domingo, 2 de maio de 2010

Poetas...

Caminhas pela cidade
E testemunhas os demais,
Que passam como nuvens
Todas diferentes, todas iguais.
Essas milhares de vozes
Que tendem a chocar
entre si
E é na multidão em que te perdeste
Que tu te questionas - O que farei aqui?

Sentes-te deveras estranho
Como fosses um agente infiltrado
,
Que foge assim das pessoas
Sem saber de quê, assustado
!
Desintegrando-se aos bocados
Com a solidão que sente,
Dessa emoção que não sabes
Se é fria, ou mesmo quente...

E assim morres um pouco
Devido ao ar que tu expiras,
Vendo as crianças que lá brincam
Que geram a nostalgia que tu inspiras.

E assim és de novo coberto
E sorris para ti sem saber a razão,
Por esse manto de magia
Que te faz cócegas no coração...

Então voltas assim a casa
E escreves tudo o que vistes lá,
Tudo o que ninguém não sabe
Nem que nunca o saberá
...
Revelando o que mais sentes
Através de um acto de criação,
Escondido nos teus suspiros
Perdidos em alguma emoção.

Como tivesses parado o tempo!
Enquanto te fechas só para ti,
Gritando descontrolando bem alto
- Como eu vim parar aqui!?
E aí o vento torna-se denso
E tu te perguntas algo assim.
- Porque razão eu me preocupo e sofro
- Com algo que não faz parte de mim?

E o sépia paralisado do tempo
É substituído pela cor do presente,
E todos continuam a andar de novo
Cada um com as suas vidas pendentes.
E é por isso que hoje cantamos juntos
E talvez amanhã desaparecemos...
Pois só quando passamos a defuntos
É que notam o que nós fizemos.

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 1 de maio de 2010

Larva

Todas as Primaveras eu sou assim...
Uma larva castanha muito preguiçosa...
Há dias que só me apetece rastejar pelo chão e dormir o dia todo.
Sou tão parecido com este insecto, nestas alturas do ano.
Até comer torna-se preguiça, eu já nem como...
Petisco como fazem estes insectos, com as folhas verdes que encontram.
Até os caracóis e as lesmas, são mais determinadas que nós, embora sejam mais lentos.
Mas mesmo assim não se cansam de andar...
Tanta preguiça, que ainda não consegui construir a minha crisálida e já nem como diariamente, como costumava fazer. Só me queixo o dia todo e o que quero mais é sol.
Há dias em que meto a minha cabeça de fora da minha incompleta crisálida e olho para o tempo.
Se estiver sol bastante, até saio de casa e deito-me na primeira oportunidade que me for dada.
Mas se estiver um tempo ruim, eu volto para dentro da minha casca e como um bocado desta, para me acompanhar no descanso. Tanta preguiça, que até faz-me comer a minha própria casa. Onde eu vi isto? Hm... Hansel e Gretel penso eu...
Continuando, nem que durma mais de oito horas, continuo sempre cansado.
Tudo porque o meu corpo ainda não está habituado a estas mudanças de temperatura...
Hoje é o primeiro dia de Maio e está um bocado de frio...
Sim passei a maior parte do dia na minha crisálida quentinha, e continuo à espera que o Verão venha mesmo a sério... Quero sentir as minhas assas, mas este vento, continua a danifica-las, ainda estão muito sensíveis...
Aí... Cansado continuo e não me apetece fazer nada! Atenção que o grito de revolta, mal se ouviu... Foi um grito com voz mole de aborrecimento e fadiga que não existe na verdade...
Como serão as minhas assas este verão? Qual será a cor, o tamanho, o padrão? Pergunto-me a mim mesmo, mas dá-me sono...

Ainda à espera do Sol forte continuo eu. Para que me possa deitar no ar quente de Junho e que possa flutuar à deriva dessas brisas amenas que estarão para vir...
E respectivamente ao facto de procurar por uma parceira, não estou com grande vontade como é de calcular. Nem sei ainda como estou a conseguir escrever isto... Porque cansado e preguiçoso, eu estou. Como uma larva é, enquanto mordisca as suas folhas que tanto gosta. E eu mordisco pequenos chocolates e fumo cigarros.
Enfim, e o que estará para ser feito, fica para a minha próxima vida larval.

Bocejando eu digo...
"Vai-te embora preguiça!"

Mas com voz baixinha...

Blackiezato Ravenspawn