sábado, 26 de março de 2011

Pornografia Emocional

Vocês adoram a forma
Como me exponho
E vos seduzo
Deleitado num prazer
Que estimula
As vossas mentes

E assim eu me dispo
Enquanto vocês
Lêem o meu corpo
Com os dedos
Que me tocam
A minha sensibilidade

E tremendo
Descontroladamente
Não de medo
Mas de excitação
Eu desintegro-me
Em caprichos

Que tomam conta de mim
Tornando-me num actor
E embora a voz mude
A sensação continua a mesma
Tal e qual
A minha primeira vez

Blackieazato Ravenspawn

Nuvens

Brancas ou negras
Não importa o seu tamanho
Para estas manifestações
Que fazem parte deste engenho

Umas são a cara da mamã
Enquanto outras saem ao papá
E a natureza delas varia
Dependendo do clima que está

Umas viajam céleres
De mãos dadas com o vento
Enquanto outras são mais calmas
E levam o seu tempo

Algumas são nos familiares
Mas a maior parte passa nos subtil
E todas elas adoram a flora
E nutrem a primavera em Abril

E assim vivem radiantes
Outras vezes choram de mágoa
Estas filhas do volátil ar
E da nossa preciosa água.

Blackiezato Ravenspawn

quarta-feira, 16 de março de 2011

Amor

O amor fez-me.
O amor deu-me casa...
O amor diz-se meu amigo
E joga as escondidas comigo.

O amor dá-me força
E também faz-me fraco
E corta-me o pensamento
Quando não existe tabaco

O amor é bonito
O amor é feio
E torna-se cruel
Quando fica a meio

O amor insulta-me
O amor é demente
O amor viola-me
E também me prende.

O amor é grande
O amor é cabrão
Mas quem sucede mais
É sempre o aldrabão.

O amor existe de várias formas
O amor existe em vários lugares
E o amor existe em outros números.
Para além dos típicos pares.

O Amor é mau
O Amor é bom
O Amor é pintura
E o Amor é som

O Amor é tudo
E o Amor é nada
O Amor é bruto
E dá-me porrada!

O Amor incinera
E o Amor é fudido!
Para quem o venera
E não é retribuído!

Mas o Amor é belo
O Amor é poesia!
No bordel de um castelo
Num país de fantasia
Onde tanto eu zelo
Por uma grande orgia!

E o Amor é injusto
Se for para alcançar um pódio
E torna-se um grande custo
Quando o chama-mos de ódio.

O Amor é dos hetero's
O amor é dos gays
Como o amor é dos bi's
E para os que se expressam em papeis.

O amor é de todos
E o amor é de ninguém
Mas o meu maior amor
Só o sinto pela minha mãe!

Blackiezato Ravenspawn

Viagens No Tempo - Infinito (Eternidade)

Ele sente-se como uma pedra de açúcar
Numa delicada chávena de café...

E apesar de todas as várias misturas
Ele continua sem saber quem ele é...

E assim eu bebo uma pequena porção
Desde que considero, o outro. Eu...

Cujo nas distantes linhas temporais
À deriva do fluxo continuo se perdeu...

E todos eles voltam aqui...
Depois de tanto viajar...
E todos eles, eu conheci...
Depois de todos os explorar...

Nesta auspiciosa interminável infinidade...
O seio de uma nova complexa realidade.

...

Assistindo um espectáculo, sem inicio e sem fim...
Onde deste espaço, eu faço dele, meu jardim...
Repleto de triliões de cores...
Com vários milhões de flores...
Com os mais exóticos sabores...
Fruto dos meus maiores amores...

Onde o preto e o branco
Não são reais...
A não ser no cinzento neutro
Onde somos,
Todos iguais...

Ovo - Nascimento
Eu fui um ovo no meu distante passado
Pelo o que senti, e pelo o que eu sei...

Larva - Vida
E agora sou uma larva castanha crescente
No meu constante e volátil presente...

Crisálida - Morte
Que se tornará mais tarde numa velha crisálida
Cujo num dia algum, dela, me liberarei...

Metamorfose - ?
Para viver o além como uma eterna borboleta
Pelas eras do infinito. Eternamente...

Blackiezato Ravenspawn

Viagens No Tempo - Espaço: Marte 1989 (Início Do Tempo)

Nasci em um destes dois planetas,
Os mundos gémeos, Pedro e Matoso.
Aonde eu estudava os vários cometas,
E era conhecido por ser preguiçoso.

Vivi a maior parte dos meus tempos,
Na enorme capital deste vasto lugar.
E assim adquiri os tais conhecimentos,
Que o espaço tinha para me ensinar.

E foi nesta célebre era espacial,
Que a minha vida tanto mudou.
Com o início da revolução bio-digital,
Que uma nova odisseia desencadeou...

O imperador falou de um desconhecido,
De um futuro que tanto lhe interessava.
E eu acabei mais tarde por ser recolhido,
Para fazer parte desta longa jornada.

