sexta-feira, 20 de julho de 2012

Cinzento

É através destas castanhas irises,
Neste caldeirão que junta cores
E que mistura as vis ervas daninhas,
Com as restantes vaidosas flores.

Recolhidas nestas lentes panorâmicas,
Nestas minhas retinas da percepção.
Que guardam os meus instrumentos de análise
Onde separo a realidade da ficção...

E é aí que eu vejo uns, que desejam ser bons
Quando outros optam por ser maus.
Como uns que se dizem ases de ouros
Enquanto outros conforam-se em ases de paus

E agora eu pergunto a este mundo de extremos
E a ambos aos pólos do meu pensamento.
Porque razão eles se julgam pretos e brancos?
E não como eu, um simples cinzento!

Porque nunca existira uma luz sem sombra,
Nem mesmo o prazer sem a dor.
Enquanto a melancolia brincar com a serenidade
Num mundo dividido por ódio e amor...

Variando entre pesadelos caprichosos
E como sonhos de vertente dramática.
Ausentes das vossas condenações puritanas
Longe de celas duplas, monocromáticas.

Porque o mundo não composto por pretos e brancos
Mas sim por diferentes tons de cinzentos, comuns ou raros
Uns demasiado puros para serem considerados escuros
Outros pecadores o suficiente, para não serem claros...

Ou será mesmo preciso a morte dissolver as vossas vidas?
E tirar a cor dos vossos sentidos, revelando uma alma transparente...
Que se libertará de uma crisálida multicolor
Tornando-se cinza com o tempo, progressivamente...

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