sábado, 28 de dezembro de 2013

A Florbela Espanca Está Morta

Debaixo dos lençóis de cetim,
Na minha enlanguescente tumba.
A poetisa dorme junto a mim,
Para se refugiar na penumbra.

Da decadência que lhe comeu a pele
Palavras eternas, rigor mortis.
Guardadas agora num estranho mel
Que nunca sofrerá, necrosis.

Enquanto isso os espectros cantam,
Pelos momentos que foram silenciados
E os vultos com as suas umbras dançam,
Invisíveis, sem serem observados.

Até a realidade mostrar-se franca
E entrar-me pela porta fora
E dizer-me que a minha Florbela espanca
Não está comigo, mas, sim morta...

A minha mente envelhece triste e séria,
E o meu corpo transmuta-se em âmbar.
Perante à fotografia de uma alma Sépia,
Cujo o seu sangue tinha as cores do mar.

E assim o vento rouba-me o sonho
E a lua deixa-me um beijo na testa,
E é bocejando aborrecido ainda com sono
Que fumo do haxixe que ainda me resta.

E ela volta a ascender pelo místico fumo
Enrolada em tecidos cinzentos,
Que se tornam púrpuras do meu mundo
Dando vida a novos, sentimentos.

Blackiezato Ravenspawn

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