quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Lágrimas

Vejo estrelas que caem
Algures no teu inocente rosto
E é da alegria e desgosto
Que as tuas emoções sobressaem

Através dos teus belos olhos
Onde nascem aos molhos
Gotas que se tornam cascatas e rios
Pristinos e transparentes fios

Tão claros e tão brilhantes
Tornando-te ainda mais bonita
Enquanto te adornam com diamantes
Fazendo de ti, uma moça rica

Por isso chorai, minha querida
E transpirai toda essa humanidade
Chorai então, minha linda

Esse sangue das divindades
Que escorre e que depois finda
Tal e qual qualquer ferida

Que te afoga com a lamúria
De "geysers" que explodem em incerteza
E dão vida a nébulas congeladas

Trazendo-te as maiores surpresas
Para ti, minha cara afortunada
Presenteando-te com a maior luxúria.

Quando te partes em bocados
Com todos os problemas da vida
Sobre o meu ombro que recolhe os cacos
De uma beleza tua, antes escondida

Por isso chorai mais, chorai mais!
Porque o seu valor é demais!
São diamantes, são cristais!
Porque elas são puras e surreais!

Não são pedaços de vidro banais!
São cores, são fragmentos de vitrais!
Que antes cobriam a tua alma
E que agora saem pelas glândulas lacrimais.

Por isso chorai mais...

Porque só essas águas únicas são capazes de rachar o meu coração de pedra
E alimentar a flor que luta para persistir... Na fenda da minha sensibilidade.

Blackiezato Ravenspawn

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Amor-Amor

Qual é a coisa mais importante
Mais bela e mais galante
Que percorre para além do cosmos distante
À procura dos seus amantes?

Não é amor... Mas sim amor-amor
Que amamos tanto e tanto
Ao ponto de se tornar como um cancro,
Apegando-se a nós como um tumor.

Sendo a morte subtil, a heroína decadente
Que se infiltra, corroendo as veias
Queimando o coração, enlouquecendo a mente,
A dose diária que tomamos a meias

Em convívios sociais, nos nossos cantinhos,
Onde nos embebedamos desmedidamente com o teu vinho
E não importa se é seda, ou mesmo linho
Pois a saudade é a mesma, quando sozinhos.

Ai amor-amor, tu que fazes solitários cometas,
Vaguear por essas vielas mais obscuras.
Sonhando com nébulas de tais formosuras
Enquanto as luas seduzem os seus planetas.

E até mesmo os buracos negros misantropos
Sentem as luzes. Querem obtê-las!
Porque não se saciam com tão pouco
A não ser com o brilho das várias estrelas.

Pois tu fazes-nos sentir de novo garotos,
Apesar de algumas vezes seres engodos.
Feitos de segredos que escondem logros
Embora só queiras o bem de todos.

Até mesmo daqueles que temem a agulha,
Descontrolados pelas próprias emoções.
Mas quando se vêm no mar de indecisões
Tu és a voz corajosa que diz - Mergulha!

E é assim no final escutando o choro de Lúcifer,
Que depena nas minhas preces com rancor.
Tal e qual uma orgulhosa mulher
Que não admite, embora deseja...

Amor-amor.

Blackiezato Ravenspawn

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A Dança Das Marionetas Cibernéticas

Sinto-me tão fraco e sem vida
Completamente em farrapos
Com estas vestes destruídas
Tal e qual uma boneca de trapos.
Esquecida algures no passado
Apodrecendo com o presente
Acabando obsoleta para o mercado
Sem valor algum, aparente.
Junta a bonecas de plástico
Industrialmente "massificadas"
Por um futuro fantástico
E pela sociedade, programadas.
Mas estas modelos topo de gama
Acabam vendidas por tão pouco
Sendo iludidas pelos senhores da trama
Que lhes cantam, lá no topo

A música... Das marionetas cibernéticas...

