segunda-feira, 19 de março de 2012

Flor De Plástico

Ai, fêmea minha vistosa e tão linda
Como cheiras sempre tão bem
E possuis uma beleza que não finda
Que nem outra flor tem
Pois quando te vislumbro, assim
Calada suspensa e sem nada dizer
Floresço numa volúpia, num frenesim
Que nem sei mesmo o que te fazer

Ai, flor minha se tu me deixasses
Ter a grande cortesia de te estimar
Eu dar-te-ia tudo o que desejasses
Nem que tivesse mesmo que pecar
Para te ter junto no meu vaso
E partilhar este solo em meu redor
Até murchamos e passámos do prazo
E restar apenas o nosso amor.

Ai, verdinha minha, verde cinderela
Eu proteger-te-ia dos dias cinzentos
Que ameaçam o parapeito desta janela
Até ao fim dos nossos tempos
E quando se desse o orvalho da alvorada
Eu venerar-te-ia até ao por do sol
Até cair a noite e acabares entrelaçada
Nas minhas raízes, neste solo mole.

Ai, minha nobre excelentíssima duquesa
Esporrar-me-ia sobre as vossas pétalas
Dando-te os meus genes, a minha riqueza
Para produzires as sementes, mais belas
Sendo tu a minha real açucena laranja
E eu a tua rosa espinhada, carmesim
Porque só o abanar dessa tua franja
Repito mais uma vez - dá cabo de mim!

Ai, minha doce colorida e esbelta planta
Só tu me deixas com os espinhos eriçados
E se soubesses a quanta vontade tanta
Que eu tenho em saciar estes desejos plantados
Porque só tu me fazes ferver a seiva
Como nunca jamais fizeram as outras irmãs
A minha raiz enrijece, a minha clorofila flameja
Quero te abrir, quero-te saborear, mas...

Lembrei-me que és uma flor de plástico
Que me tentou enganar e fazer-me de frouxo...

E então dei-te desprezo, fui antipático
Porque tu, minha falsa... Metes-me nojo!

Sua aberração sem vida...

Blackiezato Ravenspawn

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