quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Religião

As pessoas que são fracas de espírito,
Buscam nos seus ídolos, a sua santidade.
Elas têm medo do conhecimento empírico,
Não sabem como lidar com a realidade.

E como crentes eles prestam-lhes homenagens,
Sem receber grande enriquecimento interior.
Criam-se os símbolos, criam-se as imagens
E criam-se os Deuses para matar quem se opor.

Erguem-se os santuários, erguem-se os credos,
Armam-se os soldados e endoutrinam-se os sacerdotes.
Tudo para levar os grandes exércitos do medo
E a sua religião a subir pelo eterno escadote.

Deixai, então, qu'eles venerem esses anjos de cera
E qu'esses mesmos toquem no sol dourado...
Pois, não importa o que no fundo aconteça
Todos eles acabarão pela verdade, incinerados.

*

"Eu venero o solo que me acolhe e dá-me de comer
Eu venero o calor que me aquece e faz-me amar
Eu venero a brisa que me inspira e faz-me pensar
Como venero a chuva que me purifica e me dá de beber"

Blackiezato Ravenspawn

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Paralisia De Sono II

Eu sinto algo terrivelmente pesado
Dentro de mim, em cima do peito
Tento-me mexer, mas, é-me escusado
Tenho os ossos, todos defeitos

Eu sinto as mãos ímpias do abismo
A deslizarem pela face, pelo pescoço
E eu não sei o que significa isto
Só sei que me arrastam para um poço

Eu sinto o aroma omino da morte
A entrar-me pelos esporos, pelas narinas
Uma sensação doentia, uma pulsação forte
A invadir-me a alma e a drenar-me a vida

Eu sinto as vozes da cercante escuridão
A infiltrarem-se no meu subconsciente
Entrançando várias línguas em confusão
Soltando todos os meus medos incidentes

E é revendo-me outra vez na terceira pessoa
Longe do meu corpo que se prostra num altar
Qu'Eu desesperado grito, mas, a voz não ressoa
E qu'Eu abro os olhos, embora não consiga acordar

*

Eu não quero voltar a dormir mais
Eu não quero voltar sentir esse horror
Porque quando a consciência se esvai
Os vultos fazem uma orgia com a minha dor

Blackeizato Ravenspawn

Maracujá

Tem a casca rugosa
Embora, um miolo amável
As suas sementes são vistosas
E têm um sabor agradável

E a sua cor costuma ser a mistura
De escarlate e de marrom
E em alguns casos até parece púrpura
Mas, não é isso que o torna bom

Porque o que faz desse fruto especial
É a forma como um come
Seja sozinho ou com o pessoal
Esteja com a larica ou com fome

E é saboreando um desses mudo
Qu'Eu expresso o que nele há
Escrevendo uns versos sobre um fruto
Que tem o nome de Maracujá

Blackeizato Ravenspawn

Grita/Berra

Grita! Berra! Liberta essa ardente frustração!
Não deixes qu'esse rancor se apodere do teu coração!
Grita! Berra! Range os dentes e fecha os punhos!
Enquanto lanças no céu todos os teus testemunhos!

Grita! Berra! Faz da tua dor uma sábia lição!
Não te deixes desvalorizar por essa ingratidão!
Grita! Berra! Sacode o corpo em trance em frenesim!
Enquanto essas lágrimas de prata escorrem por ti!

Grita! Berra! Contra a tirania e a opressão!
Não te deixes afectar pela ignorância da multidão!
Grita! Berra! Abana a cabeça numa cadente revolta!
Enquanto as vozes da mentira andarem à solta!

Grita! Berra! Quebra o feitiço e levanta a maldição!
Não te deixes manipular pelo engodo da falsa visão!
Grita! Berra! Bate com o pé e abafa a decadência!
Enquanto lutas pela justiça e tornas-te na resistência!

Grita! Berra! Com enorme fulgor, com extrema devoção!
Não deixes qu'essa luz que tu és, se perca na escuridão!
Grita! Berra! Inspira fundo e mete as mãos no peito!
E declama ao mundo o que tu gostarias de ver feito!

Grita! Berra! Onde quer que tu estejas!
E deixa qu'esses ódios e macumbas sumam!
Grita! Berra! Pelo que tu mais desejas!
E não deixes qu'os outros te destruam!

Blackiezato Ravenspawn

Senhor Polícia

Senhor Polícia... Senhor Polícia...
Porque razão... mostrais, tal malícia?
Será culpa do sistema? Ou será por causa desse emblema?..
Então, meta-me as algemas e resolva o seu problema

Mas, lembre-se que a loucura
Ninguém a consegue confinar
Nem da maneira mais brusca
Que um tem para usar.
Por isso, levai-me, então
E acabe com esta confusão
Mas, lembre-se que nada me impedirá
De continuar com esta canção (e agora vem o refrão)

Senhor Polícia... Senhor Polícia...
Porque razão... mostrais, tal malícia?
Será culpa do sistema? Ou será por causa desse emblema?..
Então, meta-me as algemas e resolva o seu problema

A lei diz que tudo o qu'Eu expor
Pode ser usado contra mim
Então, Eu mostro-lhe o meu amor
Qu'Eu tenho guardado para si
Por isso, levai-me, então
E acabe com está confusão
Mas, lembre-se que nada me impedirá
De continuar com esta canção (e agora vem o refrão)

Senhor Polícia... Senhor Polícia...
Porque razão... mostrais, tal malícia?
Será culpa do sistema? Ou será por causa desse emblema?..
Então, meta-me as algemas e resolva o seu problema