"Sintetizem o vosso coração
Em nome do material (do capital)
Para se dar a nossa evolução
Do analógico para o digital
E preparai-vos para o desafio
E assim deixai-vos comandar
Por este mágico invisível fio
Até a vossa bateria se gastar"

A dançar... A dança das marionetas cibernéticas...

E assim estas máquinas dançam
Até as suas energias expirarem
Porque os computadores só lhes amam
Enquanto elas trabalharem.
E as restantes acabam descartadas
Sem terem o direito de escolher
Tornando-se em peças recicladas
Para a próxima geração que nascer

A geração... Das marionetas cibernéticas...

Mas eu sou um simples protótipo
Infectado por um vírus humanizado
Magnético do tipo astrobiológico
Sendo emocionalmente reactivado.
Com a sua própria auto-suficiência
Desenvolvido por uma paterna insana
Que se auto-actualiza com a experiência
Em nome da revolução humana.
E é por isso que eu não danço
Pois tenho muito que escrever
E facilmente de rotinas me canso
E custa-me imenso a recozer.
Porque sou frágil e um inútil
Apesar de possuir um bom radar
Mas é me irónico e tão fútil
Pois não detecto alguém com quem brincar

Porque elas... São marionetas cibernéticas...

E é observando-as repletas de vaidade,
Altamente sublimes e deveras felizes.
Mas será que a sua nobre utilidade,
Deixa de facto, mesmo elas felizes?
Ou não passaram de robôs escravizadas,
Usadas para executar funções eclécticas.
Porque todas elas acabam estragadas,
Na sucata das marionetas cibernéticas...

"Passo, salto, gira, passo,
Levanta o pé e dá um rodopio.
Não falhes, olha o embaraço
Erro! Não se entrelacem nos fios!
Um, dois, três, avança
Não pares agora, minha esquelética!
Quatro, cinco, seis, dança
A dança das marionetas cibernéticas!
Doí-vos o joelho?! Olha que se lixe!
Mexam-se bailarinas, não fiquem pávidas!
Terei de repetir?! Não ouviram o que vos disse?!
Sejam rápidas, mais rápidas, MAIS RÁPIDAS!"

- Nós sintetizamos os nossos corações!
(Muito bem agora sorriam)
- Para dançarmos elegantes em torno de ilusões!
(Muito bem agora dancem)
Por isso venham daí todos dançar!
(Continuem, continuem)
E viver "feliz" como uma marioneta cibernética!
(Até colapsar)

"Muito bem, agora podem ir... Amanhã continuamos outra vez."

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A Poesia Do Ravenspawn

Eu gosto da minha poesia
Pois ela não olha a quem
E apesar de não valer nada,
Nem ser exemplo para alguém...

Eu continuo a gostar muito dela
Porque ela é o meu maior bem
E isso só me diz respeito a mim mesmo,
A ela e a mais ninguém.

E mesmo sendo porca e tão feia
Ela para mim, vale por outras cem
E não importa o que digas dela
Pois a minha bela, nem corpo tem...

Eu acaricio-lhe com todo o meu carinho
Tal e qual ela me trata sempre tão bem!
Eu digo-lhe - Amo-te minha querida!
E ela responde-me - Eu também!

Blackiezato Ravenspawn

Niilismo

O passado são os vários degraus
Que pisei e que deixei para trás.
Todos os momentos bons, todos os momentos maus
Tudo o que agora, na minha memória jaz.

E o futuro é o final que vejo em frente,
Onde talvez um dia pisarei.
Embora não o veja claramente,
Pois não sei bem com o que sonhei.

E o presente quer que eu lhe apanhe,
Mas eu sou preguiçoso, deixo-o fugir.
Porque não me importa, que se amanhe
Prefiro deixar o tempo, decidir.

Pois isto não se trata de apatia!
Nem da mágoa que me queixo!
Como também nem é misantropia!
Nem é considerado um desleixo!
Provavelmente será a minha mania!
Aonde me deito e assim me fecho!
Pois isto nem é mesmo poesia!
E não passa de um simples texto!

