terça-feira, 21 de agosto de 2012

Templo Do Niilismo

Se eu tivesse imensos fundos
Construía um enorme santuário
Para todos os existentes vagabundos
E para os que se fingem de otários
Seria guardado por centuriões
E teria um arco na fachada
Como seria selado por sinistros portões
E teria duas gárgulas na entrada
Fazia deste sítio a minha segunda casa
No meu sagrado retiro celestial
Onde purificar-me-ia como fumaça e brasas
Para estimular o meu músculo social
Seria um bizarro estabelecimento
Onde todos os curiosos iam ter
Para viver na integrar o momento
Sem se importarem com o que acontecer
Lá, os sacerdotes evocariam a música
Para que os crentes devotos, a venerassem
Dentro da igreja, como na via pública
Da forma que mais desejassem
E para enfeitar meteria galdérias e rameiras
Debruçadas pelos diversos pedestrais
Para se vangloriarem a noite inteira
Encantadas com os seus hábitos sensuais
Enquanto os visionários e os pensadores
Partilhavam as suas enigmáticas filosofias
Juntamente com todos os meus amores
Que receberiam a minha bênção da folia
E assim tornar-me-ia num negro papa
No pregador de toda a insanidade
Que só usaria um tecido de napa
Para cobrir a sua obscura obscenidade
Seria o maior lorde da decadência
Para todos os que se portasse mal
E ordenaria imediata penitencia
Em homenagem ao meu culto espiritual
Mas seria misericordioso acima de tudo
Embora o culpado tivesse que se provar
Vestido os ritualistas robes de veludo
Pois quem quisesse o perdão teria que dançar
Em serenidade ou em agonia
Na forma que tivesse de ser
Subjugado perante minha branca tirania
Em nome do meu belo prazer
Mas caso não cumprissem a pena
Ou achasse demasiada a sua demora
Terminaria com essa blasfema cena
E escorraçar-los-ia lá para fora
Amaldiçoando-lhes com a realidade
Vítimas do meu célebre antagonismo
Abandonado-os perdidos no meio da cidade
Excluindo do clero, do meu elitismo
Para vadiarem como hereges esquecidos
Iludidos pelos seus míseros narcisismos
Porque lá não existiria algum possível sentido
A não ser a crença do tempo, do niilismo
Que se resumia apenas na diversão
Do jeito catita que mais vos apetecesse
Onde o limite seria regido pela moderação
Ou no final, quando a noite morresse

E no final sozinho dormiria no meu trono
Com a mente completamente revigorada
À espera que o cansaço trouxesse o sono
Enquanto pensaria de todo em nada

Ou talvez escreveria uma poesia, aonde assim explicaria
Como o meu templo ruiria, face ao caos que lá predominaria
Num local onde a lógica não existiria, só talvez na sintonia
Embora não me importaria, pois seria de todo a maior alegria
Porque sabia que no final da empatia, quando chegasse o novo dia
Nada de precioso se perderia a não ser toda a irreal magia
Responsáveis pela minha mania que era dissipada como energia.

Deixando-me lentamente. Em melancolia.

Blackiezato Ravenspawn

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