quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Nictofilia

Quando posso, dormo o dia quase todo,
Só para contrariar a puta do sistema.
Mas quando crepúsculo vem, aí acordo,
Pois ele não me trás nenhum problema.

E se puder dormir das sete até às vinte,
Faço-o como fosse um solitário vampiro.
Pois só a noite é que traz o tal requinte
E aquela paz que eu tanto respiro e preciso...

Pois para mim os dias são muito tóxicos
E superpovoados pela chata instabilidade,
Logo não sei qual será o meu diagnóstico,
Mas deve ter a haver com a sociedade.

E é na alvorada quando o sol encandeia
E os meus olhos imploram por descansar,
Que eu vou tomar a minha última ceia
Junto a quem se levantou para ir trabalhar.

Talvez porque só assim é que me sinto bem
E porque os meus sonhos fluem melhor ao dia.
E apesar de gostar do sol, deixo-o para quem
Não sofre, nem entende a minha nictofilia...

Mas só foi hoje que eu reparei neste interesse,
Que eu tenho pela noite e que me deixa tão tranquilo.
Quando contemplo as estrelas e penso, fumando "esse",
Apesar dos dias passarem, e eu nem senti-los.

E é a noite que a maioria dorme em casa distante,
A regenerar energias para as suas rotinas normais.
Enquanto há quem deambule pela treva e ainda cante

- Na noite, Eu e as sombras, somos ambos iguais...

Blackiezato Ravenspawn

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A Fachada

É irónico a forma como tu falas e como te ris,
Radiante por fora, mas por dentro tão infeliz.
Tu que te achas pura, embora não passes d'uma atriz,
Que representa um papel, de mais uma meretriz.
A tua vida é uma longa metragem de enredos febris
Um estilo de vida, que supostamente a tua mãe não quis.
E mesmo dada de graça, eu abdico de ti por um lápis
Para escrever mais logo o que o teu espelho me diz....

*Ela não gosta de si, ela gosta de pessoas vis*

Dás-me pena, mas confesso que me fazes deverás rir
Pois eu mino o teu cérebro e nada há para descobrir.
Tu que pousas nas ruas com a intenção de seduzir,
Em busca de alguém que te ajude a auto-destruir
E eu rio-me quando depenas, e clamas querer atingir
O amor de todas as formas que haja para se sentir.
Mesmo apesar do que me falas, nem sempre coincidir
Com histórias que tu contas quando me tentas persuadir.

*Falando de uma forma como fosse normal mentir*

Mostras-te sempre sublime e cheia de genuinidade,
Uma criatura alada banhada pela magna virtuosidade.
Apesar de não conseguir, lidar bem com a realidade
E acabar por ocultar os seus defeitos na sua vaidade.
És triste e tens severos problemas de personalidade,
És uma cópia reles de carbono do câncer da sociedade
Não tens amor próprio e não tens possível humildade,
És uma miserável sem escrúpulos, sem feminidade.

*Em forma de boneca cara e supérflua sem nenhuma utilidade*

És uma zombie movida apenas pelo escárnio e pela atenção,
Uma cadela com trela que foge do seu medo e da sua solidão.
E uma coitada que se odeia, sem entender mesmo a razão
- Ó tu, alma ruim! Cuja Súcubo é a tua personificação!
E é através desse materialismo, que tu ofuscas essa escuridão,
Que tu cultivas nessa pedra a que chamas do teu coração.
Mas eu não sou tua presa - por isso procura melhor na multidão
Porque de mim, minha cara, só levarás a dura negação.

*Reagindo da mesma forma, mas com respeito e educação*

Desarranjos mentais - Double Standards - "Menina Bipolar"!
Tangas velhas e sujas, reutilizadas para voltar a tapar!
O antro de miséria que pessoas como tu tendem-se a tornar
Quando o carácter é fraco e nada têm para se agarrar!
A não ser uma ilusão que o quotidiano tem para te ofertar
Aquela que te usa e abusa, manipulando sem se preocupar!
E é por isso que eu prefiro foder-me todo a beber e a fumar!
Do que aturar gajas como tu, só para ter a chance de fornicar!!!

*Quando consigo ter mais prazer, só pelo simples facto de me masturbar*

... Não passas da fachada de um " templo", que eu não entendo de todo...
Mesmo entrar...

