se dinheiro vale mesmo tudo
Então, porque razão Eu escrevo poemas?

Será que s'eu te escrever uma canção
Isso te dará alguma riqueza interior?
Ou talvez será que ter o dinheiro na mão
É mais importante do que ter amor?

Blackiezato Ravenspawn

Segundas-Feiras

Eu adoro todas as segundas feiras
Estou a falar a sério, não é brincadeira
E venero-as ainda mais se estiverem molhadas
Cinzentas e mal frequentadas

Pois é nesses dias qu'Eu trago comigo
As vibrações qu'Eu considero de mais boas
Quando por aí eu divago perdido
Simplesmente a observar pessoas

E é a vendo a maior parte delas deprimidas
Sem vontade própria, sem cor na vida
Cheias de problemas por causa das suas rotinas
Criadas por um sistema que não oferece saídas

Qu'eu sorrio e continuo em frente
Pois a melancolia sempre me inspirou
Porque Eu não sou comum, Eu sou diferente
E é cantando poesia que assim Eu vou

Embora hoje nem toda a gente tenha paciência
Pois este dia costuma ser coberto pela decadência
E ainda há quem sonhe acordado, sem querer sentir
O que faz uns continuar e outros desistir

E é passando por montras e cafés
Qu'Eu me apercebo qu'elas não querem falar
Apesar d'ontem estarem tão radiantes em pé
Embora, hoje só lhes apeteça chorar.

As segundas-feiras são sempre assim
E é por isso qu'Eu sorrio só para mim
Às vezes finjo que me importo e digo-lhes bom dia
Só para ver no rosto delas, a agonia.

De ser um cadáver que por aí circula
Nos caminhos meticulosos do melodrama
Quando todos sabemos que a segunda
É o dia mais importante da semana

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Deus Máquina (Deus Ex-Machina)

ASSIMILA! OU SÊ! ASSIMILADO!
COMPILA! O TEU VÍRUS! HUMANIZADO!
ASSIMILA! OU SÊ! ASSIMILADO!
COMPILA! O TEU VÍRUS! HUMANIZADO!

As minhas emoções não são meros bytes
Os meus pensamentos, são apenas só meus,
Logo, não me importa os vossos likes
Pois na Internet não existe Deus.

Nem sequer me tentem manipular
Porque Eu não me conformo com essa gente,
Que deixa os olhos da cobiça enganar
O coração, o espírito, como a mente

Vocês não me percebem, Eu sou analógico
As minhas raízes estão ligados à terra,
As vossas cabeças ao engenho diabólico
Cuja a minha alma com ele luta e berra.

ASSIMILA! OU SÊ! ASSIMILADO!
COMPILA! O TEU VÍRUS! HUMANIZADO!
ASSIMILA! OU SÊ! ASSIMILADO!
COMPILA! O TEU VÍRUS! HUMANIZADO!

Na era digital o homem é um andróide
Comandado por dinheiro, alimentado por gasolina,
Não evoluiu, ainda continua um espermatozóide
Que julga ser capaz de ganhar a corrida.

Constroem-se as fábricas do futuro
E no processo derrubam-se os berços da vida,
A água torna-se tóxica, o céu, escuro
E o solo morre para escavarem mais uma mina.

O lixo flui em demasia pelas cidades
E as sementes são alteradas em laboratório,
Enquanto as tendências ditam as mentalidades
Pois o Wi-Fi pr'o povo, tornou-se ópio.

KATHARSIS! DEUS! EX-MACHINA!
RANGE OS DENTES E BATE COM A TESTA!
O HOMEM! NÃO É ESCRAVO! DA MÁQUINA!
IGNORA O SISTEMA! DESTRÓI A MENTE-MESTRA!
KATHARSIS! DEUS! EX-MACHINA!
RANGE OS DENTES E BATE COM A TESTA!
O HOMEM! NÃO É ESCRAVO! DA MÁQUINA!
IGNORA O SISTEMA! DESTRÓI A MENTE-MESTRA!
KATHARSIS! DEUS! EX-MACHINA!
RANGE OS DENTES E BATE COM A TESTA!
O HOMEM! NÃO É ESCRAVO! DA MÁQUINA!
IGNORA O SISTEMA! DESTRÓI A MENTE-MESTRA!
KATHARSIS! DEUS! EX-MACHINA!
RANGE OS DENTES E BATE COM A TESTA!
O HOMEM! NÃO É ESCRAVO! DA MÁQUINA!
IGNORA O SISTEMA! DESTRÓI A MENTE-MESTRA!

