terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Alavarium Lacrimae

Eu remo aqui sozinho
No meu belo moliceiro
E navego devagarinho
Pela ria triste d'Aveiro

Eu vou no crepúsculo
E volto na madrugada
Eu sou um poeta mudo
E jorro a minha mágoa

D'um jeito descontente
Embora audaz e feroz
Ao sabor da corrente
Que me traz até à foz

Eu solitário na vida
A recitar o meu fado
"Alavarium lacrimae
Usque ad mare, tibi dabo"

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 24 de fevereiro de 2018

Usurpadores Da Humanidade I - Magos Idiotas

Porque desenhas esses símbolos?
Porque plagias a geometria sagrada?
E porque acendes velas em círculos?
Se a mais importante deixas apagada?

Que pensamentos te levaram a isso?
Foi o despertar da tua glândula pineal?
E porque razão funcionou, esse feitiço?
Foi por te achares, alguém especial?

Quem julgas ser tu, para falar de magia?
Explica-me, então, o conceito de caos?!
E como pretendes contrariar a entropia?
Que consumirá os bons, como os maus?

E como pretendes, tu mesmo transcender?
Será por vestires, esse manto de ilusão?
Diz-me lá que voz demente te leva a crer?
Que tens esse poder na tua mão?

Tu és uma farsa, Tu és uma anedota!
Um tonto iludido por palavras giras!
Por isso, silêncio! seu Mago idiota!
A tua língua, apenas invoca, mentiras!

Blackiezato Ravenspawn

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Os Teus Olhos...

Nos teus olhos Eu quero me perder
E dentro deles, Eu quero ficar...
Para saber como é viver
Dentro d'Alguém que me dá gozo olhar.

Nos teus olhos Eu quero dormir
E nos teus sonhos, Eu quero acordar...
Para te ver sempre a rir
Enquanto a realidade não me chamar.

Pois, nos teus olhos Eu vejo um mundo,
Que jamais vi, em olhos Alguns
E nunca senti algo tão profundo...
Tão raro e belo; peculiar e incomum

Por isso, deixa-me olhar para os teus olhos.
Que se escondem dentro, desses óculos teus.
- Ah... Como os admiro e como os escolho!
Para olharem sempre, para dentro dos meus.

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Amigos Da Onça

O que queres? porque me segues?
E desde quando preciso d'escolta?
Eu nem sei ao que te referes
Porque não vais dar uma volta?

Não. Eu não quero ir beber um copo
Nem gastar inclusíve o meu tempo
O que te levou a pensar logo?
Qu'eu iria aceitar o teu veneno?

Eu não preciso das costas quentes
Eu não confio nesse tipo d'homens
Que fingem ser amigos de toda a gente
Mas, que quando dá merda, fogem

Ou rastejam, implorando como cobardes
Quando revelam a verdadeira parte fraca
Do verme que vive dentro da carne
Pff, achas qu'Eu me dou com vira-casacas?!

Eu sei de cor o meu caminho
E como já dizia bem o ditado
Mais vale um andar sozinho
Do que mal acompanhado

Pois, vocês são uns parasitas malditos
Uma praga humana, uma afonta!
Vocês que tanto dizem ser meus amigos
- sim... Meus amigos da onça!

Blackiezato Ravenspawn

O Inverno Mais Frio

Nunca tive a cama tão fria
Nem a alma tão vazia...
Nem mesmo ter que me refugiar
No calor da poesia.

Este inverno é para hibernar
É demasiado para eu aguentar...
Por isso, adeus amiga ria
Eu volto quando a primavera começar.

Eu não me recordo do vento ser tão sombrio
Nem de o achar funesto e doentio,
Nem de ver a minha estação favorita
Tornar-se neste fado, sem brio.

Agora sinto a minh'alma ficar frígida
Sem vontade, sem emoção, sem vida!
E este deve ser - o inverno mais frio
Que alguma vez estou a passar na vida!!!

Blackiezato Ravenspawn

Da Verdade

Eu quero a verdade crua e nua
Sem capas, sem máscaras,
Sem tramas, sem bácoras
Mesmo que seja triste e suja.

Eu quero a verdade no prato,
Como é suposto ser servida.
Seja nojenta, esteja fria
Cheire mal e tenha um trago amargo.

Sim, Eu quero a verdade, apenas
Explícita, cem por cento real
- Faça ela me bem, faça ela me mal!

Pois eu não temo os problemas,
Nem as possíveis consequências.
Desde que nunca sinta a ausência

(Do título)

Blackiezato Ravenspawn

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Sobre Cerco

Quereis invadir o meu castelo?
Tentai, então, virá-lo do avesso!
Suba as muralhas pelo meu cabelo
À medida que lhes fazeis cerco.