Apesar de não ser um soldado,
Fui recrutado como um cientista.
Para analisar o planeta encarnado
Logo depois da sua conquista.

E a data foi finalmente anunciada
Algures em Março de oitenta e nove
E no século vinte, lá se deu a cruzada
Em nome de uma crença enorme.

Milhões de naves espaciais,
Viajaram pelo infinito espaço.
Seguindo os caminhos astrais,
Para marcar mais um passo.

Mas este planeta foi nos deverás fatal,
Devido à sua densa e rígida atmosfera.
E foi trágico demais o nosso final
Condenado por uma grande quimera.

A minha nave despenhou-se em Marte,
Nem acredito como tenha sobrevivido.
E assim plantando o meu estandarte,
Eu anunciei que tinha vencido...

Mas o rádio infelizmente, não funcionava...
Deixando-me sem contacto, com o exterior.
E agora um novo dilema, eu enfrentava...
Para sobreviver a este clima abrasador.

Vagueei por cinco longos dias,
Sobre estes desertos de carmesim...
Com os restos das forças minhas,
Enquanto tentava adiar o meu fim.

E assim acabei por cair na terra,
Cansado. Embora um vitorioso!
No final de uma grande guerra
Em nome do Imperador Matoso!

...

Sou assimilado por este ecossistema,
Que me envolve o meu corpo em cabos.
Convertendo-me numa estranha gema
Embora tenha os membros paralisados.

E sou alimentado pela sua natureza,
Sofrendo diversas mutações, várias vezes.
E a única coisa cujo tenho a certeza...
É que vou despertar, daqui a nove meses.

Um novo ser livre...
Que se fundiu com o núcleo de Marte,
Tornando-me um Deus da minha Galáxia...

Embora seja só um simples grão de poeira,
Neste infinito Cosmos.

Blackiezato Ravenspawn

Viagens No Tempo - O Principezinho (Passado)

Lembro-me muito bem deste estimado lugar...
Mas jurei a minha mesmo, que não cá ia voltar...
Vejo o meu passado, nos braços da minha mãe...
Pois quem possui uma, pois tudo este tem...

Ouvindo a Rainha que me prevê o futuro...
Completamente maravilhoso e nada duro...
Mas acabei por aprender, que foi tudo mentira.
Tal como um vidro de cor azul, que se julga uma safira.

Ela disse-me coisa espantosas, sobre o poder do amor.
Mas acabei por encontrar apenas, mais um teatro de dor...
E o infante que queria viver, o seu grande sonho tão cedo...
Acabou por se refugiar, nos vários castelos do degredo.

Ele lutou e venceu, mas com grandes inúmeros sacrifícios,
Juntamente com a espada e o escudo, que se tornaram ofícios.
Para competir com reinos paralelos, em nome das várias conquistas,
Que ilude os vários homens a cair nestas guerras egoístas.

Eu assisti os maldosos traidores, a matar os seus amigos...
Como eu enfrentei os guerreiros mais duros e destemidos...
Eu dormi com assassinos, que os julgava os mais fiéis...
E eu visitei todas as masmorras, como todos os bordéis.

Vi-me ausente e perdido neste cruel e decrescente mundo.
E encontrei-me algures, nas vestes de um simples vagabundo...
Porque nesta orbe gigante, que gira em torno deste eterno sol.
É a casa das bestas, que manipulam os homens de coração mole.

E assim enterrei a minha coroa, juntamente com o brasão real.
Para seguir o único que sonho, que eu ainda considero vital...
Por isso esquece-me Mãe, pois eu não sou o teu principezinho...
Agora eu sou um eremita que caminha no silencio, sozinho.

Mas apesar da nossa distancia, não me interpretes mal,
Encara-o apenas como o meu nova pratica espiritual.
Porque eu não vim a este mundo, para ganhar ou perder,
Eu nasci somente apenas, para observar e escrever.

Blackiezato Ravenspawn

Viagens No Tempo - A Queda Da Imperatriz/O Dia Da Libertação (Fim Do Tempo)

O seu povo chora de ira e de vingança,
Pelo genocídio e pela trágica matança.
Mas a imperatriz não sabe o que fazer,
Nem reagir ao que está a acontecer.

E assim os edifícios tombam no chão,
As frágeis crianças gritam perdição.
Enquanto as pessoas caem como dominó,
Tornando-se em nada, a não ser pó.

Ela resguardou-se na ultima fortaleza,
Mais as restas da sua grande riqueza.
Enquanto os seus batalham, em persistir,
Mas as muralhas acabaram por cair.

Os céus foram brutalmente rasgados.
E os seus todos sonhos foram quebrados...
E o eterno sol astral, deixou de brilhar,
Quando as trevas começaram a avançar.

E aquela que antes era, tão vil e poderosa...
Agora treme de angustia, tão melindrosa...
Implorando desesperada, à sua real elite...
Que tudo este mal, alguém o erradique...