Blackiezato Ravenspawn

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Qualidades II

Q1 - Força - Os punhos que quebram os limites
Eu sempre enfrentei o destino
Com estes punhos bem cerrados,
Até mesmo quando era pequenino
Sem ter grande força, nestes braços.
E apesar de ser inocente e fraco
Eu não sucumbi à decadência,
Aceitei-a e bebi desse suco nefasto
E fiz dele, minha potência.

Q2 - Rapidez - As pernas sedentas por avançar
Eu também não nasci numa jaula
Nem entendo meter-me numa,
Logo recuso-me a pagar cláusula
Caso alguém, criar alguma.
Pois é através dos meus passos
Que eu busco a minha liberdade,
Para ultrapassar triunfoso o fracasso
Com a graça da minha celeridade.

Q3 - Sensibilidade - Os olhos que penetram mistérios
Os meus sentidos sempre questionaram
O que a percepção testemunha cá,
E os conhecimentos sempre se elevaram
Em cima dos problemas que a vida dá.
Vadeei sozinho e sempre me perdi
Entre encruzilhadas e precipícios,
Mas com a tamanha experiencia que adquiri
Tornei-me num ser cheio de auspícios.

Q4 - Eloquência - A enigmática língua que dança e encanta
Neste mundo cercado de falsas estrelas
Que nos cegam e que nos hipnotizam,
Traça comum, fui, como todas elas
Dessas que não sabiam ao certo o que faziam.
Até deixar esses ilusórios fogos dementes
Para me me deitar no coração da escuridão,
Ao cuidado das sombras mais carentes
Que me ensinaram as artes da ofuscação.

Q5 -  Valor - A vanguarda dos ideais de um ser
Não quero ser líder, prefiro ser tonto
Pois nunca tive presença para pregar,
Nasci gladiador e estou sempre pronto
Mesmo quando não me apetece lutar.
A minha única inspiração é a coragem
E a perseverança é a minha única certeza,
E não importa o quanto má for a paisagem
Que eu farei do meu peito, tua fortaleza.

Q6 - Sagacidade - Uma mente a quatro dimensões
Sempre vivi entre a minha vasta cabeça
E a dura existente cercante realidade,
Onde as propostas em cima da mesa
Comovem-me no fundo, na verdade.
Lá onde eu faço o caos e a ordem
Dançarem harmónicos até a exaustão,
Num lugar onde não existem homens
A não ser mestres da dementação.

Q7 - Criatividade - O círculo dos sete
E assim os meus valorosos punhos vibram
E as pernas gloriosas imploram para avançar,
Atrás das visões cósmicas que me guiam
Por trilhos que nem todos conseguem continuar.
E enquanto isso a carne acolhe honrada
Os sacrifícios impostos pela minha vontade,
E alma irradia soberba tão bem alinhada
A virtude destas minhas sete qualidades.

Blackiezato Ravenspawn

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Desvanecer

A minha presença neste mundo
É proporcional ao meu humor,
Pois quando ele vai ao fundo
Eu desapareço do vosso redor.

Torno-me numa luz ultravioleta
Energizada por vários pensamentos,
Que se esvai como um cometa
Célere em busca de isolamento.

Sou metade carne, metade etéreo
E vivo na realidade por turnos,
Até ser raptado pelo mistério
Para Marte ou talvez Saturno.

Porque a minha atenção acabou
E na minha mente me perdi,
Mudei de rota, mas ninguém notou
Saí fora de mim, E desvaneci...

Blackiezato Ravenspawn

Cagadas Perfeitas

Olha que quem sabe mesmo cagar,
Também sabe muito bem escrever!
Pois não precisará d'assim explicar,
Tudo o que seu esfincter disser.

E assim viverá cheio d'alegrias!
Mesmo que esteja murcho-tristonho...
Porque quando é para fazer porcaria
Todos nós somos monarcas num trono.

E se alguma vez tiver problemas
E precisar das coisas bem feitas?
Inspirar-se-à nos seus poemas
Para cagar as fezes mais perfeitas!

Depois puxará orgulhoso autoclismo
E suspirará, sentindo-se deverás bem!
Depois de ter deixado no abismo
Toda a merda que o seu corpo retém...

E quando o papel beijar o seu rabo
Para então você se limpar...
Não encontrá nada ao cabo
A não ser algo com que se inspirar.

Blackiezato Ravenspawn

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Templo do Humanismo

Falsos conceitos de individualidade
Surgem para enfraquecer a raça humana,
Uma ilusão para esconder as atrocidades
Que se desenrolam na rotina urbana.

