sexta-feira, 31 de maio de 2013

Poço Abismal

Uma exótica e ousada fragrância
Voltou-me a trazer aos portões do inferno
Aqueles que eu desconhecia na minha infância
Quando o meu coração ainda era terno

E foi com cautela dando o primeiro passo
Que foi recebido na obscura entrada
Com um estranho laço, vil cínico abraço
Debaixo da fachada com uma dentada

No covil das harpias e das malditas megeras
Das sucumbis-vampiras e das tenebrosas bruxas
Que criam bestas cruéis e horrendas quimeras
Com veneno misturado com flores murchas

E acabei por me diluir nesse poço abismal
Naquele que só entra quem é convidado e quem mesmo quer
No maldito antro nefasto de puro ódio infernal
Onde o diabo mostra-se em forma de mulher

E enchi com o meu ego o seu cálice do pecado
Até o sumo da vida escorrer-lhe pelos dedos
Penetrando num saco de carne roto e degenerado
Para colher um miserável entulho de segredos

E olhei para o céu como vislumbram os judeus
Com cobiça nos olhos num jeito dramático
Mas não vi estrela de David nem mesmo Deus
Apenas uma tenebrosa boneca de plástico

Daquelas que eu no passado adorava brincar
Agora esquecidas nos meus baús da nostalgia
Mas esta não cheguei mesmo por decapitar
Talvez porque esta sorria... De uma forma sombria

Como uma marioneta sem vida nas mãos de uma corrente torturante de uma constante penitência sexual, enquanto baila ao som dissonante de uma agonia com uma cadência... Abismal.

Blackiezato Ravenspawn

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