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 19 de julho de 2015

Eu Gosto De Dormir... (Maldição Do Sono)

Eu gosto de dormir de dia
E de a acordar quase de noite
Quando a lua prateada brilha
E quando o sol dourado põe-se

Eu gosto de dormir, é decerto
E de perder noção do tempo
Apesar de quando Eu desperto
Arrependendo-me, sonolento

Eu gosto de dormir por dormir
Porque o mundo é chato de mais
Logo, durmo para me abstrair
E não fazer parte dele, jamais.

Eu gosto de dormir demasiado
Ao ponto do meu corpo doer
E a ironia é que acordo mais cansado
Do que estava antes, de adormecer

Blackiezato Ravenspawn

Dança Do Degredo

Dança... comigo
A dança do degredo
Como dança o trigo
Aos cantos do vento
Ambos devagar
Oscilando sem querer
Enquanto a música tocar
E a ceifeira não nos colher

Dança... comigo
A dança do degredo
Como se o perigo
Não nos causa-se medo
E nós fossemos traças
Que giram à volta das luzes
Até cair-mos em desgraça
E só restar duas cruzes

Dança... comigo
A dança do degredo
Desse jeito tímido
Embora cheio de enredo
Ambos no meio do vazio
De olhos fechados
Sem dar algum pio
Completamente desorientados

Dança... comigo
A dança do degredo
Raque ché zigo
Korosso divon nepu
Yota senflax, nande lidec
Omokoto diza momoru
Jidana kakata mitec
Gilesh, hizame fotu


Blackiezato Ravenspawn

Dançando À Volta de Buracos Negros

O caos empurra-me para o alvoroço
A gravidade arrasta-me para baixo
E como os demais, Eu caio no poço
No buraco negro, onde me encaixo

As estrelas colapsam ao meu redor
Enquanto dançam nesta espiral mortal
Até acabarem torcidas no cósmico horror
Que é uma singularidade abismal

E sendo desintegradas pelo espaço-tempo
Elas são vítimas de infinitos transtornos
Porque quando um vê o horizonte de eventos
Chega a um ponto sem retorno

E elas não têm velocidade necessária
Para escapar desse destino tal e qual Eu
É é aí que me torno numa alma solitária
Quando elas morrem e Eu digo-lhes - adeus

Para prosseguir com a minha viagem
Pelos enigmáticos portais necromânticos
Nesses lugares onde as estrelas caem
E Eu efectuo os meus saltos quânticos

No desconhecido, nas outras dimensões
Longe de tudo o que existe para me agarrar
Porque Eu sou curioso e sigo as minhas visões
Que me levam para fora, onde Eu quero estar

E assim, ausente, divago em sossego
Atravessando as trevas enquanto canto
Quando entro por estes buracos negros
Que me levam a sair  por buracos brancos

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 14 de junho de 2015

Bem-Vindos À Internet

Putos e graúdos a gritar ao microfone
Chorando amargamente em perdição
Enquanto aguardam pelo respawn
Batendo nos teclados em frustração


Garotas que precisam de auto-estima
E que'a buscam no plano daquele foco
Nas webcams, onde as vossas primas
Se masturbam online para ganhar uns trocos

Falsos intelectuais que espalham mentiras
Hipsters cheios de mania, que grande fachada
Emboscados por trolls que ateiam piras
Revelando pseudo humoristas, sem piada

