sexta-feira, 6 de julho de 2012

Metamorfose

Minúscula criatura que nasceste no rés-do-chão
E que vives rastejando numa tremenda imensidão.
Perseverança é o nome e a tua única inspiração,
Que preenche o silêncio em forma de uma canção.

E mesmo cercada por vermes e por predadores,
Moves-te lentamente com breves baixos clamores.
Nessa tua natureza tão fragilizada e tão vulnerável,
Condenada a um destino, tão ruim, tão inaceitável...

Feia e tonta, são-te impostas como referencias,
Quando te alimentas humilde, na tua pura inocência.
E eles aproveitam-se de ti e da tua inexperiência
Rebaixando-te e fazendo pouco, da tua existência.

E é cobrindo-te em dor num espesso ressentimento,
Fechando-te solitária, numa câmara de pensamento.
Que ignoras os possíveis males deste triste mundo,
Para poderes viver em paz, no teu sonho profundo...

E nessa dúvida exilas-te, de toda a existente confusão,
Enquanto buscas dentro de ti, por alguma ciente razão.
Liderada por uma apatia que dirige esse teu coração,
Nesse teu escudo que te protege, segura na escuridão.

Apenas acompanhada, pelo subconsciente de ti mesma,
Porque ninguém te quer, nem mesmo uma nojenta lesma.
Que tu aprendes a dar valor ao pouco que assim tens,
Valorizando o interior do resto que tu tanto te absténs.

Fazendo uma introspecção, exímia sobre a tua vida,
Que te faz feliz, livrando-te magoas, sarando-te feridas.
Embora continues no fundo, a mesma incompreendida,
Mas é essa atitude, que faz de ti, uma das mais queridas.

E foi na busca de uma desejada plenitude,
Que tu alcançaste finalmente a tua virtude.
Quando o sol penetrou pela tua carapaça,
E revelou-te um mundo, repleto de graça.

E é no mistério da tua grande modéstia,
Que te questionas se isto foi mesmo real.
Quando saíste tímida da tua moléstia,
Com uma reacção deveras descomunal.

Quando ergueste as tuas leves e suaves asas,
Que te elevaram livre, no sublime e volátil ar
Refutando todas as mentiras a ti lançadas,
Vindas daqueles que não te souberam amar.

Porque a chave fenoménica da metamorfose
Reside apenas naqueles que acreditam,
Na junção entre o ego e a alma, em simbiose
Onde os limites do sonho, não habitam.

E essa pequena larva, que antes rastejava
Caminhando como uma miserável, junta à sarjeta.
Agora vê-se desprender, da ilusão que lhe agarrava,
Tornando-se numa bela e ilustre borboleta.

Por isso, lembre-se, minha maravilhosa Criatura,
Que nenhuma barreira, se estenderá alguma vez acima
Do seu esplendor, que faz de si uma obra-prima
Pois a sua vontade, alcança mais de mil metros de altura.

E vê como todos os que te oprimiram, agora olham para si
Ridicularizados pelas suas palavras, tão néscias e sombrias
Que os prendem às suas inseguranças, à inveja e à hipocrisia
Quando inspiras os outros, quando passas voando, por aqui.

Blackiezato Ravenspawn

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