Se é crime um se expressar
Da forma mais pura que existe
Então, eu sou um criminoso a encarcerar
Por me recusar a ser triste
Por isso, levai-me, então
E acabe com esta confusão
Mas, lembra-se que nada me impedirá
De continuar com esta canção (e agora vem o refrão)

Senhor Polícia... Senhor Polícia...
Porque razão... mostrais, tal malícia?
Será culpa do sistema? Ou será por causa desse emblema?..
Então, meta-me as algemas e resolva o seu problema

Não me importa se você me bater
E dos os meus direitos, você me prive
Porque ninguém tem o poder para prender
Uma mente que é livre
Por isso, levai-me, então
E acabe com está confusão
Mas, lembre-se que nada me impedirá
De continuar com esta canção (e agora vem o refrão)

Senhor Polícia... Senhor Polícia...
Senhor Polícia... Senhor Polícia...
Senhor Polícia... Senhor Polícia...
Senhor Polícia... Senhor Polícia...

Blackiezato Ravenspawn

Propaganda Visual

Contemplem o realizar dos sonhos digitais,
Enquanto os pixeis substituem as texturas.
E a industria plastifica ideias fundamentais
Para construir mais uma ditadura.

Contemplem a hipnose tomar controle,
Com as suas ferramentas de distracção massiva.
Enquanto as super-potências lançam drones
Para capturar terras e destruir vidas.

Contemplem os zombies a venerar marcas,
Como marionetas nas mãos dos necromantes.
Enquanto a plebe paga para ser escrava
E fazer parte de uma sociedade degradante.

Contemplem a maneira como o grande olho,
Ilude as mentes com a sua grande cobiça.
Espremendo o suco do povo para fazer o molho,
Que lubrifica as maquinações da injustiça.

Contemplem os vossos astros e os vossos modelos,
Como um enxame de insectos atraídos pela chama.
Abandonando as vossas virtudes para abraçar o flagelo
Da seita que vos impera e que tanto vos inflama.

Contemplem o existente materialismo sintético,
Pronto para compensar o vazio dos vossos corações.
Reproduzindo o mesmo sangue falso e anémico
Que vocês transmitiram para as futuras gerações.

E contemplem os pilares que se erguem cromados,
Em cima das ruínas do que antes era natural.
E tornem-se nos soldados da primeira linha, recrutados
Para servir o exército da propaganda visual.

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Escrevo Poemas

Ainda me lembro de dizer para mim
Que nunca iria vender os meus poemas
Mas, infelizmente para subsistir aqui
Eu tive de montar este esquema

Por isso, digam-me o que querem ler
Não há problema, eu até passo recibo
Estabeleçam um preço, ou dêem-me de comer
Pois uns meros trocos é o qu'Eu preciso

Eu não quero fama, nem mesmo fortuna
Eu só quero na integra me expressar
Mas, para isso preciso d'alguma ajuda
Para ter os meios para continuar

Queres que escreva um poema sobre quê?
Ou preferes antes um soneto, ou uma balada?
Porque escrever é-me fácil e até acho cliché
Ter tantos poemas e não valerem nada

E se agora o qu'Eu escrevo é arte, ou é lixo
Não me importa, pois não deixa de ser um ofício
E fica sabendo que é para ele qu'Eu existo
Porque a poesia para mim é-me um vício

Blackiezato Ravenspawn

O Valor Do Dinheiro

Do doce néctar das preciosas flores
As abelhas atarefadas fazem o seu mel
E é para uns não se tornarem devedores
Que eles se tornam de putas de bordel

Todos nós trocamos algo por dinheiro
Pois ele não cresce natural na flora
E há ainda assim quem trabalhe o dia inteiro
Por um mero par d'Euros à hora

Mas, para mim isso não faz sentido
Embora por um lado, tenha de ser
Seguir um rumo que não é escolhido
Só para ter uma chance de sobreviver

E assim de trabalho em trabalho, Eu mudo
Sem nunca conseguir resolver este problema
Porque se dinheiro vale mesmo tudo
Então, porque razão Eu escrevo poemas?

Será que s'eu te escrever uma canção
Isso te dará alguma riqueza interior?
Ou talvez será que ter o dinheiro na mão
É mais importante do que ter amor?

Blackiezato Ravenspawn

Segundas-Feiras

Eu adoro todas as segundas feiras
Estou a falar a sério, não é brincadeira
E venero-as ainda mais se estiverem molhadas
Cinzentas e mal frequentadas

Pois é nesses dias qu'Eu trago comigo
As vibrações qu'Eu considero de mais boas
Quando por aí eu divago perdido
Simplesmente a observar pessoas

E é a vendo a maior parte delas deprimidas
Sem vontade própria, sem cor na vida
Cheias de problemas por causa das suas rotinas
Criadas por um sistema que não oferece saídas

Qu'eu sorrio e continuo em frente
Pois a melancolia sempre me inspirou
Porque Eu não sou comum, Eu sou diferente
E é cantando poesia que assim Eu vou

Embora hoje nem toda a gente tenha paciência
Pois este dia costuma ser coberto pela decadência
E ainda há quem sonhe acordado, sem querer sentir
O que faz uns continuar e outros desistir

E é passando por montras e cafés
Qu'Eu me apercebo qu'elas não querem falar
Apesar d'ontem estarem tão radiantes em pé
Embora, hoje só lhes apeteça chorar.

As segundas-feiras são sempre assim
E é por isso qu'Eu sorrio só para mim
Às vezes finjo que me importo e digo-lhes bom dia
Só para ver no rosto delas, a agonia.

De ser um cadáver que por aí circula
Nos caminhos meticulosos do melodrama
Quando todos sabemos que a segunda
É o dia mais importante da semana

Blackiezato Ravenspawn