Monstros sociopatas, unicórnios celestiais
Juntos no mesmo antro, no mesmo mercado sexual
Onde os plebeus de todas as redes sociais
Vem-se refugiar para sobreviver à selecção natural

Na era da informação, do grande comodismo
Sobrecarregada de irrelevância, sem filtragem
Por isso não vale a pena scrollar esse abismo
A não ser que aches piada a essas imagens

E assim desperdiço horas e horas a navegar
Pelos oceanos do ciberespaço, um por um
Na chance de achar algo com que me identificar
Embora só encontre poetas sem jeito algum

Zombies controlados pela mídia decadente
Agarrados aos telemóveis, em busca de wi-fi
Para partilharem as suas pancas dementes
Que a internet tem para quem vive aqui

Piratas que deixam tesouros em links públicas
Resquitat in pacem Rapidshare, Piratebay e Silkroad
Mas, para quê pagar para filmes e músicas?
Se através de um clique, posso fazer download?

Acólitos que servem os cultos da hipocrisia
Na quarta cruzada com as suas crenças anónimas
Na ideia de que estão a lutar por um novo dia
Numa seita racista, fanática e homofóbica.

Bem vindos à internet, bem vindos à internet
À galeria dos PNG's, dos GIF's e dos JPEG's
Bem vindos à internet, bem vindos à internet
Para quê comprar livros, s'eu tenho os PDF's?
Bem vindos à internet, bem vindos à internet
À catwalk do degredo, ao hall of fame de todo swag
Bem vindos à internet, bem vindos à internet
Onde os alfas e os betas, são ambos os mesmos fags
Bem vindos à internet, bem vindos à internet
Onde os noobs perdem e clamam que é do lag
Bem vindos à internet, bem vindos à internet
Onde o pessoal vem lavar a roupa e acaba mad
Bem vindos à internet, bem vindos à internet
Onde o câncer impera e a opinião alheia fede
Bem vindos à internet, bem vindos à internet
À casa dos weeabos, dos otakus e dos dwebs
Bem vindos à internet, bem vindos à internet
Onde a estupidez se espalha e a virtude se perde

Blackiezato Ravenspawn

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Buraco Negro

Eu contemplo as estrelas
Passarem à volta de mim...
Mas, Eu não consigo contê-las,
Sem lhes dar um fim.

Eu que as sinto tão perto,
Embora, Eu esteja tão longe...
Qu'Eu já não sei ao certo
Onde começa e acaba o horizonte.

Ó Deus do tempo!
Ó Arquitecto do espaço!
Ouve o meu lamento!
E dá-me um abraço!

A este gigante vermelho
Que explodiu numa supernova,
E que agora espalha o desassossego
Quando gira à roda.

Em torno de uma entropia
Que torce as leis da física,
Numa dança sombria
Onde Eu destruo a vida.

Que mesmo absorvendo o calor,
Não conseguir-se-á livrar do frio.
Porque não existe possível amor
Capaz de preencher este vazio.

Eu não queria sugar a luz!
Eu só queria ser brando!
Não esta cruz plantada
Nas costas de um buraco branco!

E assim, devagar, colapso,
Em torno da minha gravidade.
Enquanto a matéria, Eu desfaço
Para criar uma singularidade.

Onde tudo se mistura,
Onde tudo é um só.
No centro da minha loucura
Cósmica. Nada. Comum.

Eu sou a mão que tudo leva!
Eu sou a dissonante voz abismal!
Eu sou o coração das trevas!
Que se refugia numa espiral mortal!

Eu sou um buraco negro...
Eu sou um buraco negro...
Eu sou um buraco negro...
Eu sou um buraco negro...

Blackiezato Ravenspawn

Em 2525

Em dois mil quinhentos e vinte e cinco...
Os mundos tornaram-se paraísos,
Onde os visionários são profetas.
A humanidade alcançou o infinito
E recebeu o divino de mãos abertas.

Em dois mil quinhentos e vinte e cinco...
O som da artilharia foi substituído,
Pelo cadente baixo da música bonita.
Que agora os caças de Israel planam baixinho
Para deixar flores na sua amada Palestina.