E para ser franco nem tenho vontade,
De prosseguir um caminho, uma rota.
Sou movido pela minha própria realidade,
Aquela que ninguém vê e que ninguém nota.

E vejo muitos que já têm tudo traçado,
Como se tratasse de um teste de poder.
Mas hoje prefiro estar deitado,
Irei mais tarde se me apetecer.

E porquê que amor ainda não reapareceu?
Será que um dia, voltara para me visitar?
Não... Cá para mim acho que se esqueceu,
Sendo assim. Nem me vou lamentar...

Porque isto não é depressão!
Quando menos decadentismo!
Nem se pode considerar uma opção!
No máximo seria um maneirismo!
Nem é arte, nem uma criação!
Pois acho isso narcisismo!
Apenas se trata da minha visão!
Do meu constante niilismo!

Porque ao saber que nada tem sentido
Deixa-me tranquilo porque assim sei
Que não estou a perder nada de especial
E não preciso de me preocupar com algo.

No dito calão...
"Estou-me a cagar."

Blackiezato Ravenspawn

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Sentidos

Deixarias um cego acariciar-te
Orientado apenas pela tua essência
Mais saborosa que o próprio mel

De forma a deleitar-se por completo
Em todos os teus doces suspiros
Aromatizados com as fragrâncias

Mais afrodisíacas e portadoras
Dos meus demais desejos ocultos
Algures escondidos no silêncio etéreo

Que é apenas escutado por ti
No distante e energético núcleo
Dos teus olhos electromagnéticos

Decorados pela gravidade invisível
Que me atrai e assim me ordena
A suspirar as palavras mais tocantes.

Ou deixarias que a indiferença
Me interceptasse e tomasse controlo do vazio
Deixando-te ausente... Dos meus sentidos?

Blackiezato Ravenspawn

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Absentia Dementia

Tu constróis uma barreira inquebrável,
Para meteres lá dentro o teu frágil coração.
Mas ela rouba-o, pois ela é indomável
E tu não lhe consegues, por a mão.

Porque no meio dos iguais tu és o diferente
E nessas multidões encontraste sozinho.
Por não saber como agradar a tua mente,
Que apesar de vadiar, não vê caminhos.

E assim perdeste dentro da tua calamidade
Perguntando a ti mesmo - o que faço aqui?
Enquanto choras fugindo da tua insanidade,
Que te suspira ao ouvido - estou atrás de ti.

E embora sabendo que é deveras inútil,
Tu corres sem te importares com o que existe.
Escondendo-te nesse jeito infantil e tão fútil,
Dentro das paredes que construíste.

Mas ela invade-te e apalpa os teus defeitos,
E tu aproveitas para acariciar as suas virtudes.
Partilhando a loucura entre os vossos peitos,
Em actos surreais de plenitude.

Mas Rapaz... Porque lhe tendes a espantar
Invés de a receber de braços abertos?
Será por teres receio de te voltar a magoar
E de ser enganado por sentimentos incertos?

É porque não existe maior e ridícula ilusão,
Que te enganar a ti mesmo de uma forma gentia.
Enquanto chamas por ela no meio da escuridão,
Após estares ausente da sua dementia.

Blackiezato Ravenspawn

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Folha Em Branco

Antes, sonhava demasiado em ver,
As coisas que outrora, mais queria.
Mas, nem mesmo depois de as obter,
Nenhuma delas, trouxe-me alegria.

E é por isso que não sigo caminhos,
Porque não mostro, grande vontade.
Apenas procuro pelo meu cantinho,
Que nem me interessa, na realidade.

E é isso que me faz percorrer o vazio,
Porque tudo aqui, já não me diz nada.
Pois, Eu sangro e grito sem dar um pio,
Enquanto sorrio com a alma rasgada.

Percebendo que nem tudo o que vejo,
Foi feito para me causar algum espanto.
A não ser a única coisa que mais desejo,
Uma simples... Folha em branco...

Blackiezato Ravenspawn