sexta-feira, 13 de abril de 2018

A Deprimir Em Aveiro

Oito horas, domingos e feriados
Trancado num complexo de cubos
Que por ironia também faz quadrados
Cujo eles chamam azulejos de luxo

Mas, Eu não quero ficar tolo nem cucu
Como andam as formigas nesta colmeia
Embora para pagar a renda neste mundo
Uns têm de sacrificar uma vida inteira

Eu passo os dias a correr em círculos
Feito otário a olhar para o calendário
À espera que os burgueses ricos
Me dêem esmola a qu'Eu chamo salário

Ai... Como eu gosto de falar para a ria
E de lhe declamar a minha decadência
O desejo de querer escapar desta rotina
E de me ver livre da minha existência

Mas, esta ria não tem  a profundidade necessária
Para receber as minhas lágrimas escritas
E é por isso, qu'Eu recolho-me nas sombras imaginárias
Que dançam a volta da minha alma bonita

Eu só quero que a corrente me puxe até foz
No dia em que decidir ir ter com Deus...
Quando sucumbir ao destino atroz
De ser nobre e de caminhar entre plebeus

E se a encarnação trouxer-me um novo sol
E caso alguma vez retornar a Aveiro
Que seja moldado em forma de ovo mole
Ou esculpido em forma de moliceiro

Mas, Eu não entendo como esta gente
Pode gostar disto com tanta devoção
Para mim, não existe lugar mais deprimente
Qu'este, para se cultivar uma paixão.

Blackiezato Ravenspawn

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