quinta-feira, 28 de abril de 2011

Misantropos III - Sucuta

Jorra o sangue dos inocentes,
Mais as lágrimas dos órfãos.
Resultantes de planos dementes,
Responsabilizadas por vís mãos.

É o reflexo de sonhos quebrados,
Mais a soma das infâncias perdidas.
Brutalmente subjugados, dominados,
Por penosas mágoas sentidas...

E assim oiço milhares de fantasmas,
Que agora choram na minha almofada.
Espíritos calados, Almas pasmas...
Vítimas de mais uma ceifada.

E assim afogo-me no seu desespero,
Juntamente com os seus corações
Que são dissolvidos neste flagelo,
Gerando o colapso das nações

Em fornalhas de malícia e ira,
Organizados por um falso mundo.
Que de hipocrisia, tanto transpira
E cada momento, desce mais fundo.

Que lhes esquece, que lhes ignora
Não pela distancia, mas por uma doença.
Que tragicamente subsiste nesta hora
Composta de desumanidade e indiferença.

Aí quem me dera ter o poder!
Para deste mal me resguardar...
Para o esquecer, para me desprender
Desta terra que me está a matar...

Mas pensando bem melhor...
Isso me tornaria como vocês,
Vivendo sobre a sombra de um terror,
Que tu já nem notas, já nem vês...

Ausentando-se de toda a humanidade,
Para se envolverem em responsabilidades.
Compostas de rotinas de futilidades,
Estimulados por uma falsa sociedade.

Que vos controla até ao certo dia,
Em que vos decida desligar...
Porque no futuro todavia
Já não sereis digno de se sustentar

Descartando-vos no final, como lixos.
Para serem terminados, destruídos.
Sendo consumidos por todos bichos,
Entre as fezes e os vários resíduos...

Mas existe um prometido lugar
Onde os perdidos voltam a casa...
Nesse lugar que acabares por o encontrar...
Algures, numa sucata.

Blackiezato Ravenspawn

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