quarta-feira, 6 de abril de 2011

Psicose Maníaco-Depressiva

Qual de nós os dois, hoje sai?
E qual das nossas partes, hoje fica?
Será que hoje a vontade caí?
Ou mais uma vez, ela estica?

Atiremos então a moeda ao ar,
Pois hoje confio na minha sorte.
E não importa o que me calhar
Neste caso de vida, ou de morte.

E deparei-me com um caso raro,
Mais um empate duvidoso...
E assim acabo por pagar caro
Por um caminho tão penoso.

Porque a minha escolha ficou a meio,
Nem cara, nem mesmo a coroa
Revelando-me um destino tão feio
De uma fortuna, nada boa…

Onde duas Rainhas lutam por mim,
Nos salões da minha atribulada mente.
Cada uma com um desejado fim,
De me dominar completamente.

E já não sei qual destas duas,
Merece o meu voto de eleição.
E é por isso que me perco nestas ruas
Entre a razão e a emoção.

Faz-me um príncipe do universo,
Oh suprema Rainha Demoníaca.
Cujo meu domínio possa ser disperso,
Sobre a tua vontade maníaca...

Mas os teus planos nunca derão certo,
Nem nunca superam as minhas expectativas.
Pois do sucesso nunca cheguei perto,
Devido as minhas partes depressivas.

E porquê razão o que eu construí...
Agora deixou de ter um sentido?
Será que este episódio que eu vivi,
É fútil e merece ser esquecido?

Deixai-me então em paz, no meu canto,
E não lutai mais pela minha supremacia…
Pois nenhuma de vós me causa espanto,
Nem mesmo as vossas democracias...

Porque são essas tais mudanças súbitas,
As causadoras da minha insanidade.
No desenrolar dessas tramas lúdicas,
Dentro da minha confusa irrealidade.

Por isso libertai-me então desta doença,
E deixai-me viver como um normal.
Porque a minha cabeça já não pensa
E destruído está o meu emocional.

E assim já não sei quem eu sou…
Como também já não sei o que fazer!
E porque razão ainda aqui estou?
Se eu não sei mesmo viver…

A não ser a marcar as minhas memórias
Num gráfico,que tende a oscilar…
Entre as mais suaves e cruas histórias
Que esta vida tem para me mostrar...

Quando sinto furos na minha derme,
E a necessidade de despir o meu ego.
Desta estrutura que tanto treme,
Vítima de vários desassossegos.

No caótico núcleo da minha terra,
Onde as duas generais movem as peças.
Trazendo a tragédia de uma dolorosa guerra
Com os seus ideais e as suas promessas.

Levando a simplesmente à minha ruína,
À grande calamidade do meu sistema…
Onde a semente da vida um dia germina
Para morrer mais tarde do mesmo problema.

De uma percepção que molda a mente,
E que mais tarde, mudará com o tempo.
E eu me pergunto a mim continuamente,
Qual será a raiz deste sofrimento?

Será que não sou nada mais
Que uma miserável pilha de segredos?
Onde eu nunca, mas nunca jamais
Me conseguirei livrar destes degredos?

Que me trazem à confortável solidão,
Onde eu penso querer descansar.
Porque aos meus olhos, a multidão
Não me dá motivos para continuar…

Aí… Já nem sei se sou pesado, ou se sou leve...
Se sou a calorosa luz, ou gélida sombra…
Talvez serei aquele homem que tanto sucede
E que ao mesmo tempo, tanto tomba…

Pois estas palavras já não as meço,
Sejam elas Lux, ou mesmo Umbra…
E apesar de dormir em paz neste berço,
Sinto-me debruçado sobre uma tumba.

Pois não passo de uma mistura,
Do vil ódio! E do puro amor!
Sendo aquela entrópica fissura!
Que separa a beleza do horror!

E assim sou Nero! Como sou Bianco!
Uma abominação, um híbrido imperfeito!
E apesar de mentir, eu sou franco!
Eu não mereço, mas eu aceito...

A minha Psicose Maníaco-Depressiva
Tal e qual como ela é…

Agridoce.

Se focares a tua visão nos meus olhos
Consegues ver um homem que chora
E sorri ao mesmo tempo… Confuso.
Embora não seja por não saber o que escolher.
Mas sim… Por saber mais.
Sobre sim mesmo.

"Manic depression is searching my soul
I know what I want, but I really don’t know...
Feeling, sweet feeling
I wish I could remember
Manic depression is searching my soul"

Blackiezato Ravenspawn

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