Quando a diversidade é escolhida a dedo
E acaba cultivada em laboratórios grotescos,
Onde as lavagens cerebrais polem com o medo
Os novos sujeitos, ainda frescos.

E no tempo de hoje os falsos profectas vêm
Com ensinamentos dúbios, achando-os soberanos,
Pregando as histórias que mais lhe convém
De como um deve ser, um ser humano.

E é divididos pela ganância, unidos pelo egoísmo
Que nós somos presos neste sistema incerto,
Apesar de nos gabamos que veneramos o humanismo
Quando na verdade o seu templo está deserto.

As eras passam e o mundo gira a sua estrela amada
A tecnologia ascende e a sua energia flui,
Mas a verdade é sincera e não quer incomodada
Por uma mente estúpida que não evolui.

E é falando das trivialidades de um jeito insano
A tentar justificar os nossos actos no quotidiano,
Que nós dizemos querer mudar o mundo em desengano
Embora quase ninguém, seja um bom ser humano.

E mais uma vez o sino do humanismo soou
Todos passaram, mas ninguém o escutou
Só fingiram mais uma vez que algo mudou
Porque nesse templo... Ninguém entrou

E por mais coisas que digam, por aí além
E por mais vontade que tiverem...
Todos nós queremos ser alguém no mundo,
Mas para ser, "mais" humano?!
Isso, já no fundo... Só alguns querem.

Blackiezato Ravensapwn

Comida De Plástico

Lá vem a rapariga materialista
Que trás consigo a vaidade agarrada,
A um ego miserável e narcisista
Que no fundo não vale nada.

Ela que se acha uma grande foda
E uma mulher moderna a tempo inteiro,
Agente da fofoca e uma vítima dessaa moda
Que lhe sequestra todo o dinheiro.

Ela que é uma escrava do consumismo
E um saco de carne regado com perfume,
Porque se desmistificares o seu misticismo
Ela é uma reles merda, pior que estrume.

Pois não passa de uma porca numa vara
Que foi criada em massa para se comer,
Quando se veste como uma boneca cara
Só para que nós todos, a possamos ter.

Blackiezato Ravenspawn

Um Psicopata Atrás De Um Ocular

Depois das onze ele torna-se num caçador,
E ela nos seus olhos, foi mais uma presa.
Pois naquele bizarro jogo do amor
O seu charme é perigoso de certeza

E apesar dela ser um alvo tímido,
Não hesitou em refugiar-se na sua lente.
Inocente com frio, imersa em libido
Mesmo de quem queria um beijo quente

E foi sozinho, só mais que nela focado,
Que ela se atreveu a desfilar no ponto
Levando o nervoso, embora excitado
Murmurar o seguinte, à espera, pronto.

Um: Miras o teu alvo com precisão
Dois: Tiras lentamente a folga do gatilho,
Três: Inspiras e susténs a respiração
Para quatro: Abateres o teu inimigo!

E foi assim que ela colapsou no seu sorriso,
Sem saber ao certo onde deixou a vida.
- Será um sedutor ou será atirador furtivo?
Foi a última questão deixada na sua rotina.

E logo depois arrumou a sua espingarda
E saiu repentino da mesma forma que entrou.
Como? Não sei... Talvez pela retaguarda
Eu só sou o escritor, não quem a matou!?

E agora as bocas da rua falam de um psicopata,
Que ninguém sabe ao certo quem ele é e onde habita.
Só de mais um funeral, uma triste data,
Deixada num dos seus cartões de visita...

E eu já procurei por toda a minha mente,
Mas não encontrei o responsável, neste breu.
Logo só resta uma hipótese, evidentemente...
Será que fui mesmo eu?

"Quanto mais escreves, mais matas."

Blackiezato Ravenspawn

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Luzes Falsas

Luzes Falsas...

São como buracos na escuridão, resultados de disparos de pistolas forasteiras e explosões impertinentes que desejam a todo o custo rebelar-se contra o domínio da noite, pois são elas quem destroem assim o seu silêncio e o seu mistério.

As luzes falsas são também uma fonte de sustentação primária ilusória que nós cultivamos desde o nosso berço, para alimentar a nossa tranquilidade. São as mesmas que nos enchem com um comodismo desnecessário ao troco dos nossos instintos animais e da nossa intuição humana.

