sábado, 18 de dezembro de 2010

Depressivo Urbano

Fui catapultado da minha insanidade
Para o meio destas tristes ruas.
Onde se encontra a dura realidade
Encrostada nas valetas sujas.

Abri as portas da percepção
Deixando o meu sonho, algures de parte.
Esquecido nos confins do meu coração
Enterrado numa cratera em Marte.

E agora caminho por aqui perdido,
À procura de algum proveito.
Que antes fora aqui escondido
Na sombra de um famoso deleito.

Ouço fantasmas de almas urbanas
Presas em paredes que tanto chamam.
Com formas bizarras e sobre-humanas
Com vozes etéreas que tanto clamam.

Cresce dentro de nós
Um tal agreste ódio...
Uma dor mais intragável
Que as nossas lágrimas
De cloreto de sódio!
Vem a nós...
E Marca o teu sangue nesta parede.
Deixa-nos sentir a tua pele
E junta-te a nossa rede.

E para alguém que sempre escuta,
Estes lamentos pelo decorrer dos dias.
Acaba por ser uma grande luta,
Para não permanecer com emoções frias.

Para não falar que estamos no Inverno,
E este frio não parece querer dar tréguas.
A este coração sensível e tão terno,
Castigando-o a andar mais cem mil léguas.

E assim mais uma pétala caiu
E assim mais um passo se deu
E daí mais um problema surgiu
E daí mais um pedaço se perdeu...

E é assim a minha canção de amor,
Aquela que mais gosto de cantar.
Para dar mais um pouco de cor,
A estas vozes que me querem matar.

Dizem que eu escrevo um pouco de mais
E dizem que não faço nada de especial.
Devido aos meus desarranjos mentais
Que me fazem perder no surreal.

Neste mundo cheio de coisas boas e más,
Oscilando entre um célebre inicio e um ténue fim.
Como é que ainda ninguém foi capaz
De criar um espaço só para mim?

Os vossos olhos deixam-me doente!
Desflorando a minha inocência...
Tornando-me num demente...

Os vossos olhos causam-me penitência!
Humilhando a nossa gente...
Atirando-me para as decadências...

Cheiro várias linhas de baixo...
Acompanhadas com copos de vinho.
Danço melancólico de cabisbaixo...
Sem emoção e sempre sozinho.

E é sobre o sabor da nicotina,
Que eu escrevo insultos no meu corpo.
Neste vício que se tornou em rotina,
Até cair e deixar-me morto.

Tenho muitos companheiros, como muitos adversários.
Mas nenhum deles infelizmente, combate a minha solidão....

Tenho muitos problemas, e desses possuo vários.
Mas nenhum deles infelizmente, me poupa na insatisfação.

Onde andas minha bela concubina,
Como prometeram os contos de fadas?
Vem me buscar minha sacra heroína,
Com as tuas magnificas asas aladas!

Mas ela não vem, e a alma pede para dormir.
O corpo Refugia-se em cobertores
E assim a mente exige em partir.

(Enquanto o coração... Ressaca de amores...)

Dá-se o desequilibro...
(A entropia é quebrada!)
E nada mais eu desejo...
(E nada mais eu quero!)
E assim minha sombra colorida...
(Desaparece no nada!)
Decaindo silenciosamente...
(Atingindo o absoluto zero!)

E é pela rota das estrelas, que eu ainda subsisto.
Viajando dentro de um sonho, confinado em mim.
Nesse feitiço cósmico, protegido, aonde eu resisto
Dentro de um casulo mágico, enrolado em cetim...

E é nos limites destas jaulas de concreto,
Que eu exploro e que ainda sobrevivo...
Que eu deixo o meu rasto preto,
Sobre uma folha de papiro.

Blackiezato Ravenspawn

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