sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Despetelar (A Queda De Uma Rosa)

Com que então, querido Outono!
Sinta-se à vontade, sê bem-vindo!
Porque este Verão já me dava sono,
Apesar de ser tão quente e lindo.

Chegou demasiado cedo este ano,
Mas, receber-lhe é sempre um prazer.
Por isso contai-me tudo, ó soberano
Pois eu estou a morrer por saber...

Ah! E já pintou o céu de cinzento
Com a sua decoração favorita.
Talvez um pouco antes do tempo,
Mas não deixa de estar catita.

E assim instalas-te, belo e cordial
Com essa tua presença requintada.
Que apesar de já me ser habitual,
Deixa-me sempre embaraçada.

Causando-me esta sublime sensação,
De mistério, arrepio e de alegria.
Ao som do vendaval que traz a sua canção,
Matando a saudade com a nostalgia.

Enquanto me beijas levemente,
Suspirando, como se estivesse a recitar.
Para uma rosa deveras carente,
Que se comove, até despetalar.

Com esse seu charme tão adorável,
Encantador que faz-me imenso sorrir.
De uma forma deveras agradável,
Até não aguentar mais e assim cair.

Nas suas mãos elegantes e carinhosas,
Que me pousam suavemente no chão.
Realizando todos os meus desejos airosos,
Que eu guardei neste frágil coração.

Por isso vem a mim, gracioso zefir"
E levai-me convosco para o seu trono.
Pois consigo a volúpia desejo dividir,
Pela ultima vez, ó príncipe Outono!

"Folhas e pétalas caem sobre o solo,
Enquanto a rosa mostra a sua intimidade.
E agora o seu príncipe pega-lhe ao colo,
Carregando as réstia da sua vitalidade."

"E e assim que a rosa morre de amores,
Enquanto as chamas correm com o vento.
Anunciando a estação dos pensadores
Da queda, da memória e do esquecimento."

Blackiezato Ravenspawn

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