São essas falsas luzes que te levam a lugares que tu não irias por não valerem nada...
São essas falsas luzes que te seduzem, ofuscando os seus defeitos com os brilhos sintécticos...
São essas falsas luzes que piscam incondicionalmente, até a tua paciência ceder e assim levarem-te a melhor...
São essas falsas luzes que ganham formas polimorfas para te fazer esquecer o verdadeiro significado da luz em si...
São essas falsas luzes que nos distraem das verdadeiras luzes que a noite tem para nós...
São essas falsas luzes que fazem as traças suicidarem-se em autos de pé...
São essas falsas luzes que trazem de volta os navegadores que não conseguiram encontrar o seu lugar no oceano...
São essas falsas luzes que me fazem adormecer em segurança, mas também são as mesmas que fazem acordar, o lado mau que existe de mim...

E encobertos pelo manto obscuro nocturno, as partes sombrias de nós vivem em paz.
Até os brilhos irritantes sintéticos lhe declarem guerra e elas assim nos retaliarem com estranhos hábitos...

Há dias que o sono está presente, mas eu não sinto necessidade de o abraçar.
Pois é como as luzes sussurrassem-me com chantagens, para eu cumprir as suas estranhas agendas.

Só quando a alvorada vem, é que eu reconheço a verdadeira tranquilidade.
Quando as sombras perdem a espessura e as falsas luzes, se apagam.

Blackiezato Ravenspawn

sábado, 3 de agosto de 2013

Triagem

Eu sou de uma geração descartável
E vivo num mundo cheio de poluição
Onde a ignorância é interminável
Tipo as filas p'ra loja do cidadão

E vivo numa era doente que menosprezo
Com excesso de ódio e escassez de amor
Onde se diz que tudo tem um preço
Embora para mim nem tudo tenha valor

Onde o consumismo compra o ser humano
E torna-o na prostituta mais degrada
Num escravo sabugo com ar tóxico insano
Que só sente o cheiro do dinheiro e mais nada

Onde se bem aprende desde cedo
A importância do Metal, do Plástico e do Papel
Para voarmos cegos como morcegos
Nas noites deste gigante lunático bordel

O Metal é o material
O Plástico é a futilidade
O Papel é o poder
Que faz mover a sociedade

O Metal é o imortal
O Plástico é a vaidade
O Papel é a forma de prender
A maior parte da humanidade

Eu quero olhar em frente e ver paisagem...
E é por isso que faço assim, a minha triagem...
Quero ver o horizonte e sentir a erva...
Não quero ser mais um, entulho de merda...

Pois se eu não a fizer, ninguém a fara por mim...
E é por isso que faço esse processo, sempre que posso até ao fim...
Pois eu não sou um róbo, controlado por números ordinários...
E a minha vida também não é, algum aterro sanitário...

Eu sei que às vezes é complicado
Lidar com tanto lixo
Quando vivemos num planeta atolado
Por avariça e capricho.

Mas se queres ter um propósito
Faz deste processo uma rotina
Porque o próximo depósito
Pode aparecer ao virar da esquina.

Não deites o lixo que te deram para o chão como faz o resto.

Faz a triagem...

A merda e a ignorância vai para o contentor verde

A vaidade e a futilidade para o contentor amarelo

As mentiras e a arrogância para o contentor azul

E o resto se der... Reutiliza... Mas não te deixes poluir.

Preserva o meu mundo que eu ajudarei-te a preservar o teu.

Blackiezato Ravenspawn

Uma Estranha Forma De Existência

A minha mente é composta e pesada,
E o meu corpo é o seu oposto, leve.
E a filha deles, a minha alma revoltada
Brinca com um coração que ainda geme.

E estes meus olhos castanhos torcidos,
Expremem e trituram a vossa realidade.
Com saberes e ideais outrora esquecidos,
Pela maior parte desta reles humanidade...

O meu esqueleto é rígido e bem teimoso,
E a minha carne segura-o sempre densa.
Quando os obsctáculos acham-se gloriosos,
Capazes de levar a melhor um ser que pensa

E quando o conhecimento vem, ele deixa ferida,
Mas a dor se esvai num inspiro profundo.
Pois eu tenho buracos negros na minha vida,
Que devoram estrelas e desintegram mundos.

E apesar de ser micro neste sistema macro,
Onde o caos e a ordem se beijam controversos.
Eu deito-me todas as noites como um simulacro
Em harmonia, abraçado ao meu estranho universo.

A flutuar no vazio do seu olhar,
Sempre confiante, sempre leal...
De um jeito tão sereno e tão peculiar
Que ás vezes nem parece real.

Blackiezato Ravenspawn