Quebrai a minha alvenaria,
Esmagai lá, os meus portões!
E mandai a vossa cavalaria
À procura das minhas emoções!

Enquanto o meu corpo arde
E a ruína corre pela rua fora!
Mas, "infelizmente" chegou tarde
Pois, Eu. Já dei a volta

E é caindo na vossa própria cilada
Quando vos apercebeis que estais sós...
Qu'Eu vos miro na rima acima
E atiro flechas sobre vós!

Aí, no meu labirinto de quadras,
Sem ter caminho, por onde escapar.
Sem perceber a lógica destas palavras
E o que puderam, elas significar

Pois, foi por isso que vos deixei entrar,
Dentro de mim, sem grande demora.
Só para ter a chance de vos flanquear
E terminar com o este cerco, agora!

Blackiezato Ravenspawn

Tácticas D'Engate

Tantos truques, tantas danças
Tantas manhas e tantas vaidades,
Escondem uma falta de segurança
Como uma escassez de honestidade.

As deveras investidas forçadas
O fingimento - a arte de decepção,
Dão uso a deixas já decoradas
Sem sentimento, sem paixão.

O desejo de preencher o buraco
A fome carnal, os impulsos hormonais,
Que reduzem o amor a um teatro
Cheio de doenças e parasitas sociais

A sedução que se torna num saque
Pois, nenhuma das intenções, é séria,
Eles podem vir com tácticas d'engate,
Embora, usem todos, a mesma estratégia.

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

O Desejo De Não Desejar Mais

Se me fosse possível realizar um desejo
Eu escolhia o desejo: de não desejar mais
Nem mesmo uma rima para este trecho
Pois é me indiferente se rima, ou... não.

Só assim sentir-me-ia feliz e completo
Como fui, quando era miúdo
Por não necessitar d'algo, ao certo
Por ser simples e já ter tudo

Ai, quem me dera contemplar o abismo
E ter a alma, finalmente, solta
Livre da tirania deste organismo
Cheio de angústia e de revolta

Então, para quê, qu'Eu vou desejar?!
Quando nem sequer consigo desejar nada?!
- Eis, o eterno dilema, não há volta à dar
O paradoxo é iminente, fim da piada

E como é que uma mente desligada
Ausente dos estímulos, dos seus sinais?
Consegue ainda desejar nada
Após ter desejado, não desejar mais?

É que, por momentos senti-me à deriva,
Perdi a noção do local, como da hora.
E não fui mais além, porque a vida
Decidiu, desejar-me de volta.

Por isso, cautela com o que Tu desejas.

Blackiezato Ravenspawn

Umbra Mea / Sombra Minha

Oh, minha enigmática amiga
Tão obscura e tão fria!
Tu és a melhor companhia
Seja de noite, seja de dia

E verdade, assim, seja dita
Tu és quem mais me fascina!
Mais que a prosa e a poesia
Que se encontram mortas-vivas

Sim, Eu adoro-te, sombra minha
Essa tua silhueta opaca e curvilínea
Que me persegue e que me arrepia
Dançando sinistra, embora linda

Tu, minha querida irmã gémea,
A única com Quem partilho estas rédeas.
Do corcel que é a minha vida, de miséria!
- Meus Amor Aeternus, Umbra Mea!

E é quando te perco no absoluto escuro,
Ficando só, mais estes pensamentos meus.
Qu'Eu imagino os caminhos do teu mundo,
Aonde Tu andas e quem te segue, sou Eu

Como Um Vulto...

Blackiezato Ravenspawn

Pousa Em Mim

Nem sabes o quanto te desejo
E garanto-te que não é pouco!
Mesmo sem saber o sabor do teu beijo
Como, do aroma, do teu corpo.

Eu quero que Tu pouses em mim,
Tal e qual se fosses uma abelha.
E que me deixes um pouco de ti
Quando extraíres a tua colheita

Tu, airosa, quando decides enfeitiçar,
A seiva que me corre dentro da pele.
Sedenta de libido que escorre, o néctar,
Que te inspira a criar esse precioso mel

Ai... Quem me dera ser tanto a flor
Que Tu acaricias, que Tu abraças!
E sentir esse zumbido, o teu calor
Antes de subires e bateres asas...

Oh, vento! Escutai por favor!
O doce suplício, deste jasmim!
E sussurra a Ela - ao meu amor
Para pousar em cima de mim...

Blackiezato Ravenspawn