sexta-feira, 13 de novembro de 2015

"Tailwind" - Vento De Cauda

Cada vez qu'Eu enrolo um,
O vento acorda e volta para trás.
D'um jeito misterioso, nada comum,
Sem intenções de me deixar em paz.

Mas, é quando acendo o dito cujo
E puxo de seguida, o primeiro bafo.
Que o ar dentro de mim, torna-se um luxo
E faz-me sentir um pássaro nato.

E é inalando e depois exalando,
Esse ar ao ritmo do bater das asas.
Qu'Eu torno-me leve e vou dançando,
Como uma chama, em cima das brasas.

Movido pelo toque do vento,
Encantando pelo sabor da brisa.
Cativado por um solene movimento,
Que me sussurra e que me cativa.

Com palavras compostas por éter,
Com notas entoadas pelas Sílfides do ar.
Como s'essa música, fosse para uma mulher
Qu'Eu desejasse de todo, só abraçar.

E é envolto nela qu'Eu ganho altitude.
E ascendo sublime na atmosfera.
Libertando-me do peso das coisas, em plenitude
Da gravidade, da mãe terra.

Até o fumo místico acabar por desvanecer,
E Eu cair em queda livre, na realidade.
Sem saber mesmo o que hei de fazer,
Para evitar no fundo, a minha casualidade.

Mas, é aí que o vento me surpreende,
Inocente e volátil, sem aviso prévio.
Deixando a minha alma, aparentemente
No olho da tempestade, num destino sério.

Oh! Vento, Tu! Que me enxutas furioso!
Oh! Vento, Tu! Que me sopras romântico!
Quem me dera qu'Eu fosse como Tu, gasoso,
Ou como as aves, aerodinâmico....

Mas, depois lembro-me que a minha poesia,
Me torna ágil e étereo como uma pauda.
E Eu aprendo a planar quasi como magia,
Gentilmente acarinhado por um vento de cauda.

E assim como um papagaio de papel, Eu aterro
De novo dos braços do solo, bem tranquilo.
Percebendo no final que tudo o qu'Eu mais quero,
Ainda não sei bem, como senti-lo.

Porque até mesmo os pássaros caem,
Quando as correntes inconformadas, se agitam
E as penas se soltam e os sonhos esvaem,
Quando os phantasmas do ar, connosco gritam.

Mas, é aí qu'Eu decifro a arte eólica
E aprendo de imediato, a enfrentar o vendaval.
Quando me deixo levar por esta verve insólita
E dou por mim a voar em espiral.

Girando pareio a um tufão, a um tornado,
Espalhando no horizonte a minha essência.
Revirando tudo, inclusive o meu fado
Que se esconde nas folhas d'outono, a decadência.

Por isso, não te atribules, cara ave,
Quando o céu se tornar num sítio ruim.
Pois ele não te será hostil, ele será te suave,
Se Tu relaxares e confiares em Mim.

Pois, Eu levar-te-ei, com maior zelo,
Como serei a voz airosa que tanto te embala.
Sendo aquela mão que te ofega o cabelo
E que te dá movimento, como o vento de cauda...

Blackiezato Ravenspawn

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