domingo, 18 de abril de 2010

Aborrecimento

Mais uma vez estou acordado,
Sem sono e um pouco cansado.
Sentado à volta do mesmo aborrecimento,
Com as mãos na testa enquanto penso
E os pés assentes neste chão de cimento,
A meditar neste nevoeiro denso...
Estou sem vontade de estar aqui
Já li varias vezes, como já escrevi...
E ainda continuo aborrecido sem fazer nada,
Como a mente confusa e sempre errada.
Mas vamos mudar a noite, vamos lhe dar cor
Estou com fome e desejo comer a dor!

Levantei-me desta cadeira e gritei frases!
Com a tanta raiva misturada em tons graves.
Convoco a Assembleia dos Corvos
Para vir dançar a Valsa Espectral!
Vinde a mim lacaios e seus estorvos
Acompanhar-me neste soneto irreal!
Que esta sala se encha de grande existência
Quebrando este silêncio com violência!

Glonurer Amur Zin Dalanor
!
Eu invoco do meu coração, os espíritos do Amor!
Balanar Ganesh Vindal Ró'pium!
Saiam das vossas criptas, oh espíritos do ódio!
Que os corvos gritem com as suas vozes estridentes
E que as espectros condenadas cantem canções dementes.
Enquanto a orquestra soa preenchendo estas salas vazias,
Invocando as mais desejosas e tentadoras orgias!
Vamos todos dançar, como não existisse amanha
Segue-me com cuidado, minha querida irmã...
Vou-te mostrar, o caminho enigmático das estrelas
Como as alcançar, para que tu, possas vê-las!
Subamos de mãos dadas, pela escadaria lunar
Correndo sempre a topo, ao som do misterioso mar.
Provocado por estas ondas, que embatem no meu castelo
Embora em ruínas, para mim será sempre belo...
Chegamos ao topo e o que vês irmã querida?
"Vejo a lua vestida de prata e uma Mulher convencida..."
E o que sentes mais, além deste sonho realizado?
"Sinto alguém perante mim, com o coração machucado!"
Perante ti, desculpa perguntar mas referes-te a quem?
"A esta flor depenada e magoada, à espera de alguém."
Fica sabendo que não espero, pessoa nenhuma para me visitar
E tudo o que dizes é mentira, não sei como pude acreditar.
Não passas do meu aborrecimento disfarçado,
Em mil e uma máscaras que me tentam prender,
Ousando enganar o meu coração e tentando-o foder!
Posso ser mal amado, mas nunca serei um derrotado!
E por mais que tentes, eu tenho sede de viver.
Agora adeus mentirosa, é tempo de morrer!

"Vais abandonar a única que se preocupa contigo?"
Não vejo em ti confiança, nem um verdadeiro amigo!
"Vais deixar-me sozinha a beira do sofrimento?"
Essas lágrimas não são puras e não passam de fingimento!
"Assassino, insensível, tu não mereces nenhuns amores!
Agora calaste a minha dúvida e mostraste as tuas verdadeiras cores...

Empurrei o aborrecimento da minha mente, precipício fora...
"Não... Mas porquê! Odeio-te! Maldição!
Desci as escadas de novo, porque já passava da uma hora...
"Deixando a tua irmã condenada no poço da perdição?"
Voltei a minha poltrona e sentei-me de perna cruzada
"E lá irás ouvir a tua querida irmã a ser torturada?"
E pensas que eu me importo com isso e com a tua possível dor?
"Tu és uma besta horrível que não merece o amor!"
Sabes que eu me rio sempre quando gozas de mim...
"Eu odeio-te cabrão e isto não vai ficar assim!"
E agora digamos todos juntos, em voz uniforme...
"Adeus aborrecimento, não passaste de um momento..."
Para a minha querida irmã, que sozinha agora dorme...
"Deixaste de viver e morreste no meu pensamento..."

Vinde a mim espectros, suspirar aos meus ouvidos,
Eu quero ouvir o seu sofrimento e o seus tristes gemidos.
E agora todos nós, dizendo num tom baixinho...
"Adeus aborrecimento, hoje ficas sozinho..."

Agora quero que toquem a Canon em Ré Maior
Do nosso querido irmão, Johann Pachelbel...
Para poder saborear a sua bela musica
Doce, como o mel...

Blackiezato Ravenspawn

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