domingo, 21 de fevereiro de 2021

Matrizes

Onde essas estradas se cruzam
Os nossos egos são modificados
Onde essas variáveis se juntam
Os nossos fados, predeterminados

É nas diversas junções paralelas
Que as informações são contidas
Os cálculos criam as nossas celas
E o resultado das nossas vidas

É no núcleo da máquina-mestre
Que o sistema é feito na grelha
Simulando esta realidade terreste
Que o mundo, tão bem o espelha

Todos os ramos, todas as raízes
Do ontem, do hoje e do amanhã
Armazenados, dentro das matrizes
Como números presos, no ecrã

Blackiezato Ravenspawn

Enfadado

Mal me levantei da cama
E já sonho em me deitar
Ainda nem veio o drama
E já anseio por este acabar

Não me sinto associado
Apesar de ser mais um sócio
Nem sequer estou casado
E já pretendo um divórcio!

A minha língua rabugenta, clama
Sedenta com uma sede voraz
O copo está cheio e até derrama
Mas, o líquido não me satisfaz

Só agora é que o dia começou
Mas, a noite ainda não se foi
E a minha paciência já acabou
Que fado! Deus, me perdoe!

Blackiezato Ravenspawn

Vasto Oceano

Olha para mim, eu aqui na ria
E Tu absoluto, aí, deveras longe
Quem me dera conhecer a linha
Que atravessa todo o horizonte

Sentir a maior das ressonâncias
E o oscilar de todas as ondas
Estar dos faróis, bem à distância
E não aqui, nestas terras tontas

Eu só sei das cantigas da maresia
E das intrigas da gente da cidade
Do enigmático balanço da calmaria
Que antecede as tuas tempestades

Não conheço os ventos soberanos
Nem o reflexo dos astros vibrantes
Que trazes contigo, ó vasto Oceano
Tão simples, embora, tão gigante

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 20 de fevereiro de 2021

Monopolistas

Somos nada mais que prostitutas
Sobre o disfarce de um trabalho
Por isso, não resistas, nem dês luta
Pois, não há futuro, aqui no talho

Somos como gado somente criado
Em cativeiro para virar um produto
Que passa o tempo todo encurralado
Só com o propósito de dar um lucro

Somos possuídos por um sistema
Seja ele de direita, ou de esquerda
Prisioneiros de um eterno dilema
Confinados com os olhos na cerca

Somos a matéria-prima que sarne
A propriedade de senhores populistas
Nada mais que recipientes de carne
No estoque de seres monopolistas

Blackiezato Ravenspawn