Em dois mil quinhentos e vinte e cinco...
Chernobyl está limpa, a poluição desapareceu,
Os povos aprenderam a viver em sintonia.
E assim uma nova sociedade se desenvolveu
Livre e triunfosa em cima das antigas ruínas.

Em dois mil quinhentos e vinte e cinco...
Os cientistas desvendaram o universo
E as leis da física recriaram.
O sentido da vida foi descoberto
E os sonhadores nas luas, se juntaram.

Em dois mil quinhentos e vinte e cinco...
As naves viajam pelo hiperespaço fora,
Saindo da Terra como de Marte.
A qualquer momento, a qualquer hora
Para qualquer destino, para qualquer parte.

Em dois mil quinhentos e vinte e cinco...
Eu vi-me na quarta dimensão,
Dentro desse sonho qu'Eu tive...
Até sentir o big bangue no meu coração
E voltar a dois mil e quinze.

Em dois mil quinhentos e vinte e cinco...
As crianças brincam com pó estrelar,
Para dar forma as suas constelações favoritas.
Pois elas crescem com o dom de inovar,
Porque a poesia... Ainda continua viva.

Em dois mil quinhentos e vinte e cinco...

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 19 de abril de 2015

Canção Da Derrota

- Eu só sou mais um derrotado!
- Mas, Eu não ligo, não me ralo!
- Apenas canto para mim, brado!
- Sem saber mesmo do que falo!

...

Vontade de desaparecer...
Com a cabeça baixada...
Por estar farto de perder....
Para a mesma jogada...

Raiva e frustração!
- Não tem mal algum chorar!
Esta dor, esta humilhação!
- Quando deste tudo o que havia para dar!
Raiva e frustração!
- Não tem mal algum chorar!
Esta dor, esta humilhação!
- Quando deste tudo o que havia para dar!

Vontade de morrer...
Tenho a Alma quebrada...
Por continuar a viver...
O mesmo jogo, a mesma piada...

Não te conformes com a derrota!
- Isso é burrice, é estupidez!
Levanta-te, mas, é, seu idiota!
- E tenta mais uma vez!
Não te conformes com a derrota!
- Isso é burrice, é estupidez!
Levanta-te, mas, é, seu idiota!
- E tenta mais uma vez!

E repete desde o início
Assim quando perderes
E faz desse hábito, um vício
Até, Tu. Te Sucederes.

Pois quem ganha sempre
Nunca saberá o que perdeu
E aí, ilude-se totalmente
Que tudo na vida, ele mereceu.

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 18 de abril de 2015

24/7 Pedrado

Na Segunda-Feira,
Se me vires por aí na cidade
Distraído na minha vaidade
Verás qu'eu estou pedrado

Na Terça-Feira,
Se te cruzares por mim a pé
Ou até, na esplanada de um café
Também verás qu'eu estou pedrado

Na Quarta-Feira,
Já todos sabem disso, já não é notícia
Que agora quando passo por um polícia
Eu meto os óculos para não aparentar pedrado

Na Quinta-Feira,
Os vizinhos dizem qu'está muito barulho
Então, eu aumento o som, faço outro bagulho
E advinha lá, ya, fico mais pedrado.

Na Sexta-Feira,
Esteja a cagar, ou esteja no banho
Seja censurado, ou seja estranho
S'Eu poder, estou duplamente pedrado

No Sábado,
Se me vires na dancefloor
Verás que mais uma vez, o Melchior
Encontra-se de novo pedrado

No Domingo,
Às vezes dou por mim a dormir
Em transe, a delirar e a rir
Sabes porquê? Porque ainda estou pedrado

E não tem nada que saber, é fácil: enrola, fuma e repete
Se não tiveres, espera - Chapa deux, gira o charro!
E quando deres por ti, passaste vinte e quanto por sete todo pedrado
E agora ainda por cima, dizem que estás mais magro

Agora? Agora mete gotas...
- Porquê? qual é o drama?
Porque tens os olhos inchados.
- Tshi... Que CANA!