O ultimo portão, acabou por ser aberto...
Profetizando a profecia, de um sábio certo.
E a proibida, que antes lá estava confinada...
Saiu grandiosamente, como uma criatura alada.

Para viver o seu tempo, agora em liberdade.
Ao fim de vários anos presa a uma realidade.
E Agora ela anuncia, a sua triunfante vitória
Entoando um belo e soberbo hino de glória...

Ó minha querida e lamentável... Triste Imperatriz!
Ó Dona suprema de toda esta... Organizada matriz!
Hoje assinalarei o final... Ao teu corpo e a tua mente!
Para que amanhã eu possa viver... Feliz eternamente!

Blackiezato Ravenspawn

quarta-feira, 9 de março de 2011

Viagens No Tempo - Gato Preto (Presente)

Consideras-te o mais alto, de todos esses mortais,
Em cima dos telhados, dessas habitações locais.
E assim vês o mundo, de uma forma culta e sublime,
Embora sejas vadio e ninguém te ligue ou estime.

Comes desse chão, com a mais pura humildade.
Apesar de seres rei e dono, de uma fabulosa vaidade.
Que mostras nesses passos, tão elegantes e graciosos,
Caminhando audaz pelos trilhos mais enganosos.

De uma triste sobrevivência que já não faz sentido,
Quando o teu coração não se ouve e acaba esquecido.
E assim passas os dias, na sombra de um pensamento
Enquanto sonhas acordado a viajar pelo tempo.

Dormes ao sol e nem dás pelos dias passar,
Pois sabes muito bem, que não vale a pena levantar.
Vives isolado de todos, na tua própria anarquia.
Não conformista, irreal, mas no fundo tão vazia.

Gato preto... Vamos ambos fazer o turno nocturno,
Enquanto esperamos, Por um momento oportuno...
Gato preto... Tu que te assemelhas somente a mim...
Vem ver comigo as estrelas, aqui neste jardim.

Blackiezato Ravenspawn

terça-feira, 8 de março de 2011

Viagens No Tempo - Azuis De Carmesim/Crimson Blues (Futuro)

Vim ao ano dois mil e trinta,
E vejo-me parado no mesmo lugar.
Mas ainda sou fiel à minha tinta,
Que eu uso para procrastinar.

Velho, mas com espírito jovem
E através dos Verões, amadureci.
Apesar de ainda não ser homem,
Até parece que nem eu cresci.

Tenho a face esquerda rasgada,
Com uma cicatriz de veterano.
Mais a sua íris esbranquiçada,
Talvez provocada por um engano.

De um passado que não esqueço,
Situado num futuro melancólico.
E neste presente que eu desconheço,
Também reparo num alcoólico.

Além de várias mulheres formosas,
Tão bem casadas e eu tão sozinho.
Enquanto escrevo poesia e prosas,
Com um foleiro e triste vinho.

Continuando a brincar aos poetas,
E aos ricos senhores, intelectuais...
Que cumpriram sempre grandes metas,
Em nome dos seus egos magistrais.

E tu, árvore da minha bela vida,
Que agora possuis quarenta anéis.
Permaneces em pé, embora partida
Com os teus mil castanhos papeis.

Dando guarida a um novo infante,
Desta misteriosa nova geração.
Embora te sintas um pouco distante.
Daquela antiga e jovial emoção.

E assim cambaleando, eu mal respiro.
Doente e farto de toda a sociedade.
À espera que o meu ultimo suspiro,
Me traga de novo, a liberdade...

E tu rapaz que foges do estrilho,
Que ecoa de uma forma crónica.
Esquece-me lá isso, ó meu filho.
Com o poder da tua harmónica.

Mostra-me de novo a juventude,
Dando ao flagelo, um antecipado fim.
Com a tua magna e maior virtude,
Ao som dos Azuis de Carmesim.

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 7 de março de 2011

Um Cigarro Chamado Portugal

Ver a nossa nação arder,
É como fumar um cigarro.
Sabes bem que vai morrer,
Inspirada no teu caparro.

E assim faz-nos tão mal,
Embora nos saiba tão bem.
Esse prazer tão abismal,
Que faz o que lhe convém.

Tornando-nos em viciados,
Em pacotes de discrepâncias.
E os olhos acabam vendados
Nas prisões de ignorâncias.

Lutamos todos nesta guerra,
Mas as casualidades, são tais
E apesar de honrar esta terra
Odeio-a, por ama-la de mais.

E cada cigarro que eu apago,
Nós ócios das minhas criações.
Mais os pulmões, eu estrago.
A falar dos nossos corações

E no dia em que nos faltar,
A comida, a paz e o dinheiro.
Eu imploro que me deixem ficar,
O meu cigarro e um cinzeiro.

Pois eu irei cumprir o grande rito,
No seu bem, tal como no seu mal.
A fumar o meu cigarro favorito,
Chamado, "A queima de Portugal".

É tão triste, que não existe melhor remédio
Senão rir...

Blackiezato Ravenspawn