Blackiezato Ravenspawn

Madame Solidão

Quem te disse qu'Eu ando por aí sozinho?
Quem me dera que assim o fosse, então...
Mas, no fundo Eu sou mais um perseguido
Sabes por quem? Por ti, Solidão.
Tu que me amas desse jeito mesquinho
Como uma besta ama, desalmada sem coração
E cujo o seu único prazer é ver-me perdido
E preso, na tua auto-proclamada introversão

Pois os teus olhos são como dois buracos negros
E os teus lábios tem o sabor do vazio.
As tuas mãos frias, trazem-me o desassossego
E o teu sorriso, é vil, é triste, é sombrio...

Porque tu espectro! Tens o poder de me atormentar!
De transformar os meus sonhos em lágrimas...
Porque tu mulher! Dás-me vontade de me suicidar!
Pois tornas as minhas unhas em lâminas...

Enquanto as luzes ofuscam-me a alegria
E as minhas veias chorem melancolia
E Eu grito para as paredes em histeria
Como faz um doente como esquizófrenia
Que escuta os ecos do silêncio em agonia
E contempla a mente a desintegrar-se em disforia
Crendo que a vida não passa apenas de uma ironia
Sem piada, dramática como uma elegia

Então, porque não levas essa ruina
Para outro lugar e mordes o pó?
- Porque a miséria adora companhia
- E tu aparentas aí, sempre tão só
- E eu alimento-me da tua decadência
- E respectivamente ao tédio eu sou Pro
Então, cala-te pois eu não tenho paciência!
Porque até tu, metes me dó...

E tu perguntas-me agora, cara Solidão
Qual é o problema, qual será a razão?
Talvez porque tu não passas de uma ilusão
Rejeitada pela minha imaginação.

E EU JÁ TE DISSE QUE ESTOU BEM SOZINHO!
EU NÃO SOU TEU NAMORADO!

Porque mais vale um sozinho...
Do que mal acompanhado...

Por isso, volve para o teu lugar
Pois, Eu não quero o teu abraço.
Nem pretendo mesmo partilhar,
Contigo, o meu precioso espaço.

Vai-te embora, parasita, deixa-me sozinho,
Porque, Eu não quero ouvir os teus lamentos.
Pois, Eu só quero de estar no meu cantinho.
Onde Eu posso viajar nos meus pensamentos.

Pelo espaço-tempo...
Montado no vento...
À deriva, ao relento...
Deste céu cinzento...

Longe de tudo, inclusive até da Solidão...

Blackiezato Ravenspawn

terça-feira, 7 de abril de 2015

Chocolate Gótico

Digam-me que não é óptimo?
Saboroso e engraçado?
Viciar as meninas gulosas
Numa vida de pecado?

Eu posso ser a tua droga
Tu quem me consome
Quando te sentires vazia
A ressacar com fome

Rasga-me o invólucro
Sê louca como uma porca
E mete-me todo logo
Logo, na tua boca

Agora trinca e desfruta
Eu crocante e tão belo
Depois lambe e chupa
O resto do caramelo

Até podes fazer uma cena
Perde-te na tua feminidade
Como se fosses uma actriz de cinema
Num anuncio de publicidade

Encarando-me desse jeito mau
Mesmo de quem não tem dieta
Porque sabes que este cacau
Não te deixa diabética

Logo entre nós não há rancor
Só há prazer e alegrias
Porque o nosso doce amor
Tem muitas quilocalorias

Chocolate Gótico...

Digam-me que não é óptimo?
Saboroso e engraçado?
Viciar as meninas gulosas
Numa vida de pecado?

Chocolate Gótico...

Digam-me que não é óptimo?
Saboroso e engraçado?
Viciar as meninas gulosas
Numa vida de pecado?

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Mana

Líquido astral
Mineral soberano
Essência paranormal
Combustível arcano

Éter que arde
Para a Alma conceber
A força que parte
As inseguranças de um ser

Sangue cósmico
Enigma etéreo
Alimento platónico
Repleto de mistério

Lux obscura
Cadência frenética
Energia púrpura
Electromagnética

Partícula/onda divina
Em constante movimento
O sonho d'alquimia
O quinto elemento

Blackiezato Ravenspawn

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Mário Dias I - Baptismo

Mergulhemos as nossas cabeças
Nas partículas místicas da insanidade
Para que possamos ter a absoluta certeza
Que estaremos bem longe desta realidade
Por isso, agitem bem essa garrafa
Enquanto eu traço os nossos riscos
Com um cartão de débito, mesmo à anarca
Aquele qu'Eu uso para pagar ao fisco

Eu estou todo psicótico!
Acho que estou entrar em hipertermia!
Eu estou todo eufórico!
Ó meu Deus, pára! Mário! Dias!

É claro que os meninos também vão juntos
À casa de banho como fazem as meninas
Pois os bilhetes para os outros mundos
Arranjam-se lá, em forma de linhas
Por isso dêm o dízimo no final do mês
E aceitem o Mário Dias como vosso senhor
E caso esta for a vossa primeira vez
Não se preocupem, q'Eu serei o vosso navegador

Eu estou todo psicótico!
Acho que o meu coração vai rebentar
Eu estou todo eufórico!
Que nem consigo parar de dançar!

E eu pergunto-vos, meus caralhos!
Estão mesmo à espera de quê?!
Para virem curtir este abacalho
E saberem no fundo quem ele"É "

- Quem?!
O MD!

*

AGORA NÃO TE ESQUEÇAS DE PARTILHAR!

É, É, É o MD!
É, É, É o MD!
É, É, É o MD!
É, É, É o MD!
É, É, É o MD!
É, É, É o MD!
É, É, É o MD!
É, É, É o MD!
É, É, É o MD!
É, É, É o MD!
É, É, É o MD!
É, É, É o MD!
É, É, É o MD!
É, É, É o MD!
É, É, É o MD!
É, É, É o MD!

Blackiezato Ravenspawn

A Dona

O que ainda fazes aqui fora,
Meu caro amigo felino?
Quando já passou da hora
De estares na rua, menino.
É que já são cinco da matina
Chegaste tarde, nada há para fumar.
As pessoas agora dormem, é rotina,
Pois é a vida e temos que trabalhar.
É, porque gatos como tu com coleira,
Não devem estar nestes trilhos sombrios.
Como nós, que só fazemos asneiras
Tipo, os outros, gatos vadios.
Volta, mas é para casa, gato
Para os braços da tua dona.
Aonde tu fazes falta de facto
E não aqui, nesta zona.

A tua dona está a chamar-te!
Gato, então porquê que não vais?!
A tua dona quer abraçar-te!
Como Ela carinhnosa, o faz...
A tua dona quer acariciar-te!
Gato, então porquê que não vais?!
A tua dona quer beijar-te!
No colo dela, meu rapaz...

A noite agora tornou-se numa Mulher,
Eloquente, ennui, sem nada exprimir.
Que já não me importa onde ela estiver
Porque Eu sei qu'hoje não vou dormir
Pois a insónia tirou-me da cama
E convenceu-me por aí a andar.
Atrás de uma ilusão, duma chama,
Que tiver um pouco calor para me dar.
Mas, amor como esse, Eu não senti!
Logo, não valeu! O esforço! A pena!
Apenas, andei somente por aí
Como um figurante fora de cena!
Por isso, gato, não vás mais além
Regressa mas é, aonde és preciso.
Pois s'Eu sentisse inveja d'alguém,
Seria por ti, ó caro amigo...

A tua dona está a chamar-te!
Gato, então porquê que não vais?!
A tua dona quer abraçar-te!
Como Ela carinhosa, o faz...
A tua dona quer acariciar-te!
Gato, então porquê que não vais?!
A tua dona quer beijar-te!
No colo dela, meu rapaz...

Blackiezato Ravenspawn

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

O Transgénero

Cinquenta por cento Andro,
Cinquenta por cento Gino.
- Será, um hermafrodita raro?
Não, seu malandro "é um menino"!
Alguém em descontentamento,
Com um plano bizarro de "génio".
Que se resume a um tratamento,
De progesterona e de estrogénio.
Pois por fora Ele sente-se insatisfeito,
Embora por dentro, uma diva fabulosa.
Porque este estranho sujeito
Não gosta d'azul, prefere rosa.
Fantasia-se de princesa de gala,
Apesar de ser uma sinistra beldade.
Pois as hormonas e terapia da fala,
Ocultaram na maça de Adão a verdade...
Apesar dessa realidade ser um tabu,
Um escândalo entre néscios sem nexo.
Pois desde quando é que um bom cu,
Tem estatuto, classe ou mesmo sexo?!
Importem-se mas é com as vossas vidas
E não com o qu'Ele anseia ou quer.
Nem mesmo que ilusão escolhida,
Seja o de ser uma falsa Mulher...

Para quê esse escárnio medonho
Com alguém disfórico em ruína?
Tudo só porque o seu sonho
É o de se tornar numa menina?..

Ele não é uma abominação
Nem está possesso, nem efémero.
Apenas, está em fase de mutação
Pois ele é... Um transgénero.

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 31 de janeiro de 2015

Lágrimas De Carvão

Lágrimas de carvão...
Rios de grafite...
Mares de escuridão...
Oceanos de dinamite...

Lágrimas de carvão...
Diabos de etanol...
Anátemas de combustão...
Rugidos d'um Sol...

Lágrimas de carvão...
Tempestades de magma...
Explosões no coração...
Géiseres de lava...

Lágrimas de carvão...
Não hesites em derramar...
Pois elas entram em ebulição...
Antes sequer de um chorar...

Lágrimas de carvão...
Garganta seca, ardente...
Piras de frustração...
Fumo na mente...

Lágrimas de carvão...
Pólvora aos molhos...
Inferno numa emoção...
Cinza nos olhos...

Lágrimas de carvão...
Rancor pelo céu disperso...
Lábios em desidratação...
Sem amor, desertos...

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 10 de janeiro de 2015

Shot De Querosene

Preciso do tóxico combustível
Que ergue no topo, os aviões
Lá em acima do céu belo e incrível
Onde estão as minhas emoções

Pois as minhas asas são pesadas
E não se elevam neste fino ar
Sem a lagrima d'uma fada alada
Que me faz magicamente voar

Então, consome desse liquido
Que te dá força para viver
Incandescente e absolutamente lívido
Sem ter o medo de morrer

Porque é essa poção de mana
Que tu bebes num jeito solene
Que faz com a tua enigmática alma
Arda poderosa como querosene

E te propulsione no zénite, deveras alto
Nas estradas da euforia, em velocidade
Como as estrelas que morreram no asfalto
Depois de se despenharem com a realidade

Tu minha fonte de poder e energia
Alquimia do caos em formato bélico
Que se auto-incinera no horizonte
E me torna num ser... Angélico.

Blackiezato Ravenspawn

Cartas

Força! Gira a roda da sorte
E espera ansioso pelo que te calha
Pois se não te calhar algo forte
Não te importa, pois é palha!

Foi por isso que me jogaste no fogo
Que arde descontrolado no teu peito!
Porque para ti, isto é mais q'um jogo
Que tu nem sabes jogar direito!

Eu!.. Aquela miserável carta inútil
Desvalorizada por um jogador tão imbecil!
Com o desejo tão óbvio e fútil
De ganhar, como os outros mil...

Mas, tu não soubeste como me jogar
Logo, descartaste-me no chão,
Nunca esperando que acabasses por precisar
Daquele q'uma vez esteve na tua mão


E tu!... Não o entendeste.
Agora?! Agora, perdeste!!!

*

Não existem cartas inúteis.
Todas elas têm o seu propósito.

Blackiezato Ravenspawn